26 de fevereiro
Último Domingo após Epifania - Transfiguração do Senhor
Sl 2.6-12; Ex 24.8-18; 2Pe 1.16-21; Mt 17.1-9
Tema: A Glória é a Cruz!
Na festa mais popular do Brasil,
carnaval, as pessoas usam máscaras e fantasias. A verdade é que as pessoas revelam
o seu verdadeiro “eu” atrás da
máscara ou da fantasia. As pessoas se auto revelam por detrás de algo que não apresenta
seu rosto.
A transfiguração
de Jesus que só pôde ser descrita como algo resplandecente como o sol e branco
como a luz revela algo extraordinário.
O relato da transfiguração apresentado por
Mateus e Marcos mostram que “seis dias depois” (Mt 17.1; Mc 9.2) Jesus foi
transfigurado diante de Pedro, Tiago e João. O pesquisador Lucas, relata que a
transfiguração de Jesus se deu aos mesmos discípulos, mas “oito dias depois” (Lc 9.28).
A enumeração dos “seis dias depois” ou “oito dias depois”
é uma referência ao fato da transfiguração ter se dado após o anuncio de Jesus
aos seus discípulos de que era necessário sofrer muitas coisas, ser crucificado
e ressuscitar.
O momento era crítico. O ministério de
Jesus na Galiléia estava terminando e iniciando a sua subida a Jerusalém rumo a
sua paixão e morte. A transição é marcada pelas palavras de Jesus: “quem quer ser
meu seguidor, negue-se a si mesmo e tome a sua cruz” (Mt 16.24).
Jesus chama Pedro, Tiago e João e os
leva, em particular, a um monte. Nesse monte, acontece algo fantástico: “E foi
transfigurado diante deles; ...” (Mt 17.2; Mc 9.2). O evangelista Lucas
relata que, ao orar, Jesus foi transfigurado.
O detalhe apresentado por Mateus e
Marcos é que Jesus foi transfigurado “diante dos discípulos” Pedro, Tiago e João. Por
mais que a luz fosse intensa como o brilho do sol, os discípulos não foram
impedidos de ver a transfiguração.
Se houvesse os modernos celulares que há
atualmente, teríamos essas cenas divulgadas em alguma rede social. Mas, como
não havia fotos, tudo foi relatado pelos discípulos. Por mais que não houvesse
palavras específicas para descrever o episódio da transfiguração, o evento foi
real. Anos mais tarde o apóstolo Pedro em sua segunda carta relatou que: “...não demos a
conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo seguindo fábulas
engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares de sua
majestade” (2Pe 1.16).
Pedro, Tiago e João viram Moisés e
Elias.
Moisés e Elias foram os profetas mais
importantes apresentados no Antigo Testamento. A presença de Moisés e Elias na
transfiguração era a certeza do cumprimento de duas promessas feitas por Deus e
relatadas no Antigo Testamento.
A promessa feita por Deus e transmitida
por Moisés dizia que: “O Senhor, teu Deus, te suscitará um profeta do meio de
ti, de teus irmãos, semelhante a mim; a ele ouvirás” (Dt 18.15).
João Batista, quando estava na cadeia
enviou seus discípulos para perguntar a Jesus: “És tu o profeta que havia de vir, ou
havemos de esperar outro” (Mt 11.3; Lc 7.19-20).
O profeta Elias, segundo relato bíblico (2Rs
2.11) foi levado vivo ao céu. Esse episódio deu origem a muitas crenças entre o
povo de Israel, e uma delas era que os judeus esperavam a sua vinda antes do
Dia do Senhor.
O evento da transfiguração é a confirmação
de que Jesus é o profeta enviado por Deus. Isso se
comprova diante do estado de exultação de Pedro, Tiago e João e a voz de Deus
declarar: “...a
ele ouvi” (Mt 17.5). Desde Moisés, o povo de Deus ouvira a
promessa: “O
Senhor, teu Deus, te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos,
semelhante a mim; a ele ouvirás” (Dt 18.15).
Deus testemunha através de sua Palavra
que Jesus é seu filho, o Messias, o salvador, o enviado para salvação de todos.
