Sexto Domingo após Pentecostes
30
de junho de 2024
Salmo
30; Lamentações 3.22-33; 2Coríntios 8.1-9;13-15; Marcos 5.21-43
Texto:
Marcos 5.21-43
Tema: Jesus
se sobrepõe a morte com uma palavra: levanta-te!
Tomo
a liberdade para falar do Jair.
Esse
é o nome hebraico de Jairo. Homem esse que tinha uma reputação religiosa a ser
zelada, mas, numa situação difícil em sua vida, recorreu a Jesus, e assim
correu risco de perder toda sua reputação. Era um risco muito alto para sua
posição, mas, pela vida da sua filha, qualquer coisa. Ele abandona seus
preceitos e orgulho.
O
texto destaca que Jairo vendo Jesus, que havia acabado de desembarcar vindo de
Gerasa, prostrou-se, ajoelhou-se aos seus pés e insistentemente suplicou. Chama
atenção que a súplica de Jairo é para que Jesus a salve. Ou seja, minha filha
está a beira da morte.
A
situação daquela menina de 12 anos era gravíssima.
É
preciso enfatizar que para os judeus, a morte de um filho, além da perda, era
considerada como sendo um castigo de Deus. Nesse sentido, aquele homem,
possivelmente presidente da sinagoga, um servidor de Deus estava sendo atingido
por Deus. Jairo estava enfrentando a ira de Deus. Uma ira tão avassaladora no
seu entendimento, pois sua única filha estava sendo atingida (Lc 8.42).
Um
detalhe não pode passar despercebido, Jesus que estava retornando de Gerasa,
poderia estar caindo numa armadilha. Ele estava de volta para a Galiléia. No
entanto, Jesus se soldariza pelo pedido de um suposto inimigo, um integrante da
sinagoga.
Outro
detalhe que nos despertar a atenção. A história que narrada nessa perícope (Mc
4.21-43) apresenta duas mulheres. A menina com 12 anos e uma mulher que já
sofria de um fluxo sanguíneo havia 12 anos.
Não
eram apenas 12 anos de sofrimento físico, eram 12 anos de sofrimento emocional.
Afinal, a lei de Deus prescrevia que devido ao fluxo de sangue a pessoa era
imunda (Lv 15.25-27). Sendo assim, essa mulher cerimonialmente não podia ser
tocada sem que a pessoa se tornasse impura também.
Esses
12 de sofrimento físico e emocional, também levou aquela mulher a pobreza. Só
os ricos procuravam médicos (Mc 4.26). E tendo ela passado por vários médicos e
perdido suas posses.
Uma
menina de 12 anos, limitada numa cama, em coma. Uma mulher que já por 12 anos
sofria de uma hemorragia e agora limitada em todos os sentidos.
Essa
mulher, cerimonialmente impura corria um grande risco. Ser descoberta e punido
por seu atrevimento de estar em meio as pessoas. Mas, sua fé a fez apenas tocar
na veste na Jesus.
E
esse toque de fé foi percebido por Jesus. A impureza daquela mulher não
contaminou Jesus, a ponto d’Ele rapidamente querer saber quem o havia tocado. E
isso surpreendeu os discípulos. No meio dessa multidão, onde as pessoas te
tocam, você quer saber quem te tocou.
Jesus
estava falando do toque da fé. E eles pensando no toque físico.
Aquela
mulher sentiu sua cura e mesmo percebendo o perigo que estava correndo por
causa da lei cerimonial, atemorizada e tremendo, se ajoelhou e disse que ela o
havia tocado.
O
temor e tremor daquela mulher deve-se ao fato de a mesma reconhecer que estava
diante de Deus (Gn 9.2; Ex 15.16; Dt 2.25; Sl 2.11; 1Co 2.3; 2Co 7.15; Fp 2.12;
Ef 6.5).
Diante
Deus, curada, Jesus a chama de filha – ou seja, você está na família de Deus. A
tua fé te salvou – Jesus te salvou!
A
fé estende a mão para Jesus. A fé abraça a cruz de Jesus. Em Jesus, aquilo que
nos afasta das pessoas e de Deus é substituído pela graça.
O
fato é que Jesus que estava por ir até a casa de Jairo foi interrompido. Essa
interrupção divina foi estratégica no plano de Deus. Afinal, enquanto essa
mulher recebia a cura, o pai Jairo recebia a notícia mais cruel que um pai pode
receber: sua filha morreu.
