19 de junho de 2022
Segundo domingo após Pentecostes
Salmo 33.12-22; Gênesis 15.1-6;
1João 4.16-21; Lucas 16.19-31
Tema:
Diante da Fobia!
1 – Refugie-se no amor de Deus (Sl
33.12-22)
2 – Confie na Promessa de Deus (Gn
15.1-6)
3 – Conheça e creia no amor! (1Jo
4.16-21)
4 – Escute as Escrituras!
(Lc 16.19-31)
Desde
aquele fatídico dia, do qual não sei se foi num domingo, numa segunda, terça,
quarta, quinta, sexta ou sábado, no espaço de 24 horas, a serpente induzida
pelo diabo disse: “Vocês não morrerão coisa nenhuma! Deus disse isso
porque sabe que, quando vocês comerem a fruta dessa árvore, os seus olhos se
abrirão, e vocês serão como Deus, conhecendo o bem e o mal” (Gn 3.4-5). Desde esse episódio, denominado como queda
em pecado, o ser humano desenvolveu fobias.
Você
tem alguma fobia? Fobia – medo exagerado; pavor;
pânico. Eu tenho ofidiofobia (medo,
pavor de cobra).
Logo após a queda em pecado, Adão e Eva desenvolveram a teofobia
(medo de Deus): “Eu ouvi a tua voz, quando estavas passeando pelo jardim, e
fiquei com medo porque estava nu” (Gn
3.10).
A queda em pecado trouxe consigo todo e qualquer tipo de fobia e
a pior de todas é a teofobia. Você tem medo de Deus? O autor
à carta aos hebreus escreveu palavras que aterrorizam: “Que coisa terrível é
cair nas mãos do Deus vivo!” (Hb 10.31) bem como
Moisés: “...o
Senhor, nosso Deus, está acima de todos os deuses e autoridades. Ele é grande,
poderoso e causa medo. ...” (Dt 19.17).
Assim como na época da Idade Média, tempo em que a igreja e os
cristãos viviam enclausurados pelo medo de Deus, milhares ainda hoje veem Deus
como um juiz severo e irado. Recordo das palavras de um filho
que diante da doença do seu pai disse: “o pai deve ter sido uma pessoa muito ruim, pois veja como
está sofrendo”.
Entre as fobias, há a teofobia – o medo de Deus!
Os textos bíblicos - Salmo 33.12-22; Gênesis 15.1-6; 1João
4.16-21; Lucas 16.19-31 - nos levam a reflexão a respeito dos
nossos medos e do medo de Deus. Refletir em cada um desses textos nos ensina como
lidar com nossos medos e a fobia de Deus.
Diante da Teofobia!
1
– Refugie-se no amor de Deus
“O Senhor Deus
olha do céu e vê toda a humanidade” (Sl 33.13).
Em
muitas situações, ao cometer algum pecado supostamente escondido, ao ouvir alguém
dizer: Deus
vê tudo! chega a dar um arrepio na nuca. Isso mostra o medo da
punição de Deus.
“É o Senhor Deus
quem protege aqueles que o temem, é ele quem guarda aqueles que confiam no seu
amor. Ele salva da morte e nos tempos de fome os conserva com vida”
(Sl 33.18-19).
O
salmista destaca que Deus socorre os que, mesmo com medo, se refugiam em seu amor e sua misericórdia.
Diante
dos seus pecados as pessoas sentem medo em relação a sua salvação. Dessa forma,
ao enfatizar “O
Senhor Deus olha do céu e vê toda a humanidade” (Sl 33.13) o
salmista destaca que a salvação não é conquistada mesmo que se tenha riquezas
ou exércitos, pois ao olhar para a humanidade, Deus vê e observa o quanto os
pecadores necessitam dEle e assim lhes oferece a salvação gratuita.
Os textos bíblicos - Salmo 33.12-22; Gênesis 15.1-6; 1João
4.16-21; Lucas 16.19-31 - nos levam a reflexão a respeito dos
nossos medos e do medo de Deus.
Diante da Teofobia!
2
– Confie na Promessa de Deus
O relato do
capítulo 14 de Gênesis mostra que Abrão fez alguns inimigos poderosos ao
libertar Ló do cativeiro ao qual tinha sido colocado. Abrão venceu quatro reis
e após a vitória ficou preocupado e estava apreensivo com uma possível
retaliação. Se sentindo vulnerável, estava cheio de dúvidas e temores. Nessa situação
ouviu a voz de Deus: “Abrão, não tenha medo. Eu o protegerei de todo perigo e
lhe darei uma grande recompensa” (Gn 15.1).
A voz divina confirma
a bênção de Melquisedeque (Gn 14.19-20) e indica claramente
que Abrão poderia contar com a presença, provisão e aprovação
de Deus.
