terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Parábola da Figueira sem fruto


03/03/13 – 3º Domingo na Quaresma
Sl 85; Ez 33. 7 – 20; 1Co 10. 1 – 13; Lc 13. 1 - 9
Tema: Parábola da figueira sem fruto.

         Temos para nosso estudo nesse culto o relato que Jesus, o Filho de Deus, fala sobre o Pai, o dono da vinha, e que por três anos esperou a produção de frutos de uma figueira.
         A ênfase no fato do dono estar indo durante 3 anos procurar frutos e não encontrar é justamente para mostrar o quão assustador era a situação. A produção de frutos numa figueira acontece após três anos de plantada. E estando indo procurar por três anos e não tendo encontrado, mostra que realmente estava ocupando a terra inutilmente. Pois, tudo já havia sido feito, já era tempo de produzir. A melhor alternativa era cortar fora. Durante 6 anos, aquela figueira estava ocupando a terra inutilmente. Estava tirando os nutrientes das outras plantas e não produzindo nada.
          Por que ocupar a terra inutilmente? Corte-a! A pergunta e a resposta são atuais ao nosso mundo empreendedor. Mas, o que de fato muda a situação é o pedido do responsável: “eu vou adubá-la e se não produzir frutos corte-a”. Dê-lhe mais uma chance. Mais uma! Apenas uma!
         O pedido foi feita pelo próprio filho do dono, que era o único que podia negociar uma nova chance junto ao Pai.
         Sendo a figueira uma planta que suga muito a terra, roubando proteínas que poderiam ajudar outras plantas na sua produção, é necessário que esteja plantada em boa terra, ou que seja muito bem adubada. Para isso, requer-se que o dono faça um grande investimento. Seja na compra de uma terra fértil ou na adubação de uma terra inferior.
         No contexto bíblico essa informação é importante. O antigo testamento não fala em adubar a vinha, a única referência no profeta Isaias (5.1) é que Deus tinha sua vinha num vale fertilíssimo. E se estava plantada em terra boa, a adubação era desnecessária, mas não a produção de frutos. No entanto, a produção foi de uvas bravas.
         O evangelista Lucas é o único a relatar essa parábola, fazendo referência direta a atitude negativa de Israel e seus líderes, assim como anunciado pelos profetas Isaias (5.1) e Jeremias (2.21; 8.13).
         Lucas destaca que esse episódio ocorreu durante a viagem de Jesus para Jerusalém. Esse relato sobre a figueira que não está produzindo fruto quer nos ensinar sobre o pecado e o arrependimento.
         O versículo 3 diz: “..., se não se arrependerem dos seus pecados, todos vocês vão morrer como eles morreram” e no versículo 5 “..., se não se arrependerem dos seus pecados, todos vocês vão morrer como eles morreram.
         A fé sem frutos é coisa morta. Com essas palavras somos chamados a deixar de lado a nossa comodidade humana.
          Já que a figueira está ocupando inutilmente a terra, o dono quer cortá-la. Mas, o viticultor, o filho do dono, Jesus, intercede pela figueira pedindo-lhe mais uma chance.
         Isso é que torna essa parábola Impressionante. Mesmo que não há frutos, e sabendo da necessidade do mesmo, o filho intercede por ela.
         A intercessão do Filho pela figueira fez com que o Pai, o dono, lhe desse mais uma chance. Por causa da intercessão de Jesus recebemos mais um ano para continuarmos sendo capacitados. E Jesus dá a garantia da capacitação, pois vai continuar nos adubando mesmo que não tenhamos produzido frutos em anos anteriores. Ele não deseja que sejamos cortados. Na verdade, Jesus nos dá a fé e faz como que operemos de acordo com a fé. Ele dá e fortalece a fé e nos dá oportunidades para mostrar essa fé.
         Junto a sua intercessão vem a promessa da adubação. Adubação realizada pela Pregação da Palavra e do recebimento do Sacramento do Altar. Com isso, o nosso dono espera a produção dos frutos.
         O apóstolo Paulo disse na sua carta aos cristãos da Ásia Menor: “Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10). Em Cristo Jesus somos capacitados a realizar boas obras. As boas obras procedem da fé. Procedem da adubação que Jesus realiza em nós pelos seus meios da graça. O adubo usado é da melhor qualidade, certificada pelo INMETRO Divino. No entanto, infelizmente, observamos que em vez de crescermos em boas obras, estamos deixando que a nossa velha natureza nos guie e não realizamos as boas obras que Deus espera. Assim nos tornamos negligentes na prática da obra na igreja, na sociedade e na família.
         Estamos nos tornando negligentes no trabalho na e pela igreja; negligentes na prática da oração; em nossas ofertas para o reino de Deus; no trabalho evangelístico; etc.
         Mesmo diante da procura dos frutos e não os tendo encontrado, Jesus intercedeu e intercede por nós e garante que por mais um ano estará nos adubando para que os frutos sejam produzidos.
