terça-feira, 27 de setembro de 2011

Por que as expectativas de Deus às vezes não se realizam?

02/10/11 – 16º Domingo após Pentecostes
Sl 80. 7 - 19; Is 5. 1 - 7; Fp 3. 4b - 14; Mt 21. 33 - 46
Tema: Por que as expectativas de Deus às vezes não se realizam?
Introdução
            Durante o mês de setembro ouvimos parábolas contadas por Jesus, relatadas pelo evangelista Mateus, vocês lembram? Lembremos ao menos duas: Dos lavradores maus; Dos dois Filhos; Dos trabalhadores na vinha; Do credor incompassivo; Você sabia que no A.T. também há parábolas? Queremos meditar na parábola anunciada por Deus ao profeta Isaías no cap. 5.1-7.
            Essa parábola indica que o nosso Senhor teve uma experiência muito desagradável. Você se lembra de algo desagradável em sua vida? Vocês já ouviram a frase “Até tu, Bruto?” Foi proferida por Júlio César na peça teatral de William Shakespeare enquanto o apunhalavam no Senado Romano. Júlio César tinha muitos inimigos, e esses conspiravam para tirar sua vida. Mas o que Júlio César não esperava era que Bruto, a quem ele havia favorecido e que parecia ser um bom amigo, fosse mais um dos conspiradores.
            Júlio César ficou abalado porque Bruto, em vez de ser um amigo leal e lhe avisar que a sua vida estava em perigo, também pegou um punhal para matá-lo.
            As expectativas de Deus com relação a Israel, seu povo escolhido, também foi desagradável. Pois era para dar uvas boas, mas produziu uvas bravas. Em vez de ser “luz para os gentios” (Is 42.6; 49.6), vivendo uma vida digna, anunciar o evangelho as pessoas e nações vizinhas, o povo estava envolvido em idolatria e sincretismo, um mero formalismo na adoração, violência, injustiça, arrogância, os ricos oprimiam os pobres, etc.
            Nesse sentido o nosso texto sugere que as expectativas de Deus às vezes não se realizam, e que o Senhor fica atônito, numa situação desagradável. Claro, não estou duvidando da onisciência e onipotência de Deus. Sei que Ele em sua providência, controla tudo e nada acontece sem a permissão dele. Mas a parábola faz uso de pensamentos e emoções humanas, mesmo sendo Deus diferente de nós, no v. 4 a pergunta: “Como, esperando eu que (a vinha) desse uvas boas, veio a produzir uvas bravas?” E com essa introdução, onde muitas vezes nossas expectativas não se realizam, quero convidar a cada para que meditemos no tema: POR QUE AS EXPECTATIVAS DE DEUS ÀS VEZES NÃO SE REALIZAM?

