Tema do mês: Fundamentados em Jesus – “com um coração sincero eu te louvarei à medida que for aprendendo os teus justos ensinamentos” (Sl 119. 7)
25/11/12 – Ultimo Domingo do ano a Igreja
Sl 93; Is 51. 4 - 6; Jd 20 - 25; Mc 13. 24 - 37
Tema: Uma convocação urgente!
Quero aproveitar o espaço desse blog para divulgar breves palavras a respeito dessa pequena, mas urgente e necessária epistola.
Acompanhe abaixo:
1 – Eu, Judas, servo de Jesus Cristo e irmão de Tiago, escrevo esta carta aos que foram chamados, isto é, aqueles a quem Deus, o Pai, ama e a quem Jesus Cristo protege.
Concluímos que Judas era irmão de Jesus (Mc 6.3). Mas o que motivou Judas a não se apresentar como irmão de Jesus, mas como servo?
Servo de Cristo Jesus – (ιησου χριστου δουλος) – Aqui Judas retrata um aspecto da vida cristã, Humildade. Preferiu se apresentar como servo, escravo, e não como irmão do próprio salvador. Não buscava prestigio, simplesmente apontou para a fé que na prática o motivava a servir.
Mas, por que servo de Jesus e irmão de Tiago? Modéstia. Tiago era uma pessoa influente na época. E falando que era irmão de Tiago todos saberiam quem era Judas.
Ao concluir quem era Judas e por que preferiu se apresentar como servo deparamos com outra questão: para quem ele escreveu? Isso é difícil de afirmar. Os textos nos apresentam algumas pistas que podem nos levar há alguma conclusão. Há fortes indicações que Judas escreveu para Judeus que estavam espalhados por toda a Ásia Menor e Império Romano. Os argumentos para isso são: Testemunho das Escrituras; Testemunho Histórico; Testemunho Pessoal. Mas, não podemos deixar de esclarecer que também foi escrito para nós, cristãos, espalhados pelo mundo e especialmente pelo Brasil. Por isso, podemos ser incluidos, assim como aqueles judeus entre os chamados.
Aos chamados (Κλητοις) – ou seja, aos convidados por Deus (por meio do evangelho) para obter a salvação.
Judas está enviando essa carta a cristãos, e eles são classificados como chamados. E sendo chamados recebem a indicação do oficio que agora eles têm. Eles são chamados, ou seja, convocados, 2Tm 1.9-12; 1Pe 2.9; 5.10.
Vez ou outra a Bíblia usa o termo “chamados” no sentido de “vocação,” referindo-se a proclamação do evangelho. Em outras palavras, “estendemos o convite de Deus para a salvação dos pecadores.” Os chamados são todos os que ouvem e lêem a mensagem graciosa de Deus, Mt 20.16; 22.14; Ap 1.3. Com o termo “Chamados” (Κλητοι) a Bíblia faz referência aos convertidos. O chamamento do pecador à vida espiritual ou sua transferência do reino de Satanás para o Reino de Cristo.
Judas envia sua carta a esses judeus cristãos que pela fé se apropriaram das graciosas promessas do evangelho, Rm 1.5-6; 8.30; 1Co 1.2,26.
Judas ao se referir aos “chamados” diz que eles são amados e guardados. A expressão grega: τοις εν θεω πατρι ηγιασμενοις referindo-se aos αγιαζω – os amados, ou seja, os separados das coisas profanas e completamente dedicadas a Deus. Os convertidos ao serem agarrados em Cristo pela fé passam a viver uma vida nova, 2Co 5.15. Os chamados são verdadeiramente os cristãos, àqueles que pelo ouvir da Palavra receberam a fé, Rm 10.17, àqueles que gratuitamente receberam o maravilhoso presente de Deus, Ef 2.8, e que sem nenhum esforço receberam a salvação, Ef 2.9.
Judas ao especificar os chamados como “amados e guardados em Jesus Cristo” quer ensinar que os cristãos são atendidos cuidadosamente.
O termo grego τηρεω transmite a idéia de relógio. Os guardados em Jesus Cristo são os expectadores, os que olham atentamente, àqueles que desfrutam da presença de alguém, Mt 28.20. Isso não implica que uma vez convertido não cai mais da fé. Com essas palavras, além de transmitir consolo aos que crêem que somente pela fé se é salvo, também faz uma alerta para que se permaneça firme na fé, pois se está sujeito a cair da fé. Essa é a urgência da convocação. Os que estão na fé, permaneçam firmes e os que não estão na fé precisam ser alertados a virem para Cristo.
