terça-feira, 19 de novembro de 2024

Aprenda a lição que a figueira ensina (Mc 13.28)

 Último Domingo do ano da Igreja

24 de novembro de 2024

Salmo 93; Daniel 7.9-10;13-14; Apocalipse 1.4b-20; Marcos 13.24-37

Texto: Marcos 13.24-37

Tema: Aprenda a lição que a figueira ensina (Mc 13.28)

 

Você já presenciou uma convulsão?

Ao ter presenciado uma convulsão - qual foi seu sentimento?

Algumas pessoas que presenciaram uma convulsão dizem que o sentimento é de impotência.

As palavras de Jesus registradas pelo evangelista Marcos no capítulo 13.24-27 enumeram uma convulsão universal.

Estar diante de alguém que enfrenta uma convulsão deixa quem presencia num estado de confusão, afinal, não se sabe como agir. Agora pense por um momento nessa convulsão universal (Sol escurecendo, lua sem brilho, estrelas caindo, abalos espaciais).

Jesus deseja que àqueles que tiverem vivos nesse dia estejam preparados. Por essa razão enfatiza: “Aprendam a lição que a figueira ensina. Quando os seus ramos ficam verdes, e as folhas começam a brotar, vocês sabem que está chegando o verão” (Mc 13.28).

Na semana passada ouvimos na leitura da Marcos 13.1-13, Jesus dizer que “essas coisas serão como as primeiras dores de parto” (Mc 13.8). As mulheres sabem que quanto mais contrações, mais próximo está do bebê nascer.

Não muitos anos atrás, as contrações eram frequentes (pouco se ouvia falar sobre terremotos, guerras, falsos mestres). Atualmente as contrações são constantes (só em 2024 tivemos 10 desastres naturais, desde a enchente no RS até o intenso calor que matou milhares na Índia. Sem enumerar os 5 homens que se dizem ser o Messias mundo afora).

Nesse culto Jesus nos convida a prestar atenção e aprender com a figueira.

A figueira é uma das espécies cultivadas mais antigas do mundo. É a terceira árvore a ser citada na Bíblia (Adão e Eva pegaram folhas de figueira, por isso, muitos a tem como símbolo de castidade. A figueira representa a terra prometida, Dt 8.7-8; 1Rs 4.25, por essa razão é símbolo de prosperidade e segurança). Uma árvore adaptável a qualquer clima.

...Quando os ramos da figueira ficam verdes, e as folhas começam a brotar vocês sabem que está chegando o verão” (Mc 13.28).

Ao ler esse versículo prontamente me recordei do versículo escrito em 1Crônicas 12.32: “E dos filhos de Issacar, duzentos de seus chefes, destros na ciência dos tempos, para saberem o que Israel devia fazer, e todos os seus irmãos seguiam suas ordens”.

Os filhos de Issacar tinham uma visão profética sobre o que Deus estava por fazer e estavam dispostos a fazer as mudanças necessárias para que tudo ocorresse conforme os propósitos de Deus.

Recordemos que num tempo em que estar sujeito a uma mulher era inconcebível, foi justamente Issacar que se aliou com Débora para lutar contra os cananeus. Issacar fez isso por ter entendido que Deus havia levantado Débora para tal missão.

Aprender com a lição da figueira significa estar atento aos tempos em que se está vivendo e manter-se firme e inabalável e assim seguro naquilo que Deus deseja em determinada situação.

Aprender com a lição da figueira é agir como os filhos de Issacar, ou seja, aplicar a verdade para nosso bem-estar. Não é apenas conhecer a verdade, é aplicar a verdade para nosso viver.

Interessante notar que os filhos de Issacar eram pessoas que estavam sujeitos a uma única autoridade. Isso nos ensina que sujeitar-se a autoridade traz união e ouvir uma só voz beneficia a todos.

Em tempos do fim, muitas são as vozes que aparecem. E essas vozes causam muita confusão.

Aprendam a lição que a figueira ensina. Quando os seus ramos ficam verdes, e as folhas começam a brotar, vocês sabem que está chegando o verão” (Mc 13.28).

Se as contrações estão aumentando. Os galhos da figueira estão verdes e suas folhas começam a brotar.

Você sabe me dizer quando se inicia o verão em 2024?

Dia 21 de dezembro as 07h20.

Se eu não sei nem sequer essa data tendo a minha disposição a internet para saber, o que dirá com o último dia nesse mundo caído em pecado.

É preciso aprender a lição da figueira!

O evangelista Mateus registra que Jesus repreendeu os judeus por não saberem discernir os sinais dos tempos. Caríssimo irmão, não caia nesse erro.

Lembre-se: o Jesus Cristo rejeitado durante o seu ministério será o juiz! E não haverá desculpas para àqueles que ainda o rejeitam.

O apostolo João ao escrever a carta de Jesus para a igreja, enfatizou: “Eu sou João, irmão de vocês; e, unido com Jesus, tomo parte com vocês no Reino e também em aguentar o sofrimento com paciência. ...” (Ap 1.9).