         Jesus em seu amor e misericórdia está nos adubando constantemente com a Pregação da PALAVRA, com seu CORPO E SANGUE dados com e sob o pão e o vinho. O adubo é o melhor de todos. Mas porque os frutos muitas vezes não são encontrados? E pensando por um momento naqueles que pelos meios da graça fazem a adubação: Como estamos adubando? Ou o que poderiamos fazer para que esse adubo chegue a mais pessoas?
         Os frutos só podem ser produzidos em Cristo: “Como, porém, em tudo, manifestais superabundância, tanto na fé e na palavra como no saber, e em todo cuidado, e em nosso amor para convosco, assim também abundeis nesta graça” (2Co 8.7) e: “Deus pode fazer-vos abundar em toda graça, a fim de que, tendo sempre, em tudo, ampla suficiência, superabundeis em toda boa obra, como está escrito: Ora, aquele que dá semente ao que semeia e pão para alimento também suprirá e aumentará a vossa sementeira e multiplicará os frutos da vossa justiça, enriquecendo-vos, em tudo, para toda generosidade, a qual faz que, por nosso intermédio, sejam tributadas graças a Deus” (2Co 9.8-11). Por isso: “... não nos cansemos de fazer o bem, porque a seu tempo ceifaremos, se não desfalecermos. Por isso, enquanto tivermos oportunidade, façamos o bem a todos, mas principalmente aos da família da fé” (Gl 6.9-10) e: “Agora, quanto aos nossos, que aprendam também a distinguir-se nas boas obras a favor dos necessitados, para não se tornarem infrutíferos” (Tt 3.14) pois, “Fiel é esta palavra, e quero que, no tocante a estas coisas, faças afirmação, confiadamente, para que os que têm crido em Deus sejam solícitos na prática de boas obras. Estas coisas são excelentes e proveitosas aos homens” (Tt 3.8).
         Os frutos não são para a nossa salvação, eles são reflexos da nossa salvação. Eu não vejo ninguém atrás de uma árvore, mas pela sombra da pessoa observo que há alguém atrás da árvore. Assim é o fruto produzido pelo cristão: “Eu sou a videira, vós, os ramos permanecei em mim, e eu permanecerei em vós” (Jo 15.4-5).
         O fruto só é produzido naquele que está em Jesus. Fora de Jesus, podem até existir boas iniciativas e feitos, mas, os mesmos não têm valor diante de Deus. Frutos agradáveis a Deus são produzidos pela fé em Jesus.
Se alguém não permanecer em mim, será lançado fora, à semelhança do ramo, e secará; e o apanham, lançam no fogo e o queima” (Jo 15.6).
         As boas obras não salvam, mas, não podemos simplesmente cruzar os braços e dizer que não queremos fazer o que Deus espera que façamos, por isso a advertência do apóstolo Tiago: “Verificais que uma pessoa é justificada por obras e não por fé somente” (Tg 2.24).
         Tiago quer despertar as consciências ociosas e seguras em sua fé morta. Os de fé morta são as pessoas que se dizem cristãs, mas não produzem frutos.
         A vida cristã é uma vida vivida numa pista de mão dupla assim como diz o autor a carta aos Hebreus: “Ora, a fé é a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem. Pois, pela fé, os antigos obtiveram bom testemunho. Pela fé, entendemos que foi o universo formado pela palavra de Deus, de maneira que o visível veio a existir das coisas que não aparecem. Pela fé, Abel ofereceu a Deus mais excelente sacrifício do que Caim; pelo qual obteve testemunho de ser justo, tendo a aprovação de Deus quanto às suas ofertas. Por meio dela, também mesmo depois de morto, ainda fala. Pela fé, Enoque foi trasladado para não ver a morte; não foi achado, porque Deus o trasladara. Pois, antes da sua trasladação, obteve testemunho de haver agradado a Deus. De fato, sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que se torna galardoador dos que o buscam. Pela fé, Noé, divinamente instruído acerca de acontecimentos que ainda não se viam e sendo temente a Deus, aparelhou uma arca para a salvação de sua casa; pela qual condenou o mundo e se tornou herdeiro da justiça que vem da fé. Pela fé, Abraão, quando chamado, obedeceu, a fim de ir para um lugar que devia receber por herança; e partiu sem saber aonde ia. Pela fé, peregrinou na terra da promessa como em terra alheia, habitando em tendas com Isaque e Jacó, herdeiros com ele da mesma promessa; porque aguardava a cidade que tem fundamentos, da qual Deus é o arquiteto e edificador. Pela fé, também, a própria Sara recebeu poder para ser mãe, não obstante o avançado de sua idade, pois teve por fiel aquele que lhe havia feito a promessa” (Hb 11.1-11).
         Na fé se produz frutos.
         Jesus intercedeu por nós, figueiras fracas e sem frutos. Mas, ao mesmo tempo amados pelo Filho do dono que continua nos adubando para podermos produzir os frutos necessários para o nosso bem, do nosso próximo e para honra e glória de Jesus. Amém!
Rev. Edson Ronaldo Tressmann