Judas não faz nenhuma referência especifica de igreja. Podemos afirmar que Judas se dirigia a um grupo de Judeus, agora cristãos, provavelmente espalhados por toda a região da Ásia e o restante do Império. A esse grupo de cristãos retirados da escravidão do pecado, separados do mundo e dedicados a Deus é que Judas se dirige. E ao lembrar que eles são guardados em Cristo Jesus, traz a lembrança as palavras de Jesus em Jo 6.39; 10.28-30; 17.11,12,15; 2Tm 4.18; 1Pe 1.3-5.
A esses cristãos Judas deseja algo. O que é? Estudemos o v.2
2 – Que vocês tenham mais e mais a misericórdia, a paz e o amor de Deus!
Ao escrever esta carta aos que foram chamados, aqueles a quem Deus, o Pai, ama e a quem Jesus Cristo protege, Judas primeiramente lhes deseja a misericórdia de Deus.
Misericórdia (ελεος) - ao desejar àqueles cristãos a misericórdia, está querendo transmitir a idéia de bondade e boa vontade ao miserável e ao aflito, associada ao desejo de ajudá-los. Demonstra uma ação antes das palavras. Ou seja, Deus em Jesus de boa vontade veio em busca do miserável e aflito pecador para nos ajudar a voltarmos para o Pai, pois sozinhos não conseguiríamos. Ao desejar a misericórdia, transmite aos cristãos à certeza de que diante dessa situação terrível que estavam enfrentando, Deus em sua boa vontade os socorreria. Os cristãos corriam perigo e precisavam de ajuda. E por meio dessa carta, por meio da instrução eles seriam auxiliados.
Depois da misericórdia, Judas deseja, (και ειρηνη και αγαπη), a paz e o amor. Paz: na nação é estado de tranqüilidade e entre os indivíduos é concórdia, harmonia. Eirene é uma palavra que vem de eiro que significa juntar, estar juntos. Essa paz está adicionada, acumulada ao amor, a partícula και que transmite a idéia de que pela paz que Cristo nos dá, agora estamos unidos no amor de Jesus Cristo pela humanidade na cruz. Essa paz Jesus transmitiu aos seus conforme João 14.2 e 20.19.
Quando Judas deseja “a misericórdia, a paz e o amor vos sejam multiplicados”, está transmitindo aos cristãos espalhados pela Ásia o seguinte recado: “que a ajuda e a concórdia sejam mutuas. Mantenham-se unidos e ajudando uns aos outros. A harmonia, a união e a ajuda precisam ser atitudes de cada um de vocês.” Conforme 2Pe 1.2 e João em Ap 1.4-6.
Os cristãos estão unidos a Deus através de Jesus. A paz com Deus é um dom que Deus concede. E é justamente essa união perfeita com Deus em Jesus Cristo que estava sendo atacada.
3 – Meus queridos amigos, eu estava fazendo todo o possível para escrever a vocês a respeito da salvação que temos em comum. Então senti que era necessário escrever agora para animá-los a combater a favor da fé que, uma vez por todas, Deus deu ao seu povo.
Mais uma vez diz aos que foram separados do mundo e dedicados a Deus que (πασαν σπουδην ποιουμενος), estava afobado e ansioso, estava empenhado, interessado com muita seriedade em escrever tendo em mente um propósito, (γραφειν υμιν περι της κοινης σωτηριας), acerca da nossa comum salvação.
Judas tinha como primeiro objetivo segundo o termo grego, abrir um buraco na parede para que todos pudessem ver e entender melhor a respeito da salvação que era igual para todos.
Ao se referir como “comum salvação” diz que a salvação dele, mesmo sendo irmão de Jesus, era a mesma salvação de todos os demais. Ser irmão do Salvador não era garantia de ser salvo. Ele, assim como todos também havia sido chamado, convertido, tirado do mundo e feito propriedade de Jesus, tanto que se anunciou como servo de Jesus.