Ao abrir seu
coração para Deus, Abrão revela outra angústia. A angústia de morrer sem deixar
um herdeiro de sangue. Deus diz para Abrão: “Olha
para os céus e conta as estrelas, se é que podes”. Deus garante
que assim como são incontáveis as estrelas, seriam incontáveis os descendentes que
viria do próprio sangue de Abrão (Gn 15.5). Abrão creu na promessa do Senhor e
Deus o considerou justo.
No original
hebraico a frase é “confiou em Yahweh”, ou seja, assim como uma
criança descansa sobre os braços do pai, na certeza do seu cuidado, assim
estava Abrão. Num momento de vulnerabilidade Abrão não deixou de crer.
Em meio à
fobia de Abrão, Deus lhe disse: não tenha medo.
O amor de
Deus lançou fora o medo e o levou a confiar.
O escritor de
Hebreus usa o texto de Gênesis 15 para falar do exemplo de fé de Abraão na galeria dos heróis da fé (Hb 11.11,12).
Os textos bíblicos - Salmo 33.12-22; Gênesis 15.1-6; 1João
4.16-21; Lucas 16.19-31 - nos levam a reflexão a respeito dos
nossos medos e do medo de Deus.
Diante da Teofobia!
3
– Conheça e creia no amor!
O
apostolo João enfatiza: “Deus é amor” (1Jo 4.16).
Essas
palavras deveriam alegrar e consolar, mas, para muitos soa de maneira estranha
no ouvido de muitas pessoas.
Deus
nada mais é do que AMOR. Suas ações fluem do seu amor. Deus nos ama não por causa de nossas obras, mas sim, por
causa do seu amor. O magnifico é que pelo poder do Espírito
Santo “nós
mesmos conhecemos o amor que Deus tem por nós e cremos nesse amor” (1Jo 4.16).
Deus é amor (1Jo 4.16).
Uma
frase pequena – com apenas duas palavras! No entanto, com um sentido profundo.
É uma frase que requer uma fé muito grande e só é possível crer e conhecer pelo
poder do Espírito Santo.
“E nós mesmos
conhecemos o amor que Deus tem por nós e cremos nesse amor” (1Jo 4.16), e “...o seu amor enche completamente o nosso
coração” (1Jo 4.12) e “no amor não há
medo; o amor que é totalmente verdadeiro afasta o medo” (1Jo 4.18).
O medo (fobia) a qual o apostolo João se refere é aquele que
apavora a pessoa e a que a torna incapaz de crer. Dessa forma, ao dizer que “no amor não há medo” o apostolo diz que não há necessidade de teofobia, ao
contrário, por causa do amor com o qual Deus nos aproximou dEle em seu Filho
Jesus, estamos sem medo.
O
medo é usado pelo diabo para atacar a confiança nesse Deus de amor. E para nos
auxiliar nesse ataque diabólico, somos guardados na fé e na verdade pelo
Espírito Santo de que “Deus é amor (1Jo
4.16)” e “...nós
mesmos conhecemos o amor que Deus tem por nós e cremos nesse amor” (1Jo 4.16).
Os textos bíblicos - Salmo 33.12-22; Gênesis 15.1-6; 1João
4.16-21; Lucas 16.19-31 - nos levam a reflexão a respeito dos
nossos medos e do medo de Deus.
Diante da Teofobia!
4
– Escute as Escrituras!
O
comportamento dos fariseus (Lc 16.14s) deu ensejo para que Jesus apresentasse a
parábola de Lázaro e do homem rico.
Os
fariseus eram ricos e se apegavam ao dinheiro e aos bens materiais. Os mesmos descartavam
com escárnio a exortação do Senhor quanto às riquezas e desprezavam os
necessitados. Dessa maneira, Jesus traz um alerta aos que por orgulho e egoísmo
utilizavam seus bens terrenos apenas para fins egoístas e interesseiros (Lc
16.19-31).
Na
parábola “do
homem rico e do pobre Lázaro” não são citadas maldades e atrocidades
do rico. A
questão não eram as maldades que o rico praticava, mas o bem que
ele deixava de realizar em relação a Lázaro.
Lázaro
não é o personagem principal. Ele aparece sofrendo e suportando as dores e
tormentos que poderiam ser socorridos por aquele rico que optou em não fazê-lo.
A
parábola mostra um homem rico em seus afazeres terrenos e a forma como
aproveitava a vida, sendo um administrador infiel em relação ao que demandava “a lei e os
profetas”.
As
palavras “certo homem, porém, era rico”
introduzem o personagem principal da narrativa. O texto descreve a esplêndida
vida de opulência desse homem rico. Banquetes festivos aconteciam não uma vez
ou outra, mas diariamente em sua casa. Em todos os divertimentos ele ostentava
o esplendor pomposo de suas magníficas vestes.
Para
contrastar com esse esplendor e luxo Jesus apresenta um homem destituído de
qualquer sorte temporal na mais profunda miséria. Assim como o rico se
regozijava magnificamente todos os dias, assim, a penúria do mendigo era sua
deplorável situação diária.