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Capacitados para entender nossa maior necessidade

24/02/13 – 2º Domingo na Quaresma
Sl 4; Jr 26. 8 - 15; Fp 3. 17 – 4.1; Lc 13. 31 - 35
Tema: Capacitados para entender nossa maior necessidade.


         Nós luteranos somos muito críticos. Não vou dizer que isso em si é ruim. Acredito que isso até nos ajuda em certo sentido. O problema é que, olhamos demais para os outros e apontamos para suas falhas e defeitos. Assim exaltamos a nossa qualidade naquele determinado assunto.
         Para que possamos fazer uma analise da nossa congregação e paróquia, respondamos sinceramente: Qual é a nossa maior necessidade?
         Talvez pensemos em dinheiro, afinal nossa caixa anda negativo. Cultos mais dinâmicos. Quem sabe um pastor melhor, mais jovem, músico, simpático, etc. Capacitados para entender nossa maior necessidade.
         Essa questão eu não quero responder de bate pronto. Espero que cheguemos juntos a conclusão de parte desse tema. Para isso iremos dar uma boa olhada nos 4 textos bíblicos propostos para esse culto.
         Primeiramente:
         Salmo 4 ... alguns destaques.
         O Sl 4 e o Sl 3 são de Davi. Os títulos são idênticos. Só há uma mudança no final do salmo. Confiança em Deus na adversidade, ... na angustia.
         Davi está fugindo devido à revolta de seu filho Absalão. E em meio a essa situação, ele se mostra verdadeiramente confiante em Deus, a ponto de dizer: “em paz me deito e logo pego no sono, porque, Senhor, só tu me fazes repousar seguro” (Sl 4.8).
         Dormir sossegado em meio a perseguição. Isso só é possível na fé em Deus. E esse é o testemunho do salmista.
         Davi é testemunha fiel de Deus. Sempre ouviu a respeito dos atos poderosos de Deus em favor do povo. E além de ouvir, inúmeras vezes sentiu os atos poderosos de Deus. Ele foi escolhido para ser rei ainda jovem. Deus lhe concedeu vitórias em muitas batalhas. E diante dos atos poderosos de Deus, Davi não se cala, não esconde sua confiança.
         Quando queremos responder a questão de qual é a nossa maior necessidade, em segundo lugar precisamos olhar para o texto do profeta Jeremias 26.
         O profeta Jeremias já estava atuante em seu ministério profético por 20 anos. E ali no pátio do templo depois de “anunciar o que Deus ordenou” foi ridicularizado pelos sacerdotes e pelos falsos profetas. Mas, não se intimidou, continuou falando da parte de Deus àquilo que Deus lhe enviou para falar.
         A ridicularização e a opressão não intimidaram o profeta que não se cansava de falar sobre os atos poderosos de Deus, tanto os do passado, quanto os do presente como os do futuro.
         O próprio chamado do profeta  já havia sido um ato poderoso de Deus. Então porque se calar? Nada motivaria o profeta a se calar.
         Quando queremos responder a questão de qual é a nossa maior necessidade, em terceiro lugar precisamos olhar para o texto de Filipenses 3. 17 – 4.1.
         Na sua carta aos filipenses, o apostolo Paulo, entre os agradecimentos pela ajuda, procura esclarecer sobre o cuidado que eles precisavam ter com o falso ensino.
         Os cristãos da cidade de Filipos estavam começando a aceitar o ensino de que não havia necessidade de responsabilidade com a vida secular.
         Falsos mestres estavam semeando a mentira de que os cristãos por serem cidadãos dos céus não precisavam se comprometer e nem ter responsabilidades com as coisas nesse mundo. E diante dessa falsificação bíblica, Paulo transmite o verdadeiro ensinamento de Deus, apontando aos cristãos que já somos salvos por aquilo que Jesus fez na cruz, mas ainda não estamos no céu.
         Em meio às coisas ruins desse mundo, as tragédias, a corrupção, nós, como filhos de Deus, herdeiros do céu, somos chamados a ter uma postura ética e social nesse mundo.
         Enquanto nesse mundo, não podemos nos abster dos problemas sociais. Como cristãos precisamos viver uma vida ética em meio às corrupções, uma vida de agente social em meio às dificuldades que as pessoas enfrentam.
         Quando queremos responder a questão de qual é a nossa maior necessidade, em quarto lugar precisamos olhar para o texto do evangelho de Lucas 13. 31 – 35.
         Jesus Cristo está dando testemunho de si mesmo. E em minha opinião é um dos mais belos retratos do amor de Jesus para conosco pecadores. Ele se compara a uma galinha que cuida de seus pintinhos. A galinha além de abrigar seus pintinhos na chuva, ela também procura comida para que os seus fiquem bem alimentados.
         E esse testemunho é feito diante de alguns fariseus simpáticos a pregação de Jesus. Esses o haviam alertado para que não fosse para Jerusalém, pois corria perigo de morte. E mesmo que estivesse sendo alertado, Jesus aproveita o ensejo para testemunhar: “Importa, contudo, caminhar hoje, amanhã e depois, porque não se espera que um profeta morra fora de Jerusalém” (Lc 13.33).
         Mesmo sendo alertado, Jesus sabia que estava indo para Jerusalém para sofrer e morrer. Jesus sabe que precisa ir, pois, Ele é o sacrifício agradável a Deus.
         Capacitados para entender nossa maior necessidade.
         Qual e a relação entre todos os textos? Qual é o tema que aparece nos quatro textos lidos e apresentados hoje?
         Coragem para testemunhar. Relembremos Davi, Jeremias, Paulo que convida a uma vida de testemunho e ainda Jesus.
         Carecemos de testemunhas pessoais do amor de Cristo.
         Jesus na cruz gritou o grito da vitória, o qual daqui alguns dias, iremos novamente ouvir e comemorar: “Está Consumado!
         A obra está realizada. Nós agora somos do Pai. Esse grito não pode ser calado. E nós somos enviados para comunicar esse grito a milhares de pessoas que carecem ouvi-lo.
         Capacitados para entender nossa maior necessidade.
         Que cheios de coragem, assim como Davi, Jeremias, Paulo e Jesus testemunhemos para todos sobre o nosso Senhor Jesus. Pois, se ao criticarmos os outros em determinado assunto, saibamos que na questão do testemunho estamos sendo falhos, mas somos justamente nós que muito somos amados por Deus e temos uma enorme bênção para testemunhar, JESUS É O SALVADOR. Ele é a galinha que nos abriga em suas asas. Amém!