Mas o que levou Judas a abandonar o objetivo primário? (αναγκην εσχον γραψαι). Judas anuncia algo que o obrigou a mudar o rumo do seu sermão. Notemos bem: Judas diz que se sentiu obrigado, (Αναγκην), ou seja, a circunstância o obrigou. Era uma situação extremamente difícil, um estado de calamidade.
A palavra εσχον – εχω – significa, segurar, ter. Esse ter é o mesmo que “controlar” a possessão da mente, referindo-se a alarme, agitação, emoção. Judas foi abalado por alguma notícia sobre aqueles cristãos e precisou controlar a sua mente, sua emoção e escrever a eles essa carta. A carta da convocação urgente à batalha. E isso mostra que a situação era alarmante. παρακαλων επαγωνιζεσθαι τη απαξ παραδοθειση τοις αγιοις πιστει – exortando-vos a batalhardes uma vez por todas pela fé.
Essa convocação era um chamado para que permanecessem do lado, recebessem instrução, pois assim estariam sempre prontos para (αγωνιζομαι), entrar na competição, nos jogos olímpicos, para preservar o ensino e a vivência correta da fé.
Segundo Judas a batalha não era fácil. A dificuldade e o perigo da luta são demonstrados através de duas palavras, επαγωνιζεσθαι, batalhardes e, σπουδαζω, diligentemente, que é o mesmo que apressar-se, esforçar-se, empenhar-se.
Judas queria falar sobre a Salvação, mas um alarme soou e ao invés de falar sobre o conteúdo da fé (fides quae) convocou os cristãos a batalharem, a serem diligentes em defender a verdadeira confiança, (fides qua).
Judas faz uma convocação: batalhar, entrar numa competição para defender algo. E essa convocação era urgente. Qual era o perigo? Batalhar para defender o que? “Pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos.” A fé foi entregue aos santos, aos que estão separados das coisas do mundo. A confiança, bem como o conteúdo, foi entregue aos cristãos para ser guardado. Não no sentido, de ficar só para o cristão, mas para ser preservado através do ensino correto.
A fé tem conteúdo – não cremos por crer. Confessamos e vivemos aquilo que cremos. E é sobre como viver essa fé que Judas nos instrui e convoca para defender o conteúdo da fé.
4 – Pois alguns homens que não temem a Deus entraram no meio da nossa gente sem serem notados. Eles torcem a mensagem a respeito da graça do nosso Deus a fim de arranjar uma desculpa para a sua vida imoral. E também rejeitam Jesus Cristo, o nosso único Mestre e Senhor. Há muito tempo que as Escrituras Sagradas anunciaram a condenação que eles já receberam.
Batalhar pela Fé entregue aos santos.
Quem são os santos? Então quem está sendo convocado para defender a fé? Contra quem estamos batalhando para defender a fé?
Contra certos indivíduos que se introduziram com dissimulação - παρεισεδυσαν γαρ τινες ανθρωποι - Aqui há referência a uma pessoa, homem ou mulher. A palavra ανθρωποι, nos dá a noção adicionada de fraqueza, pela qual o homem é conduzido ao erro ou induzido a pecar com a noção adjunta de desprezo ou piedade desdenhosa.
Essas pessoas que se introduziram secretamente na igreja estão fazendo uma coisa muito terrível para a fé. Torcem a mensagem cristã. Judas ao fazer uso do termo παλαι, anuncia que essas pessoas já existem de tempos antigos. Desde o Antigo Testamento já foram anunciados, προγεγραμμενοι.
Eram homens ímpios. O que é um homem ímpio? O termo Ασεβεις – descreve alguém destituído de temor reverente a Deus, que condena a Deus, 2Pe 3.7. Precisamos ter cuidado com esse tipo de pessoa, quanto a isso nos adverte João em sua segunda carta: “Se alguém vem ter convosco e não traz esta doutrina, não o recebais em casa, nem lhe deis as boas-vindas” (2Jo 10).
Esses homens que não temem a Deus com reverência e respeito faz qualquer coisa que o seu capricho sugere. Transformam a graça, aquilo que dá alegria e paz, em libertinagem, pervertendo a liberdade, Gl 5.13; 1Pe 2.16. A graça de Deus, oferecida gratuitamente, está por capricho de homens ímpios, sendo desconsiderada e recusada.
Quando Judas se apresenta como servo, o faz para atacar os homens ímpios, que negam ser δεσποτην – ou seja, negam que são escravos e que pertencem exclusivamente ao Senhor e que ele tem poder exclusivo sobre todos.
