segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

João Batista no deserto: propósito, mensagem e legado! (Mt 3.1)

 07 de Dezembro de 2025

Segundo Domingo no Advento

Salmo 72.1-7; Isaías 11.1-10; Romanos 15.4-13; Mateus 3.1-12

Texto: Mateus 3.1

Tema: João Batista no deserto: propósito, mensagem e legado!

 

O ato de João Batista “ir para o deserto da Judeia e começar a pregar” (Mateus 3.1) é carregado de simbolismo e significado, tanto para sua época quanto para nós atualmente. Sua jornada não foi um movimento aleatório, mas um ato profético que ressoa com a história e a fé de Israel.

Para o povo judeu, o deserto não era um lugar vazio, mas um espaço de profundo significado espiritual. Foi lá que Israel se encontrou com Deus após o êxodo do Egito, recebeu a Lei e selou a aliança. O deserto simbolizava um retorno às origens, à pureza, e à total dependência de Deus.

Ao pregar no deserto, João Batista estava, simbolicamente, convocando o povo a uma nova jornada, a um novo “êxodo”. Ele clamava para que deixassem a corrupção da cidade, a religião estabelecida e as formalidades vazias, e voltassem para o essencial: a dependência de Deus.

A mensagem de João Batista era confrontadora e sem rodeios: “Arrependam-se, pois o Reino dos céus está próximo” (Mateus 3.2). Ele não se preocupava em agradar ou ser popular. Pelo contrário, sua aparência rude — vestido com pelos de camelo e alimentando-se de gafanhotos e mel silvestre — e sua pregação severa serviam para chocar e despertar as pessoas. Ele se alinhava aos antigos profetas do Antigo Testamento, que muitas vezes pregavam longe dos centros religiosos, denunciando a hipocrisia.

João Batista se coloca como uma ponte entre o Antigo e o Novo Testamento. Ele é a última voz profética que aponta para o Messias. Seu principal papel não era ser o protagonista, mas preparar o caminho para Jesus. Sua humildade é a essência do seu ministério, como ele mesmo disse: É necessário que ele cresça e que eu diminua (João 3.30).

A pregação de João, no deserto, simboliza sua distância do mundo e sua total dedicação a Jesus. Ele era uma voz de Deus que se opunha à complacência dos líderes religiosos, preparando os corações para o Evangelho de Cristo.

Além da pregação, João ficou conhecido como o “Batista”. Embora o ritual de mergulhar na água fosse uma prática judaica comum, João trouxe um significado revolucionário: um batismo público que exigia a confissão de pecados.

Ao batizar as pessoas no rio Jordão, ele colocava judeus e pagãos no mesmo patamar de necessidade. Exigir o batismo era uma forma de evidenciar que Israel havia se tornado um povo que também precisava de arrependimento e de uma reaproximação com Deus.

A história de João Batista nos convida a uma reflexão profunda, especialmente em tempos de mensagens superficiais e focadas no bem-estar pessoal.

A pregação de João nos ensina que a Palavra de Deus não tem como objetivo agradar, mas confrontar. Ela revela o pecado para gerar o arrependimento, que é o primeiro passo para a busca da misericórdia de Deus.

Ao pregar no deserto, longe das instituições religiosas, João mostra que a Palavra de Deus tem poder e autoridade por si mesma, não estando ligada a lugares físicos ou à hierarquia humana.

O ministério de João é um exemplo perfeito de que o pregador deve desaparecer para que Cristo seja exaltado. Sua vida inteira foi uma preparação para o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo.

João Batista foi a encarnação perfeita da Lei no Novo Testamento, um mensageiro que com sua vida e palavras forçava as pessoas a reconhecerem sua necessidade de um Salvador. Como Jesus disse, “entre os nascidos de mulher, ninguém apareceu maior do que João Batista” (Mateus 11.11). Sua vida e sua pregação no deserto continuam a ser um convite radical para nos afastarmos das distrações e prepararmos nossos corações para a presença de Cristo. Amém

 

Edson Ronaldo Tressmann

segunda-feira, 24 de novembro de 2025

Âncora contra a especulação escatológica (Mt 24.36)

 30 de novembro de 2025

Primeiro Domingo no Advento

Salmo 122; Isaías 2.1-5; Romanos 13.11-14; Mateus 24.36-44

Texto: Mateus 24.36

Tema: Âncora contra a especulação escatológica

 

Qual é a razão de iniciar um novo ano eclesiástico com um texto escatológico?

Ao se perder a visão do fim, perde-se a importância e necessidade do início e o porquê da caminhada. E é necessário recordar que muitas pessoas estão se afastando da caminhada cristã pelo fato de estarem sendo bombardeadas por notícias falsas a respeito do fim, na verdade, início da eternidade.

Mas ninguém sabe nem o dia nem a hora...” (Mateus 24.36) enumera a fidelidade à Bíblia e a rejeição da especulação teológica.

Quando o assunto é dia e hora do retorno de Jesus para julgar os vivos e os mortos, é preciso ter uma abordagem sóbria e cautelosa. Não podemos nos basear em previsões ou em cálculos, mas tão somente na clara e simples Palavra de Deus.