Numa época em que o Imperador devia ser adorado e o apostolo João e outros cristãos não o adoraram, acabaram sendo presos e outros que foram mortos. Dessa forma, ao escrever para os cristãos para “aguentar o sofrimento com paciência” (Ap 1.9), estava dizendo para que se permanecesse debaixo da cruz.

Paciência é a palavra grega Hypomone - Hypodebaixo; Menoficar.

A exemplo de Jesus, a igreja carrega uma cruz. Nessa cruz, somos exortados a permanecer embaixo.

A cruz será substituída pela coroa.

Aprendam a lição que a figueira ensina. Quando os seus ramos ficam verdes, e as folhas começam a brotar, vocês sabem que está chegando o verão” (Mc 13.28).

Os sinais estão ocorrendo e um dia Jesus virá. Mas, o fato é que Jesus promete cuidar da sua igreja.

Aprender a lição da figueira significa observar os sinais dos tempos.

Observe que a apostasia está aumentando. As pessoas estão abandonando a igreja por qualquer motivo. O desprezo ao evangelho está escancarado. Nesses tempos do fim o diabo está usando muitas artimanhas para te afastar do evangelho que garante a salvação em Jesus.

Aprender a lição da figueira significa dizer que Jesus fala dos acontecimentos e não do dia exato.

É natural as pessoas questionarem o motivo pelo qual Jesus não ter dito o dia em que retornaria. Qual motivo nesse silêncio?

Para nos manter na espera e não desanimar na espera. Esse silencia visa nos manter preparados. Por isso, o apostolo Pedro escreveu em sua segunda carta: “...Vocês fazem bem em prestar atenção nessa mensagem. ...” (2Pe 1.19). O apostolo João ao escrever a carta de Jesus para a igreja, relatou: “Feliz quem lê este livro, e felizes aqueles que ouvem as palavras desta mensagem profética e obedecem ao que está escrito neste livro! ...” (Ap 1.3).

Mesmo não sabendo o dia e nem a hora, “o céu e a terra desaparecerão...” (Mc 13.31). Todavia, não é o fim que deve nos paralisar. Por isso Jesus indica algo essencial: vigiar (v.33).

Aprender a lição da figueira significa ficar atento. Cuidar para não se tornar espiritualmente indiferente. Tem pessoas que ainda não estão dormindo, mas já puxaram o cobertor para se cobrir e assim dormir.

Aprender com a lição da figueira significa que é necessário um autoexame. Nunca é cedo para se arrepender!

Na carta de Jesus para sua igreja, João escreveu o alerta para que os cristãos não se distraiam (Ap 1.7). Jesus Cristo é o centro da igreja e age em favor da igreja. Jesus que tinha “uma faixa de ouro em volta do peito” (Ap 1.13), ou seja, Jesus está a serviço da igreja (Ap 15.6).

Aprendam a lição que a figueira ensina. Quando os seus ramos ficam verdes, e as folhas começam a brotar, vocês sabem que está chegando o verão” (Mc 13.28). Amém

 

Edson Ronaldo Tressmann

segunda-feira, 18 de novembro de 2024

A carta do amor de Jesus para sua igreja em meio aos eventos que ocorrem enquanto atua nesse mundo (Ap 1.4-20).

 Último Domingo do ano da Igreja

24 de novembro de 2024

Salmo 93; Daniel 7.9-10;13-14; Apocalipse 1.4b-20; Marcos 13.24-37

Texto: Apocalipse 1.4-20

Tema: A carta do amor de Jesus para sua igreja em meio aos eventos que ocorrem enquanto atua nesse mundo.

 

Quanto tempo faz que você não recebe uma carta? Aliás, você já recebeu alguma carta?

Primeira coisa que é preciso para escrever uma carta é ter destinatário. Após isso, se escreve uma saudação. Com o destinatário e a saudação passa-se a escrever a mensagem a despedida ao final da carta.

Apesar de muitas pessoas terem em Apocalipse um livro de revelações assustadoras, esse livro, o último da Bíblia é uma carta amorosa de Jesus para sua igreja.

O autor dessa epistola, “... da parte de Deus, aquele que é, que era e que há de vir ...e da parte dos sete espíritos...” (Ap 1.4; Ex 3.14; Ap 4.5), é o Deus que se revelou para Moisés no Monte Sinai, onde o chamou para libertar o povo de Deus da escravidão do Egito (Ex 3.14). Os “sete espíritos” é a maneira como Salomão e o profeta Zacarias se referiam ao Espírito Santo (Pv 9.1; Zc 3.9).

O Pai, o Espírito Santo e também Jesus, destinaram essa carta para a igreja como um todo.

Apesar dessa carta ser destinada originalmente para as igrejas da Ásia (atual Turquia), o número “sete” é uma referência a toda igreja no mundo inteiro. O endereçamento da carta é específico: “às sete igrejas que estão na província da Ásia” (Ap 1.4).

Para toda as igrejas, Jesus revela os mistérios de Deus, que atinge a história da igreja aqui na terra até o último dia.

Quem são essas igrejas?

Apocalipse 1.11 descreve por nome: Éfeso, Esmirna, Pérgamo, Tiatira, Sardes, Filadélfia e Laodiceia.

