terça-feira, 12 de agosto de 2025

O martelo de Deus em um mundo do martelo de Thor (Jr 23.16-29)

 17 de agosto de 2025

Décimo Domingo após Pentecostes – Próprio 14

Salmo 119.81-88; Jeremias 23.16-29; Hebreus 11.17-31;12.1-3; Lucas 12.49-53

Texto: Jeremias 23.16-29

Tema: O martelo de Deus em um mundo do martelo de Thor.

 

Na mitologia nórdica, o martelo do deus Thor, o deus do trovão, era uma das armas mais poderosas dos deuses. Esse martelo era conhecido por sua capacidade de esmagar montanhas, derrotar gigantes e sempre retornar à mão de seu dono. Além de ser uma arma de batalha esse martelo era símbolo de força, autoridade e resistência; o martelo era usado em rituais para abençoar casamentos, nascimentos e funerais, garantindo fertilidade e prosperidade; sua força é física e destrutiva, capaz de causar tempestades e nivelar a terra, sendo uma manifestação do poder de Thor sobre a natureza.

A minha mensagem é como fogo, é como a marreta que quebra grandes pedras. Sou eu, o Senhor, quem está falando” (Jr 23.29).

No livro do profeta Jeremias, o martelo é usado como uma metáfora para a Palavra de Deus. O contexto dessa passagem bíblica traz uma denúncia de Deus contra os falsos profetas que falam de suas próprias imaginações, oferecendo uma mensagem de paz e prosperidade quando na verdade, Deus pronunciava que seu juízo estava por vir.

O martelo de Deus (Palavra), muito mais poderosa que o martelo de Thor, protege e oferece ordem contra o caos, conforme escrito: “...toda a Escritura Sagrada é inspirada por Deus e é útil para ensinar a verdade, condenar o erro, corrigir as faltas e ensinar a maneira certa de viver. E isso para que o servo de Deus esteja completamente preparado e pronto para fazer todo tipo de boas ações” (2Tm 3.16-17); o martelo de Deus (Palavra) oferece bênção e consagração. Pela Palavra de Deus, crianças são transportadas para o Reino de Deus (Cl 1.13); com seu martelo, Deus auxilia como uma arma na luta contra os poderes espirituais (Ef 6.13).

A minha mensagem é como fogo, é como a marreta que quebra grandes pedras. Sou eu, o Senhor, quem está falando” (Jr 23.29).

Por essa metáfora, o profeta Jeremias anuncia que quebra a dureza do coração humano e destrói toda arrogância dos que resistem a verdade da Palavra.

- A Palavra de Deus expõe doutrinas falsas e destrói mentiras dos falsos profetas que enganam o povo anunciando-lhes uma mensagem que agradam os ouvintes.

- A Palavra não pode ser contida e nem sequer ignorada. Por si só alcança o objetivo que é salvar.

- O martelo de Deus não é uma arma de destruição, apenas quebra o orgulho humano para que esse se arrependa e receba a salvação.

O profeta Jeremias foi o profeta que mais teve que lidar com falsos profetas. Sofreu forte oposição de falsos profetas. Amparado pela Palavra de Deus, foi firme e fiel na pregação. Tanto que o trecho bíblico (Ir 23.16-29) é uma poderosa condenação dos falsos profetas que não estão transmitindo a mensagem de Deus. Os falsos profetas desde sempre expressam suas próprias imaginações. Dizem às pessoas o que elas querem ouvir, transmitindo uma mensagem de “paz” quando na verdade Deus quer transmitir coisas que muitas vezes as pessoas não querem, mas precisam ouvir, com intuito de que se arrependam e sejam salvas.

Nesse breve trecho, Jeremias 23.16-29, é possível destacar:

1 – O contraste entre a Palavra verdadeira e os sonhos falsos que conduzem a interpretações equivocadas.

A Palavra de Deus é comparada a um fogo que purifica e um martelo que esmiúça a rocha (Jr 23.29) enquanto as palavras dos falsos profetas são como palha, inútil (Jr 23.28). A Palavra de Deus, ante a palavra dos falsos profetas, oferece vida, pois é comparada ao trigo.

2 – A Onipresença de Deus.

