segunda-feira, 24 de novembro de 2014

O verdadeiro cristão

1º Domingo de Advento
Sl 80.1-7; Is 64.1-9; 1Co 1.3-9; Mc 11.1-10 ou Mc 13.24-37
Tema: O verdadeiro cristão.

         Acredito que muitos já tenham ouvido a musica: “Você não vale nada. Mas eu gosto de você! Tudo o que eu queria era saber por que...
         Quando se diz que alguém “não vale nada”, está se dizendo que a pessoa “não presta”, “comete muitos erros”, ou “vive aprontando”. Mesmo assim, sem explicação essa pessoa que aparentemente seria detestada é amada por alguém.
         Ser amado mesmo tendo defeitos. É como um objeto quebrado. Mesmo que não seja útil para aquilo que foi fabricado, não se joga fora, por causa do carinho que se têm pelo mesmo.
         As palavras do profeta Isaías nos levam a refletir sobre a certeza de que não valemos nada, mas Deus nos ama. O profeta diz: “Todos nós nos tornamos impuros, todas as nossas boas ações são como trapos sujos. Somos como folhas secas; e os nossos pecados, como uma ventania, nos carregam para longe” (Is 64.6).
         Cuidado! Tem muito pastor que se diz evangélico, mas está comunicando que “todo aquele que faz isso ou aquilo não é cristão”. A verdade é que frequentemente um cristão age de modo que não condiz com os princípios cristãos. O apóstolo Paulo descreve o cristão da seguinte maneira: “Pois eu sei que aquilo que é bom não vive em mim, isto é, na minha natureza humana. Porque, mesmo tendo dentro de mim a vontade de fazer o bem, eu não consigo fazê-lo” (Rm 7.18). O apostolo Paulo descreve a doutrina da tribulação espiritual na qual constantemente os cristãos são incorporados, para confortá-los. O cristão é um ser dividido. Todo cristão sempre visa fazer o bem, mas infelizmente não atinge seu alvo. O não praticar o bem não quer dizer que a pessoa em si não seja cristã, pois na sua grande maioria tenta fazer o bem. Querer o bem é a principal característica do cristão.
         Quem não gostaria de se ver livre do pecado?
         A real condição de cada pecador é que se sente escravo do pecado. Mas, a diferença do cristão verdadeiro é que, mesmo que peque, não serve ao pecado com alegria. Reconhece sua situação e sente pesar, tristeza e vergonha pelos seus pecados que inúmeras vezes são cometidos involuntariamente.
         A grave enfermidade espiritual é a falta de segurança da parte dos cristãos. Todo cristão, por mais fiel que seja em sua congregação, por mais ativo e prestativo que seja, é um miserável pecador. Cada pecador, seja um cristão ativo ou inativo, necessita da graça de Deus em Jesus. 
         A vida cristã é tida como uma corrida em direção a um alvo. No entanto, parece que quanto mais se corre, mais distante se está do alvo. A cada passo na corrida em direção ao alvo, se vê o quanto é incapaz de alcançar o prêmio da vida.
       Diante de um “suposto cristão piedoso, fervoroso, ativo na igreja”, as pessoas se sentem desesperadas, pois concluem que nunca poderão chegar àquele estágio de piedade, fervor, etc. A esses, a Palavra de Deus mostra o quanto cada ser humano, devido ao pecado é frágil.
         Cada pecador quando começa a sua vida na igreja, passa a viver julgando-se melhor que os outros. Abandona o mundo e os seus vícios. Mas, na medida em que se confronta com as tribulações, com as tentações, vê que não pode lutar contra o pecado. Todo cristão ao ser cristão é atacado com maior violência do que antes de ser cristão, e sendo atacado com tanta violência, acaba concluindo que a igreja está lhe fazendo mal, pois se vê pior que era antes. Mas, a verdade é que como cristão, agora sabe que tudo o que fazia e faz é pecado, por isso se sente pior.