Éfeso - João que estava preso por causa do evangelho, morou por quase 30 anos. Conhecia os membros, os problemas, as fraquezas, vitórias e derrotas. Éfeso é destacada como uma igreja apostólica.

Esmirna – uma igreja que estava sofrendo, mas, com a graça de Deus estava vencendo os sofrimentos. Não é repreendida.

Pérgamo – uma igreja numa cidade rica. Presenciou a morte de um mártir que preferiu morrer e não abandonar sua fé em Cristo (Ap 2.13).

Tiatira – a igreja onde ocorreu a primeira conversão ao cristianismo em solo europeu. A igreja da cidade de Lídia (At 16.11-15). Essa igreja se tornou corrupta e idolatra.

Sardes – uma igreja que enfrentou muitas pressões, tensões e tentações. Os poucos fiéis precisavam de encorajamento espiritual.

Filadélfia – modelo de uma congregação com pouca força, porém muita fidelidade.

Laodiceia – uma igreja muito rica financeiramente, porém pobre espiritualmente e a beira de se perder completamente.

Observem que o retrato dessas sete igrejas é o retrato vívido da igreja em todo o mundo. Por essa razão é tão peculiar a constância na leitura e meditação dessa carta. A epistola do amor de Jesus para com sua igreja em meio aos eventos que ocorrem enquanto a igreja atua nesse mundo.

Primeiro: olhem, não sejam distraídos (v.7);

Segundo: permaneça debaixo da cruz (v.9);

Terceiro: a igreja ainda é uma luz para o mundo (v.13);

Apocalipse é o livro mais evangélico de toda a Bíblia. Infelizmente, muitos tem uma conclusão contrária a essa bela epistola. Ela apresenta Jesus, o vencedor e sustentador da igreja. Jesus é a testemunha fiel; o primeiro Filho que foi ressuscitado e que governa os reis do mundo inteiro. Jesus Cristo nos ama e pela sua morte na cruz nos livrou de todos os pecados.

O tema central da carta de Jesus para a igreja é: a volta de Jesus Cristo e sua consequência.

olhem, não sejam distraídos (v.7)

Olhem! A traduções que traduziram o olhem por eis. Quando ocorre a expressão eis, olhem – significa que coisas extraordinárias serão relatadas. É um artificio de linguagem para chamar a atenção para aquilo que será lido e ouvido. É o famoso “ei, presta atenção”.

Quem precisa prestar atenção?

Àqueles que ainda não creem.

Ouça o alerta de que esses que não creem “todos chorarão” (Ap 1.7). A expressão chorar significa bater no peito em sinal de desespero (Mt 24.30). “E certamente será assim. Amém” (Ap 1.7), ou seja, não haverá mudança.

Diante disso, permaneça no seu estado de feliz. “Feliz quem lê este livro, e felizes aqueles que ouvem as palavras desta mensagem profética e obedecem ao que está escrito neste livro! Pois está perto o tempo em que todas essas coisas acontecerão” (Ap 1.3).

A igreja não precisa temer, pois, Deus diz: “Eu sou o Alfa e o Ômega, diz o Senhor Deus, o Todo-Poderoso, que é, que era e que há de vir” (Ap 1.8).

Deus é PantoKrator – Pás (tudo, todo) Kratos (poderoso, poder). Deus têm autoridade absoluta em todos os eventos e acontecimentos.

O convite da carta de Jesus é para que os seus leitores e ouvintes permaneçam fiéis a Palavra quanto a mensagem da salvação.

O grande assédio para o cristão é que abandone a obra de Cristo e se agarre em suas próprias realizações. Ouvimos na semana passada a exortação do autor a carta aos Hebreus: “Não deixemos de congregar-nos”, ou melhor, não abandonemos a garantia de Deus quanto a nossa Salvação que é Jesus Cristo.

permaneça debaixo da cruz (v.9);

Era uma época em que o Imperador devia ser adorado. Como o apostolo João e outros cristãos não o adoraram, acabaram sendo presos. Houve quem fosse morto.

Mesmo preso em Patmos, João escreve que os cristãos precisavam “aguentar o sofrimento” (Ap 1.9).

Esse aguentar o sofrimento é descrito pela palavra paciência (Hypomone). Hypo – debaixo; Meno – ficar.

A igreja a exemplo de seu cabeça, carrega uma cruz. E dessa cruz, somos exortados a permanecer embaixo. É um carregar a cruz.

De onde João estava, na ilha de Patmos, conseguia visualizar todas as sete igrejas. E alguém que estava carregando a cruz, escrevia, permaneçam debaixo da cruz.

a igreja ainda é uma luz para o mundo (v.13);

Vendo as igrejas, João recebe a visão dos sete candelabros de ouro. Ouro era o metal mais precioso na época. Esses sete candelabros é a igreja.

A igreja é um candelabro para esse mundo. Ela brilha e irradia luz para as pessoas.

A igreja é uma luz acessa em meio a escuridão desse mundo.

E no meio dessa igreja está Jesus Cristo, o vencedor.

Observe que ao ver os candelabros (igreja), o ponto da visão é que “no meio deles estava um ser parecido com um homem” (Ap 1.13).

