03/01/16
02º após natal
Sl 119.97-104; 1 Rs 3.4-15; Gl
3.23-29; Lc 2.40-52
Tema: Pedagogia da lei
Foi muito difícil à caminhada dos judeus convertidos
para o cristianismo. Estavam acostumados a viver submetidos a severas e
difíceis exigências da Lei. Havia grupos, como os descendentes dos fariseus,
que ainda proclamavam com indisfarçável orgulho seus estágios e conquistas
nessa área.
O apóstolo Paulo estava preocupado e, de certa forma,
aflito com seus queridos irmãos e irmãs da congregação da Galácia. A maioria
era de origem gentílica. Pela pregação do apóstolo, tinham recebido e aceito
Cristo como Senhor e Salvador de suas vidas. Muitos deles, porém, estavam
adotando apressadamente pensamentos, posturas e comportamentos sugeridos por
alguns mestres judaizantes. Entre outros, a observância da lei judaica tanto
moral quanto ritual, a circuncisão. Por isso, o apóstolo Paulo escreve a carta
aos gálatas.
O apóstolo Paulo no v.23 escreve que o propósito
pedagógico da Lei estava completo: "Antes que viesse a fé, estávamos sob a tutela (custódia)
da lei, e nela encerrados, para essa fé que de futuro haveria de revelar-se".
Antes da era do Evangelho, antes da pregação da fé na redenção em Cristo, os
judeus estavam confinados debaixo da Lei. Os fiéis do Antigo Testamento estavam
sob a guarda da Lei que regulava suas vidas até aos mínimos detalhes. Porém, o
propósito de Deus ao impor essa abrangente custódia, era de cuidado e amável
misericórdia para servir ao futuro tempo do Novo Testamento, quando Cristo
viria para livrá-los da escravidão da Lei.
Paulo diz que a "... a lei nos serviu de aio". Segundo o
dicionário da língua portuguesa, aio significa: preceptor (mestre,
mentor) de crianças ilustres ou ricas. Entre os gregos, aio era um escravo
fiel, incumbido do cuidado com a criança desde a infância até o início
da maturidade, cujos deveres consistiam especificamente em proteger e
cuidar da criança sob seus cuidados de perigos físicos e morais e em acompanhá-la
a escola e locais de lazer.
O dever, o objetivo maior era torná-los
cidadãos habilitados, dignos e honrados da cidade. Os fiéis do Antigo
Testamento, de acordo com essa comparação, ainda não tinham atingido a
maturidade espiritual.
Deus lhes havia dado a Lei, com todas
suas exigências e injunções, como se fosse um aio. O propósito era guiá-los a
salvação em Cristo, quando então a Lei, ou melhor, a era da Lei cessaria. Na
verdade, o fato da Lei ser aio vale até hoje, visto que ela age e trabalha no
sentido de apontar o pecado ao coração de ser humano, mostrando-lhe sua
insuficiência e inabilidade em relação à santa vontade e santa justiça de Deus.
Quando o coração humano é atingido desta forma pela pregação da Lei, então a
boa nova do Evangelho, doce e gracioso, traz fé na justiça da obra salvadora de
Jesus Cristo e assegura ao fiel a sua salvação. A Lei, portanto, é apenas
preparatória. Quando a fé chega pelo Evangelho e toma conta da vida, o aio fica
dispensado. Nos tornamos adultos, atingimos a maturidade como filhos e filhas
de Deus.
No versículo 26 o apóstolo aponta
esse fato especialmente para os gentios convertidos: Vocês são filhos de Deus
pela "fé
em Cristo Jesus", não por qualquer obra da Lei.
No versículo 27, o apóstolo une, conecta a essa
verdade, outra, qual seja: nós nos tornamos filhos de Deus pela fé, através do
sacramento do santo batismo. Entramos na mais íntima relação com Cristo, fomos
vestidos com os vestidos da perfeita justiça de Jesus. "Com e em Cristo" diz Lutero, "Somos vestidos com
sua inocência, justiça, sabedoria, poder, salvação, espírito e vida".
Sendo assim, todos os fiéis são iguais
perante Deus, pois "todos vós sois um em Cristo Jesus". Na
vida social as distinções persistem. Na igreja, porém, todos são iguais perante
Deus, pobres pecadores carentes da salvação, filhos e filhas de Deus pela fé em
Jesus e nele, todos sendo um. E, por consequência, descendentes espirituais de
Abraão, "herdeiros
segundo a promessa".
Rev. Edson
Ronaldo Tressmann
Bibliografia