5 – Embora vocês conheçam tudo isso, quero lembrar que o Senhor salvou o povo de Israel, tirando-o da terra do Egito, mas depois destruiu aqueles que não creram.
Diante dessas pessoas que se introduziram entre os cristãos e estão pervertendo a graça de Deus, Judas se pronuncia com um βουλομαι – “quero.” E assim, anuncia que têm um propósito ao qual está disposto. Qual é a disposição, o propósito? Υπομνησαι – Lembrar. Trazer a lembrança, recordar, voltar à mente. O que Judas quer trazer de volta a mente dos cristãos? A verdade sobre a Salvação do povo e a condenação dos que não creram e crêem.
Judas disse: ειδοτας - “conheçam tudo isso”, “estejais cientes” – percebam claramente, vejam com olhos da mente. Aqui é como se nos lembrássemos das palavras do apóstolo João em sua primeira carta: “Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem de Deus, porque muitos falsos profetas têm saído pelo mundo fora. Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa a Jesus não procede de Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido que vem e, presentemente, já está no mundo.” (1Jo 4.1-3).
O termo usado para se fazer lembrar fez referência sempre de novo que aquilo que é lembrado não é nada novo, mas é algo que as pessoas já sabem, “Por esta razão, sempre estarei pronto para trazer-vos lembrados acerca destas coisas, embora estejais certos da verdade já presente convosco e nela confirmados” (2Pe 1.12). Judas ao lembrar quer justamente fortalecer sempre mais e mais aquilo que já é conhecido.
Esses judeus cristãos sabiam muito bem do que estava sendo dito: “que o Senhor, tendo libertado um povo, tirando-o da terra do Egito, destruiu, depois, os que não creram;” – “que o Senhor salvou o povo de Israel, tirando-o da terra do Egito, mas depois destruiu aqueles que não creram” – “οτι ο κυριος λαον εκ γης αιγυπτου σωσας το δευτερον τους μη πιστευσαντας απωλεσεν”.
Nesse versículo ao se dirigir com dois termos, απωλεσεν e σωσας. Ao dizer σωσας, está anunciando que Deus poupou o povo do sofrimento, conforme Êxodo 3.7-8. Deus preservou seu povo do perigo de destruição, (essa é a conclusão de José aos seus irmãos, Gn 50.20). E ao citar απωλεσεν – anuncia que Deus tornou inútil, tirou do caminho, declarou que estavam entregues a morte. Quem seriam esses que foram entregues a morte? Os Πιστευσαντας – aqueles que não depositavam sua confiança na verdade, Nm 14.26-35; 1Co 10.5. Muitos desses se apoiavam não na certeza da salvação, mas numa mera fé intelectual. Mais uma vez vemos na palavra de Deus que o que condena é a falta de fé. E a Fé Salvadora é a inteira confiança em Jesus Cristo como salvador. Não apenas o conhecimento do conteúdo.
6 – Lembrem dos anjos que não ficaram dentro dos limites da própria autoridade, mas abandonaram o lugar onde moravam. Eles estão amarrados com correntes eternas, lá embaixo, onde Deus os está guardando para aquele grande dia em que serão condenados.
Como lembrança Judas cita o exemplo dos anjos “e a anjos os que não guardaram o se estado original.” Conforme diz Pedro em sua segunda carta: “Ora, se Deus não poupou anjos quando pecaram, antes, precipitando-os no inferno, os entregou a abismos de trevas, reservando-os para o juízo;” (2Pe 2.40).
7 – Lembrem dos moradores de Sodoma, de Gomorra e das cidades vizinhas, que agiram como aqueles anjos e cometeram imoralidades e pecados sexuais. Eles sofreram o castigo do fogo eterno, o que é um aviso claro para todos
Depois dos anjos, Judas traz a mente dos judeus cristãos o fato ocorrido em Sodoma e Gomorra. Por isso inicia o versículo: ως – “como.” E por isso, havendo-se entregado, ou seja, se submergiram na prostituição. Seguiram o erro como se segue um líder.
Tanto os anjos caídos como Sodoma e Gomorra são colocados como modelo, para servir de alerta e manter a mente dos leitores e ouvintes aos quais Judas escreve sempre certos de onde estão e como estão vivendo.
