6º Domingo após Epifania – 16/02/2014
Sl 119. 1 – 8; Dt 30. 15 – 20; 1Co 3. 1 – 9; Mt 5. 21 - 37
Tema: Lição sobre mandamentos com o Filho do autor.
Continuamos
ouvindo o sermão do monte, o primeiro sermão de Jesus em seu ministério da
pregação. Nos versículos 21 a 37 do capítulo 5, que é a parte do sermão para
esse dia, Jesus retoma a lição de alguns dos dez mandamentos.
Seu
objetivo é explicá-los corretamente, pois, infelizmente os fariseus e escribas
ensinavam o 5º, 6º, 2º e 8º mandamento em sentido literal e os aplicavam as
obras exteriores.
Jesus disse: “Vocês ouviram o que foi dito aos seus
antepassados: ‘Não mate. Quem matar será julgado.’”
Os
fariseus e escribas viam apenas a palavra “matar.” As pessoas cresciam com a ideia de que o
mandamento estava proibindo apenas matar com as mãos. Mesmo que o desejo de
Deus fosse além do matar físico, o mandamento passou a ser “nada além disso!”
Esse
entendimento limpava a barra dos fariseus e escribas que tinham seus corações
cheios de ódio, raiva e maus pensamentos secretos de morte (At 5.28; 1Sm
18.17).
Com
o entendimento equivocado, os fariseus e escribas, encontravam apoio na Palavra
de Deus. Pela distorção das Escrituras Sagradas, esses homens piedosos se
escondiam por trás de uma suposta santidade.
Jesus
está anunciando o seguinte: “vocês ouviram dos fariseus que Moisés ordenou, e que se ensinou desde a
antiguidade: Não matarás.” Com o ensino de Moisés os fariseus e escribas se
lisonjeavam e se apresentavam com seus ensinos e se aplicavam em cumprir tudo o
que receberam dos antepassados.
Hipocritamente,
em pé na frente de todos, com a cabeça erguida, orgulhosamente diziam: “temos Moisés que diz: Não matarás.”
Sem
profundidade nenhuma na questão, as pessoas simplesmente invejavam a suposta
vida piedosa dos fariseus e escribas. Mas, Jesus, que têm por objetivo jogar
sal na ferida dos escribas e fariseus e todos aqueles que procuravam viver
hipocritamente.
O que Deus quer dizer com o mandamento: Não Matarás? Quer que tenhamos
cuidado. Pois, podemos matar de várias maneiras. Cuidado! Matamos com as mãos, com a língua, com o coração, por sinais,
gestos, num olhar amargo ou invejoso. Matamos até mesmo com os ouvidos, quando
não queremos que se fale bem de alguém.
No
versículo 22, Jesus, o professor da lição sobre alguns dos dez mandamentos, dá
a verdadeira luz sobre o quinto mandamento dizendo: “Mas eu lhes digo que qualquer um que
ficar com raiva do seu irmão será julgado. Quem disser ao seu irmão: “Você não
vale nada” será julgado pelo tribunal. E quem chamar o seu irmão de idiota
estará em perigo de ir para o fogo do inferno.”
Jesus
está transmitindo o verdadeiro Moisés e a verdadeira interpretação do quinto
mandamento. Por esse motivo, a reação da multidão foi de admiração. Exclamavam
que Jesus ensinava com autoridade, ou seja, apegado e corretamente de acordo
com o que a própria Palavra de Deus falava e não como os escribas e fariseus
queriam ou desejavam (Mt 7.28 – 29).
Quantos de nós, honestos, instruídos, bons, íntegros, mas que em secreto
odiamos alguém? Precisamos repensar nossa situação.
Muitos cristãos, a exemplo dos fariseus, mostram uma bonita fachada, mas o
interior da casa está estragado. Se continuarmos vivendo dessa maneira, o resultado
será corações endurecidos.
Em
seu sermão, Jesus está nos admoestando para que não nos enganemos com as
aparências, principalmente
a nossa.
O
sermão de Jesus é justamente para aqueles que estão na sala de aula. São para
aqueles que já conhecem o catecismo, os mandamentos. Esse sermão é para mim e
para você querido(a) irmão(ã).
Não
podemos simplesmente querer ser modelo para os outros jejuando, orando, sendo
dizimistas. Precisamos fazer as pazes com nosso próximo.
Servir
a Deus não envolve apenas sua vida na igreja, na congregação local, envolve
sim, amar a Deus de mãos dadas com o próximo.
Outra
coisa que Jesus quer nos ensinar é que não podemos confiar em nosso servir a
Deus como requisito de salvação. Não estamos ganhando o céu pelo nosso dizimo,
pelo nosso tempo de diretoria, etc. Mesmo que essas e outras obras não devam
ser negligenciadas, não são elas que nos salvam. A salvação está apenas na obra
realizada por Jesus a qual ele nos oferece por graça.
Já
que hoje estamos tendo o privilégio de receber a Lição de alguns mandamentos com o
Filho do autor, aproveitemos a lição sobre o sexto
mandamento.
Enquanto
os fariseus proibiam nesse mandamento apenas o divórcio. Jesus trata sobre o
mesmo de outro ângulo. Jesus diz que o pecado que envolve o adultério não está
apenas no divorciar-se, mas em viver apaixonado, ter maus desejos para com
outra pessoa. O pecado envolve pensamento, palavras e gesto indecoroso.