João estava tendo uma réplica da visão do profeta Daniel (Dn 10.5-6), onde Jesus Cristo era revelado como aquele que está no meio da igreja. Jesus Cristo é o centro da igreja e age em favor da igreja. Esse Jesus que tinha “uma faixa de ouro em volta do peito” (Ap 1.13), está a serviço da igreja (Ap 15.6).

João descreve a cabeça de Jesus, seus cabelos, olhos, pés e voz, assim como o profeta Daniel descreveu o ancião de dias (Dn 7.9,13).

João descreve Jesus por sua santidade e pureza absoluta (cabelos brancos, Ap 1.14). Jesus é poderoso e onisciente (olhos brilhantes, Ap 14). Seus olhos como fogo significa dizer que nada pode se esconder de Jesus (Ap 1.14; Dn 10.5,6). Jesus tem uma voz irresistível, ninguém irá silenciar (Ap 1.15; Ez 1.24; 43.2; Ap 14.2; 19.6, Dn 10.6), ou seja, Jesus virá para julgar os vivos e os mortos.

Esse Jesus tem algo em suas mãos. Você sabe o que é?

sete estrelas” (Ap 1.16). Essas sete estrelas “são os anjos” (Ap 1.20).

O que Jesus tem em suas mãos são os pastores (Dn 12.3), de forma mais suscinta o ministério. Pela igreja e o ministério Jesus age nesse mundo para salvar.

A igreja e o ministério pertencem a Jesus. A missão da igreja é emergente.

 

Edson Ronaldo Tressmann

 

Bibliografia

ROTTMANN. Johannes. Vem, Senhor Jesus - Apocalipse de S. João. Ed. Concórdia. Porto Alegre, RS, 1993.

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

Não deixemos de congregar

 Vigésimo sexto Domingo após Pentecostes

17 de novembro de 2024

Salmo 16; Daniel 12.1-3; Hebreus 10.11-25; Marcos 13.1-13

Texto: Hebreus 10.25

Tema: Não deixemos de congregar

 

Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima” (Hb 10.25)

 

Quantas vezes se faz um favor pensando em receber algum favor em troca?

Não sei você, mas, muitas pessoas quando precisam de um favor, vão logo dizendo: lembra aquela vez que te ajudei...

As pessoas agradam a Deus, ou, seus deuses, na expectativa de receber favores.

A religiosidade em todo o mundo é permeada da tentação de abster-se de algum alimento, de determinada prática, para assim receber o favor de Deus ou de seus deuses.

A religiosidade da retribuição pelo oferecimento de algo está muito impregnada nas pessoas.

Quem já não pensou: “não pode uma pessoa que serve a Deus passar por dificuldades”.

As pessoas buscam tratar Deus bem e agradá-lo com a expectativa de que nenhum mal sobrevenha até sua casa.

Jesus em seu discurso de despedida, poucas horas antes de ser crucificado, disse: “No mundo vocês vão sofrer; mas tenham coragem. Eu venci o mundo” (Jo 16.33). Para Jó, Deus perguntou: “Quem é para pôr em dúvida a minha sabedoria...” (Jó 38.2).

Na época em que foi escrita a carta aos Hebreus, o império romano ainda era dominante. Os romanos tinham um panteão de deuses e esses precisavam ser agradados na expectativa de evitar qualquer tipo de punição dos deuses. Ritos e sacrifícios eram observados. Além dos romanos, os judeus também tinham seus rituais e suas regras religiosas relacionadas a moralidade e costumes alimentares e por elas se julgavam merecedores dos favores divinos.

Na época em que a carta aos Hebreus foi escrita, o templo estava destruído, e os judeus se questionavam sobre a necessidade de realizar sacrifícios e sendo necessário, onde realizariam o mesmo. Em contrapartida, os novos cristãos, os denominados ex gentios se questionavam: precisamos realizar sacrifícios para agradar a Deus?

A carta aos hebreus foi escrita para responder as dúvidas sobre os ritos e sacrifícios que agradavam a Deus. Uma resposta dada pelo autor a partir da graça. Pela lente da graça, nenhum esforço humano é suficiente para merecer os benefícios de Deus.

Deus em sua graça, mediante Jesus Cristo, concede gratuitamente o que não merecemos e nem conseguimos adquirir por nós mesmos.

A carta aos Hebreus é uma orientação teológica para nortear a vida da comunidade a partir da graça. A orientação é simples: “não deixemos de nos congregar...” (Hb 10.25).

Por muitas vezes esse versículo foi e é citado para que as pessoas não abandonem a igreja. Não há problema em citar esse versículo para isso. Todavia, a orientação teológica é que não as abandone a fé em Jesus Cristo. Afinal, a referida congregação é a mesma a qual Jesus se refere e foi registrado por Mateus: “A grande trombeta tocará, e ele mandará os seus anjos para os quatro cantos da terra. E os anjos reunirão os escolhidos de Deus de um lado do mundo até o outro” (Mt 24.31).

Para estar nessa congregação é preciso ser escolhido e o próprio Jesus disse: “Não foram vocês que me escolheram; pelo contrário, fui eu que os escolhi para que vão e deem fruto e que esse fruto não se perca. Isso a fim de que o Pai lhes dê tudo o que pedirem em meu nome” (Jo 15.16).