Foram
segundos – todavia, na cabeça de Jairo deve ter passado muitas perguntas. Por
que perdi meu tempo com esse homem? Minha reputação foi por água abaixo! Não há
mais nada para fazer! E agora? Mas, após esse breve instante e em meio a
sua desesperança, Jesus diz: não temas, crê
somente (Mc 4.36).
O
exemplo de uma mulher que cerimonialmente era impura, serviu por um momento
como exemplo de fé para aquele presidente da sinagoga que em matéria religiosa
deveria ser.
Não temas – eis o desafio para a
fé. Não submergir diante das mais variadas situações. Aqui recordamos do
segundo mandamento. No primeiro mandamento somos exortados a confiar em Deus, o
libertador da escravidão, acima de todas as coisas. No segundo mandamento, somos
exortados a viver na fé e a fé quando surgirem situações difíceis.
Crê somente – no hebraico a palavra
crer significa, adquirir perseverança,
firmar-se, aquietar-se. Nesse sentido, quando Jesus disse: crê
somente – era como se dissesse: não se preocupe, deixe Deus ser Deus.
Afinal, nesse momento, só a ação divina para reverter o quadro.
No
evangelho escrito por João Marcos, fé
– sempre está ligada a milagres de Jesus. Ou seja, estando diante de Jesus,
silencie-se, pois Deus está disposto a ajudar. Todavia, percebe-se no decorrer
do evangelho que há vozes dispostas a silenciar a voz e a esperança em Jesus.
Nesse episódio a voz foi: “não incomode o mestre”
(Mc 5.35).
Recordemos
que Jairo, mesmo sendo um dos principais da sinagoga, foi até Jesus na
esperança de obter dEle a salvação para sua filha que estava em situação fatal.
E quando ouviu que sua filha estava morta, antes mesmo de sucumbir na fé e
voltar correndo para casa, Jesus diz: não temas,
crê somente (Mc 4.36). Jairo, você veio até mim para salvação e
encontrara isso em mim.
No
evangelho de Marcos, os milagres vêm da fé. Nesse sentido, Jesus está dizendo
para Jairo não desistir da vida. A fé que parece ser ridícula, é séria.
Chegando
na casa, as pessoas riram ao ouvirem Jesus dizer que a menina estava dormindo
(Mc 5.39). Para os que estavam ali, era ridícula essa afirmação de Jesus e
parecia loucura de Jairo, um homem influente se deixar levar por essa loucura.
O
riso da incredulidade os impediu de presenciar o milagre da ressurreição.
Jesus
não presta homenagem para a morte. Deus não é Deus dos mortos. Nesse sentido,
ao dizer que a menina estava dormindo, Jesus nos ensina que basta uma palavra
sua e os que dormem acordam.
Estamos
numa sociedade onde o culto para a morte é uma algazarra inapropriada. As
pessoas estão vivendo como se fossem viver apenas aqui e agora. Parece que
perder essa vida é perder tudo e não é! Em Jesus temos a vida eterna. Sem Jesus
se está privado dessa vida eterna.
Ao
dizer para aquela menina: eu te mando (Mc 5.41), Jesus se impõe sobre a
morte. E cheia de vida, a menina se pôs a andar (Mc 4.42).
Nesse
ponto vale relembrar as palavras do profeta Jeremias. “Ainda te edificarei, e serás edificada,
ó virgem de Israel! Ainda serás adornada com os teus adufes e sairás com o coro
dos que dançam... a virgem se alegrará na dança, e também os jovens e os
velhos; tornarei o seu pranto em júbilo e os consolarei; transformarei em
regozijo a sua tristeza... presta atenção na vereda, no caminho por onde
passaste; regressa, ó virgem de Israel, regressa às tuas cidades” (Jr
31.4,13,21).
As duas mulheres são
como Israel, prostradas, sem vida para a qual raiou o tempo da salvação.
Jesus
é a salvação! Ele venceu a morte e em Cristo, estamos cerimonialmente curados e
temos a certeza da ressurreição. Jesus se sobrepõe a morte com uma palavra:
levanta-te! Assim será ao tocar da trombeta. Amém!
Edson
Ronaldo Tressmann
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