segunda-feira, 11 de maio de 2015

Até quando orar?

17/05/2015 - 7º Domingo de páscoa
Sl 1; At 1.12-26; 1Jo 5.9-15; Jo 17.11b-19
Tema: Até quando orar?

         Quantas emoções a igreja primitiva viveu. Viveu na intensidade do ministério de Jesus. Por 3 anos, Jesus conversou com pessoas, lidou com muitas situações, aconselhou, ensinou, curou, etc. Após esse período a igreja primitiva encarou todo o seu sofrimento o que causou enormes choques emocionais. Mas, teve o privilégio de viver a emoção da ressurreição. Além da ressurreição, quantas lições foram transmitidas por Jesus durante os 40 dias em que ficou com seus discípulos antes de subir ao céu? Pena, mas, sendo esse o plano de Deus, que conhecemos e sabemos tão pouco dos eventos desses 40 dias, (entre a ressurreição e ascensão).
         Depois da ascensão, tendo descido o monte das Oliveiras, lugar de onde Jesus ascendeu-se aos céus, os discípulos viveram a emoção da espera. Tiveram que esperar alguns dias para que o auxiliador viesse da parte de Deus para que os mesmos fossem testemunhas em todos os lugares habitáveis da terra.
         A igreja do século XXI também vive suas emoções. Talvez não sejam tão intensas como aquelas, mas, a igreja atual vive na expectativa da segunda vinda de Jesus. Não se sabe o momento, por isso, a expectativa é marcada pela ansiedade. No entanto, enquanto espera, assim como aconteceu com a igreja primitiva, todos são convidados a orar. Orar pelas mais variadas situações.
      Orar pelo grupo do qual o salmista fala, ou seja, pelo grupo dos felizes cristãos, que muitas vezes parecem estar sozinhos. Orar pela escolha do pastor, da diretoria, orar pelos projetos e por sua execução. Orar em favor do próximo. Orar para que os costumes desse mundo não nos afaste de Jesus, (Jo 17.11ss).
         Orar – você tem o hábito de orar? Porque e por quem você ora?
         Todo o ministério de Jesus, bem como o início da atuação da igreja primitiva foi marcado por oração. A primeira situação que motivou a oração dos discípulos foi a escolha de um substituto para Judas.
         Observe que Lucas em Atos 1.12-26 mostra o apóstolo Pedro respondendo as pessoas a respeito da situação de Judas. Mesmo que tenha cometido suicídio após ter traído Jesus, o apóstolo Pedro não visa julgar a pessoa e a situação de Judas. Não há motivo para se lamentar ou ficar remoendo a dor pela perda de Judas. Era necessário escolher alguém. E para que a escolha fosse a melhor possível, todos oram. Numa sala, com 120 pessoas reunidas, tudo foi resolvido sob oração, vv. 14, 24-25.
         O médico Lucas se preocupou sob orientação do Espírito Santo, ressaltar momentos de oração no livro de Atos. Para Lucas a oração era algo muito necessário e importante.
         Ao ressaltar a oração por ocasião da escolha de Mathias, Lucas mostra que toda oração sempre tem uma resposta. A oração sempre fez parte dos propósitos de Deus. Observamos grandes momentos da história da igreja marcada pela oração.
         Ao realizar algum planejamento você ora? Ao executar seu planejamento, você ora? Como IELB, o desafio foi fazer o planejamento IELB 2015 – 2018. Houve oração? Agora, com os planos no papel, é preciso orar para que o mesmo seja executado para honra e glória de Deus.
         Por vezes desligamos nossa vida diária da oração. Há aqueles que oram somente na dificuldade. Como dito: “quando a água bate no queixo, se grita por socorro”.
         Certa vez uma mãe levou seu filho a um rabino, afinal, eram judeus, pois o mesmo possuía extraordinários dons intelectuais. A mãe disse que não tinha mais como educar seu filho, devido a sua sabedoria. Pediu que o rabino continuasse na educação. A mãe queria muito que o rabino aceitasse a tarefa e desafiou o rabino a fazer qualquer pergunta ao rapaz. O rabino então perguntou: “Meu filho, diga-me onde está Deus?” O rapaz respondeu: “Mestre, responderei sua pergunta se me disser onde Deus não está”. Esse é o segredo da oração: saber que não existe lugar onde Deus não está. Deus está presente ali onde eu estou e necessito dele. Por esse motivo pode-se perseverar na oração.   
         Há uma preciosa lição no ato da oração feita para a escolha de Mathias. “Senhor, tu conheces o coração de todos” (At 1.24). Isso mostra que Deus sabe o que é bom para seus filhos(as). Por isso, algumas orações não são atendidas por Deus. Muitos dos pedidos não são nem para a glória de Deus e nem para o bem do próximo.
         Não se pode ser incentivado a orar somente quando Deus atende os pedidos. Afinal, todas as nossas orações estão subordinadas a “vontade de Deus”. O fato de Deus atender algumas orações e outras não, não depende do cristão em si, mas da vontade misericordiosa de Deus. É um mistério de Deus. Infelizmente, está sendo impresso na cabeça de muitos cristãos que Deus atende as orações de acordo com o tamanho da fé, da piedade, dedicação e dízimo.
         Há pessoas que deixaram de orar por terem orado por longos anos, mas, segundo seu parecer Deus não lhes atendeu.
         Lembremos do exemplo de Mônica. Essa mulher nascida na Argélia no ano de 332, casou-se com um homem não cristão e teve dois filhos. Por longos anos orou pela conversão do marido e dos filhos. Suas orações foram atendidas por Deus e seu marido e dois filhos se tornaram cristãos. Um de seus filhos, Agostinho, por quem orou 30 anos, é um dos mais influentes teólogos na cristandade.
         Nossa vida, nossos afazeres, nossas decisões, são realizadas num mundo altamente tecnológico. Tudo acontecesse de maneira muito rápida. Tudo avança a passos largos. Assim, se deseja o mesmo na resposta as orações. A oração se tornou um whatsapp, enviou e já se recebe a resposta. Perdeu-se a perseverança na oração. Esquece-se de que Deus está em todos os lugares e em todas as situações.
         De acordo com o texto de Atos 1.12-26 parece de fato que a resposta ao nosso orar precisa ser rápido como foi na escolha de Mathias. No entanto, não é esse o objetivo do texto. Se é incentivado a orar nas mais variadas situações.
         Aprenda a lição com o salmista no salmo 1, para se alcançar a felicidade e ter êxito em tudo que faz, mantenha-se resistente à malvadeza e se apaixone pelo projeto de Deus. E no projeto de Deus, a oração é a transpiração no caminhar, no planejar, no executar, etc. Com Lutero, convém dizer: “Por isso é bom que a oração seja a primeira atividade da manhã e última noite”, pois, “É certo que podem surgir tarefas diferentes, tão boas ou até melhores do que a oração. Principalmente se houver necessidade”, por isso, “Precisamos cuidar para não nos desabituarmos da oração, ...ficando desse modo relaxados e preguiçosos, frios e enfastiados em relação a oração”. Amém!

M.S.T. Rev. Edson Ronaldo Tressmann
cristo_para_todos@hotmail.com


Bibliografia:
ROTTMANN, Johannes H. Atos dos Apóstolos. Vol. I (Atos 1-5). Ed. Concórdia, Porto Alegre, RS, 1997.


TRESSMANN, Edson Ronaldo. Lutero “entre aspas”. Editora Protexto, Quatro Barras, PR, 2014.

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