terça-feira, 6 de setembro de 2011

Como agir com quem foi maldoso comigo?

11/09/11 – 13º Domingo após Pentecostes
Sl 103. 1 - 12; Gn 50. 15 - 21; Rm 14. 1 - 12; Mt 18. 21 – 35
Tema: Como agir com quem foi maldoso comigo?
Introdução
            No dia 11 de setembro de 2001, as torres World Trade Center eram atacadas por aviões seqüestrados por terroristas. 10 anos após esse episódio, e milhões gastos, o causador dessa tragédia está morto. A vingança prometida pelos EUA se cumpriu. Você concorda com a vingança realizada pelos EUA? (A minha opinião está registrada no Mensageiro Luterano, Julho de 2011).
Desenvolvimento
            No texto de Gênesis, capítulo 50, há o desfecho de uma violência familiar. Era uma família como tantas outras. Um pai com 12 filhos. Desses 12 filhos, um era o favorito. O favoritismo o tornou metido. E essa fama de metido junto ao seu precioso dom, interpretar sonhos, passou a incomodar seus irmãos. Também irritava seus irmãos, o fato de José denunciar as coisas erradas que eles praticavam. Por isso, certa vez quando este estava indo a pedido do pai ver o que seus irmãos faziam, eis que surgiu a idéia de lhe tirar a vida. Mas, interrompidos por uma outra idéia de apenas lhe dar um susto jogando-o numa cisterna sem água. Mas, a ocasião faz os acontecimentos, eis que uma caravana de Ismaelitas passava por ali, e assim venderam o irmão José. Parece ser uma punição justa para um cara metido e dedo duro.
            No entanto, o tempo passou, e 13 anos mais tarde, o acontecimento narrado no texto bíblico de Hoje, Gn 50. 15 – 21, vemos os irmãos, causadores dessa violência familiar diante daquele que sofreu a violência. José estava numa posição superior aos irmãos. Era governador do Egito e podia puni-los como desejasse. Com a morte do pai Jacó, os irmãos pensaram que José iria realizar uma vingança contra eles, e o medo os levou a agir com mentira.
            Enquanto os irmãos tremiam de medo pela vingança que imaginavam que sofreriam, eis que José lhes disse: “É verdade que vocês planejaram aquela maldade contra mim, mas Deus mudou o mal em bem para fazer o que hoje estamos vendo, isto é, salvar a vida de muita gente” (Gn 50.20). talvez alguém pense: “Eu me vingaria”.
            Como agir com quem foi maldoso comigo?
            Nas leituras propostas, temos a história de José, e também a história de outro homem, cujo nome não sabemos, mas que Jesus nos apresenta na parábola que nos conta. Olhemos para essas histórias e tentemos concluir no como agir nas maldades contra nós.
            Primeiro homem – veja como ele agiu em duas situações corriqueiras
Jesus disse que certa vez um rei resolveu fazer um acerto de contas com seus empregados. Havia um que lhe devia milhões. Desesperado, angustiado, medo de perder a família que deveria ser vendida para que a dívida fosse paga. Nessa situação, o homem soube pedir: “Tenha paciência comigo, e eu pagarei tudo ao senhor” (Mt 18. 26b). O rei compadecido resolveu perdoar a dívida.
O homem perdoado saiu e a caminho de sua casa, encontrou um colega de trabalho que lhe devia uma quantia insignificante. O homem perdoado de uma enorme dívida agarrou seu colega pelo pescoço e começou a sacudi-lo, “Pague o que me deve!” (Mt 16. 28b). O companheiro fez o pedido: “Tenha paciência comigo, e eu lhe pagarei tudo” (v.29b). O perdoado não concordou, e mandou prendê-lo até que pagasse a dívida.
            Como agir com quem foi maldoso comigo?
            A dívida do homem supera a imaginação de todos. E foi assim colocada por Jesus para contrapor a pequena divida de seu companheiro.
            Um homem perdoado de uma enorme dívida deveria por felicidade abraçar seu amigo e dizer: “Você está perdoado da sua dívida, acabei por ser perdoado de uma dívida tão grande, que eu perdôo a sua, esqueça o que me deve.” Mas não foi assim que ele agiu. Agiu diferente. “Pague o que me deve – irás preso seu malandro.
            Lembremos que Jesus conta essa pequena parábola depois de um questionamento de Pedro. Como sempre, ele toma a frente dos outros discípulos e pergunta: “Senhor, até quantas vezes meu irmão pecará contra mim, que eu lhe perdoe?” Em outras palavras: como agir com quem foi maldoso comigo? Demonstrando saber a resposta, Pedro logo diz: “Sete vezes?” E Jesus respondeu a Pedro justamente o que ele não desejava ouvir: “Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete.” Sete vezes já era o extremo para Pedro e todos os demais, e Jesus aponta para uma grande verdade: “Não há extremos para o perdão”. E por isso ao contar a história, Jesus ressalta uma diferença enorme de dívida, de paciência, de amor e de perdão.