Dessa especulação escatológica surgiram heresias e movimentos que dizem prever a data do retorno de Cristo. Tais especulações não apenas desrespeitam a Palavra de Jesus, mas também desviam a atenção dos cristãos da verdadeira fé e missão.

A frase “ninguém sabe nem o dia nem a hora” é um princípio fundamental para a vida cristã. Pois enumera um verdadeiro não para a capacidade de decifrar o dia e a hora. Ou seja, é um verdadeiro: pare de especular e concentre-se na salvação que está em Cristo.

Jesus exorta a viver na certeza da volta de Jesus e não no pânico da busca por sinais.

Jesus, em sua humildade humana, disse que não sabia o dia e a hora. Nesse sentido, quanta arrogância humana em querer especular algo que nem o Filho de Deus ousou especular. A fé precisa se basear no que Deus revelou em sua Palavra, e não no que Jesus ocultou. Se Jesus ocultou é para ficar oculto.

A missão da Igreja é pregar o Evangelho, não fazer cálculos. A incerteza da data do retorno de Cristo impele muitos a não viverem de forma diligente e dedicada. Em vez de ficar preocupado com quando o fim virá, nos ocupemos em fazer discípulos de todas as nações, batizando-os e ensinando-os a guardar a Palavra de Deus, para que assim estejam preparados para quando Jesus voltar e isso pode ser a qualquer momento, tanto hoje quanto daqui a muitos anos.

Muitos movimentos apocalípticos surgiram mundo afora tentando prever a data da volta de Cristo e enganando milhões.

A vinda de Jesus Cristo será repentina, como um ladrão à noite, e a melhor maneira de se preparar é através da graça de Deus, revelada no Evangelho, e não através da especulação sobre o futuro.

A passagem de Mateus 24.36 é uma âncora contra a especulação escatológica. A mensagem é que a fé do cristão não deve estar fixada na cronologia do final dos tempos, mas na segurança da salvação que Deus nos deu através de Jesus Cristo.

O versículo em questão: “Quanto, porém, ao dia e à hora, ninguém sabe, nem os anjos dos céus, nem o Filho, mas somente o Pai” não se concentra em buscar uma data ou um sinal específico, mas sim em afirmar a soberania divina e a ignorância humana quanto ao tempo exato do fim.

Temos aqui uma proibição divina à curiosidade humana sobre o futuro. A declaração de Jesus não é uma “brecha” a ser explorada, mas uma fronteira a ser respeitada. O próprio Cristo, em sua condição humana, submetia-se à vontade do Pai, o que reforça a ideia de que o conhecimento do fim é um mistério exclusivo de Deus.

As tentativas de predizer o fim é uma manifestação de orgulho e falta de fé nas próprias palavras de Jesus. Caríssimo irmão na fé, em vez de se preocupar com o “quando”, concentre-se no “como” viver.

Mateus 24.36 é um versículo base para combater as especulações e a reafirmar a centralidade da fé.

A preocupação com o fim não pode ofuscar a alegria e a certeza da salvação já conquistada por Cristo. As especulações, por outro lado, tendem a gerar ansiedade e medo, desviando o foco da graça divina.

Conhecer datas e eventos futuros não contribui em nada para a justificação. Pelo contrário, a busca por esses conhecimentos pode levar a uma justiça pelas obras, onde a pessoa pensa que pode se “preparar” ou “merecer” a salvação ao ter acesso a informações privilegiadas.

Mateus 24.36 não é um enigma a ser decifrado. O verdadeiro significado do versículo é um lembrete pastoral para que o cristão viva em prontidão constante, sem a necessidade de terror ou de cálculo. Estar preparado é viver uma vida de fé, arrependimento e serviço, pois o retorno de Cristo é certo, ainda que sua data seja incerta.

Mateus 24.36 transforma a ignorância sobre o dia e a hora em uma oportunidade para a confiança total em Deus e para a vida cristã autêntica no presente. Escatologia não é sobre predições, mas sobre a esperança da consumação da fé em Cristo. Amém

Edson Ronaldo Tressmann

 

segunda-feira, 17 de novembro de 2025

No último domingo da igreja voltamos para o Calvário!

 23 de Novembro de 2025

Vigésimo Quarto domingo após Pentecostes

Salmo 46; Malaquias 3.13-18; Colossenses 1.13-20; Lucas 23.27-43

Texto: Lc 23.27-43

Tema: No último domingo da igreja voltamos para o Calvário!

 

Nesse que é o Último Domingo no calendário da Igreja, temos para nossa reflexão um texto da semana da paixão. Qual motivo? O calendário da igreja é centralizado na mensagem da cruz!

O contexto da crucificação lembra que a Igreja de Cristo na terra é uma Igreja militante, que deve permanecer firme sob a bandeira do “Senhor da glória crucificado” em meio à perseguição e desprezo mundano, assim como o malfeitor fiel o fez.

O trecho bíblico de Lucas 23.27-43 descreve:

1 - As mulheres que choram por Jesus (vv. 27–31).

2 - O crucificamento entre dois criminosos (vv. 32–33).

3 - A intercessão de Cristo: “Pai, perdoa-lhes” (v. 34).