Na
transfiguração o ponto importante não é o evento em si, não é o que os
discípulos conseguiram descrever apenas como sol e luz. O ponto alto desse
episódio é a pessoa de Jesus.
Quando Deus exclama para Pedro, Tiago e João:
“... é meu
Filho amado, em quem me comprazo; ...” (Mt 17.5), está trazendo a
lembrança de que Jesus é o Cristo, o Salvador, assim como já havia sido
anunciado desde a queda em pecado através de muitos profetas (Sl 2.7; Gn 22.2;
Is 42.1; Dt 18.15).
Quão importante e necessária continua sendo a lição da
transfiguração?
As pessoas estão começando a se
impressionar com fatos, sinais, e se esquecendo de que Cristo é o Salvador.
Pedro, Tiago e João reconheceram que era
bom estar ali com Jesus, Moisés e Elias. O tempo poderia parar ali. Ali eles
poderiam viver para sempre. Mas, nesse exato momento são lembrados que Jesus é
aquele que veio para cumprir a missão do Pai. Era necessário ir à
Jerusalém. Era necessário tomar a cruz.
Milhares de pessoas estão buscando a
igreja para resolver problemas físicos, imprevistos financeiros .... As
propagandas são as mais variadas: PARE DE SOFRER; NOITE DOS MILAGRES. Os
frequentadores dessas igrejas deixaram de ser congregados e passaram a ser
clientes consumidores. Algumas poucas igrejas se tornaram estabelecimentos onde
se adquire determinada bênção, basta ....
Foi Deus quem disse a Pedro, João e
Tiago enquanto estavam em estado de êxtase: “Escutem o que ele diz” (Mt 17.5).
Quem é “ele”? A quem Deus se
refere? Jesus.
Quem é Jesus? As palavras do Credo Apostólico que é uma
confissão retirada de porções bíblicas responde: “Creio
em Jesus Cristo, seu único Filho nosso Senhor, concebido pelo Espírito Santo, nasceu da virgem Maria...”. Jesus é verdadeiro Deus
e verdadeiro
homem.
Jesus sabia e sabe que cada um necessita de bens
espirituais, materiais e livramento do mal. Ele nos incentiva a pedir essas
coisas na oração do Pai Nosso.
Jesus adverte para que não nos deixemos encantar
tão somente pelas coisas desse e nesse mundo. Não se pode perder de vista que,
como filhos de Deus, carregamos nossa cruz. Carregar a cruz nesse mundo em
muitas situações requer abandonar coisas desse e nesse mundo.
Jesus é o cumprimento da promessa
anunciada por Deus através do profeta Moisés (Dt 18.15).
Mateus escreve o evangelho aos judeus
através de muitas citações do Antigo Testamento. O objetivo é mostrar aos
judeus que Jesus era de fato o Filho de Deus que veio cumprir as promessas
feitas e anunciadas por Deus em todos os tempos.
A transfiguração, um fato tão
esplendoroso que, Pedro, Tiago e João apenas conseguiram descrever como Sol e
Luz, apresenta Moisés e Elias no intuito de ressaltar a pessoa e obra de Jesus!
Moisés e Elias representavam a lei e os profetas. Jesus
veio para cumprir a lei e os profetas (Mt 5.17; Rm 10.4; Is 53.5). O
pesquisador Lucas em seu escrito, inspirado pelo Espírito Santo, mostra que o
conteúdo da conversa entre Jesus, Moisés e Elias era justamente a sua caminhada
rumo a cruz (Lc 9.31).
É necessário continuar carregando a nossa cruz. É
bom estar livre de problemas por causa do evangelho e de Cristo, mas, por mais
que seja bom estar tranquilo, é necessário carregar a cruz por causa do
evangelho e de Cristo.
Nossa caminhada ainda não terminou. É preciso
continuar. Por mais que a cruz esteja pesada, é preciso persistir e Jesus nos anima:
“erguei-vos e
não temais!” (Mt 17.7). Amém!
Rev. Edson Ronaldo Tressmann
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