segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

A Glória é a Cruz!

26 de fevereiro
Último Domingo após Epifania - Transfiguração do Senhor
Sl 2.6-12; Ex 24.8-18; 2Pe 1.16-21; Mt 17.1-9
Tema: A Glória é a Cruz!

Na festa mais popular do Brasil, carnaval, as pessoas usam máscaras e fantasias. A verdade é que as pessoas revelam o seu verdadeiro “eu” atrás da máscara ou da fantasia. As pessoas se auto revelam por detrás de algo que não apresenta seu rosto.
A transfiguração de Jesus que só pôde ser descrita como algo resplandecente como o sol e branco como a luz revela algo extraordinário.
O relato da transfiguração apresentado por Mateus e Marcos mostram que “seis dias depois” (Mt 17.1; Mc 9.2) Jesus foi transfigurado diante de Pedro, Tiago e João. O pesquisador Lucas, relata que a transfiguração de Jesus se deu aos mesmos discípulos, mas “oito dias depois” (Lc 9.28).
A enumeração dos “seis dias depois” ou “oito dias depois” é uma referência ao fato da transfiguração ter se dado após o anuncio de Jesus aos seus discípulos de que era necessário sofrer muitas coisas, ser crucificado e ressuscitar. 
O momento era crítico. O ministério de Jesus na Galiléia estava terminando e iniciando a sua subida a Jerusalém rumo a sua paixão e morte. A transição é marcada pelas palavras de Jesus: “quem quer ser meu seguidor, negue-se a si mesmo e tome a sua cruz” (Mt 16.24).
Jesus chama Pedro, Tiago e João e os leva, em particular, a um monte. Nesse monte, acontece algo fantástico: “E foi transfigurado diante deles; ...” (Mt 17.2; Mc 9.2). O evangelista Lucas relata que, ao orar, Jesus foi transfigurado.
O detalhe apresentado por Mateus e Marcos é que Jesus foi transfigurado “diante dos discípulos” Pedro, Tiago e João. Por mais que a luz fosse intensa como o brilho do sol, os discípulos não foram impedidos de ver a transfiguração.
Se houvesse os modernos celulares que há atualmente, teríamos essas cenas divulgadas em alguma rede social. Mas, como não havia fotos, tudo foi relatado pelos discípulos. Por mais que não houvesse palavras específicas para descrever o episódio da transfiguração, o evento foi real. Anos mais tarde o apóstolo Pedro em sua segunda carta relatou que: “...não demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo seguindo fábulas engenhosamente inventadas, mas nós mesmos fomos testemunhas oculares de sua majestade” (2Pe 1.16).
Pedro, Tiago e João viram Moisés e Elias.
Moisés e Elias foram os profetas mais importantes apresentados no Antigo Testamento. A presença de Moisés e Elias na transfiguração era a certeza do cumprimento de duas promessas feitas por Deus e relatadas no Antigo Testamento.
A promessa feita por Deus e transmitida por Moisés dizia que: “O Senhor, teu Deus, te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim; a ele ouvirás” (Dt 18.15).
João Batista, quando estava na cadeia enviou seus discípulos para perguntar a Jesus: “És tu o profeta que havia de vir, ou havemos de esperar outro” (Mt 11.3; Lc 7.19-20).
O profeta Elias, segundo relato bíblico (2Rs 2.11) foi levado vivo ao céu. Esse episódio deu origem a muitas crenças entre o povo de Israel, e uma delas era que os judeus esperavam a sua vinda antes do Dia do Senhor.
O evento da transfiguração é a confirmação de que Jesus é o profeta enviado por Deus. Isso se comprova diante do estado de exultação de Pedro, Tiago e João e a voz de Deus declarar: “...a ele ouvi” (Mt 17.5). Desde Moisés, o povo de Deus ouvira a promessa: “O Senhor, teu Deus, te suscitará um profeta do meio de ti, de teus irmãos, semelhante a mim; a ele ouvirás” (Dt 18.15).