         O cristão nunca faz tudo o que deveria. Pecar por fraqueza ou precipitação não impede que a pessoa seja cristã e nem deixará de ser cristão por causa disso. Não existe ser humano perfeito, “Todos nós sempre cometemos erros. Quem não comete nenhum erro no que diz é uma pessoa madura, capaz de controlar todo o seu corpo” (Tg 3.2). Todo ser humano é pecador, peca por pensamentos, desejos, gestos, palavras e ações. Todo ser humano é fraco e pobre pecador. Não consegue banir o pecado do coração, mesmo que se busque e queira se ver livre do pecado. Não importa os jejuns, os dízimos, as atividades realizadas na igreja, etc.
         Disse o profeta Isaías: “Todos nós nos tornamos impuros, todas as nossas boas ações são como trapos sujos. Somos como folhas secas; e os nossos pecados, como uma ventania, nos carregam para longe” (Is 64.6).
         Ao dizer “nossas boas ações são como trapos sujos...o profeta Isaías anuncia que não importam quais são e serão as ações, elas, jamais nos purificarão diante de Deus. A verdade é que Deus nos envolve com o manto da justiça de seu Filho Jesus Cristo.
         O fato é que somos pecadores, de natureza pecaminosa, e como tal conclui-se junto com Jó: “O ser humano, que é impuro, nunca produz nada que seja impuro” (Jó 14.4).
         Que situação!Todos nós nos tornamos impuros, todas as nossas boas ações são como trapos sujos. Somos como folhas secas; e os nossos pecados, como uma ventania, nos carregam para longe” (Is 64.6). Acalme-se! Jesus ensinou cada cristão a orar da seguinte maneira: “Perdoa-nos as nossas dívidas”.
         Não se pode negar que somos pecadores, mas isso não quer dizer que podemos cometer pecados intencionalmente na justificativa de que, “bem, eu sou pecador. Lembre-se, um pecado intencional pode afastar o Espírito Santo da pessoa. Um cristão sabe o que é perigoso e por isso cuida, pois sabe e reconhece sua fraqueza.
         Cada cristão ao pecar sente-se prontamente levado a procurar o Pai no céu, confessar seus pecados e pedir perdão. Todo cristão ao confessar seu pecado verdadeiramente arrependido sente-se perdoado em Cristo.
         Ah milhares de cristãos sofrendo. Sofrem por que estão cheios de angústia e desespero e lutam consigo mesmos e clamam: “Oh, maldita pessoa que sou!Lembre-se! Ser cristão não é ter pensamentos agradáveis a todo o momento, ser cristão é ter certeza de que apesar desses sentimentos amargos, é aceito por Deus e que na hora da morte, será recebido no céu.
         Convivo com pessoas que querem dar um show de santidade. Evitam certos tipos de conversa, erguem os olhos piamente para os céus, recitam as Escrituras constantemente, lê a Bíblia nas horas de lazer. Tudo para impressionar as pessoas, assim como me impressionam. Tudo bem, eu sei que os mesmos são cristãos, mas não quer dizer que eu que não faço isso não seja um cristão.
         A vida cristã é uma constante luta entre carne e espírito. O Espírito Santo atua através dos frutos da fé, mas a carne também está presente na vida do cristão. O diabo nunca descansa, por meio de tribulações e tentações leva o cristão a escorregar e afastar-se do único remédio que o cura, Pregação, Batismo e Santa Ceia.
         Mesmo que tenha aprendido a lição de que não são nossas ações que nos purificam diante de Deus, é preciso admoestar a todos, a nos guardar da negligência e da preguiça. A carne pecaminosa é preguiçosa as coisas do Espírito. Por esse motivo, Deus, a cada culto, estudo bíblico, escola bíblica, e reuniões de departamentos vêm ao nosso encontro para nos encorajar e animar ao seu serviço. Somente o Espírito Santo pela fé nos leva a ação. Sem Deus não somos nada! Sem o manto da justiça que é Jesus Cristo estamos perdidos. Pois, “Todos nós nos tornamos impuros, todas as nossas boas ações são como trapos sujos. Somos como folhas secas; e os nossos pecados, como uma ventania, nos carregam para longe” (Is 64.6). Amém!

Edson Ronaldo Tressmann

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