24 de agosto de 2025
Décimo
primeiro domingo após Pentecostes
Salmo
50.1-15; Isaías 66.18-23; Hebreus 12.4-24; Lucas 13.22-30
Texto:
Salmo 50.15 e Lucas 13.24
Tema: Ciclo
de dependência e gratidão.
A vida é uma
sucessão de ciclos que moldam nossa jornada e nossa visão de mundo. Experiências
passadas, sejam elas de alegria ou aflição, transforma e define quem se é.
No Salmo 50,
Asafe, líder de louvor no tempo de Davi e Salomão, é um convite para refletir
sobre um ciclo fundamental: ciclo
da nossa relação com Deus.
O Salmo se inicia
como uma teofania, uma manifestação grandiosa de Deus. Ele se assenta como
Juiz, não para condenar, mas para corrigir a visão equivocada de seu povo sobre
o culto. De um trono cercado por fogo e tempestade, Deus convoca o mundo
inteiro para testemunhar um julgamento que tem como foco principal àqueles que,
por meio de sacrifícios, tem uma aliança com Deus.
O problema,
e Deus deixa isso claro, não era a falta de sacrifícios. O povo oferecia
sacrifícios continuamente. A questão central estava na atitude por trás do
ritual do sacrifício. Israel havia transformado um ato de adoração em uma
barganha mecânica, como se Deus dependesse dos seus animais e sacrifícios e,
assim tudo estava ok entre eles e Deus. Como critica a atitude dos hebreus, o
salmista escreve o tom da ironia divina: “Pois
os animais da floresta são meus e também os milhares de cabeças de gado
espalhados nas montanhas... Se eu tivesse fome, não pediria nada a vocês, pois
o mundo é meu e tudo o que nele há” (Salmo 50.10-12).
O sacrifício
animal não foi instituído para suprir uma necessidade divina, mas para ser um
símbolo de expiação e um ato de adoração sincera. Mas, devido à natureza pecaminosa,
o povo, trocou o coração grato pela formalidade vazia.
Nesse contexto, Asafe,
responsável pela adoração, sob a inspiração divina, apresenta o verdadeiro
ciclo da adoração: “Que a gratidão de vocês seja
o sacrifício que oferecem a Deus, e que vocês deem ao Deus Altíssimo tudo
aquilo que prometeram! Se me chamarem no dia da aflição, eu os livrarei, e
vocês me louvarão” (Salmo 50.14-15).
A correção divina
aponta para a essência do culto, algo espiritual e interior, não apenas
exterior. A gratidão é o
verdadeiro sacrifício. Não é o ritual que salva ou protege, mas a
confiança no caráter de Deus que cumpre sua promessa. O povo confiava em seus
sacrifícios como se fossem amuletos, ignorando que o verdadeiro socorro vem de
Deus, e não do ato religioso em si.
Nas palavras do
versículo 15, Asafe revela um ciclo de dependência e gratidão: na aflição, clamamos a Deus, demonstrando total confiança em Deus; Deus nos livra por sua pura graça e não
por mérito nosso; Nós o louvamos
por ter socorrido.
Este ciclo nunca
se encerra, pois, da aflição diária nos livre hoje. Deus ouve nosso grito de
socorro no meio do clamor e nos socorre em meio a aflição.
O Salmo 50 é um
sinal vermelho diante do formalismo religioso. Do
que adianta aparência de piedade se o coração não confia em Deus?
Por mais bem
intencionadas que sejam as obras, elas não são capazes de salvar ou garantir
mérito diante de Deus. O convite do Salmo 50 não é: se esforcem mais, na
verdade é, confiem. Aliás, esse é o sentido da frase dita por Jesus, registrada
por Lucas: “Façam tudo para entrar pela porta
estreita. ...” (Lc 13.24).
Façam tudo – (agonizeste) agonizar,
significando um esforço que demanda energia. O verbo demonstra que não importa
o que irei perder nesse mundo, mas, não posso perder a intimidade real com
Jesus. É tal como passar por uma porta estreita, apertado e difícil, mas, vale
a pena. A porta estreita
significa intimidade real com Jesus, quer seja no momento de aflição (Sl 50.15)
quer seja no passar por sofrimentos com louvores (Hb 12.7).
Tanto o livramento
quanto a salvação são um dom, são uma manifestação da graça, não o resultado do
mérito humano decorrente do sacrifício.
O Salmo 50 junto
com as palavras de Jesus sobre a “porta estreita”
é um maravilhoso chamado para a fé genuína. Salvação é um dom gratuito e isso torna o
caminho, apesar de estreito, suportável. A confiança não está nos esforços, mas
no Deus que livra em Jesus e merece todo o nosso louvor. Amém
Edson
Ronaldo Tressmann
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