Pastor Edson Ronaldo Tressmann
cristo_para_todos@hotmail.com

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Capacitados a nos abrigar na sombra do Altíssimo

17/02/13 – 1º Domingo na Quaresma
Sl 91. 1 - 13; Dt 26. 1 - 11; Rm 10. 8b - 13; Lc 4. 1 - 13
Tema: Capacitados a nos abrigar na sombra do Altíssimo


         Em muitos lares encontramos a Bíblia aberta nesse Salmo ou em quadros de porcelanas.
         São belas as palavras desse salmo, mas infelizmente, muitos equivocadamente a usam de maneira mágica.
       Lutero diz que esse salmo é de conforto e nos anima a confiarmos em Deus em tempos de necessidade e tentação.
         O salmo 91 tem como pano de fundo o Primeiro mandamento. Qual é o primeiro mandamento?Eu sou o Senhor teu Deus, não terás outros deuses diante de mim.
         O que proíbe esse mandamento? Proíbe a idolatria.
         O que é idolatria? Culto prestado a ídolos com amor e paixão exagerada.
         O Catecismo Menor do Dr. Martinho Lutero descreve a idolatria como adoração a uma criatura como si fosse realmente Deus (idolatria grosseira), e ainda, amar e confiar mais em criaturas do que em Deus (idolatria disfarçada). E diante dessas manifestações de idolatria, podemos citar as palavras de Jesus: “Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo” (Mt 10.28).
         O que ordena o Primeiro mandamento? Confiar em Deus acima de todas as coisas. E confiando em Deus somos capacitados a nos abrigar na sombra do Altíssimo.
         O salmo 91 é o comunicado de Deus que manifesta a certeza do seu cuidado e sua proteção.
         A figura apresentada pelo salmista é a de um hospedeiro. E pelos costumes orientais, tendo esse hospedeiro, o hospede têm a garantia da proteção integral. E sabendo que Deus é o hospedeiro, o salmista diz que “aquele que procura segurança” a encontra.
         Na sombra de Deus, que é defensor e protetor, o salmista se abriga. E além de encontrar proteção para os perigos, o salmista também encontra um Deus carinhoso que o cobre com suas asas.
         O que chama à atenção na leitura do salmo 91? v.9 e 10 “Pois disseste: O Senhor é meu refugio. Fizeste do Altíssimo a tua morada. Nenhum mal te sucederá, praga nenhuma chegará a tua tenda”.
         Nenhum mal pode cair sobre você. Nenhum Mal? Parece haver uma contradição nessa parte das Escrituras. Pois, se de um lado o salmista diz que “nenhum desastre lhe acontecerá, e a violência não chegará perto da sua casa” de outro lado temos Jesus que ao ensinar a orar, disse: “Mas livra-nos do mal.Se devemos pedir para que Deus nos livre do mal, como o salmista diz que “...Nenhum mal te sucederá, praga nenhuma chegará a tua tenda”? Esse é o ponto crucial. Não podemos fazer dessas palavras algo mágico.
         Eu vejo muitos filhos de Deus, cristãos sinceros, que segundo o nosso ponto de vista passam por maus bocados. Há cristãos acamados há anos. Há os que perdem entes queridos em desastres. Há os que sofrem.
         No entanto, cabe-nos entender que tudo o que acontece, seja bom ou ruim aos nossos olhos, sobrevêm sobre nós com a permissão de Deus. Mas, será que Deus permite também a tragédia? A dor? O sofrimento? Deus não é amor?
         O Deus apresentado pelo salmista, mesmo como o protetor de todos os perigos e amoroso, não é apenas um Deus que permite coisas extraordinariamente boas aos nossos olhos. Ele também permite coisas ruins em nossa vida. E essas coisas ruins em nossa vida é a boa tentação para o nosso próprio bem. Quantas vezes quando estamos em maus bocados, somos aconselhados a buscar auxilio em outros meios que Deus condena: benzedura, macumba, etc. E assim como diante do ruim, Deus somos tentados para o bem, o nosso inimigo se aproveita para nos tentar para o mal, ou seja, nos desviar de Deus, nos conduzir a crenças falsas e desespero. Então tanto as palavras do salmo como a oração de Jesus é um convite para confiança em Deus, a nossa sombra protetora.