4 - As zombarias dos líderes, soldados e um dos malfeitores (vv. 35–39).

5 - A fé do ladrão arrependido e a promessa de Cristo: “Hoje estarás comigo no paraíso” (vv. 40–43).

Analisar esse texto é enfatiza o contraste entre a justiça divina e a cegueira humana.

Jesus viu algumas mulheres que choravam (Lc 23.27) e não se comoveu com essa reação. Não foi falta de empatia, na verdade, Jesus utilizou-se dessas lágrimas para repreender a todos: “Não choreis por mim; chorai, antes, por vós mesmas e por vossos filhos!” (Lc 23.28).

Especificamente essas palavras de Jesus se trata de uma profecia severa e literal do julgamento iminente sobre Jerusalém que ocorreu em 70 d.C. Jesus sublinha que o seu sofrimento é temporário e redentor, mas o sofrimento que aguarda a cidade, devido à sua incredulidade, será devastador e permanente.

Jesus sempre se aproveitava das oportunidades para ensinar. Jesus ensinou por meio de muitas parábolas e agora, a caminho da crucificação, Jesus visa ensinar por meio de um provérbio: “Porque, se isso tudo é feito quando a lenha está verde, o que acontecerá, então, quando ela estiver seca?” (Lc 23.31).

Essas palavras indicam que se a justiça divina atinge o inocente Jesus com tanta violência, o que acontecerá com a lenha seca? A Jerusalém impenitente?

As lágrimas daquelas mulheres e a exortação de Jesus visa destacar que a autojustificação, a compaixão que ignora a culpa pessoal é inútil. A Lei de Deus exige um arrependimento verdadeiro que reconhece a total e merecida condenação. Por essa razão, a oração de Jesus: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem” (Lc 23.34) é muito ilustrativa.

Essa oração demonstra o amor de Deus no centro da miséria humana. É a graça que se oferece até mesmo aos carrascos e blasfemadores, reforçando que o perdão é um ato de misericórdia divina, e não um mérito humano.

Esse pedido por perdão é o primeiro ato régio de Jesus na cruz. Um ato de intercessão pelo seu povo e seus algozes.

Essa oração de Jesus distingue a ignorância e a falta de consciência por parte do povo sobre a identidade de Jesus. Isso torna o seu pecado perdoável mediante arrependimento. Todavia, ante a essa oração, temos a ironia do escárnio dos líderes, dos soldados e de um dos criminosos.

Enquanto Jesus morria para salvar a humanidade, as pessoas queriam que ele se salvasse (Lc 23.35).

Ficar na cruz, morrer na cruz é parte da sua missão, mas dali três dias, Jesus estaria ressuscitado.

Enquanto o homem que supostamente estava sentado no trono condenava Jesus, Jesus ocupava o trono da graça sob a cruz e dali oferece seu perdão e garante a salvação.

Na cruz, a zombaria da multidão e a oração de Jesus se confrontam. Todavia é o diálogo com os dois ladrões que demonstra o pleno poder da Graça Incondicional.

O pedido de um dos malfeitores, tal como dos líderes e dos soldados (Lc 23.35, 36,39) retrata o pedido da fé da Lei que busca o milagre, mas rejeita o arrependimento. Representa a humanidade que exige uma salvação sem a cruz, sem a confissão de culpa.

Diante de toda a zombaria, temos o segundo criminoso, que sob o peso da Lei, é levado à verdadeira contrição e, em seguida, à declaração de fé. Ele repreende seu companheiro, e pode-se dizer que todos que zombavam: “Tu nem ainda temes a Deus, estando na mesma condenação?” e confessa: “Nós, na verdade, com justiça, porque recebemos o castigo que os nossos atos merecem” (Lc 21.41).

Observe que esse malfeitor não se justifica! Ele concorda com o veredito da Lei. E reconhece e confessa a inocência e a realeza de Cristo: “Este nenhum mal fez... Jesus, lembra-te de mim quando vieres no teu reino” (Lc 21.41b-42).

Este criminoso, não tem boas obras para apresentar, não tem tempo para batismo, não lhe é possível fazer uma reparação, apenas confia no rei crucificado.

Em meio a muitos que zombavam, na cruz encontramos a fé de um ladrão arrependido e ouvimos a promessa de Cristo: “Hoje estarás comigo no paraíso” (vv. 40–43).

O homem que confessou sua total indignidade recebe a plenitude da promessa. Não há obras, não há mérito, apenas a fé que clama por misericórdia. O ladrão é um exemplo eterno de que a salvação é inteiramente um dom de Cristo oferecido por graça.

O relato desse ladrão na cruz é um contraponto para destacar que ele viu o que os líderes religiosos e muitos outros não conseguiam ver devida a sua cegueira.

Quantas pessoas continuam cegas? Quantos ainda zombam de toda obra de salvação? Muitos zombam assim como os líderes religiosos, soldados e o um dos malfeitores na cruz, ou seja, não se arrependem, buscam uma salvação sem a cruz, apegam-se as suas realizações.

Caríssimo, o malfeitor arrependido na cruz, reconhece Jesus como rei mesmo estando na cruz e essa é a essência da fé. E por fé, ouve a promessa solene de Cristo: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23.43).