Eu sou o Deus que está em toda parte e não num só lugar” (Jr 23.23).

3 - A responsabilidade pessoal.

A passagem implica que as pessoas têm a escolha de ouvir o verdadeiro profeta ou se deixar ser enganada por falsos profetas.

O texto de Jeremias 23.16-29, especial e atualíssimo, nos conecta aos desafios da nossa época. Afinal, continuamos rodeados por falsos profetas. Esses continuam ensinando doutrinas que não se baseiam na Bíblia, todavia faz sentido para a razão humana, agrada o sentimento e cai no gosto popular.

O texto de Jeremias 23.16-29 pode ser utilizado na defesa da “doutrina pura”, ou seja, na defesa do ensino claro da Escritura Sagrada. O mensageiro não diz o que quer, mas deixa Deus falar. A Palavra purifica, esmiuça e oferece vida.

Com base no texto de Jeremias 23.16-29 podemos observar um dos princípios do Luteranismo desde sua fundação. A Escritura Sagrada, o martelo de Deus é a única autoridade da Igreja. A autoridade máxima da Igreja não é o Papa, nem sequer o Bispo, pastor ou apostolo, ou mesmo Martinho Lutero. A nomenclatura evangélica em si já nos ensina que a última e única Palavra é o evangelho, é a Palavra de Deus.

Precisamos preservar a Autoridade das Escrituras – aliás, o que mais é atacado e combatido pelo diabo que anda em derredor para devorar é justamente a autoridade das Escrituras. Quando a Bíblia deixa de ser a Palavra de Deus, tudo a respeito de Deus passa a ser ignorado.

A Bíblia, que esmiuça, restaura e dá vida, é a única fonte e norma para a fé e a vida cristã. Não há revelação fora das Escrituras Sagradas. Só um falso profeta é capaz de dizer: Deus me revelou fora das Escrituras.

Além de preservar a autoridade das Escrituras, é urgente combater a Religião Centrada no Homem. Há muitos ensinos que se concentram na experiência, nas obras ou nos sentimentos humanos. Isso é algo realmente destrutivo, pois leva ao perigo de se desviar da graça de Deus oferecida em Jesus Cristo. Essa era a condenação do profeta Jeremias ao combater os falsos mestres e suas mensagens baseadas em sonhos (Jr 23.28).

Cuidemos para não agir como os falsos profetas da época do profeta Jeremias e cuidemos para não passar a dar ouvidos aos falsos profetas. Atentemo-nos em usar o martelo de Deus (Palavra) para oferecer a verdadeira paz que é dada ao pecador arrependido dos seus pecados. Atentemo-nos em ouvir com atenção tão somente a Escritura Sagrada, pois “...é útil para ensinar a verdade, condenar o erro, corrigir as faltas e ensinar a maneira certa de viver. E isso para que o servo de Deus esteja completamente preparado e pronto para fazer todo tipo de boas ações” (2Tm 3.16-17).

O martelo de Deus é a própria Palavra poderosa e ativa de Deus.

Cuidemos para não ser como um dos três porquinhos que buscou se abrigar numa casa de palha. Os falsos profetas oferecem “palha” (Jr 23.28), Deus por seus profetas, pela sua Palavra oferece “trigo” (Jr 23.28), ou seja, vida e salvação.

Só a Palavra de Deus oferece e dá o que o ser humano tanto necessita: arrependimento, perdão e fé.

Num mundo que se ilude na esperança mitológica de um Martelo de Thor, Deus oferece seu martelo para dar e oferecer a verdadeira esperança.

Cuidado com àquilo que os falsos mestres possuem em comum: “Dizem coisas que eles mesmos inventam e não aquilo que eu falei” (Jr 23.16). Eles ignoram o que Deus disse por aquilo que eles querem dizer e retiram a única coisa que nos é oferecida gratuitamente: a salvação.

Por seu martelo, Deus primeiro nos esmiuça, ou seja, denuncia nossos pecados para depois nos encher com o perdão de Deus em Jesus. Amém

Edson Ronaldo Tresmann

 

Bibliografia

Carl Friedrich Keil (1807 – 1888) and Franz Delitzsch (1813 – 1890).

Editorial CLIE, 2019.

 

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