O que fazer: se o simples fato de olhar com maus pensamentos para outra
pessoa já é pecado? Precisamos lidar com isso dia após
dia. Lembremos que Jesus não proíbe o convívio. Jesus não proíbe rir e se
divertir. Proíbe sim a cobiça, o desejo para com outra pessoa. Precisamos estar
preparados para resistir e lutar contra toda sorte de tentação, passar por tudo
com paciência e vencer.
Sei
que é impossível viver em carne e sangue sem qualquer inclinação pecaminosa e
má. Assim como Lutero, concordo com Tomás de Aquino que dizia “que um mau pensamento involuntário não é
pecado mortal.” Exemplo: “Quando alguém te
ofende, é inevitável que naquele momento você logo pense em vingança. Isso
porém não é condenável, desde que não decida para as vias de fato, precisas resistir
ao impulso.”
É
justamente para nos precaver das “vias
de fato” é que Jesus está instruindo para que a cobiça, o
desejo, não nos leve a cometer um pecado mortal.
Para
que possamos vencer o pecado contra o sexto mandamento, precisamos voltar nosso
olhar para a Palavra de Deus.
Deus
ordenou que cada homem tenha sua esposa. Cada casal deve manter seus desejos e
apetites dentro desses limites. Precisamos ser capazes de ficar dentro desse
limite. Mas, se não estamos mais contentes com esse limite e, não estamos mais
satisfeitos com a esposa que Deus nos deu para nosso prazer e passarmos a olhar
cobiçosamente para outras mulheres, CUIDADO, pois já estamos contaminados pela
cobiça. E a cobiça e o desejo precisam estar reservados apenas para minha
esposa.
A
questão é que nosso inimigo assopra coisas em nossos ouvidos, de maneira que
passamos a enxergar apenas os defeitos do nosso cônjuge. Se a nossa esposa não
nos é mais preciosa, outras mulheres passam a ser. E assim, o desejo e a cobiça
reservado à minha esposa, passam a ser para outra pessoa. Assim, mesmo que
minha esposa seja bonita, qualquer outra mulher feia passa a ser mais atraente.
O
sexto
mandamento, segundo a lição dada pelo Filho do
autor, nos ensina
a olhar de maneira correta para nossa esposa. Segundo a Palavra de Deus nossa esposa é um presente, é uma joia rara.
Se eu olhar assim para minha esposa, não importa se há mulheres mais bonitas,
pois a minha é presente de Deus dado para mim. Deus a colocou em meus braços. Jesus
nos ensina a olhar de maneira correta para nossa esposa, para a beleza e joia
rara que Deus nos deu.
Não
podemos evitar os ataques do diabo. Ele dispara maus pensamentos e desejos em
nosso coração, mas não deixe que esses dardos lançados em ti criem raízes.
Arranque-os e jogue fora. O desejo pode até bater na porta, mas não o deixe
entrar.
Talvez
alguém pense que o maior problema é o desejo carnal. Isso não confere com as
Escrituras. Se não houvesse desejo entre homem e mulher, não haveria casamento.
A questão é que nosso desejo, nossa louca vontade, precisa estar guardado para
o casamento, entre o casal.
Quando
Jesus aconselha que os olhos e as mãos sejam arrancados, está aconselhando que
nos coloquemos perante Deus e deixemos nos governar por ele. Arrancar o olho ou
a mão significa tirar o desejo que estamos sentindo.
Um
dos maiores convites ao pecado atualmente é o divórcio. Jesus instrui sobre
usar corretamente a lei do divórcio, pois muitos haviam transformado essa lei
para cometer patifarias e arbitrariedades contra o mandamento de Deus.
Mandamento esse que ensina: “Em qualquer um desses casos, o primeiro marido não poderá casar
de novo com essa mulher; ela é impura para ele. Casar de novo com ela seria uma
ofensa contra Deus, o SENHOR. Portanto, não deixem que se cometa um pecado tão
grave assim na terra que o SENHOR, nosso Deus, lhes está dando para ser de
vocês” (Dt 24.4).
Essa
lei foi rapidamente aprendida e abusada. Quando um homem se cansava de sua
mulher e se apaixonava por outra a despedia e a repudiava. Moisés quis ensinar
que era permitido se separar apenas quando encontrasse na mulher alguma
indecência ou fraqueza que impossibilitava o convívio. No entanto, a
libertinagem levou os fariseus e escribas a abusarem dessa lei. No evangelho de
Mateus vemos Jesus sendo questionado justamente sobre a questão do divórcio. A
pergunta feita à Jesus era se por qualquer motivo poderia se separar. Jesus
conclui que o divórcio é motivo para o adultério.
Essa
libertinagem está muito presente entre nós também. É um assunto tão normal que
nem sequer queremos falar sobre o mesmo.
Querido
jovem, se você deseja se casar, empreender em algo abençoado e bem sucedido,
invoca a Deus, implore que Ele te conceda uma joia de esposa. Aos casados eu
aconselho que tenham desejo um pelo outro como nunca se desejaram.
Que
Deus em seu amor e misericórdia nos abençoe ricamente e que possamos continuar
vivendo como seus filhos e filhas. Amém!
Pr. Edson Ronaldo
Tressmann
Bibliografia: Martinho Lutero. Obras Selecionadas.
Vol. 9. Ed. Sinodal, Concórdia e ULBRA; São Leopoldo, Porto Alegre e Canoas,
RS. 2005. pp. 87 - 113
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por seguir esse blog. Com certeza será uma bênção em sua vida.