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8 – do mesmo modo esses homens têm visões que o fazem pecar contra o próprio corpo deles. Desprezam a autoridade de Deus e insultam os gloriosos seres celestiais.
Estes – ou seja, aqueles que estão entre os cristãos se serem notados, os ímpios. Esses são tão perigosos que nem mesmo os castigos impostos aos anjos o conseguem deter, conforme 2Pe 2.10-12; Jd 9-10. Mas, Judas ao trazer a mente o fato da condenação dos anjos caídos, de Sodoma e Gomorra, quer transmitir aos judeus a necessidade de se manterem firmes na fé. Também é um aviso, que Sodoma e Gomorra viviam tranquilamente em seus erros, não se importando com aquilo que Deus dizia. E assim esses judeus cristãos eram chamados urgentemente a permanecerem firmes na fé e viver essa fé, mesmo em meio a uma geração corrupta e má.
Ενυπνιαζομενοι – ter sonhos ou visões. Ou ser seduzido por imagens sensuais e levado a uma forma de vida ímpia. Estes, os ímpios, segundo suas supostas visões estavam se deixando levar pelas armadilhas do inimigo e seu fim seria semelhante aos anjos caídos e Sodoma e Gomorra.
Contaminam – μιαινουσιν – tingir com outra cor. Como diz Lutero: “por meio de aparência de direito...”, ou seja, por meio de suas supostas visões divinamente inspiradas, estavam tingindo de outra cor o evangelho. Estavam, assim como disse Jesus, no meio do trigo, mas verdadeiramente sendo joio e estragando toda a plantação de trigo.
Rejeitam – põe de lado, opõe-se a eficácia de alguma coisa. Estes sonhadores, os ímpios, estavam colocando de lado àquilo a quem pertenciam, ou seja, Jesus. Eles estavam tão pervertidos que até rejeitavam a autoridade divina, Ef 1.20-21; Cl 1.16; Pv 8.22-31.
E por todas essas atitudes eles difamam, desprezam – falam mal, estavam ferindo o salvador a quem deveriam amar.
9 – Nem mesmo o arcanjo Miguel fez isso na discussão que teve com o diabo, para decidir quem ia ficar com o corpo de Moisés, Miguel não se atreveu a condenar o diabo com insultos, mas apenas disse: “Que o Senhor repreenda você!”
Ao citar Arcanjo, Judas quer imprimir na mente dos leitores e ouvintes a perversidade dos ímpios, pois não se sujeitavam a autoridade divina. Os judeus entendiam bem essa conotação “Arcanjo Miguel.” Pois, depois do exílio distinguiam várias ordens de anjos; alguns acreditavam na existência de quatro ordens de anjos de maior hierarquia; mas a maioria reconhecia sete ordens. Arcanjo é aquele que lidera. Mesmo como líder, não usou de sua autoridade para ir contra a autoridade divina.
“O Senhor te repreenda” – os hereges difamam e rejeitam a autoridade sem saber que nem mesmo o Arcanjo Miguel, o líder na milícia dos anjos, fez ou faz com o próprio diabo na disputa pelo corpo de Moisés.
10 – Mas esses homens xingam aquilo que não entendem. E as coisas que eles conhecem por instinto, como os animais selvagens, são estas que os destroem.
O termo “não” – é usado em perguntas diretas que esperam resposta afirmativa. “Não Entendem” perceber com os olhos, voltar a mente. Os ímpios não percebem com os próprios olhos, não podem voltar suas mentes, porque não tem o Espírito Santo, falam do que conhecem pelo seu intelecto. Usam a razão, também contaminada pelo pecado, e assim se afastam cada vez mais da fé verdadeira.
“Só compreendem” – επιστανται - pôr atênção em, fixar os pensamentos em, mudar a si mesmo ou a sua mente para, concentrar o próprio pensamento em algo; estar familiarizado com, entender; conhecer. Esse conhecimento é obtido por estar próximo do objeto. Eles só conhecem as coisas racionais, pois estão se alimentando somente delas. Só conhecem o que é carnal, por se alimentarem das coisas da carne.
11 – Ai deles! Seguem o mesmo caminho de Caim. Por causa de dinheiro, eles se entregam ao mesmo erro de Balaão. E, como Corá se revoltou e foi destruído, eles também se revoltam e serão destruídos.
Quem era e o que fez Caim? Quem foi e o que fez Balaão?
