04 de setembro de 2022
Décimo terceiro após pentecostes
Salmo 32; 2Crônicas 28.8-15;
Gálatas 3.15-22; Lucas 10.23-37
Lecionário anual
Texto:
2Crônicas 28.8-15
Tema: Palavras
que levam a misericórdia!
O nome "Crônicas"
refere-se ao título hebraico - Dibrey
hayamim - "Narrativas dos dias
passados", uma conotação de "história"
do povo de Israel - desde Adão até o Edito do imperador Ciro, libertando Judá
do exílio na Babilônia.
Na Bíblia Hebraica, 1 e 2 Crônicas, são os últimos
livros do Antigo Testamento. Foram escritos após o povo de Judá ter voltado do
exílio babilônico e o autor quer mostrar que o povo do pós-exílio é o povo da
linha messiânica.
Era uma época de grandes problemas para o povo. Crônicas
auxilia aquele povo a entender-se melhor, a partir da sua história, uma
história onde fica evidente a presença de Deus e a sua aliança com eles.
A história ensina e dá lições importantes. E o relato de
2Cr
28.8-15 destaca justamente isso. As palavras de Odede (2Cr 28.9-11) resume bem
a lição. Aliás, bem irônico, afinal, os de Judá estavam sendo punidos pelas 10
tribos do Norte e os do reino do norte que estavam afastados de Deus, ouviram a
Palavra de Deus e exerceram misericórdia com aqueles que estavam sendo punidos.
A
história do povo de Deus ensina valiosas lições entre duas realidades: “...ele pecou contra Deus, o Senhor,...”
(2Cr 22.4) e “...fez o que é agradável a Deus, o Senhor, ...”
(2Cr 25.2).
Em
contraste ao rei Davi, Acaz foi mau. Fez ídolos representando Baal e praticou
culto cananeu. Acaz chegou a se envolver em rituais de sacrifícios humanos, inclusive
crianças. Toda essa situação desastrosa está descrita em 2Rs 16.
Acaz
foi derrotado pela Síria bem como por Israel (tribos do norte) e sofreu muitas
perdas. Dessa forma Acaz apelou para que o rei da Assíria o ajudasse a sair das
calamidades (2Cr 28.16). E, após os edomitas e filisteus terem invadido Judá e
houve um caos generalizado. Apesar do norte (10 tribos), terem se afastado de
Deus e se tornarem idolatras, estavam sendo usados por Deus para conclamar seu
povo ao arrependimento.
Acaz
não se arrependeu, mesmo tendo recebido a promessa de Deus (Is 7.14). Pelo
contrário, Acaz cometeu mais transgressões. O cronista destacou que não lhe foi
reservado lugar entre os sepulcros dos reis de Judá devido a sua profunda
iniquidade (2Cr 28.27).
O
mau cheiro da idolatria se tornou intolerável, por isso, Deus estava rebaixando
Judá (2Cr 28.19).
Acaz,
um rei que fazia o que era mal perante Deus, caiu nas mãos dos arameus, cujo
rei era Rezim (2Rs 16.5). Judeus foram aprisionados e levados para Damasco. Esse
era o terceiro ataque dos arameus contra Judá.
Além
dessa derrota, houve também a invasão do exercito israelita, pelo rei Peca, e
com isso, 120.000 mil soldados mortos num único dia. Entre esses mortos estavam
membros da família de Acaz, inclusive seu filho (2Cr 28.7) e membros da corte.
Israel (norte) levou 200.000 mil esposas, filhos, filhas para a Samaria.
Na
Samaria
havia um profeta de Deus e esse anunciou que Judá estava sendo punida por Deus.
No entanto, a vara nas mãos de Deus exagerou, passou dos limites (2Cr 28.9).
A
iniquidade de Acaz fez com que a maré da história voltasse contra ele. Acaz ouviu
a promessa com respeito ao salvador (Is 7.14) e mesmo assim pecou contra Deus. Ele
foi convidado a voltar para Deus, mas permaneceu idolatra e afastado de Deus.
Odede
exortou os soldados a devolver as pessoas e os bens para Judá, afinal, a
derrota na guerra era punição divina, mas a tribo do sul (Judá) não deveria ser
tratada como se fossem pagãos. Eles eram irmãos e não poderiam ser escravizados
(Lv 25.39-46).
Odede
disse que toda calamidade era um chamado de Deus para o arrependimento e não
uma autorização para os israelitas passarem do limite. Houve exagero, um ato de
brutalidade sem precedentes e isso precisava ser corrigido, é assim que o
profeta Zacarias anuncia: “...quando eu estava um pouco irado com o meu
povo, elas fizeram com que ele sofresse muito...”
(Zc 1.15).
Deus está sempre pronto a intervir!
E sua intervenção visa salvar os seus: “Fiquem sabendo que o Senhor, nosso Deus,
os corrige como um pai corrige o filho” (Dt 8.5); “Porque
o Senhor corrige quem ele ama, assim como um pai corrige o filho a quem ele quer bem”
(Pv 3.12); “Pois o Senhor corrige quem ele ama e castiga quem ele aceita como filho”
(Hb 12.6); “Feliz é aquele a quem Deus corrige! Por isso, não despreze o castigo do Deus
Todo-Poderoso” (Jó 5.17).
O
profeta Odede anuncia com maestria sobre o castigo de Deus, mas não deixa de
exortar os soldados e as autoridades sobre o excesso na punição. Dessa forma, é
como se o profeta estivesse dizendo que se Judá estava merecia aquela punição, mas
entre eles também havia pecadores, tanto que Odede anunciou: “O Senhor, o Deus dos seus antepassados, ficou irado com o povo de Judá e deixou que vocês o derrotassem. Mas
vocês mataram aquela gente com tanta raiva, que Deus ficou sabendo disso”
(2Cr 28.9).
E
aqui acontece algo maravilhoso, enquanto que Judá não deu ouvidos para o
anuncio dos profetas Isaías e Oséias, os samaritanos deram ouvidos a Palavra de
Deus anunciada por Odede, a ponto de terem reconhecido seus pecados (2Cr
28.13), e assim, levaram de volta os prisioneiros até Jericó, uma viagem de 80
km. Os soldados levaram de volta, pois a estrada de Jerusalém para Jericó era,
de fato, perigosa. Deram roupas e
sandálias aos que precisavam, deram de comer e de beber a todos eles e
cuidaram dos seus ferimentos. Muitos comentaristas relacionam esse
evento a parábola do bom samaritano (Lc 10.30,33,34). Esses,
mesmo afastados de Deus, preferiram ouvir a Palavra de Deus.
Os
samaritanos tiveram um ato de amor, ato raro, em tempo de guerra. A Palavra de Deus levou a prática.
Esse relato junto a parábola do bom samaritano ilustra o uso de misericórdia (2Cr 28.15; Lc
10.37). Uma ilustração do ministério de Jesus que veio nos resgatar das garras
do inimigo. Amém!
ERT