Deus testemunha através de sua Palavra que Jesus é seu filho, o Messias, o salvador, o enviado para salvação de todos.
Na transfiguração o ponto importante não é o evento em si, não é o que os discípulos conseguiram descrever apenas como sol e luz. O ponto alto desse episódio é a pessoa de Jesus.
Quando Deus exclama para Pedro, Tiago e João: “... é meu Filho amado, em quem me comprazo; ...” (Mt 17.5), está trazendo a lembrança de que Jesus é o Cristo, o Salvador, assim como já havia sido anunciado desde a queda em pecado através de muitos profetas (Sl 2.7; Gn 22.2; Is 42.1; Dt 18.15).
Quão importante e necessária continua sendo a lição da transfiguração?
As pessoas estão começando a se impressionar com fatos, sinais, e se esquecendo de que Cristo é o Salvador.
Pedro, Tiago e João reconheceram que era bom estar ali com Jesus, Moisés e Elias. O tempo poderia parar ali. Ali eles poderiam viver para sempre. Mas, nesse exato momento são lembrados que Jesus é aquele que veio para cumprir a missão do Pai. Era necessário ir à Jerusalém. Era necessário tomar a cruz.
Milhares de pessoas estão buscando a igreja para resolver problemas físicos, imprevistos financeiros .... As propagandas são as mais variadas: PARE DE SOFRER; NOITE DOS MILAGRES. Os frequentadores dessas igrejas deixaram de ser congregados e passaram a ser clientes consumidores. Algumas poucas igrejas se tornaram estabelecimentos onde se adquire determinada bênção, basta ....
Foi Deus quem disse a Pedro, João e Tiago enquanto estavam em estado de êxtase: “Escutem o que ele diz” (Mt 17.5).
Quem é “ele”? A quem Deus se refere? Jesus.
Quem é Jesus? As palavras do Credo Apostólico que é uma confissão retirada de porções bíblicas responde: “Creio em Jesus Cristo, seu único Filho nosso Senhor, concebido pelo Espírito Santo, nasceu da virgem Maria...”. Jesus é verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
Jesus sabia e sabe que cada um necessita de bens espirituais, materiais e livramento do mal. Ele nos incentiva a pedir essas coisas na oração do Pai Nosso.
Jesus adverte para que não nos deixemos encantar tão somente pelas coisas desse e nesse mundo. Não se pode perder de vista que, como filhos de Deus, carregamos nossa cruz. Carregar a cruz nesse mundo em muitas situações requer abandonar coisas desse e nesse mundo.
Jesus é o cumprimento da promessa anunciada por Deus através do profeta Moisés (Dt 18.15).
Mateus escreve o evangelho aos judeus através de muitas citações do Antigo Testamento. O objetivo é mostrar aos judeus que Jesus era de fato o Filho de Deus que veio cumprir as promessas feitas e anunciadas por Deus em todos os tempos.
A transfiguração, um fato tão esplendoroso que, Pedro, Tiago e João apenas conseguiram descrever como Sol e Luz, apresenta Moisés e Elias no intuito de ressaltar a pessoa e obra de Jesus!
Moisés e Elias representavam a lei e os profetas. Jesus veio para cumprir a lei e os profetas (Mt 5.17; Rm 10.4; Is 53.5). O pesquisador Lucas em seu escrito, inspirado pelo Espírito Santo, mostra que o conteúdo da conversa entre Jesus, Moisés e Elias era justamente a sua caminhada rumo a cruz (Lc 9.31).
É necessário continuar carregando a nossa cruz. É bom estar livre de problemas por causa do evangelho e de Cristo, mas, por mais que seja bom estar tranquilo, é necessário carregar a cruz por causa do evangelho e de Cristo.
Nossa caminhada ainda não terminou. É preciso continuar. Por mais que a cruz esteja pesada, é preciso persistir e Jesus nos anima: “erguei-vos e não temais!” (Mt 17.7). Amém!

Rev. Edson Ronaldo Tressmann

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