31 de agosto de 2025
Décimo
segundo domingo após Pentecostes
Salmo
131; Provérbios 25.2-10; Hebreus 13.1-17; Lucas 14.1-14
Texto:
Sl 131.2
Tema: Vivendo
como criança desmamada!
“...como a criança desmamada fica quieta nos braços da
mãe, assim eu estou satisfeito e tranquilo, e o meu coração está calmo dentro
de mim” (Sl 131.2).
Vivendo como criança desmamada!
Parte
1
A Inquietude do Descontentamento
Psicólogos
elegeram Paulo como o homem mais feliz da terra, por causa de sua declaração: “Aprendi a viver contente em toda e qualquer situação”
(Fp 4.13).
Vivemos num mundo
de paradoxos. Há mais conforto, mais tecnologia e mais oportunidades do que em
qualquer outro momento da história, e ainda assim, todos parecem descontentes. Exemplo
disso, a Noruega, um país com alto índice de desenvolvimento, todavia, a
prosperidade material não erradicou a tristeza, e isso está refletido em suas
estatísticas de suicídio, 13 de cada 100 mil habitantes. Atualmente o dinheiro
é o fator decisivo e não o ser humano.
John D.
Rockefeller, fundador da a Standard Oil Company, empresa de petróleo e óleo dos
EUA, mesmo com sua imensa fortuna, desejava “só um pouquinho mais”
é uma ilustração sobre o descontentamento mesmo possuindo muito.
Você
é uma pessoa descontente?
Descontentamento é
um sentimento de insatisfação ou desconforto em relação a uma situação, pessoa
ou condição específica. A principal fonte de descontentamento é a discrepância
entre expectativa e realidade.
Na busca
incessante do ter mais, a sociedade moderna, e até muitas igrejas, acabam se
perdendo. O apóstolo Paulo na sua carta para Timóteo anota que a verdadeira
riqueza não está na busca por mais, mas no contentamento com aquilo que se
possui (1Tm 6.6). O descontentamento, como apontado por Judas (Judas 16), é uma
marca dos falsos mestres, que prometem prosperidade material em nome da fé.
Há uma busca frenética
pela felicidade, no entanto, se está sempre descontente. Esse descontentamento
se apresenta entre os cristãos, que trocam de igreja a medida em que descobrem
que em determinado seguimento há mais prosperidade. Ao registrar: “É claro que a religião é uma fonte de muita riqueza, mas
só para a pessoa que se contenta com o que tem” (1Tm 6.6), o
apostolo Paulo enfatiza que a verdadeira riqueza é estar contente com àquilo
que recebe de Deus.
Quando na leitura
do Salmo, ouvimos a metáfora da “criança
desmamada”, recebemos a ilustração vivida da verdadeira paz cristã. Essa
paz não vem de uma busca vertiginosa por conquistas ou bens, mas da total
rendição e confiança em Deus.
O paralelo é
claro: a criança desmamada não
chora e nem se agita por comida, pois aprendeu que sua mãe a nutre no tempo
certo. A criança desmamada está nos braços da mãe por puro contentamento,
segurança e afeto, não por necessidade física imediata. E sua paz vem da
presença da mãe, não da satisfação de um desejo.
O cristão, pela fé,
não vive a “ansiedade da busca”. Pela
fé, o cristão descansa em Deus, sabendo que tudo o que precisa será provido.
Sua satisfação não está nas “coisas grandes”
ou nos triunfos da vida, mas na presença do próprio Deus, no qual sua alma está
satisfeita e tranquila por ter sua esperança no Senhor.
A reflexão do
salmista ao ilustrar-nos como criança desmamada
ensina a abandonar a ambição desenfreada e o orgulho, que só traz agitação à
alma. A criança desmamada é uma
ilustração para a confiança total e a dependência completa de Deus que traz a
verdadeira paz, um estado de espírito que é essencial para uma vida de fé
genuína.
As palavras do
salmista “...como a criança desmamada fica
quieta nos braços da mãe, assim eu estou satisfeito e tranquilo, e o meu
coração está calmo dentro de mim” (Sl 131.2) é uma das mais belas e
profundas analogias sobre a fé. São palavras que revelam o significado sobre a
natureza da relação com Deus, a jornada da fé e a verdadeira paz.
Pelo evangelista Mateus,
recebemos o registro de que Jesus convida a não andar ansiosos (Mateus 6.26-30).