O advérbio “hoje” (sēmeron) deve ser ligado ao verbo “estarás”. Isso refutaria qualquer interpretação que coloque a vírgula após “digo”, garantindo que a promessa de Jesus é de salvação imediata após a morte, e não em um futuro distante.

O paraíso é a porção dos justos no Éden restaurado. Esse breve relato visa destacar que a salvação é por graça ao que se arrepende e crê.

Com certeza, se esse homem, saísse da cruz, sua vida seria diferente, mas, ele não precisou dessa vida diferente para ter a salvação.

Jesus profetiza juízo; fala sobre perdão e o oferece ao pecador arrependido na cruz.

Olhar para o Calvário nesse culto onde temos o último domingo no calendário da igreja não é ver um fracasso, mas contemplar o trono da Graça na cruz. Vivemos sob a cruz e pela obra de Cristo realizada na cruz temos a certeza de que hoje estaremos no paraíso se morrermos na fé.

Refletir sobre o calvário no último domingo da igreja é perceber que a missão da Igreja se dá em meio as lágrimas e zombarias, mas, pela proclamação do Cristo crucificado as pessoas recebem o que essa obra oferece: perdão, vida e salvação.

A salvação do ladrão em meio aos zombadores é uma mensagem a todo pecador desesperado: Cristo salva completamente, e salva agora. Amém

 

Edson Ronaldo Tressmann

segunda-feira, 10 de novembro de 2025

Que a preguiça alheia não paralise minha ação bondosa!

 16 de novembro de 2025

Vigésimo terceiro domingo após Pentecostes

Salmo 98; Malaquias 4.1-6; 2Tessalonicenses 3.6-13; Lucas 21.5-28

Texto: 2Tessalonicenses 3.6-13

Tema: Que a preguiça alheia não paralise minha ação bondosa!

 

2Tessalonicenses 3.6-13 é uma passagem bíblica muito importante e direta sobre a preguiça, a ociosidade e a responsabilidade do trabalho na vida cristã.

Quando lemos que o apóstolo Paulo começa essa segunda carta aos Tessalonicenses com uma ordem enfática: “ordenamos... em nome do Senhor Jesus Cristo” (2Ts 3.6), observa-se que o problema da ociosidade era sério o suficiente para exigir uma atitude de separação ou disciplina.

A ociosidade ou preguiça aqui não é apenas não fazer nada, mas viver “desordenadamente”, em grego, ataktōs, que sugere andar fora de ordem, como um soldado que abandona sua posição, recusando-se a seguir os ensinamentos recebido.

A autoridade da exortação do apóstolo não se deve apenas por um direito, mas pelo seu exemplo de trabalho. Ele e seus companheiros trabalharam “noite e dia, com fadiga e labuta” para não serem “pesados” a ninguém. Apesar de terem o direito de ser sustentados como apóstolos, escolheram trabalhar para dar o exemplo (2Ts 3.9). O trabalho é um valor cristão a ser imitado.

Ao escrever: “Se alguém não quer trabalhar, também não coma” (2Ts 3.10), o apóstolo faz uso da expressão grega thelō para fazer uma separação entre àqueles que são preguiçosos e por preguiça não querem trabalhar daqueles que não podem trabalhar, por doença, incapacidade ou falta de oportunidade.

O trabalho é uma forma de honrar a Deus, de sustentar a si mesmo com dignidade e de não explorar a caridade da igreja.

Paulo aponta que os ociosos, além de se tornarem um peso, estavam se tornando bisbilhoteiros da vida dos outros. Ouça, “não trabalhando, mas intrometendo-se na vida alheia” (2Ts 3.11). O verbo periergazomai significa ser um “bisbilhoteiro, um intrometido”.

Há um ditado que diz: cabeça vazia, oficina do Diabo. A falta de trabalho produtivo frequentemente leva ao ócio pecaminoso, que é a fofoca, a desordem e a criação de problemas na comunidade.

A falta de ocupação trouxe preocupação e levou o apostolo a exortação: “Pois ouvimos que alguns de vocês estão ociosos; não trabalham, mas andam se intrometendo na vida alheia” (2Ts 3.11, NVI). É extremamente perigoso cair no ócio e se tornar um bisbilhoteiro. Entre todas as conexões, a mais perigosa é a conexão: ócio + fofoca= atividades destrutivas.

Paulo não está apenas destacado o problema de não ter trabalho, mas recusar-se a ter (2Ts 3.10) e sem ocupação, viver desordenadamente, viver uma vida sem disciplina, sem propósito produtivo.

O ocioso não se dedica ao seu próprio chamado, não se concentra nas suas responsabilidades em casa, no trabalho ou na igreja. A ociosidade é a porta aberta para atividades destrutivas.

Paulo faz um jogo de palavras no grego que pode ser traduzido como: “não ocupados, mas ocupados com a vida alheia”.

Quando as mãos e a mente estão desocupadas, a língua se ocupa com o que não lhe diz respeito. A fofoca e a intromissão são o subproduto direto da preguiça espiritual e prática.

A ociosidade que leva à fofoca destrói a vida do indivíduo e a paz da comunidade.