         O salmista quer nos capacitar a nos abrigar debaixo da sombra do Altíssimo. E mostra que a vida debaixo da sombra do Altíssimo é uma vida de refugio e segurança. Não importa se estamos enfrentando acontecimentos ruins e trágicos em nossa vida. O que nos importa é que estamos abrigados a sombra do Altíssimo. E abrigados a sombra do Altíssimo podemos testemunhar como o apóstolo Paulo aos cristãos romanos: “Pois sabemos que todas as coisas trabalham juntas para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles a quem ele chamou de acordo com seu plano” (Rm 8.28), Elifaz a Jó: “Vez após vez Deus salvará você do perigo e não deixará que nenhum mal lhe aconteça. Em tempo de fome, Deus não deixará que você morra e em tempo de guerra ele o salvará da espada. Ele o protegerá das más línguas, e você não terá medo quando houver destruição. Você se rirá quando houver violência e faltarem alimentos e não terá medo dos animais selvagens. Nos seus campos as pedras não estorvarão o arado, ... Na sua casa você viverá em paz e, quando contar as suas coisas, não vai achar falta de nada” (Jó 5. 19-24) Paulo ao jovem pastor Timóteo: “O Senhor me livrará de todo o mal e me levará em segurança para o seu reino celestial. A ele seja dada a glória para todo o sempre! Amém!” (2Tm 4.18).
         O salmo 91 nos apresenta palavras de consolo e nos anima a confiar em Deus em tempos de necessidade e tentação. Pois vivendo na sombra do Altíssimo estamos seguros e protegidos.
         Capacitados a nos abrigar na sombra do Altíssimo.
         Quem mora em uma região muito quente, ou até mesmo, nesse período de verão, sabe da importância que têm uma sombra. A sombra refresca, tranqüiliza e dá alivio. E esse refresco, tranqüilidade e alivio temos a sombra do Altíssimo, pois Deus através do salmista nos quer transmitir suas promessas. E são essas promessas que nos aliviam e consolam. Quais são essas promessas? Além da proteção e do cuidado, os vv. 14-16 enumeram: Salvação; resposta aos pedidos; estar ao nosso lado nas horas de aflição; livramento e vida longa (eternidade).
         O profeta Isaías descreve (46.1-4) que os deuses são carregados nas costas pelos seus seguidores. E nessa situação, Deus comunica: “...Desde que vocês nasceram, eu os tenho carregado; sempre cuidarei de vocês. E, quando ficarem velhos, eu serei o mesmo Deus; cuidarei de vocês quando tiverem cabelos brancos. Eu os criei e os carregarei; eu os ajudarei e salvarei” (Is 46.3b–5). Se devido a nossa velha natureza somos tentados a carregar outros deuses acabamos por tomar o nome de Deus em vão.
         Mas, ao contrário disso, Deus pelo seu profeta anunciou e anuncia que em seu amor nos carrega no colo e protege. E conforme o salmista essa proteção e cuidado está embaixo da sombra do Altíssimo. A sombra está a nossa disposição. Deus nos ama tanto que continua nos esperando para nos abrigar embaixo dele. Ele nos ama e no seu amor oferece a sua sombra.
         Vivendo a sombra do Altíssimo, conhecendo seu cuidado e proteção, seu amor, seu carinho, só nos resta louvar a Deus testemunhando que “...,aprendi a viver satisfeito com o que tenho. Sei o que é estar necessitado e sei também o que é ter mais do que é preciso. Aprendi o segredo de me sentir contente em todo o lugar e em qualquer situação, quer esteja alimentado ou com fome, quer tenha muito ou tenha pouco. Com a força que Cristo me dá, posso enfrentar qualquer situação” (Fp 4.11b-13).
         Abrigados à sombra que é Cristo não se sofre o efeito dos raios ultravioletas e não se chega à exaustão a ponto de sofrer o dano eterno. Em Jesus recebemos a preciosa chance de não sofrermos a conseqüência desastrosa do pecado que é a perdição eterna.
         O Primeiro mandamento nos ensina a confiar em Deus acima de todas as coisas. O Salmo 91 nos apresenta palavras de consolo e ânimo. E esse consolo e ânimo nos levam a confiar em Deus nos momentos de dificuldade e tentação. Por isso, digamos com o salmista: “A pessoa que procura segurança no Deus Altíssimo e se abriga na sombra protetora do todo poderoso pode dizer a ele: ‘Ó Senhor Deus, tu és o meu defensor e o meu protetor. Tu és o meu Deus; eu confio em ti.” Amém!