Diante da velha tentação de querer agradar a Deus para adquirir méritos diante dEle, somos orientados pela graça, na carta aos Hebreus de maneira simples: “não deixemos de nos congregar...” (Hb 10.25). Ou seja, não dê as costas para Jesus Cristo. Ao contrário, é preciso animar para que mais e mais pessoas estejam, retornem e permaneçam em Cristo Jesus.

O autor a carta aos Hebreus debate a superioridade de Jesus Cristo e sua obra em detrimento do Templo, do sacerdócio e do sacrifício (Hb 7.1 até 10.39).

A carta aos Hebreus é uma orientação teológica para que ninguém abandone a Cristo, o sacrifício perfeito e agradável a Deus.

A orientação teológica da carta aos hebreus é para que se fuja da lógica humana que prescreve que o pecador é capaz de agradar a Deus e “fazer por merecer” seus favores.

Querido amigo e amiga, não importa o que eu faça – Deus, em sua graça, concede a mim o que bem lhe apraz. Ele faz chover sobre bons e maus. Não é merecimento, é graça. De maneira especial, graciosamente eu fui chamado para Cristo desde o meu batismo.

De onde vem a tentação de querer “fazer por merecer” os favores de Deus?

O ser humano busca e quer garantias.

A partir disso, a religiosidade criou uma série de regulamentações para garantir ao praticante que àquilo que dá certeza de controlar a Deus. Se eu me abstenho desse dia, desse lazer, dessa comida, terei determinado favor divino. O ser humano se ilude em suas garantias. Romanos e judeus cumpriam ritos e sacrifícios na expectação de serem abençoados por seus deuses e por Deus. Contra essa lógica apreciada pelas pessoas, a carta aos hebreus indica apenas uma garantia: o sacrifício de Cristo. Por essa razão, exorta: “Não deixemos de congregar-nos, ...”, não deixe a única garantia que você tem de Deus quanto a sua salvação.

Congregar é muito mais que pertencer a um grupo religioso. Congregar é estar em Cristo.

Jesus Cristo é o único sacrifício que me torna agradável a Deus. Só por Jesus Cristo que eu mereço a salvação de Deus. As regras e os sacrifícios humanos nada fazem em relação a mim e a Deus.

Estar em Cristo não é uma obra humana! Deus tomou e toma a iniciativa de aproximar-se do ser humano e hoje fará isso através do Batismo. O Álvaro será congregado em Cristo.

Ao longo da sua vida, ele será assediado para que abandone essa congregação. Ele assim como muitos de nós, será assediado para as realizações humanas, as regras, os sacrifícios, as abstenções, como garantia de algo em relação a Deus. Mas, o sinal da cruz, no peito e na testa, é a garantia de Deus de que pela graça de Cristo ele, e qualquer um é salvo.

Hebreus é uma breve orientação teológica para o nosso viver diário: não deixemos de congregar ... não deixemos Cristo, o sacrifício e a realização de Deus para minha salvação. Amém.

Edson Ronaldo Tressmann

segunda-feira, 4 de novembro de 2024

“nenhum profeta é bem recebido na sua terra” (Lc 4.25)

 Vigésimo quinto Domingo após Pentecostes

10 de novembro de 2024

Salmo 146; 1Reis 17.8-16; Hebreus 9.24-28; Marcos 12.38-44

 

Texto: Lucas 4.25

Tema:nenhum profeta é bem recebido na sua terra

 

Você já passou pela experiência de ser mal-recebido em algum lugar?

Se sentir indesejado, menosprezado, é uma das piores sensações da vida, não acha?

Jesus, ao ser rejeitado em Nazaré, disse: “nenhum profeta é bem recebido na sua terra” (Lc 4.25).

Essa frase de Jesus era uma referência ao evento ocorrido durante o ministério do profeta Elias (1Rs 17.8-16).

Ao ser rejeitado em Nazaré, Jesus citar o exemplo da viúva de Sarepta. Nos dias do profeta Elias, as pessoas acreditavam que Baal controlava a chuva, assim, se chovia, o povo acreditava que Baal tinha mandado chuva. Se por causa da chuva havia boas colheitas, atribuíam a Baal essa boa colheita. Deus foi sendo esquecido e negligenciado.

Nesse contexto, Elias anunciou para o rei Acabe que ficaria três anos e meio sem chover. Quando, devido à seca, o rio secou, o lugar onde estava sendo sustentado por corvos, Elias foi enviado para Sarepta em Sidom (costa mediterrânea do Líbano).

Num tempo de escassez devido à seca, a viúva de Sarepta, creu na Palavra de Deus transmitida do profeta Elias e, mesmo sabendo que era seu último punhado de farinha, alimentou Elias.

Uma mulher que estava fadada a comer seu último punhado de farinha e esperar a morte junto com seu filho, por crer na Palavra, vivenciou um grande milagre.

Os moradores de Nazaré que clamavam por um milagre, ouviram Jesus dizer: “nenhum profeta é bem recebido na sua terra” (Lc 4.25), ou seja, o maior milagre que poderia ocorrer aqui e não ocorre é dar ouvidos a Palavra de Deus, assim como a viúva de Sarepta ouviu e creu.