Ai deles - ουαι αυτοις – exclamação de tristeza, pesar, preocupação.
Επορευθησαν – prosseguiram – persistir na jornada iniciada, seguir um comportamento, assim como a marcha de um exército.
Precipitaram no erro – O exemplo de Caim se refere ao fato de mentalmente se desviar do caminho. Perambulava de lá para cá. Como se fosse um mendigo.
Balaão é um nativo de Petor, uma cidade da Mesopotâmia, investido pelo SENHOR com poder profético. Ele foi contratado por Balaque para amaldiçoar os israelitas; e influenciado pela expectativa de uma recompensa, ele quis satisfazer Balaque; mas ele foi compelido pelo poder do SENHOR a abençoá-los. Por isso mais tarde os judeus falavam dele como o mais abandonado ou enganado enganador. No hebraico significa “não do povo”. 2Pe 3.15; Nm 22.2ss; Ap 2.14.
Quem foi Corá? A resposta está em Números 16. Um homem que se rebelou contra Moisés.
Revolta – αντιλογια – contradizer, recusar-se a manter qualquer tipo de relacionamento.
12 – Com as suas vergonhosas bebedeiras, eles são como manchas de sujeira nas refeições de amizade que vocês realizam. Eles cuidam somente de si mesmos. São como nuvens levadas pelo vento, que não trazem nenhuma chuva; são como árvores que, mesmo no outono, não produzem nenhuma fruta; são como árvores que foram arrancadas pela raiz e estão completamente mortas.
Rochas submersas – um recife de coral. Essas rochas machucam. É usado como metáfora para falar dos homens que com sua conduta causam dano moral ou ruína a outros. Se divertem sem medo nenhum. A si mesmo se governam. 2Pe 2.13; 1Co 11.17-22; Jd 17-18.
Nuvens que são levadas a qualquer lugar. Que leva alguma coisa a qualquer lugar. Assim como uma tempestade; Pv 25.14.
Sem fruto – sem produzir o que deveria produzir.
Duplamente mortas – duas vezes separadas da vida.
13 – Eles são como as ondas bravas do mar, jogando para cima a espuma das suas ações vergonhosas; são como estrelas sem rumo, para as quais Deus reservou, para sempre, um lugar na mais profunda escuridão.
Ondas – κυματα – do mar ou de um lago. Refere-se a pessoas impulsivas e impacientes arrastados de um lado para outro por suas paixões violentas. Bravias – αγρια – vivendo ou crescendo no campo ou floresta. Grosseiro, rude, de sentimento violento, cf. Is 57.20-21.
Suas próprias sujicidades – embaraço de alguém por uma ação vergonhosa. Sentimento de “desgraça” que resulta de fazer algo sem valor, ou o medo de tal desgraça que serve para prevenir sua realização. αισχυνη leva em consideração principalmente a opinião dos outros. αισχυνη é principalmente o medo de ser descoberto. αισχυνη pode algumas vezes reprimir um ato mau.
Estrelas errantes – que leva alguém a pensar ou agir erroneamente, que conduz ao erro.
15 – para julgar todos. Ele virá a fim de condenar todos os que não querem saber de Deus, por causa de todas as suas más ações que praticaram e por causa de todas as palavras terríveis que esses pecadores incrédulos disseram contra Deus.
Para exercer juízo contra todos e para fazer convictos todos os ímpios – Ele virá tornar manifesto aquilo que foi feito. Vai separar a decisão que já vem pronta. Vai repreender com causa suficiente, e também efetivamente, de tal forma a levar o censurado à confissão ou, pelo menos, à convicção do seu pecado. Isso será individualmente, cf. Ap 20.12
Obras ímpias – oposição direta a Deus. Impiamente praticaram – dá a idéia de uma ocupação. Aquilo que se estava comprometido a fazer, um empreendimento. Isso era agir impiedosamente.
Aqui temos mais uma vez o que de fato condena o homem. O que é? “Ele virá a fim de condenar todos os que não querem saber de Deus, por causa de todas as suas más ações que praticaram e por causa de todas as palavras terríveis que esses pecadores incrédulos disseram contra Deus.”
17 – Mas vocês, meus amigos, lembrem do que foi profetizado pelos apóstolos do nosso Senhor Jesus Cristo.