Pr Edson Ronaldo Tressmann
cristo_para_todos@hotmail.com

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Capacitados para sermos modelos

10/02/13 – Transfiguração do Senhor
Sl 99; Dt 34. 1 - 12; Hb 3. 1 - 6; Lc 9. 28 - 36
Tema: Capacitados para sermos modelos


         Leiamos o texto de Deuteronômio 34. 1 – 12:
Então subiu Moisés das campinas de Moabe ao monte Nebo, ao cume de Pisga, que está em frente a Jericó e o SENHOR mostrou-lhe toda a terra desde Gileade até Dã; E todo Naftali, e a terra de Efraim, e Manassés e toda a terra de Judá, até ao mar ocidental; E o sul, e a campina do vale de Jericó, a cidade das palmeiras, até Zoar. E disse-lhe o SENHOR: Esta é a terra que jurei a Abraão, Isaque, e Jacó, dizendo: A tua descendência a darei; eu te faço vê-la com os teus olhos, porém lá não passarás. Assim morreu ali Moisés, servo do SENHOR, na terra de Moabe, conforme a palavra do SENHOR. E o sepultou num vale, na terra de Moabe, em frente de Bete-Peor; e ninguém soube até hoje o lugar da sua sepultura. Era Moisés da idade de cento e vinte anos quando morreu; os seus olhos nunca se escureceram, nem perdeu o seu vigor. E os filhos de Israel prantearam a Moisés (lider) trinta dias, nas campinas de Moabe; e os dias do pranto no luto de Moisés se cumpriram. E Josué, filho de Num, foi cheio do espírito de sabedoria, porquanto Moisés tinha posto sobre ele as suas mãos(exemplo de transição); assim os filhos de Israel lhe deram ouvidos, e fizeram como o SENHOR ordenara a Moisés. E nunca mais se levantou em Israel profeta algum como Moisés, a quem o SENHOR conhecera face a face; Nem semelhante em todos os sinais e maravilhas, que o SENHOR o enviou para fazer na terra do Egito, a Faraó, e a todos os seus servos, e a toda a sua terra. E em toda a mão forte, e em todo o grande espanto, que praticou Moisés aos olhos de todo o Israel. (http://www.bibliaonline.com.br)