Jesus pede para que se olhe para os pássaros do céu e os lírios do campo. Esses
não semeiam nem colhem, mas são cuidados por Deus. Assim, Jesus transmite a
certeza do seu cuidado. Essa é a certeza que o salmista quer transmitir ao nos
descrever como crianças desmamadas. O
salmista destaca a confiança de quem está nos braços de um Pai que nutre e
protege.
A imagem da “criança desmamada” destaca uma criança que
passou por um processo de crescimento. Representa alguém que superou uma fase
de busca e agitação.
A criança desmamada repousa nos braços da mãe
por conforto e segurança, não por necessidade de alimento. Ela aprendeu
a confiar na presença da mãe, mesmo sem a satisfação imediata de uma
necessidade.
O ensino do Salmo
(Sl 131.2) destaca que o cristão não busca mais a Deus apenas pelo que Ele pode
dar, mas pela paz de sua presença. A descrição da criança
desmamada enumera a fé que não depende de bênçãos visíveis, mas da
certeza de que Deus está no controle. A paz do coração do salmista não vem da
ausência de problemas, mas da sua total confiança
em Deus.
O Salmo 131.2 é uma
antítese da ansiedade e da
preocupação. São palavras para um coração inquieto pelo seu
descontentamento e busca por mais e mais.
Jesus disse: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como
o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize” (João
14.27). A paz que Jesus oferece não é a ausência de conflitos e problemas, é
uma tranquilidade interna que reside na certeza de sua presença mesmo nos
problemas e conflitos. Essa calma é descrita pelo salmista.
Vivendo como criança desmamada!
Parte
2
A Paz que Vem da Confiança e da Gratidão
Ao iniciar o Salmo
escrevendo: “Ó Senhor Deus, eu já não sou orgulhoso;
deixei de olhar os outros com arrogância. Não vou atrás das coisas grandes e
extraordinárias, que estão fora do meu alcance” (Sl 131.1), Davi
reconhecia que sua vida tinha limites. Apesar disso, esse limite não o impedia
de ser grato e confiar em Deus.
Ser orgulhoso
significa acreditar que não se precisa de Deus. É um sentimento de
autossuficiência. Assim, ao escrever “...eu já
não sou orgulhoso; ...” (Sl 131.1), Davi destaca que depende
exclusivamente de Deus. Sem Deus nada sou e pôr mais que possua, não estou
satisfeito. A criança desmamada encontrou
paz e segurança em confiar no Senhor.
Esse mundo moderno
está roubando a paz e o sossego das pessoas. As pessoas correm atrás de tudo
para se apresentar como alguém de valor para a sociedade. Por isso, a busca
desenfreada para se ter a melhor casa, o melhor carro, a melhor roupa, ...e
mesmo que consiga isso, não se está satisfeito.
É preciso aprender
a viver “...como a criança desmamada fica quieta
nos braços da mãe, assim eu estou satisfeito e tranquilo, e o meu coração está
calmo dentro de mim” (Sl 131.2). Contentamento e confiança
andam de mãos dadas.
Contentamento
é a base da felicidade. Contentamento é saber-se cuidado por Deus. Querer
mais, acumular mais, não é pecado, todavia, sua grande contribuição é gerar
desconforto e insatisfação. Ao contrário disso, o autor a carta aos hebreus destaca
que o contentamento gera dois resultados: em
relação a Deus e em relação ao
próximo (Hb 13.15-16).
A paz não está no ter
mais, a paz está na confiança naquele que sustenta. A calmaria de um coração
tranquilo, como o de uma criança desmamada, é um presente de Deus.
Um mendigo pediu
comida na casa de um homem rico e, recebeu muito mais que comida, recebeu
acolhimento, pode assentar-se à mesa e fazer companhia ao hospedeiro, e chegou
a ser convidado para morar nessa casa. Sua reação foi perguntar: “O que posso fazer por você?” E a resposta do
hospedeiro foi de que ele poderia ajudar em qualquer atividade doméstica e
familiar. Todavia, o convite não era para ele fazer algo, mas para ser amigo da
família.
O
que este mendigo poderia fazer? A única resposta era
viver em gratidão. Não há nada que aquele pobre homem possa dar além de sua
gratidão. Tudo o que ele tinha era o que o anfitrião possuía e dispensava para
ele.
Como criança desmamada
recebemos de Deus tudo o que precisamos e nisso nos contentamos. Por essa razão
nosso coração está tranquilo e calmo. Amém
Edson
Ronaldo Tressmann
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