O
que chama atenção é que não se menciona o nome do rico, enquanto o do pobre é
citado. É a única vez que
um nome do personagem é citado entre todas as parábolas de Jesus.
O
nome Lázaros
deve ser derivado tanto de Lo-eser quanto de Ele-azar. O nome Lo-eser significa “sem ajuda” - um pobre destituído
de ajuda. Ele-azar
significa “Deus
é a ajuda” - seria alguém que permite que Deus seja seu socorro. O
nome Lázaro “Eleazar”
aponta para o fato de que o pobre suportou sua miséria na
confiança em Deus.
Lázaro
jazia “jogado”
no acesso ao portão do rico. O termo “jogado” significa que o pobre nem mesmo era
capaz de movimentar-se livremente e, as pessoas que o traziam à frente da porta
do rico, livravam-se dele como de um fardo pesado que se lança por terra.
Lázaro
jazia diante do portão coberto de chagas. Uma enfermidade maligna, claramente
visível, que demandava urgentemente um cuidado misericordioso e, a necessidade de cuidado e a
fome deveria ter causado a compaixão do rico. Contudo, na casa do rico
não havia disposição para ajudar esse homem necessitado, havia espaço apenas
para ostentação. Os únicos que se compadeciam do pobre eram os cães: “... os cães vinham
e lambiam suas chagas”. O pobre não recebeu cuidado nem atendimento
de quem poderia lhe oferecer.
A
morte foi sua bem-aventurança. Como o pobre foi sepultado? Jesus permite
entrever que a morte representou o fim do sofrimento do pobre. Da terra, palco
de seu sofrimento, os anjos o carregaram ao colo de Abraão. Na teologia judaica
“o seio ou
colo de Abraão” é designação da felicidade máxima.
O
rico também morreu “e foi sepultado”. A pompa seguiu o rico até no
seu sepultamento. De todos seus bens, restou-lhe somente a sepultura. Enquanto
o pobre foi carregado pelos anjos ao colo de Abraão, o rico foi carregado com
toda pompa para a sepultura. Com a morte, Lázaro foi liberto dos sofrimentos
que o atormentavam nesse mundo. Com a morte o rico passou a sentir os tormentos
eternos. Os versos 23 a 26 mostram a mudança das situações do rico e do pobre
após a morte.
Hades
é o nome grego de Sheol no Hebraico. É o lugar onde ficam as almas que partiram
(Gn 37.35; At 2.27,31). Esse lugar é dividido em duas partes. Um é o local de
beatitudes para os devotos e o outro é local de tormento para os ímpios
(Gehenna).
O
rico levantou
os olhos – gesto de alguém que está atormentado e busca por socorro.
O ex rico viu Abraão à distância e o pobre Lázaro em seu colo. Aquele que ouvia
as súplicas de Lázaro, agora suplica para que o pobre refrigere sua língua com
uma gota de água na ponta do dedo.
O
socorro que o rico busca era o socorro que Lázaro desejava obter em vida. No entanto,
enquanto no mundo isso é possível, mas, após a morte não é mais.
O
ex rico se desespera por saber que seus irmãos estão seguindo o mesmo caminho e
terão o mesmo fim eterno. Deixe que Lázaro ressuscite e avise meus irmãos. E a
resposta é enfática: “eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos” (Lc
16.29).
A
resposta mostra que os irmãos do ex rico aproveitassem em vida para ouvir o
ensino de Deus no Antigo Testamento, onde eram advertidos quanto ao perigo das
riquezas. Que eles dessem atenção as Escrituras e deixassem de ser insensíveis
em relação aos pobres e miseráveis.
Os
irmãos do rico não precisavam de um milagre. Precisavam dar ouvidos e obedecer
as Escrituras sobre o socorro ao necessitado. Para o rico mais
valia o impacto do milagre do que as Palavras das Escrituras. Não é atoa que
estava no inferno.
A
resposta de Abraão mostra que a Escritura é eficaz para conduzir ao
arrependimento. Nas Sagradas Escrituras tem tudo o que precisamos saber para
nossa conversão e redenção.
O
ensino de Jesus aos fariseus vale para cada pessoa rica ou pobre em nossos
dias. Muitas vezes há tanto apego ao dinheiro e aos bens a ponto de nem sequer
socorrer os mais pobres e mais necessitados.
É
preciso escutar a parábola contada por Jesus e nos precaver contra o uso
egoísta do dinheiro que nos afasta das pessoas e de Deus.
Os textos bíblicos - Salmo 33.12-22; Gênesis 15.1-6; 1João
4.16-21; Lucas 16.19-31 - nos levam a reflexão a respeito dos
nossos medos e do medo de Deus.
Diante da Fobia!
1 – Refugie-se no amor de Deus (Sl
33.12-22)
2 – Confie na Promessa de Deus (Gn
15.1-6)
3 – Conheça e creia no amor! (1Jo
4.16-21)
4 – Escute as Escrituras!
(Lc 16.19-31)
ERT
Edson
Ronaldo Tressmann
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