Em dias de tanto ceticismo, o maior milagre é ouvir e dar atenção a Palavra de Deus.

É preciso dar ouvidos a Palavra de Deus!

Por não ouvirem a Palavra de Deus, o profeta Elias não teria a honra devida em Israel mesmo em meio a tantas viúvas que havia ali. O próprio Jesus, o Filho de Deus, estava sendo rejeitado em Nazaré.

nenhum profeta é bem recebido na sua terra” - o milagre narrado em 1Reis 17.8-16 é que uma mulher estranha a aliança de Deus, estranha ao povo de Deus, deu ouvidos à Palavra de Deus anunciada pelo profeta.

Há uma grande bênção no ouvir a Palavra de Deus. Uma bênção indescritível. A fé vem pelo ouvir. Pela fé sou salvo. Se aquela viúva não tivesse dado ouvidos a Palavra de Deus anunciada por Elias, tanto ela quanto seu Filho teriam morrido. Disse Jesus: quem crer, ainda que morra viverá. Amém

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

Ouve ó povo de Deus! (Dt 6.4-5; Mc 12.29-31)

 Vigésimo quarto Domingo após Pentecostes

03 de novembro de 2024

Salmo 119.1-8; Deuteronômio 6.1-9; Hebreus 9.11-14; Marcos 12.28-37

Texto: Dt 6.4-5; Mc 12.29-31

Tema: Ouve ó povo de Deus!

 

A expressão “ouve, ó Israel...” se tornou uma oração judaica Shemá (ouve).

Amar a Deus não é uma escolha; é um mandamento. O amor ao Deus único deve estar acima de todas as coisas.

No evangelho de Marcos 12.28-34 somos lembrados que o amor ao Deus único e o amor ao próximo são mais importantes do que todos os holocaustos e sacrifícios. Amar a Deus e ao próximo é a verdadeira adoração a Deus.

Marcos 11.1-12.44 é chamado pelos estudiosos de “pequeno Apocalipse”, onde se destaca a destruição do templo, a perseguição aos cristãos e a vinda do Cristo glorificado.

Os versículos 28 até o 34 do capítulo 12 é um bloco de controvérsias em torno de Jesus. Os críticos desejam saber sobre a questão da autoridade de Jesus, o tributo a César e a Ressurreição.

O evangelho de Marcos é o evangelho do debate. A palavra debate aparece 10 vezes no Novo Testamento e em Marcos ocorre seis vezes.

Um dos debates mais acalorados na época era: qual é o mandamento primeiro de todos os mandamentos?

Para responder essa questão, Jesus faz a combina dos textos de Deuteronômio 6.4 e Levítico 19.18 e, assim forma um resumo da lei.

Dentro de um sistema religioso legalista, responder à pergunta do escriba não era tarefa fácil. É fácil agora repetir a resposta de Jesus.

Jesus cita o shemá a confissão de fé do israelita.Escute, povo de Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor. Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma, com toda a mente e com todas as forças.” E o segundo mais importante é este: “Ame os outros como você ama a você mesmo.” Não existe outro mandamento mais importante do que esses dois” (Mc 12.29-31).

Temos aqui um imperativo de Jesus: amem.

Como amar a Deus?

De todo coração;

De toda a alma;

De todo entendimento;

De toda a força.

Ame a Deus com todo seu ser.

Amar a Deus é opor-se a idolatria.

O que é idolatria?

É tudo o que tira o primeiro lugar de Deus da minha vida. É tudo o que rouba a honra e a glória de Deus.

O que tira o lugar de Deus na minha vida?

As coisas que se idolatra. Pode ser meu lazer. Minha família. Meu trabalho.

É tão perigoso tirar o primeiro lugar de Deus da nossa vida que Jesus nos ensinou a orar: “seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu”.

Jesus exorta a pedir ao Pai Celestial que desfaça a vontade daqueles que não querem nos deixar ouvir, aprender e viver a Palavra de Deus.

A resposta de Jesus é uma crítica ao sistema de culto da época. Um culto superficial, onde o essencial foi retirado.

Os religiosos da época buscavam aplicar a lei de Deus para as mais variadas circunstâncias do viver diário, desconsiderando que a lei se cumpre no amor. Assim engessavam as pessoas num sistema legalista sem amor para com Deus e com o próximo.

Os mandamentos são iguais ou há algum mais importante?

Para os religiosos da época, os mandamentos eram iguais. Todavia, eles se ocupavam com as minúcias e esqueciam o que era realmente essencial.

Lembre-se: sem amor, por mais que haja zelo, consideração, dedicação, a lei não é cumprida.

Os escribas eram zelosos, dedicados e esforçados, mas, nada disso provinha do amor a Deus e para com as pessoas. Então, por mais que se julgassem religiosamente melhores que os outros, viviam uma vida espiritual completamente equivocada.

Amar a Deus é interessar-se pelos outros e servi-los.

Amar a Deus e ao próximo nos faz ser menos egoísta.

