terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Vivendo o desafio colocado por Deus.

7º Domingo após Epifania
23/02/2014
Sl 119. 33 – 40; Lv 19. 1 – 2, 9 – 18; 1Co 3. 10 – 23; Mt 5. 38 – 48
IELB – 110 anos alimentada na fonte da água da vida
Tema: Vivendo o desafio colocado por Deus.
 

         Jesus fala sobre o comportamento extraordinário do cristão. O Desafio está colocado! E o Desafio é: “Não se vingar. Voltar o outro lado da face.
         Difícil? Com certeza.
         Jesus em seu sermão (Mt 5. 38 – 48) ensina que não é porque a maioria faz, ou seja, porque se vingam e não “levam desaforo para casa” é que nós cristãos também precisamos agir assim. Ser cristão é andar na contramão do mundo
         Dirigindo-se aos seus discípulos, Jesus os ensina como viver no regime espiritual, mostrando que é um viver diferente do vivido no regime secular.
         A preocupação de Jesus é contra os fariseus que enganavam o povo com a doutrina pregada enganosamente. Além de serem enganadores com seus ensinamentos, também o eram quanto a sua suposta vida piedosa. Vida baseada em suas distorções da Palavra de Deus.
         Os fariseus distorciam a doutrina, e isso resultava em levar as pessoas ao entendimento inadequado e a uma vida falsa diante de Deus imaginando estar sendo agradável.
         Na semana passada, ouvimos o ensino de Jesus sobre o quinto e sexto mandamento. Hoje, iremos observar que os fariseus aplicavam a si mesmos a lei dada às autoridades civis, que atuam no regime secular. Faziam uma tremenda confusão entre Vida no Regime Espiritual e Vida no Regime Secular.
         Iniciando o exercício do ministério de pregação, Jesus aponta para uma das características desse ministério, ou seja, corrigir as distorções que se faz da Palavra de Deus. O objetivo de Jesus é devolver à multidão a correta interpretação bíblica. Jesus quer oferecer o verdadeiro ensino daquilo que disse através da boca de seu servo Moisés. Isso, porque infelizmente, os fariseus inverteram esses verdadeiros ensinamentos.
         A instrução de Jesus é de como os cristãos precisavam viver pessoalmente. Jesus diz que não se deve desejar nenhuma forma de vingança. Aconselha cada filho(a) a não ter um coração impaciente e vingativo.
         Os fariseus e escribas, enganados por sua distorção da Palavra de Deus, chegaram à conclusão que era perfeitamente permitido se vingar. Alegavam que Moisés havia dito: “olho por olho, dente por dente.
         No entanto, Jesus ensina que diante da ofensa, da perseguição, precisamos dar a outra face. Será que Jesus não se enganou com outro texto bíblico? Será que preciso “levar desaforo para casa”? Não posso me defender em hipótese alguma? Não posso exigir o que é meu por direito?
         Quando Jesus diz: “...qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra;” está instruindo sobre o tipo de pessoa que o cristão precisa ser em contraposição aos pressupostos desse mundo. Os discípulos também haviam se enganado. Eles imaginavam que Jesus iria instituir um novo regime de governo e um novo império por ocasião de sua primeira vinda. Tanto que desejaram ser investidos de poder para governar e dominar seus inimigos.
         Com as palavras “...qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra;” Jesus fala do ser espiritual e da vida espiritual. Prega aos cristãos como devem se comportar perante Deus e o mundo. Jesus diz para que os cristãos estejam com seus corações presos em Deus e não se ocupem demasiadamente com o regime secular preocupado apenas com poder, punição e vingança.
         Muitas são as situações do dia-a-dia em que o desejo de muitos cristãos é se vingar e punir os culpados. Mas, essa é a tarefa do poder secular. Entre os cristãos deve reinar amor e serviço mútuo, principalmente aos que nos odeiam, que agem com violência e cometem injustiças.
         Precisamos fazer uma diferenciação para entendermos bem esse ensino. Preste atenção! Caso haja entre nós pessoas cristãs que ocupam cargos públicos, como vereador, advogado ou juiz, é necessário saber que esses precisam cumprir com seu ofício público, secular. Os vereadores são pessoas que criam leis para que haja mais segurança, etc. Os advogados precisam fazer valer a lei para todos igualmente. O juiz precisa julgar com imparcialidade. O cristão, sem ocupação nesses cargos, deve apenas esperar sem o desejo de vingança.
         A vida cristã requer muito equilíbrio. A prova disso é que somos pessoas no mundo, ou seja, quanto ao nosso corpo e aos bens, estamos sujeitos ao governo desse mundo. Quanto a nossa vida cristã, estamos sujeitos exclusivamente a Cristo. Dar a outra face é justamente quando formos atingidos por um crime, uma ação violenta, esperaremos em Deus nosso Senhor que por meio das autoridades desse mundo julgue a questão. Não é nosso papel agir como vingadores e punidores.
         Jesus fala sobre o comportamento extraordinário do cristão. Põe extraordinário nisso! Eu não consigo praticar esse desafio.
         O Desafio está colocado! O desafio é não buscar justiça com as próprias mãos. Deixar que as autoridades responsáveis façam isso.
         Muitos dos manifestos no Brasil são feitos por puro desejo de poder, vingança e punição. E a que isto está levando as pessoas? Inocentes estão sendo mortos. O patrimônio público está sendo destruído. A violência está gerando mais violência. Em nenhum momento, a situação está sendo realmente resolvida. Protestos! Podemos protestar, mas sem a arrogância de querer se vingar, punir ou obter poder. A partir do momento em que nossos protestos têm o desejo de vingança, punição ou poder, de maneira nenhuma devem ser realizados.
         Não estou com isso rotulando as pessoas que fazem seus manifestos. Mas, é necessário que façamos uma correta distinção entre um protesto justo e injusto perante Deus. Há muitos manifestantes que a única alternativa de ser ouvido pelo poder publico é saindo às ruas. Mas, a questão é justamente essa, qual é a minha motivação de ir as ruas protestar?
         Se o desejo for apenas ódio, vingança contra um partido politico, ou até mesmo busca de poder, os protestos não deveriam existir. Mas, se o desejo for sincero na busca de um mundo melhor para todos, (não apenas para mim ou uma pequena elite) o manifesto ordeiro, sem violência, é uma arma legítima que Deus também aprova. O ponto de equilíbrio é dar a outra face.
         Jesus não quer que sejamos como os fariseus e escribas. Ele deseja que sejamos perfeitos. Como ser perfeito? Na verdade, nossa perfeição nunca consistirá em não ter pecado. Ser perfeito segundo o ensino do sermão do monte e todo o restante da Escritura Sagrada, é justamente não distorcer a doutrina. Os fariseus e escribas distorciam a Palavra de Deus para justificar suas ações e sua falsa vida piedosa.