         E com essa leitura podemos nos perguntar: será possivel encontrar um modelo semelhante ao de Moisés para nossos dias? Ninguém quer ser observado a ponto de ser um exemplo para os outros. Ser modelo para alguém é algo que traz consigo responsabilidade. É como viver resposnavelmente duas vezes.
         Com a leitura desse texto, Dt 34. 1 – 12, podemos dizer que Moisés foi exemplo para todo o povo em sua peregrinação pelo deserto. Além da responsabilidade de liderar, ainda viveu sob a responsabilidade de ser exemplo. No entanto, isso não quer dizer que ele tenha sido “perfeito.” Como ser humano pecador, também cometeu seus erros, e por uma grave falha, Deus não lhe permitiu entrar na terra prometida, apenas vê-la como sinal de que o Deus que o havia chamado, havia cumprido sua promessa.
         Mesmo que tenhamos Moisés como exemplo, não podemos nos esquecer de que foi um pecador. E como pecador careceu da graça de Deus, assim como nós também carecemos. O Deus que agiu em Moisés é o mesmo que atua em amor e graça ainda hoje em nós pela sua Palavra e Sacramento. Moisés cometeu pecados, dos quais necessitou perdão. Mas, mesmo em meio a sua vida pecadora, não deixou, capacitado por Deus de ser exemplo entre seu povo.
         É dificil ser exemplo para alguém. Mas, o ser exemplo é algo que Deus nos capacita a ser. E capacitados por Deus, milhares de pessoas, mesmo vivendo como pecadores são exemplos de amor, compaixão, humildade e principamente fé em Jesus.
          Capacitados por Jesus, o sol nascente. Esse é o tema geral da IELB para esse ano de 2013. E nesse mês de fevereiro estamos destacando a cpacidade que Deus nos dá para vermos claramente a questão dos dons, principalmente do amor pelo próximo. Deus nos capacita para sermos modelos, pois assim, a luz de Jesus irá brilhar para outros. Deus nos capacita para irmos sempre debaixo do verdadeiro abrigo, a sombra que é Cristo. E ainda no ultimo culto desse mês iremos estudar e ver como Deus nos capacita para entendermos e sempre buscarmos a nossa real necessidade.
         Então nessa mensagem queremos ver através do relato biblico como Moisés foi e ainda pode ser usado como modelo para nossa vida crisstã e ainda se há entre nós modelos semelhantes.
         Moisés foi exemplo de:
          - Confiança
         Quando Moisés foi chamado, conforme Êxodo 3, vemos que a principio sua reação foi de recusa. No entanto, essa recusa não estava atrelado a falta de confiança em seu Deus. Moisés estava, digamos, decepcionado com o Deus de Abraão, Isaque e Jacó.
         Mas, em seu amor e misericórdia, o anjo do Senhor, o próprio Jesus, lhe ajudou a superar esse sentimento e o enviou para ser lider para a libertação do povo de Israel da escravidão do Egito.
         O que motivou Moisés a ser lider do povo desde o Egito as margens da terra prometida foi a confiança na promessa que Deus havia feito à abraão, Isaque e Jacó e agora transmitida a ele.
         A confiança não paralisou o lider Moisés diante dos muitos obstáculos. Mas, vale lembrar que justamente, devido as muitas dificuldades, esse lider acabou agindo por impulso e com falta de fé, Ex 17.7; Nm 27. 14; 20. 12; Dt 32. 51; e assim, por tantas vezes ter sido solidario com o povo em seus erros, acabou cometendo um grave pecado, lhe faltando confiança diante da falta de água no deserto de Zim em Refidim. Mas, mesmo nessa situação podemos destacar a confiança, a fé de Moisés.
         Em Deuteronômio 3. 23 – 27 ou Numeros 27. 12 - 14 temos a descrição da bela oração de Moisés. E nessa oração conseguimos ver o modelo de confiança que Moisés foi. Ele orou pedindo que Deus o permitisse ver a terra prometida; pediu que Deus desse ao povo um novo lider para que não fossem ovelhas sem pastor.
         Moisés foi exemplo de:
         - idoso ativo
         Mesmo idoso, Moisés não deixou de servir a Deus. Ele atuou fielmente até o dia em que Deus, assim como ele mesmo havia confessado: “O Senhor, autor e conservador de toda vida, ...” o levou da sua peregrinação no deserto.