O bisbilhoteiro não apenas fala, ele semeia a discórdia. Ele leva notícias não verificadas, interpreta intenções erradas e cria divisões desnecessárias. Salomão em Provérbios 6.16-19 lista “o que semeia contendas entre irmãos” como abominação.

A ociosidade e a fofoca criam um ambiente de desconfiança na igreja. Se a pessoa que deveria estar trabalhando está espalhando rumores, ninguém se sente seguro ou em paz. Na primeira carta, Paulo já havia instruído: “procurai viver quietos, tratar dos vossos próprios negócios e trabalhar com vossas próprias mãos... a fim de que andeis honestamente para com os que estão de fora...” (1 Ts 4.11-12).

Quando os cristãos são conhecidos na comunidade por serem preguiçosos e intrometidos, isso desonra o nome de Cristo e a mensagem do Evangelho. O mundo espera ver a diligência e a ordem, não a desordem e o falatório.

O preguiçoso se torna um parasita, explorando a generosidade dos crentes. Ele não apenas se intromete na vida alheia, ele se sustenta com o suor alheio.

O trabalho tranquilo e honesto traz paz e satisfação (2Ts 3.12). Em contraste, a vida do bisbilhoteiro é agitada, cheia de intrigas, culpa e a eterna busca por algo para comentar. Ele sacrifica sua própria paz pela emoção superficial da fofoca.

Paulo oferece a cura para esse mal de forma direta: “A tais pessoas ordenamos e exortamos no Senhor Jesus Cristo que trabalhem tranquilamente e comam o seu próprio pão” (2Ts 3.12).

A solução não é apenas trabalhar, mas trabalhar em paz e em silêncio, cuidando do que é seu. Isso exige foco, disciplina e a recusa intencional em se desviar para os assuntos alheios.

É o retorno à dignidade e à autossuficiência sob a bênção de Deus. O trabalho honesto é o caminho para a independência e para evitar a tentação de viver da generosidade alheia.

Que as nossas mãos estejam ocupadas com o trabalho digno e as nossas bocas, com a oração e a edificação.

Você está vivendo ocupado em seu próprio chamado ou intrometido na vida alheia?

O trabalho não é uma maldição, mas parte do propósito original de Deus para o homem (Gênesis 2.15). A maldição recaiu sobre a dificuldade do trabalho (Gênesis 3.17-19), não sobre o trabalho em si. Desde o Gênesis, a provisão está ligada à atividade humana, honrando a parceria entre o Deus Provedor e o homem responsável.

Dessa forma, o apóstolo destaca que o preguiçoso optou por uma vida de parasitismo, explorando a generosidade da comunidade de fé. O problema não é a pobreza, mas a vontade indisposta de trabalhar.

Se o indivíduo sadio e capaz se recusa a contribuir, ele não deve ser um peso sobre os que trabalham. Permitir que ele coma é recompensar a preguiça e penalizar a diligência.

O princípio divino de Paulo protege a caridade da igreja para que ela possa ser usada com aqueles que realmente necessitam e que são fiéis em seus deveres. A caridade não pode se tornar um incentivo à ociosidade. Afinal, a equação é muito simples. O trabalho é o meio ordenado por Deus para o sustento.

Qual é a sua atitude em relação ao trabalho? Você está usando a sua saúde, tempo e talentos para contribuir, ou está sendo um peso?

O cristão é chamado a ser o mais diligente, o mais honesto e o mais trabalhador de todos, para a glória de Deus e para o nosso próprio sustento digno.

Com essa exortação de cuidado quanto ao preguiçoso e não ajuda-lo a continuar sendo preguiçoso, o apóstolo Paulo escreve: “não vos canseis de fazer o bem” (2Ts 3.13).

Temos aqui um mandamento crucial imediatamente após a ordem rigorosa sobre o trabalho (2Ts 3.10). Ele serve como um contraponto e um alerta para a comunidade.

A exortação para não cansar de fazer o bem devia-se ao fato de que havendo muitos preguiçosos que não mais queriam trabalhar e passaram a viver da generosidade dos outros, era preciso cuidar para não cair no risco de se tornar cínico ou endurecido. Muitos se cansaram de “fazer o bem”, pois se frustraram em ver pessoas explorando a bondade dos outros.

O princípio “se alguém não quer trabalhar, também não coma” pode levar à suspensão total da caridade e para que isso não aconteça, o apóstolo Paulo exorta para que se faça uma triagem sobre o porquê a pessoa está necessitada e ajudar o realmente necessitado e não sustentar o preguiçoso.

O termo grego para “fazer o bem” é kalopoieō, que significa fazer o que é bom, honroso e moralmente belo. Fazer um bem é um chamado para manter o padrão ético elevado da vida cristã.

Temos aqui uma mensagem simples: a repreensão ao preguiçoso não é um pretexto para o cristão deixar de praticar a caridade com o verdadeiramente necessitado ou se cansar do seu dever geral de fazer o bem.

O mandamento “Não vos canseis de fazer o bem” é a cola que impede que a disciplina justa (2Ts 3.10) se transforme em dureza de coração. É o chamado de Deus para que o seu povo, mesmo confrontando o mal e a preguiça, mantenha a esperança ativa e a generosidade perseverante. A tarefa do cristão é manter-se firme no dever e na bondade, e deixar a justiça e a colheita nas mãos de Deus. Amém.