Ao resumir a lei no amor, Jesus destaca que é o amor que governa nossos atos que se refletem no dia a dia. Conhecemos a dificuldade da vida em não vivenciar o amor.

O objetivo de Deus ao dar seus mandamentos era que seus filhos vivessem a verdadeira liberdade na vida diária.

As pessoas se dizem livres, mas, uma pessoa com a qual estão magoadas, as faz sair de determinado local. A inveja as faz trabalhar não para viver, mas possuir o que o outro possuiu.

A verdadeira liberdade proporcionada por Deus no amor a Deus e ao Próximo visa nos coroar de felicidade.

Jesus mostra que a verdadeira liberdade é vivida em amor. Por essa razão na carta aos Coríntios o apostolo Paulo escreveu: “portanto, agora existem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor. Porém a maior delas é o amor” (1Co 13.13).

Os coríntios estavam competindo entre si sobre qual era o maior de todos os dons e assim qual deles era melhor e maior que o outro. Diante disso, o apostolo Paulo diz que, se o dom individual não for utilizado por amor aos demais, em nada glorifica a Deus e apenas destrói a comunhão.

Ninguém consegue cumprir a lei como requisito de salvação. Sem embargo, a lei do amor não visa salvar, mas, mostrar que o salvo atua por amor a Deus que o salvou e em favor do seu próximo que necessita da salvação.

Celebrações – podem ser bonitas. Mas, se não houver amor para com Deus e com o próximo, de nada adianta tal cerimônia, pois não glorifica a Deus.

A resposta de Jesus ante a pergunta do escriba nos instruí a nos livrar das maldades, do egoísmo, das artimanhas traiçoeiras e da inveja.

Na carta aos Romanos, o apostolo destaca que a nossa única dívida para com o nosso próximo é o amor. Ainda não o amei o suficiente. Ainda posso fazer mais.

Colocar o amor a Deus e ao próximo em primeiro plano é crucial. Quem ama, tem Cristo perto de si.

Interessante é que após a pergunta do escriba, Jesus faz um questionamento a todos. Como vocês estão dizendo que o Cristo é Filho de Davi?

O Cristo ser o filho de Davi, era uma verdade universalmente aceita. Não havia dúvidas quanto a isso. No entanto, Jesus os questiona sobre o como eles podiam dizer isto?

Jesus cita as palavras do próprio Davi dizendo: se vocês pensam que Cristo é apenas descendente de Davi, estão equivocados, Ele é muito mais. Jesus é filho de Davi, mas é muito mais. E o problema deles era justamente quanto a esse muito mais.

E o muito mais conforme o autor a carta aos Hebreus (Hb 9) é que Jesus se ofereceu uma só vez. O sacrifício é único. Para esse sacrifício Jesus estava em Jerusalém. Em Jerusalém, o filho de Davi, o Redentor enviado por Deus estava por realizar a obra conclusiva de Jesus. Amém

Edson Ronaldo Tressmann

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Socorre-me mesmo que eu não mereça!

 27 de outubro de 2024

Vigésimo terceiro Domingo após Pentecostes

Salmo 126; Jeremias 31.7-9; Hebreus 7.23-28; Marcos 10.46-52

Texto: Mc 10.47

Tema 1: Socorre-me mesmo que eu não mereça!

Tema 2: Uma confissão de fé diante do chamado de Jesus!


Marcos, Lucas e Mateus registram o episódio desse homem que possuía a limitação da cegueira. Essa limitação o levou para a insuficiência da pobreza extrema a ponto de ter que mendigar.

Relatos históricos demonstram que esse homem chamado BartimeuBar – filho. Bartimeu – filho de Timeu. Esse Timeu era um general israelita aposentado.

Há fatos que a Bíblia não narra, todavia, a tradição auxilia. E pela tradição aprendemos que Timeu, o pai de Bartimeu, foi um general que serviu a Israel numa unidade militar. Após o serviço militar tornou-se um cidadão bem-sucedido e um comerciante.

O fato é que, com o domínio Romano na Palestina, seus bens foram confiscados e o soldo da aposentadoria cortado. Daí passou de um cidadão bem-sucedido a um cidadão rebelde. Por sua formação militar, liderou grupos de movimentos revoltosos contra os romanos e passou a ser classificado pelos romanos como uma pessoa de alta periculosidade.

Toda a família foi perseguida e Timeu foi preso, crucificado e morto. Seu filho Bartimeu passou a conviver com a perseguição a ponto de ter seus olhos perfurados pelos romanos. Os romanos furavam os olhos dos meninos com o objetivo de que não se tornassem um revolucionário.

Todos àqueles que eram contrários a ocupação romana, eram crucificados e seus familiares e seguidores perseguidos. Se caso o revolucionário tivesse filhos, os meninos eram feridos para se tornarem deficientes para que não seguissem os passos do pai. A pena mais comum era perfurar ou arrancar os olhos. Esse era o recado vivo dos romanos: “não sigam o exemplo do pai revolucionário”.

Jesus e seus discípulos iam desde as margens do Rio Jordão até Jericó na Judéia. Após uma caminhada de 8km, chegando em Jericó, nos é relatado mais um dos 38 milagres de Jesus.

