segunda-feira, 4 de maio de 2015

Deus não é bairrista

10/05/2015
6º Domingo de páscoa
Sl 98; At 10.34-48; 1Jo 5. 1-8; Jo 15.9-17
Tema: Deus não é bairrista.

         O bairrismo é muito forte em algumas culturas. Há famílias que se isolam e não se misturam com outras.
         É bom estar em nossa cultura, no meio dos nossos costumes, em nossas tradições. Aliás, essa é uma forte tendência entre muitas igrejas. Elas apostam e intensificam grupos homogêneos. Dizem que a igreja cresce mais quando os fiéis são semelhantes. No entanto, esse não era o pensamento e nem a prática da igreja primitiva e nem sequer o ensino e a prática de Jesus, “...Deus trata a todos de modo igual...” (At 10. 34) e “...é Senhor de todos” (At 10.36).
         O livro de Atos apresenta que pelo poder do Espírito Santo pessoas comuns seriam testemunhas em Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria e até os lugares mais distantes da terra. O desejo de Deus é que haja uma interação harmoniosa de colaboradores de diferentes culturas e regiões.
         Deus não age como nós seres humanos. Deus não tem uma raça preferida. Escolheu uma raça (Gn 12.2,3) para através dela salvar todas as raças.
         A igreja primitiva teve que lidar com a difícil questão a respeito dos judeus e dos não judeus. Os judeus se consideravam uma raça superior a todas demais e com direito de bênçãos especiais por parte de Deus.
         O livro de Atos mostra em quatro momentos que o Espírito Santo fez testemunhas para todas as direções. Atos 2, mostra a atuação do Espírito Santo em Jerusalém. Atos 8, mostra a atuação do Espírito Santo na Samaria. Atos 10, mostra a atuação do Espírito Santo nos confins da terra, afinal, Cornélio era comandante do exército que governava todas as terras habitadas da época. Atos 19 mostra a atuação do Espírito Santo na Judéia. O Espírito Santo atua para que todas as raças sejam uma pela fé, “todos os profetas falaram a respeito de Jesus, dizendo que os que creem nele recebem, por meio dele, o perdão dos pecados” (Atos 10.43).
         Se na época da igreja primitiva havia dúvidas sobre a diferença de raças. Atualmente os cristãos do século XXI enfrentam a dúvida sobre a diferença dos cristãos. Devido algumas correntes eclesiásticas, parece haver duas classes de cristãos, os mais e os menos abençoados.
         Os mais abençoados são aqueles que temem a Deus, que oram com fervor, são dizimistas, etc. Os menos abençoados, o são por não estarem de acordo com alguma dessas situações, ou não oram com fervor e fé, ou não são dizimistas, ou estão na igreja errada, etc.
         Há cristãos mais e menos abençoados por Deus?
         “...Porque ele faz com que o sol brilhe sobre os bons e sobre os maus e dá chuva tanto para os que fazem o bem como para os que fazem o mal” (Mt 5.45).
         Se Deus abençoasse mais os cristãos pelos mesmos serem cristãos, a situação seria facilmente resolvida. Ou seja, todos os cristãos morariam num mesmo lugar. Somente nesse lugar choveria e produziria, etc.
         A igreja primitiva aprendeu a lição de que não havia uma raça privilegiada, conforme o apóstolo Pedro disse: “...Deus trata a todos de modo igual, pois ele aceita todos os que o temem e fazem o que é direito, seja qual for a sua raça” (Atos 10.35). Antes de qualquer conclusão equivocada, vale ressaltar que não é uma escolha a partir das obras, ou da piedade, afinal, os que temem e fazem o que é direito é aquele que vive pela fé. Testemunham a sua fé no Senhor Jesus através do seu viver diário (Tg 2.17). Não há uma primeira e uma segunda categoria de cristãos. Não é a vida cristã que me dá salvação ou aceitação da parte de Deus. Não é uma suposta vida piedosa ou dizimista que me garante as ricas bênçãos de Deus. Deus é Deus independente de minha atuação.
         O texto de estudo (Atos 10. 34-48) traz como tema a certeza de que Deus trata a todos de modo igual, ou seja, Deus não é bairrista. Para todos enviou e envia a mensagem de “...paz por meio de Jesus Cristo... (At 10.36). Todos “...os que creem nele recebem, por meio dele, o perdão dos pecados” (At 10.43).
         Toda a questão é de fé. Quem crê é cristão. Quem não crê não é cristão. E essa questão atinge no centro principal, a respeito da maior de todas as bênçãos, a salvação eterna.
         As pessoas estão tão presas aos bens materiais que encaram bênção de Deus apenas as riquezas desse mundo. Assim, os que possuem um carro melhor, uma casa melhor, etc, parece ser mais amado por Deus que o outro, é um cristão mais fervoroso, etc.
         Deus trata a todos de modo igualDeus não é bairrista. Jesus morreu por todos numa cruz. Essa é a manifestação suprema do amor de Deus pela humanidade. Para realizar essa obra, Deus escolheu uma raça, não superior, mas para através dela, enviar seu único filho para morrer por e para todas as raças.
         O Espírito Santo tem como tarefa e missão inteirar harmoniosamente as diferentes culturas e regiões. É como uma mãe que ao ter um filho em outra nação, não deixa de ser mãe por seu filho não ser de sua raça.
         O Espírito Santo tem como missão espalhar para todas as raças o evangelho que une raças, povos e nações, fazendo os irmãos, mesmo sendo de pais diferentes. “Todos os profetas falaram a respeito de Jesus, dizendo que os que creem nele recebem, por meio dele, o perdão dos pecados” (Atos 10.43).
         Deus trata a todos de modo igual – ou seja, todos somos um, possuímos o mesmo Espírito Santo. Não há espaço para o bairrismo. Recebemos pelo Espírito Santo, quer seja pelo batismo ou pela pregação da Palavra, o mesmo dom, a fé. Chega de bairrismo!
         Assim como na igreja primitiva, também temos dúvidas com respeito a um grupo de primeira e segunda classe. Graças a Deus que temos texto como o de Atos 10.34-48. Deus nos abençoe e nos guarde na certeza de que Deus trata a todos de modo igual, afinal, Deus não é bairrista. Amém!


M.S.T. Rev. Edson Ronaldo Tressmann

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