Edson Ronaldo Tressmann

domingo, 2 de novembro de 2025

O Deus dos vivos: Esperança para além do túmulo! (Lc 20.38)

 09 de novembro de 2025

Vigésimo segundo domingo após Pentecostes

Salmo 148; Êxodo 3.1-15; 2Tessalonicenses 2.1-8,13-17; Lucas 20.27-40

Tema: O Deus dos vivos: Esperança para além do túmulo!

Texto: Lucas 20.38

 

Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. Isso mostra que Deus é Deus dos vivos e não dos mortos, pois para ele todos estão vivos (Lc 20.38).

 

Temos nessas palavras uma resposta de Jesus para uma pergunta capciosa feita pelos saduceus (Lc 20.27).

Os saduceus eram uma das principais seitas judaicas da época, notórios por sua aversão à doutrina da ressurreição, anjos e espíritos (Atos 23.8). Sua autoridade limitava-se estritamente à Lei de Moisés (o Pentateuco). Esse grupo religioso negava a verdadeira esperança cristã.

Os saduceus apresentaram a Jesus um cenário hipotético baseado na Lei do Levirato (Dt 25.5-10), supondo que uma mulher se casa sucessivamente com sete irmãos que morrem sem deixar filhos. Eles perguntam: “Na ressurreição, de qual deles ela será esposa?” (Lc 20.33). O objetivo era ridicularizar a ideia da ressurreição, sugerindo que ela criaria absurdos sociais e legais.

Quantas pessoas buscam ridicularizar a fé por argumentos banais? A visão limitada dos saduceus sobre Deus e a vida eterna os levou ao descrédito dessa doutrina essencial e que é a base da fé cristã. Os saduceus pensavam na eternidade usando apenas as regras e categorias da vida terrena.

Jesus amorosamente corrige o erro fundamental deles sobre a natureza da vida após a ressurreição, afirmando: “os filhos deste mundo se casam e se dão em casamento; mas os que forem julgados dignos de alcançar o mundo vindouro e a ressurreição dentre os mortos nem se casam nem se dão em casamento; pois não podem mais morrer, porque são iguais aos anjos e são filhos de Deus, sendo filhos da ressurreição” (Lc 20.34-36).

A vida ressuscitada é de uma ordem completamente diferente, transcendendo as relações e instituições terrenas. O corpo da ressurreição é um corpo glorificado, diferente do corpo corruptível (1Coríntios 15.42-44).

Jesus prova a ressurreição a partir das próprias Escrituras que os saduceus aceitavam (a Lei de Moisés), citando a passagem da sarça ardente em Êxodo 3.6. Jesus usa as palavras ditas pelo próprio anjo do SENHOR: “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó...” (Ex 3.6) e a partir disso faz a aplicação: “...Isso mostra que Deus é Deus dos vivos e não dos mortos, pois para ele todos estão vivos (Lc 20.38).

Deus não é Deus de mortos, mas de vivos é a afirmação central de Jesus. Jesus extrai essa verdade da autoapresentação de Deus a Moisés na sarça ardente (Êxodo 3.6; citado em Lc 20.37).

Quando Deus se identifica com os patriarcas séculos após suas mortes, Ele usa o verbo no presente: “Eu sou”, não no passado “Eu fui”. Se Deus se refere a Abraão, Isaque e Jacó no presente, isso significa que, para Deus, eles estão vivos.

A ressurreição não é apenas uma possibilidade futura, mas uma certeza enraizada na natureza eterna e na fidelidade de Deus. O vínculo de aliança entre Deus e seu povo fiel é inquebrável, e nem mesmo a morte física pode rompê-lo.

Se caso Deus tivesse dito: “Eu fui o Deus deles”, os saduceus teriam razão. Todavia, Deus disse “Eu sou”, afirmando que Abraão, Isaque e Jacó estavam vivos. A morte humana não pode quebrar o relacionamento de Aliança de Deus com seu povo. Se os patriarcas estivessem aniquilados, Deus seria “Deus de mortos”, um título incompatível com sua natureza vivificante e eterna.

A afirmação: “Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. Isso mostra que Deus é Deus dos vivos e não dos mortos, pois para ele todos estão vivos” (Lc 20.38), tem implicações profundas:

Deus é o Deus da Aliança: A fidelidade de Deus (seu Hesed) o pacto feito com Abraão, Isaque e Jacó é eterna. O salmista declara: “Os seus conselhos subsistem para sempre; os desígnios do seu coração, de geração em geração” (Salmo 33.11).

A Morte é apenas uma transição: Se Deus é, em seu ser, o Deus dos vivos, isso significa que aqueles que morrem na fé são simplesmente transferidos para uma outra dimensão de vida, sustentada por Ele. A morte é apenas uma transição. Ninguém que pertence a Deus é “perdido” ou “inexistente”. Sua presença e seu poder mantêm a existência de seus filhos.