         Em segundo lugar, ser perfeito é viver de acordo com a sã doutrina. Isso quer dizer que, não devemos amar apenas nossos amigos, mas também nossos inimigos.
         Isso é possível?  
         Não! Apenas Deus é perfeito. É justamente nessa obra perfeita de salvação que vivemos “simultaneamente justos e pecadores.Precisamos viver como perfeitos no sentido de estar firme na verdadeira doutrina que consiste na pessoa de Jesus Cristo, o Filho enviado por Deus para nossa salvação.
         O sermão do monte é um convite para que nos apeguemos em Jesus Cristo. Somente Ele foi perfeito. Sua obra perfeita nos anima a viver o desafio colocado por Deus. O ponto principal é que, quando não consigo viver o desafio de Deus, a fé na obra de Jesus, sua morte na cruz e ressurreição, me dá o perdão e desse perdão recebo forças para continuar realizando o desafio colocado por Deus.
         A fé no sacrifício de Jesus me torna perfeito aos olhos do Pai. Na obra de Jesus continuemos vivendo o desafio colocado por Deus e perfeitos diante de Deus. Amém!

 

Pr. Edson Ronaldo Tressmann

Bibliografia: Martinho Lutero. Obras Selecionadas. Vol. 9. Ed. Sinodal, Concórdia e ULBRA; São Leopoldo, Porto Alegre e Canoas, RS. 2005. pp. 114 - 135

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