            O capitulo 18 de Mateus fala muito de perdão. Fala em sermos como uma criancinha, que depois de errar, volta e diz: “me perdoa...”. Também nos diz que nós somos a ovelha desgarrada buscada e perdoada por Jesus. E mostra como agir com o nosso irmão afastado e com o nosso próximo: paciência e perdão.
            No culto recebemos perdão, aliás, perdão que não merecemos. Deus não é obrigado a nos perdoar, perdoa por amor. E esse perdão é distribuído a cada culto na absolvição, na palavra, no corpo e no sangue.
            Muitos vivem suas vidas como o empregado que devia milhões. O nosso pecado, que causa ira em Deus é perdoado pelo amor de Deus manifestado em Jesus. E nós, que tínhamos essa dívida perante Deus, a cada culto ouvimos o perdão, ouvimos que  nossa dívida está paga. Mas, infelizmente quando estamos de caminho para casa, encontramos aquele que nos ofendeu ontem, ano passado, e a nossa atitude é virar o rosto, ser indiferente. Muitos ainda querem se justificar: “Você não acha demais, já perdoei essa pessoa umas 20x. Chega!
            Qual foi o final da história desse homem perdoado pelo rei e que não perdoou o outro? Um final triste e infeliz.
            O rei, Deus, enviou Jesus para perdoar a todas as pessoas. Inclusive pessoas como o empregado mal, assim como eu e você. E o perdão dispensado a todos, é para ser vivido a cada novo dia. Pois é com amor, paciência e perdão que Deus trata conosco a cada novo dia.
            Como agir com quem foi maldoso comigo?
            Há uma grande diferença entre as duas histórias de hoje, Mt 18 e Gn 50. Mateus nos mostra um homem que recebeu perdão, foi amado, foi tratado com paciência, e perdoado. Esse mesmo homem tratou com desprezo, foi impaciente e não perdoou.
            A outra história, um pouco mais longa, descrita nos cap.35 – 50 de Gênesis. Uma história com um final feliz. Vejamos:
            Esse jovem, amado pelo seu pai. Era um sonhador que interpretava os sonhos. Seus irmãos acabaram sentindo inveja de José. E por ciúme, inveja, raiva, agiram violentamente contra ele. Foi vendido aos ismaelitas, depois a Potifar. Lá ele foi caluniado e preso. E qual foi a atitude de José nessa situação? José sempre viveu um dia após o outro na confiança e no temor a Deus.
            Como você agiria com alguém que lhe fizesse assim como os irmãos de José fizeram com ele?
            José soube lidar com seus irmãos: “É verdade que vocês planejaram aquela maldade contra mim, mas Deus mudou o mal em bem para fazer o que  hoje estamos vendo, isto é, salvar a vida de muita gente. Não tenham medo. Eu cuidarei de vocês e de seus filhos” (Gn 50.20-21).
            José mostra qual é a verdadeira atitude cristã: “...; eu não posso me colocar no lugar de Deus” (Gn 50.19b).             José respondeu que o julgamento está nas mãos de Deus, não cabe a ele julgar, pois como disse Jesus: “Não julguem os outros para vocês não serem julgados por Deus” (Mt 7.1).
            Jesus também não foi recebido pelos seus, foi insultado, tratado com violência, mas mesmo na cruz pediu: “Pai, perdoa esta gente! Eles não sabem o que estão fazendo” (Lc 23.34). Sofreu por nós, morreu por nós, venceu por nós.
            Não importa o que está te causando dor, raiva, desejo de vingança, o importante é saber aquilo que Paulo nos transmitiu: “Em todas essas situações temos a vitória completa por meio daquele que nos amou” (Rm 8.37), e também disse Jesus: “...No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo” (Jo 16.33). Como disse Jesus aos 70 discípulos quando retornaram da sua missão que a alegria deles não devia estar em nada mais a não ser: “... porque o vosso nome está arrolado nos céus” (Lc 10.20). E na certeza que Jesus nos dá, “Eu lhes dou a vida eterna; jamais perecerão, e ninguém as arrebatará da minha mão” (Jo 10.28), podemos viver a nossa vida alegrando-nos no Senhor, na certeza do seu cuidado, de que tudo ele reverte para o nosso bem, (Gn 50.20; Rm 8.28)
            Que final feliz é o fim da nossa história. Em Jesus, temos a certeza da vida eterna. Não há fim mais bem aventurado que esse.
Conclusão
            Duas reações em duas situações distintas. Apenas uma atitude levou a um final feliz. E daí, como agir com quem foi maldoso comigo? Com amor e perdão.
            Nossa vida continuará cercada de amor, cuidado e paciência da parte de Deus. A questão é que nós não podemos continuar vivendo nossas vidas agindo com desamor, arrogância, impaciência, vingança, violência, raiva, etc.
            Que nós, os alcançados pelo amor de Deus, servidos com o perdão e com a paciência possamos acolher ao outro com amor e perdão. No perdão de Jesus fomos e somos acolhidos e integrados na mansão celestial.
            Desejo a todos um final de história feliz e abençoado na certeza de uma vida de perdão. Amém!
Pr Edson Ronaldo Tressmann

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