Recordemos o profeta Elias, que não viu a morte, mas foi arrebatado ao céu em um redemoinho (2Reis 2.11). O próprio Abraão, que esperava uma cidade “cujo arquiteto e construtor é Deus” (Hebreus 11.10), mostrando que sua esperança ultrapassava a posse da terra prometida.

Nosso ente querido que morreu na fé não está num lugar escuro ou de aniquilamento, mas na presença do Deus vivo, esperando a ressurreição do corpo.

A promessa da ressurreição é a promessa de uma vida plena, livre das limitações, fragilidades e mortalidade deste mundo (Lc 20.35-36). Nossa esperança na ressurreição não é um mito ou uma invenção teológica, é uma verdade que se baseia na própria essência de Deus: Ele é o Deus dos vivos.

Como vivem aqueles que creem no Deus dos Vivos?

Sem temor da morte: a certeza da vida eterna deve moldar nosso presente. Se Deus garante a ressurreição, não devemos temer a morte, como o apóstolo Paulo, que dizia: “Para mim, o viver é Cristo, e o morrer é lucro” (Filipenses 1.21).

Com a esperança ativa (1 Ts 4.13-18): Não vivemos “como os demais, que não têm esperança” (1Tessalonicenses 4.13). A fé na ressurreição consola a dor da perda, pois sabemos que a separação é temporária e será revertida no reencontro.

Dedicados ao serviço: A vida ressurreta é uma vida “igual aos anjos”, dedicada a Deus. Viver como filhos da ressurreição significa não se prender às ambições e regras passageiras deste mundo, mas sim investir naquilo que é eterno.

Eu sou o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó. Isso mostra que Deus é Deus dos vivos e não dos mortos, pois para ele todos estão vivos (Lc 20.38).

A passagem não apenas prova a ressurreição, mas também revela algo profundo sobre Deus e a vida do crente:

Deus é o Deus da Aliança, cuja fidelidade garante a vida eterna;

A morte física não é o fim da existência, nem o fim da relação do crente com Deus;

A ressurreição é a consumação da vida iniciada na fé, garantida pela vida do próprio Deus;

Amém.

Edson Ronaldo Tressmann

O Chamado do Deus que É!

 09 de novembro de 2025

Vigésimo segundo domingo após Pentecostes

Salmo 148; Êxodo 3.1-15; 2Tessalonicenses 2.1-8,13-17; Lucas 20.27-40

Texto: Êxodo 3.1-15

Tema: O Chamado do Deus que É!

 

A narrativa do chamado de Moisés em Êxodo 3.1-15 é uma das passagens mais ricas e fundamentais das Escrituras, revelando aspectos cruciais do caráter de Deus, da vocação e da identidade do seu povo.

Este texto descreve o encontro teofânico de Moisés com Deus e sua subsequente vocação para libertar Israel.

Moisés estava na rotina do trabalho de pastor de ovelhas de seu sogro Jetro. Após 40 anos fugido do Egito (Atos 7.30), parecia estar desqualificado e no anonimato do deserto.

Ali, no Horebe, Monte de Deus, também chamado Sinai, não era um lugar comum, mas foi o palco de uma revelação divina.

O chamado de Deus frequentemente alcança pessoas em meio à sua rotina, mesmo quando se sentem excluídas ou esquecidas.

A manifestação é através de um “anjo do SENHOR” (Ex 3.2) em uma sarça que ardia em fogo e não se consumia.

A sarça é uma planta comum e humilde do deserto, mas o fogo é um símbolo da santidade e presença de Deus. O fato de não se consumir sugere a natureza sustentadora de Deus. O fogo purifica e consome, mas aqui o objeto frágil é preservado pela própria presença divina. Isso antecipa a resistência e sobrevivência de Israel.

Esse fato maravilhoso atrai Moisés: “Irei para lá” (Ex 3.3). Isso demonstra uma abertura e curiosidade que são essenciais para o encontro com Deus.

Deus chama Moisés pelo nome: “Moisés! Moisés!” (Ex 3.4). A repetição do nome indica a atenção de Deus e estabelece uma relação pessoal. A resposta de Moisés, “Estou aqui!” (Ex 3.4), mostra uma expressão de disponibilidade.

Deus se identifica como o “Deus de teu pai, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó” (Ex 3.6).

Essas palavras conectam o chamado de Moisés à aliança e às promessas feitas aos patriarcas. Deus não é uma divindade nova ou local; Deus é fiel e cumpre o seu pacto. Moisés entende a magnitude do encontro e esconde o rosto (reverência e temor).

A revelação do caráter de Deus é seguida pela revelação de seu plano.

Deus viu, ouviu, e conhece a aflição de seu povo no Egito (Ex 3.7). Deus se importa com o sofrimento humano (Deus Imanente).

Deus desceu para livrar o povo e conduzi-lo a uma “terra grande e boa” (Ex 3.8), uma terra que representa a plenitude da provisão e descanso proporcionado por Deus. Essa provisão e descanso nos é dado em Cristo Jesus.

Deus declara o propósito do chamado: “Agora venha, e eu o enviarei ao rei do Egito para que você tire de lá o meu povo, os israelitas” (Ex 3.10).

Quando Deus diz que “eu o enviarei”, Moisés ouve a essência do chamado. As palavras “o meu povo”, significa que o empreendimento é de Deus e Moisés é apenas o seu instrumento.

