domingo, 12 de junho de 2011

Queimando o Filme de Deus

19/06/2011 – Domingo da Santíssima Trindade
Sl 8; Gn 1.1 – 2.4ª; At 2.14ª, 22 – 36; MT 28.16 - 20
Tema: Queimando o filme de Deus
Também disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis  que rastejam pela terra. Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou” (Gn 2.26-27)
Há um ditado popular que diz: Também sou filho de Deus”. Esse ditado é referido quando acontece alguma coisa boa na vida pessoal. E por dizer sobre filho, popularmente se diz que o filho parece com o pai. E não importa a situação, seja boa ou ruim, todos nós, crentes em Jesus e batizados, somos filhos de Deus, como diz Paulo aos Gálatas: “Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus; porque todos quantos fostes batizados em Cristo de Cristo vos revestistes” (Gl 3.26-27).
            Sendo batizado, crendo em Jesus, sou Filho de Deus. E pelo relato da criação o homem foi criado por Deus, Gn 1.1 – 2.4. E somos a obra prima da criação, pois somos a sua imagem e semelhança.
            Se o filho parece com o pai, que bom saber que fomos criados a imagem e semelhança de Deus. E imagem e semelhança de Deus, o homem foi colocado no jardim do Éden para cultivar, cuidar, preservar a vida. No entanto, o pecado entrou no mundo, e assim, nós que éramos imagem e semelhança de Deus, acabamos queimando o filme de Deus. Aliás, Deus o nosso pai não nos abandonou e nem abandona. E continua agindo nesse mundo, pois ama seus filhos. Nós filhos é que estamos cada vez mais queimando o filme de Deus.
            As criaturas são a mão, o canal através do qual Deus tudo concede, assim como dá seios e leite à mãe para dá-los à criança, dá grãos e toda espécie de frutos para alimentação. Talentos e habilidades que envolvem o que temos e somos. Assim como recebemos, nos tornamos canais para atividade criadora de Deus fluir a outros, e pelo pecado, andamos queimando o filme de Deus.
            Feitos a imagem de Deus recebemos a comissão para dominar a terra. Sendo criado a “Imagem de Deus” fomos habilitados a representar Deus na terra e gerenciar, como reis bondosos, o estado terreno estabelecido pelo criador.
            Lemos no Salmo: “Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor do que Deus e de glória e de honra o coroaste” (Sl 8.5). O “ser coroado” – “receber glória e honra” é governar sabia e bondosamente sobre as obras das mãos do criador. E a vontade do criador é que preservemos a vida. E a preservação da vida ocorre de acordo com a segunda tábua da lei, ou seja, do quarto ao décimo mandamento, onde Deus quer se preserve a autoridade, a vida, o sexo, os bens, a honra, as propriedades e famílias.
            Dessa maneira, tendo nos feito a sua imagem e mesmo que o pecado tenha queimado e continua queimando o filme de Deus, Ele vem ao nosso encontro no batismo, na Palavra e Santa Ceia para continuar realizando sua obra. A obra de Deus é continuada por meio dos pais, patrões, governantes, sejam esses cristãos ou não. Mesmo se um pai não está exercendo sua função de pai, mesmo que o patrão é desonesto, mesmo que governantes sejam corruptos, Deus continua sua obra, pois ama seus filhos.
            Criados a Imagem de Deus, e assim aptos a ter “domínio sobre a terra”. O Antigo Testamento descreve o “domínio” como uma atuação de um rei. Uma espécie de governo que deve personificar o governo gracioso de Deus.
            Tomou, pois, o Senhor Deus ao homem e o colocou no jardim do Éden para o cultivar e o guardar” (Gn 2.15). Aqui está descrito como seria o domínio. Não sendo dominação, nem autonomia, mas, responsabilidade pelo cuidado e cultivo da terra. Os seres humanos devem supervisionar a terra e garantir que ela continue a proporcionar o que for necessário para a promoção e preservação da vida. Enquanto Deus quer preservar a criação pelas suas criaturas, nós criaturas queimamos o filme de Deus, não valorizando, nem cuidando, nem guardando o que Deus em seu amor deixou e deixa para nós. Disse Salomão: “Nada há melhor para o homem do que comer, beber e fazer que a sua alma goze o bem do seu trabalho. No entanto, vi também que isto vem da mão de Deus, pois, separado deste, quem pode comer ou quem pode alegrar-se?” (Ec 2.24-25)
            Tudo vem da mão de Deus. Achamos que é a inteligência e a capacidade humana apenas. Mas “Imagem de Deus”, envolve o fato de sermos racionais. A razão é fruto de sermos a semelhança e imagem de Deus. Deus nos deu capacidade para agir, para decidir, como, onde e quando. Assim foi possível a divisão de trabalho, o progresso da arte e também da tecnologia, observamos esse fato nos primeiros capítulos de Gênesis, bem como em Mc 6.3; At 18.3; 1Tm 5.8; 2Ts 3.10 – 12; Tt 3.1; 1Co 7.20.
            Por causa disso, ninguém é melhor que o outro, cada pessoa possui sua vocação, possui seu dom, recebido por ocasião do santo batismo. A verdade que jamais pode ser esquecida é que todos estão na estrutura da criação. Deus deu a cada pessoa uma “situação” e “local” onde utiliza seus dons a favor do outro. Observemos bem: Deus nos concede dons para atuarmos em favor do outro. A situação e o local onde estamos determina o chamado de Deus para nossa cooperação na criação.
            A CNBB adotou como tema para 2011: “Fraternidade e a vida no planeta”, com o lema: “a criação geme em dores de parto” (Rm 8.22). E só é assim, porque o pecado que nos afastou e afasta de Deus, nos move a queimar o filme de Deus.
            No entanto, Deus em seu amor pela sua criatura, o homem e a mulher, enviou seu filho Jesus que nos resgatou da morte eterna. E continua vindo ao nosso encontro pelo Batismo, Palavra, Santa Ceia e diariamente vai restaurando por esses meios da graça a sua imagem e semelhança. Deus continua agindo na criação por meio de suas criaturas. Mesmo que o médico cobre um absurdo pela consulta, por meio dele, Deus cura. No entanto, a mim, batizado, crente em Jesus, sou enviado para socorrer os necessitados e a preservar a vida para apresentar a verdadeira face do meu Pai. Ou seja, apresentar o nosso Pai misericordioso, que em amor a nós enviou Jesus e continua enviando pessoas para socorrer e preservar toda a criação.
            Deus dá, nós simplesmente recebemos. A verdadeira idolatria não é apenas a adoração a ídolos ou outros deuses, mas verdadeiramente é o não reconhecimento de Deus como criador e nós como criaturas. Nós nos prendemos ao que temos e ao que existe e deixamos de governar e subjugar a favor do outro. Se nossos bens são para satisfação pessoal, não estamos beneficiando a ninguém, e o filme de Deus é queimado.
            O mundo continua produzindo coisas boas. Governos estão procurando manter a paz e a prosperidade. Porém em cada caso vemos as cicatrizes do pecado. E uma delas é deixarmos de atuar como imagem de Deus, criados para continuar, atuar e agir na criação de Deus.
            Também sou filho de Deus” – é verdade! Em qualquer circunstância você é filho de Deus, sejam elas boas ou ruins. E sendo filho de Deus reflita a imagem do teu Pai: amor, compaixão e misericórdia. Amém!
Pr Edson Ronaldo Tressmann
Querência do Norte - PR

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