Desenvolvimento
            1 - Será falha de Deus?
            Não. A parábola diz que o dono pensou nessa possibilidade, mas ele logo conclui no v.4 “que mais podia fazer ainda a minha vinha, que eu não lhe tenha feito?” A prática nos ensina que um comportamento ruim foi ou é ocasionado por causa de outro fator. Ex: Um alcoólatra talvez esteja desempregado, ou não é amado pela família; um jovem envolvido com drogas talvez tenha sido negligenciado pela família; etc.
            Em nossa parábola é salientado que o dono da vinha sempre caprichou na atenção e no cuidado. Ele a plantou num morro “fertilíssimo”, cavando a terra, tirando as pedras, usando adubo da melhor qualidade, e colocou no meio da vinha uma torre para que pudesse ser vigiada e protegida contra qualquer intruso.
            Deus tirou seu povo da escravidão do Egito, e lhes colocou numa terra que mana leite e mel, a terra de Canaã. Ainda lhes deu sua Palavra, o verdadeiro culto a Deus e vários profetas, Elias, Amós, Isaías, etc. Colocou sobre eles bons reis como Uzias, Davi, Salomão que trouxeram paz e prosperidade. Também lhes deu grandes líderes, Gideão, Josué que disse: “Eu e a minha casa serviremos a Deus, o Senhor,” e mesmo assim a vinha não realizou as expectativas de Deus não por falha de Deus.
            Essa parábola ressalta a graça de Deus. Uma graça séria, que não deixa de fazer nenhum esforço para que sua vinha produza bons frutos. Sobre essa graça séria Isaías disse: “Estendi as mãos todo dia a um povo rebelde, que anda por caminho que não é bom, seguindo os seus próprios pensamentos” (Is 65.2). A Bíblia nos deixa esse ensino claro da graça séria para nos consolar e nos encorajar quando nossos planos parecem fracassar e as nossas expectativas ficam frustradas. O problema não é de Deus. Pelo contrário, Ele capricha na sua vinha, na nossa vida particular. Jesus disse: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (Jo 5.17). Nesse período de pentecostes estamos vendo pela Bíblia que o Pai, Filho e Espírito Santo trabalha em prol de cada um de nós, para que sejamos capazes de produzir uvas boas, e que possamos servir a Deus através do nosso próximo, na sociedade e na nossa congregação.
            O Pai trabalhou e trabalha para que muitos sejam salvos. Enviou seu filho Jesus Cristo para que realizasse aquilo que homem não era nem é capaz de cumprir. Jesus realizou as expectativas de Deus, foi até a morte de cruz para nos resgatar.
            POR QUE AS EXPECTATIVAS DE DEUS ÀS VEZES NÃO SE REALIZAM?
            2 – Será falha nossa?
            O texto coloca toda a culpa no povo de Israel. Na parábola, o dono pede para que o povo mesmo faça o julgamento: “agora, pois, moradores de Jerusalém e homens de Judá, julgai, vos peço, entre Mim e a Minha vinha” (v.3). Isso indica que a resposta é óbvia. Não era preciso advogado, nem juiz. A vinha foi tratada com amor e carinho, porém respondeu com ódio e rejeição.
            Temos no Sl 128 a promessa de que o homem que teme a Deus terá uma esposa que é como “videira frutífera” e filhos que são “rebentos da oliveira”. Os filhos do Pai celestial, porém, deram uvas bravas em vez de uvas boas. Jesus perguntou; “Qual dentre vós é o pai que, se o filho lhe pedir um peixe, lhe dará em lugar de peixe uma cobra?” (Lc 11.11). Talvez você pense: “não há ninguém tão ruim assim”. Creio que quem pensa assim está enganado. Pois produzir uvas bravas em vez de uvas boas para um Deus de amor, não é muito pior que dar uma cobra em vez de peixe a um filho. Em Is 1.3 “O boi conhece o seu possuidor, e o jumento, o dono da sua manjedoura; mas Israel não tem conhecimento, o meu povo não entende”. O Senhor fala que os animais são melhores que Israel (sua vinha), pois geralmente eles tratam com amor e lealdade aqueles que lhe demonstram amor.
            Essa parábola ilustra muito bem o nosso pecado e de toda a raça humana. Temos um Deus que nos criou, que nos sustenta, que enviou seu único Filho para pagar nossos pecados. O tamanho do pecado humano é mostrado com a palavra “uvas bravas” que é derivada de uma palavra hebraica para “mau cheiro”. De fato, o pecado humano, é um fedor podre, é uma rejeição tão radical e sem motivo que Deus na linguagem humana usada na parábola se diz surpreso. É uma coisa inacreditável. A mesma coisa aconteceu com Jesus, “admirou-se da incredulidade deles(Mc 6.3), quando pregou na cidade de Nazaré aos que ele conhecia desde criança.
Por causa disso, Deus, o dono da vinha, agiu severamente. A vinha perdeu sua sebe e seu muro. Não recebeu mais a atenção do dono e os espinheiros e abrolhos tomaram conta da vinha. Foram punidos por Deus. Nós também merecemos a punição eterna, o inferno. Mas, por amor a cada pecador Deus não levou em conta aquilo que merecemos, enviou Jesus que com seu santo e precioso sangue pagou por nós. E por amor Deus deseja que cada um conheça essa verdade e seja salvo. Deus Pai enviou seu filho Jesus para salvar o mundo não para julgar o mundo. E em Jesus, temos a vida eterna, a salvação. Não somos nem seremos punidos graças aquilo que Jesus realizou por nós na cruz. E por esse resgate na cruz as expectativas de Deus são realizadas.
            POR QUE AS EXPECTATIVAS DE DEUS ÀS VEZES NÃO SE REALIZAM?
            3 - Elas se realizam naqueles que confiam no Filho amado;
            A parábola nos traz uma boa noticia. No v. 1 vemos que a vinha estava nas mãos do “Amado” de Deus, isto é, Jesus Cristo. Esse Filho amado, como disse Jesus na parábola de Mateus 21.33-43, se aproximou da vinha de Israel e foi morto pelos líderes dessa nação. E foi justamente essa morte que trouxe perdão dos pecados, e por meio dessa morte, passou a ser possível a restauração da antiga vinha que havia ficado abandonada e cheia de abrolhos e espinheiros. O povo de Deus, a vinha de Deus no A.T. não havia ficado sem esperança, pois Isaias anunciou a promessa de Deus: “Naquele dia, dirá o Senhor: Cantai à vinha deliciosa! Eu, o Senhor, a vigio e cada momento a regarei; para que ninguém lhe faça dano, de noite e de dia eu cuidarei dela. Não há indignação em mim. Quem me dera espinheiros e abrolhos diante de mim!...Dias virão em que Jacó lançará raízes, florescerá e brotará Israel, e encherão de fruto o mundo” (Is 27.2-4,6). Deus pelo profeta Isaías se mostrou surpreso com sua vinha que produzia uvas bravas, mas mostrou pelo mesmo profeta a sua paciência e amor em Jesus Cristo.Não há indignação em mim...”     
Apesar dos desapontamentos e tristezas do passado, a ira de Deus é passageira, por causa de Cristo Jesus. Deus mais uma vez planta e cuida da sua vinha, como antes. E mesmo por meio de uma vinha problemática, cheia de pecadores, enche de frutos o mundo inteiro. Sendo seu maior fruto espalhar a certeza que se tem da vida eterna, do cuidado constante e amoroso de Deus.
Conclusão
            E daí: Ficam frustradas as expectativas de Deus? Em casos individuais sim. Deus deseja que todos os homens sejam salvos, mas não impõe sua vontade sobre ninguém. Por outro lado as expectativas de Deus são mais que realizadas, pois em Cristo a sua vinha não se restringe a uma nação, mas inclui todo mundo.
            As expectativas de Deus foram frustradas, ou se realizaram em mim?

            Deus em mais essa parábola nos mostra sua natureza e sua personalidade de paciência, amor e compaixão. Ele nos alimenta para que a cada novo dia possamos realizar suas expectativas. A nossa expectativa em Deus nunca será frustrada, pois somos a vinha que está nas mãos do amado, e as expectativas de Deus são realizadas. Amém!
Pr Edson Ronaldo Tressmann.

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