10 de agosto de 2025
Nono
Domingo após Pentecostes – Próprio 14
Salmo
33.12-22; Gênesis 15.1-6; Hebreus 11.1-16; Lucas 12.22-34
Texto:
Lucas 12.22-34
Tema: Uma palavra para os ansiosos!
O Brasil é o país
com a maior prevalência de ansiedade no mundo. A Organização Mundial da Saúde
(OMS) alerta que para muitos, quem tem transtorno mental ainda é alvo de
preconceito. Esse preconceito é reverberado na frase:
- Ansiedade é frescura!
- Ansiedade é falta do que fazer!
- Ansiedade é falta de fé!
Se não for tratada
corretamente, a ansiedade vira uma adversidade e desencadeia outros transtornos
mentais, entre os quais, a depressão, que já acomete 300 milhões de pessoas no
mundo.
O Brasil possui a
população com a maior prevalência de transtornos de ansiedade do mundo. São
9,3% sofre de ansiedade patológica. E isso é decorrente de risco de desemprego,
recorrentes mudanças no rumo da economia, falta de segurança pública. São os
receios que geram a ansiedade.
Além disso, o
pouco acesso a serviços de saúde mental, muitas horas de trabalho durante o
dia, insegurança quanto ao futuro e pouca qualidade de vida, gera medo,
preocupação e angústia.
Jesus disse que a
vida é mais importante que todas as outras coisas (Lc 12.23).
Desde a queda em
pecado no Éden (Gn 3. 1-7), o homem se vê frente à tarefa de buscar, com
esforço e trabalho, o próprio pão.
Ao orar o pão nosso de cada dia nos dá hoje, confessamos
que tudo que temos vem de Deus e que dependemos do seu sustento e confessamos
que somos criaturas de Deus.
Após a queda em
pecado, a marca registrada da vida humana é não conseguir descansar. Recordemos
que o homem foi criado ao sexto dia. Isso enfatiza que tudo estava pronto para
seu benefício. A queda em pecado tirou o sossego e a paz. Assim, o ser humano
está sempre preocupado com a solicitude da vida. Sua maior ocupação e
preocupação é o amanhã. Até por isso, é difícil ouvir com sorriso e certeza as
palavras de Jesus “É por isso que eu digo a
vocês: não se preocupem com a comida que precisam para viver nem com a roupa
que precisam para se vestir. Pois a vida é mais importante do que a comida, e o
corpo é mais importante do que as roupas. Vejam os corvos: não semeiam, não
colhem, não têm despensas nem depósitos, mas Deus dá de comer a eles. Será que
vocês não valem muito mais do que os pássaros? Qual de vocês pode encompridar a
sua vida, por mais que se preocupe com isso? Portanto, se vocês não podem
conseguir uma coisa assim tão pequena, por que se preocupam com as outras?
Vejam como crescem as flores do campo: elas não trabalham, nem fazem roupas
para si mesmas. Mas eu afirmo a vocês que nem mesmo Salomão, sendo tão rico,
usava roupas tão bonitas como uma dessas flores. É Deus quem veste a erva do
campo, que hoje está aqui e amanhã desaparece, queimada no forno. Então é claro
que ele vestirá também vocês, que têm uma fé tão pequena! Portanto, não fiquem
aflitos, procurando sempre o que comer ou o que beber. Pois os pagãos deste
mundo é que estão sempre procurando todas essas coisas. O Pai de vocês sabe que
vocês precisam de tudo isso. Portanto, ponham em primeiro lugar na sua vida o
Reino de Deus, e Deus lhes dará todas essas coisas” (Lc 12.22-31).
Antes de dizer essas
palavras, Jesus aconselhou para se guardar da avareza. Muitas das ansiedades da
vida está no fato de amar o dinheiro, os bens materiais. O ser humano passou a
viver uma vida como se, sem dinheiro e bens materiais, não há vida. Jesus
recomenda: “Tenham cuidado com todo tipo de
avareza porque a verdadeira vida de uma pessoa não depende das coisas que ela
tem, mesmo que sejam muitas” (Lc 12.15).
Deus supre e dá ao homem a capacidade para buscar o pão.
Deixe me fazer uma
questão para reflexão: o que mostra de fato que se
está vivo?
Estar vivo
significa muito mais que bens materiais.
Pessoas deixam de
viver para correr atrás do dinheiro. Lembro de uma anedota que ouvi certo tempo
atrás.
Um
amigo chegou para o outro quando esse retornou de férias para sua terra natal e
disse: meu amigo, vamos embora para o estado do Mato Grosso comigo. Lá o
dinheiro corre solto. E o amigo respondeu: não vou não. Pois, se aqui que o dinheiro
está parado eu não o vejo, imagina lá que está correndo.
Tenho ouvido
muitas pessoas dizerem que os pais (homem) são negligentes quanto aos seus
filhos. Os pais são acusados de trabalharem demais. E os pais se defendem que
trabalham demais para oferecer o melhor para os seus filhos e família.
