segunda-feira, 18 de agosto de 2025

Ciclo de dependência e gratidão (Sl 50.15)

 24 de agosto de 2025

Décimo primeiro domingo após Pentecostes

Salmo 50.1-15; Isaías 66.18-23; Hebreus 12.4-24; Lucas 13.22-30

Texto: Salmo 50.15 e Lucas 13.24

Tema: Ciclo de dependência e gratidão.

 

A vida é uma sucessão de ciclos que moldam nossa jornada e nossa visão de mundo. Experiências passadas, sejam elas de alegria ou aflição, transforma e define quem se é.

No Salmo 50, Asafe, líder de louvor no tempo de Davi e Salomão, é um convite para refletir sobre um ciclo fundamental: ciclo da nossa relação com Deus.

O Salmo se inicia como uma teofania, uma manifestação grandiosa de Deus. Ele se assenta como Juiz, não para condenar, mas para corrigir a visão equivocada de seu povo sobre o culto. De um trono cercado por fogo e tempestade, Deus convoca o mundo inteiro para testemunhar um julgamento que tem como foco principal àqueles que, por meio de sacrifícios, tem uma aliança com Deus.

O problema, e Deus deixa isso claro, não era a falta de sacrifícios. O povo oferecia sacrifícios continuamente. A questão central estava na atitude por trás do ritual do sacrifício. Israel havia transformado um ato de adoração em uma barganha mecânica, como se Deus dependesse dos seus animais e sacrifícios e, assim tudo estava ok entre eles e Deus. Como critica a atitude dos hebreus, o salmista escreve o tom da ironia divina: “Pois os animais da floresta são meus e também os milhares de cabeças de gado espalhados nas montanhas... Se eu tivesse fome, não pediria nada a vocês, pois o mundo é meu e tudo o que nele há” (Salmo 50.10-12).

O sacrifício animal não foi instituído para suprir uma necessidade divina, mas para ser um símbolo de expiação e um ato de adoração sincera. Mas, devido à natureza pecaminosa, o povo, trocou o coração grato pela formalidade vazia.

Nesse contexto, Asafe, responsável pela adoração, sob a inspiração divina, apresenta o verdadeiro ciclo da adoração: “Que a gratidão de vocês seja o sacrifício que oferecem a Deus, e que vocês deem ao Deus Altíssimo tudo aquilo que prometeram! Se me chamarem no dia da aflição, eu os livrarei, e vocês me louvarão” (Salmo 50.14-15).

A correção divina aponta para a essência do culto, algo espiritual e interior, não apenas exterior. A gratidão é o verdadeiro sacrifício. Não é o ritual que salva ou protege, mas a confiança no caráter de Deus que cumpre sua promessa. O povo confiava em seus sacrifícios como se fossem amuletos, ignorando que o verdadeiro socorro vem de Deus, e não do ato religioso em si.

Nas palavras do versículo 15, Asafe revela um ciclo de dependência e gratidão: na aflição, clamamos a Deus, demonstrando total confiança em Deus; Deus nos livra por sua pura graça e não por mérito nosso; Nós o louvamos por ter socorrido.

Este ciclo nunca se encerra, pois, da aflição diária nos livre hoje. Deus ouve nosso grito de socorro no meio do clamor e nos socorre em meio a aflição.

O Salmo 50 é um sinal vermelho diante do formalismo religioso. Do que adianta aparência de piedade se o coração não confia em Deus?

Por mais bem intencionadas que sejam as obras, elas não são capazes de salvar ou garantir mérito diante de Deus. O convite do Salmo 50 não é: se esforcem mais, na verdade é, confiem. Aliás, esse é o sentido da frase dita por Jesus, registrada por Lucas: “Façam tudo para entrar pela porta estreita. ...” (Lc 13.24).

Façam tudo – (agonizeste) agonizar, significando um esforço que demanda energia. O verbo demonstra que não importa o que irei perder nesse mundo, mas, não posso perder a intimidade real com Jesus. É tal como passar por uma porta estreita, apertado e difícil, mas, vale a pena. A porta estreita significa intimidade real com Jesus, quer seja no momento de aflição (Sl 50.15) quer seja no passar por sofrimentos com louvores (Hb 12.7).

Tanto o livramento quanto a salvação são um dom, são uma manifestação da graça, não o resultado do mérito humano decorrente do sacrifício.

O Salmo 50 junto com as palavras de Jesus sobre a “porta estreita” é um maravilhoso chamado para a fé genuína. Salvação é um dom gratuito e isso torna o caminho, apesar de estreito, suportável. A confiança não está nos esforços, mas no Deus que livra em Jesus e merece todo o nosso louvor. Amém

Edson Ronaldo Tressmann

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