Vós, porém, amados, - essa frase se repete no v.20. Lembrai-vos – voltem a mente aquilo que foi proferido em viva voz. Ou seja, proferidas – ditas antes.
Essas palavras proferidas se referem às palavras ditas pelos apóstolos e que são fundamento da vida cristã. Conforme o v.20, estando cientes de tudo, que foi dito, 1Co 11.2; 2Ts 2.15; 1Tm 6.20; 2Tm 1.14; 1.12; Cl 4.17; 1Co 15.1 – 4; 2Ts 3. 6
18 – Eles disseram a vocês: “Quando chegarem os últimos tempos, aparecerão pessoas que vão zombar de vocês, pessoas que não querem saber de Deus e seguem os seus próprios desejos”.
Escarnecedores – brincam com coisa séria. Jd 3, 18; 1Tm 4.1; 2Tm 3.1-5.
19 – São essas pessoas que causam divisões, pois são dominadas pelos seus desejos naturais e não têm o Espírito de Deus.
Separam dos outros. Sensuais são os que têm a natureza daquilo que se respira. Aquilo que é controlado simplesmente pelos apetites e paixões da natureza sensual. Eles não compreendem as coisas de Deus, v.10; 1Co 2.14-15; Jo 8.47; 14.17; Tg 3.14-15;
20 – Porém vocês, meus amigos, continuem a progredir na sua fé, que é a fé mais sagrada que existe. Orem guiados pelo Espírito Santo.
Edificando-vos – εποικοδομουντες. Para terminar a estrutura da qual a fundação já foi colocada. Para incrementar constantemente o conhecimento cristão e uma vida que se conforma a ele. Continuar sobre a convicção da verdade de algo, 1Co 3.10-15; Ef 2.19-22.
21 – E continuem vivendo no amor de Deus, esperando que o nosso Senhor Jesus Cristo, na sua misericórdia, dê a vocês a vida eterna.
Esperando – receber algo oferecido. Esperar o cumprimento da promessa. E esse esperar só é possível através da misericórdia de Deus, Fp 4.13; Hb 12.2.
22 – Tenham misericórdia dos que têm dúvidas;
Compadecer – ajudar alguém aflito ou que busca ajuda. Quer dizer que há uma missão entre aqueles que estão com dúvida. Se nós conhecemos a verdade, somos filhos de Deus, edificados em Cristo, precisamos exercer compaixão pelos que estão em dúvidas.
23 – salvem outros, tirando-os do fogo; e para com outros mostrem misericórdia com medo, odiando até as roupas deles, manchadas pelos seus desejos pecaminosos.
Αρπαζοντες – arrebatando-os. Pegar, levar pela força, reivindicar para si mesmo ansiosamente. Aqui recebemos a missão entre os que estão causando a polêmica. Conforme dito em Gl 6.1 e Mt 18.15, precisamos ir atrás dessa pessoa, não simplesmente acabar com o problema excluindo-o da congregação. Pela Escritura somos chamados a provar o erro deles e assim ajudá-los e não deixá-los se perderem pelo erro e dúvida.
Que belo conselho dado a nós pastores, leigos, servas, que tantas vezes queremos como se diz: “cortar o mal pela raiz”, mas sem dar oportunidade para a pessoa compreender o correto através daquilo que nós estamos edificados. Muitas vezes nos julgamos melhores, e queremos distância dessas pessoas. Judas nos transmite sua preocupação entre os criadores de problema.
24 – Deus pode evitar que vocês caiam e pode apresentá-los sem defeito e cheios de alegria na sua gloriosa presença.
Guardar – manter o olhar sobre. Cuidar para não escapar. Custódia segura e implica em ataque de fora. Apresentar – causa ou faz ficar de pé. Fazer uma pessoa manter o seu lugar. Ser mantido íntegro, escapar com segurança. Permanecer pronto ou preparado. Ser de uma mente firme.
Se estamos em Cristo, é em Cristo que somos convocados para trabalhar entre os criadores de problema, não simplesmente sermos juízes dessas pessoas. Não podemos atuar como os próprios hereges dentro da congregação. Somos convocados a defender a verdade do evangelho, mas atuando pelo evangelho, salvando os que estão na dúvida e contradizendo os que não estão na verdade.
Nessa missão, nessa batalha, Jesus é poderoso para nos guardar dos tropeços e ainda de nos apresentar com exultação.