Uma multidão seguia Jesus. Eram peregrinos indo até Jerusalém para a festa da Páscoa (Deuteronômio 16.16). Estavam a 30 km de distância de Jerusalém.

João Marcos descreve que quando Bartimeu: “... ouviu alguém dizer que era Jesus de Nazaré que estava passando, o cego começou a gritar: - Jesus, Filho de Davi, tenha pena de mim!” (Mc 10.47).

Observe que o simples fato daquele cego ouvir dizer que era Jesus de Nazaré, mesmo cego, o reconheceu como sendo o prometido da parte de Deus. Ele reconhece Jesus como Messias, por isso o chama de Filho de Davi.

Apesar de Filho de Davi ser uma crença amplamente divulgada entre os judeus daquele tempo, os líderes religiosos faziam questão de ignorar Jesus como Messias e o cumprimento das promessas de Deus em Jesus (João 1.11).

Bartimeu não perdeu a oportunidade ao ter ouvido que Jesus estava passando por ali. Ele gritou: “Jesus, Filho de Davi, tenha pena de mim!” (Mc 10.47).

Os judeus esperavam o descendente de Davi para libertá-los da opressão romana. Para os judeus, o Filho de Davi, traria fim a humilhação nacional, libertando Jerusalém e assumindo o cetro de seu governo. E é exatamente por isso que os judeus se recusavam e se recusam a crer e aceitar Jesus, o crucificado. O apostolo Paulo escreve sobre a obra redentora de Cristo na cruz na expectativa de comunicar aos judeus que o crucificado Jesus se tornou maldito em nosso lugar (Gl 3.13).

Na cruz, Jesus tornou-se o Messias não de acordo com as expectativas judaicas, mas de acordo com o plano elaborado por Deus.

Jesus, Filho de Davi, tenha pena de mim!” (Mc 10.47).

Que belo e necessário pedido! Tenha pena de mim!

Aquele homem vivendo todas as limitações humanas, só tinha uma súplica para fazer: misericórdia, compaixão.

Esse pedido demonstra o clamor de alguém que não tem o que apresentar diante de Deus. Era como se estivesse dizendo: Senhor, não tenho nada para te apresentar. Só clamo por misericórdia. Olha para mim com amor, mesmo sem que eu tenha realizado qualquer coisa para merecer sua ajuda.

Em Bartimeu encontramos um verdadeiro pequenino diante de Deus. “Deixai vir a mim os pequeninos...” (Lc 18.16).

Pequeninos são aqueles que não tem nada para apresentar a Deus. São aqueles que apenas esperam pela misericórdia divina. “Jesus, Filho de Davi, tenha pena de mim!” (Mc 10.47).

O clamor irritou a multidão que tentou impedir que o cego clamasse ou recorresse à Jesus. Todavia, esse homem, quanto mais era persuadido a se calar, mais gritava como que desesperadamente. Sabendo ser essa a sua única oportunidade.

Essa cena mostra o quanto o mundo tenta silenciar os que clamam e buscam a Deus mesmo em suas limitações e fraquezas. Temos que pensar em duas situações. A primeira, é quanto ao acolhimento dado a um pecador que adentra a igreja. A segunda é quanto a perseguição disfarçada que acontece na expectativa de silenciar os pequeninos. Quantas vezes os pequeninos, tal como Bartimeu são impedidos de se aproximar de Jesus.

Por um instante eu fico pensando na reação de Bartimeu.

Ao ser chamado por Jesus, Bartimeu joga sua capa de lado (Mc 10.50). Ele estava certo de que Jesus o iria curar.

A capa significa identidade. Era a capa que o identificava como mendigo e cego. A capa identificava sua miséria. Dessa forma, ao “jogar a capa para o lado” era uma confissão de que não era mais miserável e nem sequer cego. Por isso Jesus disse: “...você está curado porque teve fé” (Mc 10.52).

Outro detalhe: ao ser chamado, mesmo cego, Bartimeu corre até Jesus. Havia pressa e urgência e nada poderia atrapalhá-lo de ir até Jesus. E mesmo após curado, diferentemente de muitos, passou a seguir Jesus pelo caminho (Mc 10.52).

Houve outras curas e milagres, mas nem todos seguiram Jesus. Os milagres conforme o apostolo João era para que as pessoas cressem que Jesus era o Messias e crendo tenham a vida eterna (João 20.31). Os milagres, na Bíblia apenas 38 relatos, no entanto, houve muitos outros, visam levar as pessoas para fé.

Bartimeu, mesmo cego confessou sem ver o que muitos que viam não conseguiam confessar: Jesus é o Messias! Após curado, Bartimeu que agora enxergava, seguiu Jesus. Àquele que sempre estava na beira do caminho, à espera de alguém para ajudá-lo, agora segue pelo caminho que Cristo segue.

Ainda hoje há àqueles que apenas estão à beira do caminho e há àqueles que seguem pelo caminho.

Jesus teve, tem e sempre terá misericórdia dos pequeninos e seu desejo é colocá-los no seu caminho para sigam com ele até a cruz e seja salvo. Amém!


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Edson Ronaldo Tressmann

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