segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Vingue-se: ofereça o outro lado da face!

19 de fevereiro
7º Domingo após Epifania
Sl 119.33-40; Lv 19.1-2,9-18; 1Co 3.10-23; Mt 5.38-48
Texto para prédica: Mateus 5.38-48
Tema: Vingue-se: ofereça o outro lado da face!

O desejo de vingança pode levar uma pessoa a fazer coisas absurdas. Aquela velha mágoa escondida se pudesse ser vingada, como seria?
Casos absurdos como: Genghis Khan; Katie Collman; cartas de Alan Ralsky “pai do spam”; o massacre da noite de São Bartolomeu, retratam fatos absurdos que se faz por vingança.
Cientistas da University College London monitoraram a atividade cerebral de um grupo de voluntários enquanto estes observavam pessoas de quem gostavam e não gostavam sendo fisicamente castigadas. Enquanto as mulheres pareciam sentir empatia por todos os punidos, os homens mostravam sinais de prazer ao ver seus inimigos sentindo dor.
Os ditos populares: “aqui se faz, aqui se paga”; “deixa isso nas mãos de Deus”; “Deus fará justiça”; reflete o desejo que o ser humano tem de vingança. É conhecida a expressão de Ramón Valdez (1923 -1988): “A vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena”. 
A vingança mata a alma e envenena por ser uma resposta impulsionada pela raiva, ódio, rancor e injustiça. A resposta vingativa está relacionada a falta de perdão. A falta de perdão “mata e envenena a alma”.
Pessoas vingativas canalizam todo o rancor para si mesmas. Esse rancor causa problema psicossomático, transtorno de alimentação, depressão e outros. Entre todos, o pior prejuízo é emocional.
O desejo de vingança começa na infância, quando a criança quer chamar atenção da mãe ou da professora. Pode chegar a ser patológica, quando põe em risco a vida de alguém (ameaças verbais e não verbais). A mês precisa de tratamento.
A vingança nunca é plena, mata a alma e a envenena”. No sermão do monte, Jesus fala sobre o comportamento extraordinário do cristão diante do desejo de vingança: “Volte o outro lado da face.
A vingança nos torna piores que nossos inimigos, enquanto que o perdão nos torna superiores.
Jesus convida a fazer parte de um grupo diferente. O grupo daqueles que não querem a vingança, mas oferecem a outra face ao agressor. Fazer parte desse grupo é um privilégio divino. É o privilégio daqueles que vivem a vida na alegria do perdão.
No mundo desenvolveu aos poucos a filosofia de que apenas os fortes sobrevivem. Esses supostos “fortes”, são aqueles que “não levam desaforo para casa”.
Ao falar aos seus discípulos, Jesus lhes orienta como viver adequadamente no regime espiritual. No Reino espiritual, Deus governa pela sua Palavra, objetivando a salvação.
Quando se constata que a “vingança” se tornou uma atitude normal, afinal, muitos veem na vingança um sinal de que a “justiça, principalmente a divina, foi feita”, se conclui que não se sabe a diferença entre justiça e vingança. A justiça visa reconciliar; a vingança visa punir, retaliar
Na época de Jesus havia confusão entre justiça e vingança. A lei que havia sido dada por Deus através de Moisés enquanto o povo estava rumo a terra prometida prescrevia: “olho por olho, dente por dente”. No entanto, os fariseus e escribas, enganados pela sua equivocada interpretação, chegaram a conclusão e ensinavam que a “vingança” era perfeitamente permitida pela lei de Deus.
Toda uma geração havia sido contaminada pela distorção da lei de Deus. Assim, ao invés de “amor ao próximo”, o povo sentia “ódio pelo malfeitor”. A vontade de Deus: “amor ao próximo” foi distorcido pela permissão a vingança. Havia equívoco entre a vida no regime espiritual e a vida no regime secular. 
Aquela velha mágoa escondida se pudesse ser vingada, como seria? Jesus disse: “...qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra;”. Essa é a melhor vingança! O ódio é superado com amor. 
Ao dizer “...qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra;” Jesus mostra que além de ser espiritual, é necessário viver como tal. Esse é o comportamento cristão perante Deus e o mundo. Esse é o conselho de Jesus para que os cristãos estejam com seus corações presos em Deus que deseja a reconciliação. O regime secular se preocupa apenas com poder, punição e vingança. O cristão vive no regime espiritual.
Muitos cristãos ocupam cargos públicos, tais como: vereador, advogado, juiz. Esses estão investidos de autoridade pelo próprio Deus. Quando estão exercendo seu ministério como autoridade secular precisam e devem cumprir com seu ofício público. No entanto, o cristão leigo, sem a investidura de autoridade secular, deve apenas esperar a execução daquele que está investido de autoridade, mas sem o desejo de vingança. Lembre-se: a justiça visa reconciliar, resgatar. E com o objetivo de resgatar o ser humano, o Espírito Santo, inspirou Moisés a escrever o livro de Levítico. Esse livro trata da santificação necessária para servir ao Deus santo. Pela fé na obra em Jesus sou tornado santo e na fé em Jesus sirvo a esse Deus santo. “Santo sereis, porque eu, o Senhor, vosso Deus, sou santo” (Lv 19.2).
Levítico capítulo 19 é uma orientação à vida santificada.
A santificação é apresentada no relacionamento com o próximo. O santificado, ou seja, aquele que foi e é perdoado em Jesus, promove a honestidade, a solidariedade e a justiça entre as pessoas.
Jesus no sermão do monte convida a todas as pessoas a se apegarem nEle somente. Somente Ele foi e é perfeito. Sua obra perfeita nos anima a viver o desafio divino. O ponto principal é que, quando não consigo viver o desafio de Deus, a fé na obra de Jesus (sua morte na cruz e ressurreição), me dá o perdão e desse perdão recebo forças para continuar realizando o desafio colocado por Deus. A fé no sacrifício de Jesus me torna perfeito aos olhos do Pai.
Jesus é a “justiça de Deus” - a reconciliação com o Pai.
Diante do pecado humano, Deus ofereceu a outra face e veio ao nosso encontro através da obra salvadora de seu Filho Jesus. Diante das nossas ofensas e pecados, Deus continua vindo ao nosso encontro para nos perdoar e auxiliar na vida de perdão. Amém! 






Rev. Edson Ronaldo Tressmann

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