08 de novembro de 2015
24º Domingo após Pentecostes
Sl 146; 1Rs 17.8-16; Hb
9.24-28; Mc 12.38-44
Tema: Uma coisa pela qual não
orar!
O
último dia de outubro, bem como os dois primeiros dias do mês de novembro, são
dias cheios de mistério. Três dias repletos de festividades devido a um único fato:
ignorância espiritual. Para ajudar as
pessoas em sua ignorância espiritual
é necessário reflexão constante em torno da Palavra de Deus.
O
1º de novembro é o dia em que muitos celebram o dia de todos os santos, celebração em honra aos santos e mártires.
31
de outubro, dia que aqui no Brasil é popularmente conhecido como dia das
bruxas, é o dia em que segundo uma crença celta, as almas dos mortos voltam à
terra no seu local de nascimento.
O
dia de finados é uma celebração aos santos
defuntos desde a Idade Média por sugestão do abade Francês Odilon de Cluny
(998 D.C.). O objetivo é relembrar a memória dos mortos, e para os católicos apostólicos
romanos, dia de orar pelas almas dos que já morreram, visto que, estão no
purgatório para se purificar. Por estarem no purgatório, é necessário que os vivos
orem por suas almas.
Desde
o cristianismo primitivo, sob as ruínas do Império Romano, muitos cristãos tem
o costume de orar pelos mortos. Principalmente pelos mártires, aqueles que preferiram
morrer ou negar sua fé. Esses mártires, são pessoas que morreram em estado de
graça, mas não foram beatificados, ou seja, oficialmente não são santos da
igreja, mas das pessoas.
No
calendário romano existiam duas festas dedicadas aos mortos: as parentalia,
realizadas entre 13 e 21 de fevereiro, onde se apaziguava os mortos com a
oferenda de refeições, e a segunda festividade dedicada aos mortos era a lamuria,
nos dias 9,11 e 13 de maio, quando as almas eram exortadas a deixarem os vivos
em paz e partirem para seu repouso.
Não
estranhem, mas, por ignorância espiritual, essa prática também existe entre os
luteranos devido à tradição, ou pelo costume popular.
É
difícil falar sobre esse assunto com as pessoas, pois, trazem consigo o lado
emocional, a saudade, e a incerteza da salvação do ente querido que morreu.
É
importante registrar e guardar na memória o fato de que no início da história
da Igreja, os cristãos rejeitavam a ideia de relacionamento com os mortos.
Nessa época muitos pensavam que as almas simplesmente ficavam adormecidas até o
dia do julgamento final. Assim, revelam as palavras do autor a carta aos
Hebreus: “E,
assim como aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o
juízo” (Hb 9.27). Mas, na medida em que se foi espalhando, o
cristianismo se adaptou a outras formas culturais e anexou as mesmas dentro da
sua liturgia. Assim como muitos povos da antiguidade, os cristãos passaram a
orar pelos mortos. Diante dessa realidade, a partir do século V a Igreja
Católica Apostólica Romana adotou a prática e a oficializou no século XI por
meio do Papa Silvestre II, João XVIII e Leão IX. A data, 02 de novembro, só foi
estabelecida no século XIII.
Enquanto
aqui no Brasil a festividade de Dia dos finados envolve um clima de tristeza,
no México é cheia de alegria, com um enorme banquete, visto que segundo a
crença mexicana, os mortos voltam para fazer uma visitinha. Por isso, os doces,
a comida e principalmente o pan de muerto
são arrumados para recepcionar as almas.
O
objetivo do dia de finados está pautada numa doutrina
Católica Apostólica Romana, a qual
tem por objetivo que as almas não sofram pela ausência de votos
e orações, a qual garantirá a sua salvação, visto estar se purificando no
purgatório. Um segundo objetivo é
homenagear os que partiram, principalmente os santos e milagreiros.
Observando
esses dois costumes é preciso ler o texto de reflexão para esse 24º Domingo
após Pentecostes, “assim também Cristo, tendo-se oferecido uma vez para
sempre para tirar os pecados de muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos
que o aguardam para a salvação” (Hb 9.28).
Esse
aguardar para a salvação é a pedra de
tropeço de muitos. Onde se aguarda? Como se aguarda? Eis que
surgiu a doutrina Católica do purgatório, por isso há oração pelos mortos,
indulgências, obra a favor dos mortos, etc.
Todos
os que morreram na fé, aguardam a salvação que já lhes está garantida pela fé
na qual morreram. O profeta Isaías escreveu: “... contudo, levou sobre si o pecado de
muitos e pelos transgressores intercedeu” (Is 53.12). Jesus é o
mediador para a salvação. Os que aguardam a salvação são todos aqueles que vivem e
morrem na fé nesse mediador. Por causa da certeza da salvação em Jesus, o
apóstolo Paulo escreveu aos Romanos, presos em suas superstições: “Quem os
condenará? É Cristo Jesus quem morreu ou, antes, quem ressuscitou, o qual está
à direita de Deus e também intercede por nós” (Rm 8.34).
Se Jesus
intercede por nós junto ao Pai, há necessidade de alguém ser o nosso
intercessor na morte? Não, não há. Jesus morreu pelos nossos pecados
(1Co 15.3); Jesus é o pagamento pelos nossos pecados (1Jo 2.2).
Jesus aniquilou
o pecado (Hb 9.26). Assim, continue aguardando nele. Lembremos as
palavras do salmista: “Não confieis em príncipes, nem nos filhos dos homens, em
quem não há salvação. Sai-lhes o espírito, e eles tornam ao pó; ...”
(Sl 146.3-4).
É necessário
que se faça oração pelos mais variados motivos, mas, não convém orar pelos
mortos. “E, assim como aos homens está ordenado morrerem uma só
vez, vindo, depois disto, o juízo” (Hb 9.27). Não haverá mudança na
situação dos que morreram. Quem morreu em Cristo, salvo está, quem morreu sem
Cristo, infelizmente, condenado está. Ocupe-se dos vivos para que os mesmos vivam não só nesta
vida, mas por toda uma eternidade. O apóstolo Paulo recomenda que oremos
pelos vivos, pois, esses ainda vivem no tempo da graça e podem ter seus
corações transformados (Rm 2.3-9). Os que estão mortos já tem sua situação definida.
Pelos mesmos, não há mais nada que possamos fazer na questão da salvação. Por isso,
aos vivos vale lembrar, hoje é o dia de ser salvo (2Co 6.2). Arrependa-se dos
seus pecados, confesse-os a Deus e recebe o perdão de Deus em Jesus. Viva hoje
e sempre na verdadeira fé na obra de Jesus. Pois, firme na fé, tanto os vivos e
os que morreram na mesma tem a certeza da salvação e aguardam Jesus Cristo para
a salvação. Amém!
M.S.T. Rev. Edson Ronaldo Tressmann
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