A primeira reação de Moisés é de humildade e insegurança: “Quem sou eu?” (Ex 3.11). Talvez para Moisés, ele fosse apenas um assassino fugitivo, um pastor de ovelhas, um homem sem credibilidade.

Observe que Deus não debate as qualificações de Moisés, apenas lhe oferece a sua promessa: “Eu estarei com você” (Ex 3.12).

Moisés pede credenciais de Deus para apresentar para Israel e para o Faraó, afinal as pessoas iriam querer saber quem era esse Deus (Ex 3.13) e qual seria sua resposta.

Antigamente no Oriente Próximo, o nome revelava o caráter e o poder de uma divindade. Dessa forma, ao se apresentar como “EU SOU QUEM SOU (Ex 3.14), Deus está fazendo uma autorevelação mais profunda.

No hebraico, o termo 'EHYEH 'ASHER 'EHYEH (forma da 1ª pessoa do verbo hayah, “ser”), implica:

Auto existência: Deus é a causa de si mesmo, o ser absoluto, que não depende de nada.

Eternidade: Ele é o ser que sempre foi, é e será.

Presença Ativa: Deus é aquele que está presente e se manifestará em poder. Ele é o Deus que age em favor de seu povo.

O chamado de Deus sempre nasce de sua iniciativa graciosa, e é marcado por sua santidade e é sustentado pela sua auto-suficiência e fidelidade à aliança.

Moisés, um homem muito conhecido no início do livro, ficou por 40 anos no anonimato. Um homem que passou por fracasso na carreira egípcia. Por 40 anos ficou pastoreando um rebanho que não era seu.

Ao ler o livro de Êxodo precisamos pensar nessa lacuna de 40 anos. Parentes que ficaram no Egito escravizados, se questionando e até preocupados com Moisés.

Quem é você hoje? Talvez você esteja vivendo no seu deserto da rotina, do esquecimento, do fracasso!

Num dia, como tantos outros nos 40 anos, Moisés presencia algo inusitado. Uma planta simples, a sarça, está em fogo, mas não se consome (Ex 3.2-3). E ali, acontece o chamado de Deus e Moisés se mostra disponível ao dizer: “Estou aqui!” (Ex 3.4).

Chama atenção o motivo pelo qual Deus chama Moisés. Deus vê e desce (Ex 3.7-8). Deus não ignora a aflição do seu povo. Deus não está distante. Deus vê, ouve, conhece a dor e desce para agir.

Caríssimo: Deus está atento! A nossa dor move o coração de Deus.

Deus não chama Moisés para satisfazer seu ego. Deus salvou sua vida, quando todos os meninos nascidos dos Hebreus deveriam ser mortos. Deus o tirou do Egito para enviá-lo novamente ao Egito. Muitos mais que amar Moisés, Deus amava o seu povo, a sua propriedade “tires o meu povo” (Ex 3.10).

Nosso chamado para sermos cristãos, nossa vocação, nosso ministério, nossa missão, é sempre parte do plano maior de Deus: redimir as pessoas. Não se trata de nós, se trata de todas as pessoas.

A mesma disponibilidade de Moisés, por um momento, se tornou uma desculpa: “quem sou eu?

O Moisés disponível, agora se apresenta inseguro e cheio de medo. Claro que, ao analisar nossa tarefa diante da missão de Deus, nos sentimos insuficientes e incapazes. Todavia, tal como Moisés, temos a mesma promessa, pois Deus não muda: “eu estarei com você” (Ex 3.12).

Não somos credenciados por nossas qualificações. A força do chamado e do envio está em quem Deus. Seu nome: 'EHYEH 'ASHER 'EHYEH (Eu Sou O Que Sou) nos anima e prosseguir, pois seja o que for que Faraó exija, EU SOU. Seja o que for que o povo necessite, EU SOU. Seja qual for a sua fraqueza, a Presença de Deus é a nossa força. O Deus que chama é o ser absoluto, eterno, soberano e ativo.

O chamado de Moisés se assemelha ao chamado que nós recebemos. Ele nos tira do nosso deserto (fracasso, rotina) e nos atrai por meio de sua revelação. Ele anula o nosso “Quem sou eu?” com o seu “Eu estarei contigo”.

Nossa tarefa pode parecer grande demais para as nossas mãos, mas é perfeitamente adequada para o Deus que É. Prossiga no seu chamado, pois a sua credencial é o próprio EU SOU O QUE SOU. O “EU SOU” se manifesta em Jesus.

Assim como Moisés, nosso chamado é sustentado pela mesma pessoa. O Deus que É se tornou o Deus que Se Fez em Cristo. Prossiga no seu chamado com reverência e ousadia, pois a sua credencial é o próprio JESUS CRISTO, O EU SOU. Amém

Edson Ronaldo Tressmann

João Batista no deserto: propósito, mensagem e legado! (Mt 3.1)

  07 de Dezembro de 2025 Segundo Domingo no Advento Salmo 72.1-7; Isaías 11.1-10; Romanos 15.4-13; Mateus 3.1-12 Texto: Mateus 3.1 ...