Caríssimo pai. Não
é pecado trabalhar demais. Não é pecado querer oferecer e dar o melhor para os
filhos e a família. Todavia, os filhos guardam para uma vida toda àquilo que se
transmite de carinho e tempo de qualidade. É possível que até mesmo os filhos
no futuro digam: meu pai só sabia trabalhar.
As palavras de Jesus
também ajudam os pais a não quererem tanto o que pertence ao amanhã
negligenciando o hoje.
Somos filhos do
Pai Celestial e Ele sabe nos dar as melhores coisas, assim, qual motivo para estarmos tão obcecados com coisas que
roubam a paz e o sossego?
No capítulo 12 do
evangelho Lucas, a exortação de Jesus é para que se busque o Reino de Deus em primeiro lugar.
Somos ensinados que a busca desse Reino é ignorada pelas mesmas situações de
algumas pessoas que compunham essa multidão descrita em Lucas 12: avareza e ansiedade
pelo amanhã.
O excesso de
preocupação leva muitos a zelar por coisas passageiras e ignorar o cuidado espiritual.
Excesso pelas coisas desta vida leva a cair em tentações, por essa razão,
convém ouvir a exortação de Paulo a Timóteo: “Porém
os que querem ficar ricos caem em pecado, ao serem tentados, e ficam presos na
armadilha de muitos desejos tolos, que fazem mal e levam as pessoas a se
afundarem na desgraça e na destruição. Pois o amor ao dinheiro é uma fonte de
todos os tipos de males. E algumas pessoas, por quererem tanto ter dinheiro, se
desviaram da fé e encheram a sua vida de sofrimentos” (1Tm 6.9-10).
Diante de toda
essa realidade, ouçamos as palavras de Jesus: “Pois
a vida é mais importante...” (Lc 12.23). Isso significa que, àquele
que concede a maior de todas as coisas: vida, nunca deixará de conceder o que é
menos.
Ao citar o exemplo
dos corvos que não semeiam, não colhem, não ajuntam, Jesus visa ressaltar que sem
ansiedade eles vivem até que Deus os permita viver. Por essa razão, “não fiquem aflitos” (Lc 12.29), ou seja, não
se percam entre a esperança e o medo. “Pois onde
estiverem as suas riquezas, aí estará o coração de vocês” (Lc 12.34),
não viva dividido, mas concentre-se naquele que te oferece o maior de todos os
tesouros: a vida.
Corremos o perigo
da loucura da avareza. Querer ter a qualquer custo. Corremos o risco de viver
nossa vida seguros numa conta bancária com saldo positivo.
Não é e nunca foi
pecado ser rico, ter bens materiais. O problema é quando isso se torna um fim
em si mesmo. É o cuidado que consome a si mesmo. O perigo é quando a segurança
está nos bens. Certo dia eu disse para uma pessoa que recebeu alta do câncer.
Veja como é a vida. Deus em sua graça salvou você do câncer. E outra pessoa,
com todas as possibilidades decorrentes do dinheiro, melhores hospitais,
melhores médicos, acabou falecendo.
Vive-se tão
esgotado tentando buscar ter, mas, isso não encomprida a nossa vida. Isso não
dá certeza de nada.
Sem ansiedade
recebemos corpo e vida. Aliás, você só sabe que sua mãe é sua mãe e seu pai é
seu pai, porque lhe dizem. Sem sua ansiedade você foi formado e entrou nesse
mundo.
Na parábola
anterior ao nosso texto (Lc 12.13-21), o rico poderia manter seus bens, mas e a
sua vida, qual era a garantia?
Com isso
aprendemos a superficialidade da nossa ansiedade. Uma pesquisa da Pennsylvania
State University, nos EUA, comprovou que 91% das nossas ansiedades não se
concretizam.
Mesmo os
passarinhos que soltos na natureza, sem armazém e ansiedade ganham a vida, qual
motivo da nossa preocupação?
Nossa preocupação
não irá acrescentar nada. Na verdade, a preocupação retora o sossego e a paz
que Cristo nos oferece por seu cuidado. A ansiedade tortura nossa mente e cria
um caos.
Jesus com palavras
amorosas diz: “Meu pequeno rebanho, não tenha
medo! Pois o Pai tem prazer em dar o Reino a vocês” (Lc 12.32).
Se somos parte
desse pequeno rebanho, podemos ter certeza de que o pastor é Jesus e desse
pastor é dito que ele nos guia e nada nos faltará (Sl 23).
Aqui está a
diferença entre o pagão e o cristão! O pagão continua querendo encher seus
celeiros sem considerar sua vida. O cristão reconhece que todo seu viver e ter
está nas mãos do bom pastor Jesus.
As palavras de
Jesus são como uma dose de remédio que cura a ansiedade e avareza.
As coisas desse
mundo continuam sendo uma armadilha para o sossego e a paz que Cristo oferece.
Certa vez Lutero
escreveu que a pessoa gira exatamente ao redor de si. A comida é para servir à
vida, mas a vida passou a servir a comida; as roupas devem servir ao corpo, mas
o corpo em verdade passou a servir às roupas. O mundo está tão cego que não vê
isso! Amém
Edson
Ronaldo Tressmann
Se
quiser fazer um pix voluntário
edson.ronaldotre@gmail.com
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