         E o que é espetacular em Moisés, é que mesmo sendo ativo, não deixava de dividir as tarefas e preprar um substituto.
         - capacitação de um substituto
         Essa é ainda é uma questão que entre nós não está bem desenvolvida. Nos falta planejamento sobre transição. Observemos o fato de Moisés ter orado a Deus, depois de receber de Deus a noticia de que não entraria a terra prometida, Nm 27. 16 – 17. E ouvindo de Deus a resposta de que Josué era o seu substituto, Moisés não agiu mal diante dele. Na verdade, lhe transmitiu o cargo dando a ele toda a sua autoridade diante do povo.
         - liderança
         Moisés era um lider que cuidava de outros lideres. Ser lider em si já é complicado, imaginem, Moisés, liderando, distribuindo tarefas e supervisionando esses lideres.
         Muito se vende hoje sobre livros de liderança, e acabamos deixando de lado, ricos aprendizados que temos sobre liderança em Moisés. Basta-nos ler os 5 primeiros livros da Biblia. E o maior modelo de liderança é o de Moisés em dois aspectos: ouviu que era necessario e importante dividir as tarefas e as distribuiu sem medo de perder seu posto de lider.
         - profeta
         Num ano em que como IELB estamos refeltindo sobre a capacitação é importante que apontemos para um exemplo maior ainda Jesus. O autor a carta aos hebreus faz essa distinção entre Moisés e Jesus.
         Exemplos, por melhores que sejam, são falhos. Mas, Jesus é aquele que veio para pagar nossas falhas, veio para corrigir a nossa falha. Jesus, que com seu amor, além de nos capacitar para que sejamos modelos para outros, ainda nos dá a certeza de que nos perdoa quando falhamos em nossa peregrinação por esse mundo.
         Moisés é modelo de profeta por sempre ter apontado para a direção correta. Ele, poderia ter evitado inumeros problemas em sua liderança se buscasse agradar o povo dizendo a eles o que queriam ouvir. Mas, como profeta sempre dizia o que Deus lhe enviou para dizer, não importavam suas palavras, mas o que Deus lhe enviou para falar: “E Moisés foi um servo fiel no seu trabalho na casa de Deus e falou das coisas que Deus ia dizer no futuro” (Hb 3.5 NTLH).
         Assim como dito na mensagem da semana passada, como parte da igreja cristã, estamos inseridos entre um povo que está na expectativa de um possível livramento, cura, prosperidade. E a mensagem que Deus nos comunica através a sua Palavra precisa ser comunicada em fidelidade as pessoas hoje. Quando como IELB através do anuncio da pura Palavra de Deus e a correta administração dos sacramentos: Batismo e Santa Ceia, as pessoas não se agradam da mesma, não está possibilitado a nós querermos mudar a mensagem. A mensagem está pronta. É a própria Bíblia, interpretada por si mesma. E se muitas vezes não é agradável e nem soa bem aos ouvidos do povo, não importa. Nossa missão é apenas comunicar o que Deus nos comunica pela sua Palavra. E por isso o autor a carta aos hebreus anuncia: “Mas Cristo é fiel como Filho, que dirige a casa de Deus. E nós seremos a sua casa se conservarmos a nossa coragem e a nossa confiança naquilo que esperamos” (Hb 3.6).
         A leitura do evangelho para esse nosso culto trata sobre a vida cristã como uma peregrinação. E que em nossa peregrinação cristã, nunca abstenhamos da pura Palavra de Deus, do sacramento do altar, pois os mesmos indicam a mensagem e a obra do verdadeiro profeta em nosso lugar. E através desse profeta, que é a sol nascente, permaneceremos capacitados para ser modelo de fé e coragem para muitas pessoas.
         Que nossa peregrinação cristã nesse mundo seja uma luz que brilhe a ponto das pessoas poderem dizer: “bom é estarmos aqui” juntamente contigo, leva-nos a fonte dessa luz. Amém!

Pr. Edson Ronaldo Tressmann
cristo_para_todos@hotmail.com

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