segunda-feira, 30 de setembro de 2019

Carta para um filho na fé! É para você pastor!


Décimo sétimo Domingo após Pentecostes!
Salmo 62; Habacuque 1.1-4; 2.1-4; 2Timóteo 2.1-14; Lucas 17.1-10
Texto para prédica: 2Tm 1.1 - 14
Tema: Carta para um filho na fé! (2Tm 1.2)

Uma carta cheia de emoção e um forte senso de urgência. Uma carta tão necessária para nossos dias, assim como foi naquela época em que Paulo a enviou.
Não sei você, mas, tenho ficado muito aflito. Minha angústia refere-se ao número de pastores que estão pedindo demissão do ministério, e também por notícias de que alguns pastores infelizmente chegaram ao ponto de suicidar-se.
A segunda carta de Paulo à Timóteo têm muito para nos comunicar. Gostaria, e esse é meu pedido, que um leigo ou uma serva, lesse essa mensagem para seu pastor.
Carta para um filho na fé! v.2
A segunda carta de Paulo ao pastor Timóteo, é um verdadeiro apelo para que o mesmo se mantenha firme, preservando intacto o evangelho. Paulo deseja conscientizar Timóteo quanto a sua responsabilidade em assumir a liderança da igreja (1.14). Essa carta foi escrita por Paulo quando estava preso em Roma, pois havia retornado para lá para tentar reanimar os cristãos que estavam abalados pela perseguição e calúnia de terem incendiado Roma. A história, através dos pais da igreja, nos revela que Paulo foi decapitado após esse aprisionamento.
O momento era o mais amargo para a igreja cristã. Havia perseguição e assédio dos falsos mestres.
Paulo, na prisão, ao escrever a carta, vai recordando muitas situações e eventos em relação a Timóteo que desde a segunda viagem missionária é um dos seus companheiros mais próximos. E assim, ao escrever a carta, Paulo diz que se lembra de Timóteo nas suas orações (v.3). Você tem orado pelo seu pastor? Lembra também das lágrimas de Timóteo (v.4). Você sabia que seu pastor sofre. Quantas lágrimas, ele derrama, mas, para não afligir os congregados, sempre sorri. O apostolo Paulo lembra da fé sincera de Timóteo (v.5). Seu pastor é um homem consagrado e dedicado a Cristo? Pois é exatamente isso que Paulo ressalta de Timóteo. Ele não fazia papel de ator, pelo contrário, era totalmente consagrado e dedicado à Cristo. Ele defendia a fé cristã, se resguardando dos ataques dos falsos mestres.
São muitas as situações em que as pessoas se chateiam com uma frase dita por seu pastor numa mensagem. Você já se chateou com seu pastor? Lembre-se, a preocupação pastoral é zelar pela tua alma e cuidar da verdade do evangelho. O pastor não está preocupado com ele, mas, com àqueles que lhe foram confiados.
O apostolo Paulo escreve uma carta para um pastor. E nessa carta cheia de emoção, relembra sua infância, suas lágrimas e sua formação cristã.
Carta para um filho na fé!
Essa carta é um palpitar de coração. Nela está registrada fortes emoções e a indicação da urgência do momento.
Qual é a urgência do momento? Será que é preciso meditar nessa carta para um filho na fé?
Querido irmão e irmã em Jesus: Como você reage ao ficar sabendo que um pastor pediu demissão? Ou se suicidou? Crítica, revolta, medo, ... As emoções são variadas. No entanto, quero registrar o alerta do apostolo Paulo, e quero destacar como essa carta tivesse sido escrita com seu nome querido pastor.
Carta para um filho na fé!
Conserve vivo o dom de Deus (v.6).
Timóteo se distinguia de outros obreiros, a ponto de Paulo dizer que ninguém era como ele no zelo de cuidar dos interesses da igreja e de Cristo (Fp 2.20,21). Mas, as circunstâncias decorrentes das perseguições e dos ataques externos, bem como sua timidez e constante doença, estava levando-o a pensar em abandonar a sua vocação pastoral. Havia também uma certa instabilidade, e tudo isso poderia empurrar Timóteo para fora.
Há muita pressão aos pastores em nossos dias! Qual tipo de pressão está empurrando os pastores para fora?
Conserve vivo o dom de Deus (v.6)
No mundo antigo, nunca se mantinha o fogo constantemente acesso. As brasas eram afastadas quando se desejava baixar o fogo e, quando a situação exigia, as brasas eram amontoadas para que o fogo queimasse. E agora, conforme Paulo, era momento de amontoar as brasas e fazê-las queimar, pois a situação exigia. Paulo, compara o dom ao fogo.
Porque era preciso reavivar? Timóteo estava constantemente doente (1Tm 5.23), era tímido (1Co 16.10), relativamente jovem (1Tm4.12; 2Tm 2.22), tinha fortes opositores (1Tm 1.3-7,19,20; 4.6-7; 6.3-10; 2Tm 2.14-19,23).
Ao falar sobre reacender, conservar vivo o dom de Deus, o apostolo Paulo, destaca que esse dom é algo dado pelo Espírito Santo. Não foi forjado por mãos humanas e nem sequer dado por qualquer um (v.7). Em outras palavras, Paulo diz a Timóteo que quer seja na doença, na timidez, na oposição, na perseguição, nas lutas internas e externas, ele não está sozinho. E sabendo que o Espírito Santo pôs nele e reacende o dom, continue agindo (v.8-10).
Ao chamar Timóteo, Paulo, Pedro, João, Tiago, André, Arthur, Geovani, Edson, Daniel, Danilo, Deus o fez com um propósito especial (v.11).
Os pregadores sofrem oposição não por causa deles, mas por causa do evangelho que proclamam. O evangelho têm origem no Éden, quando tudo parecia perdido para o ser humano. E sendo o evangelho a solução de Deus para o desastre humano, resta ao diabo atacar o evangelho e os que o anunciam (2Co 4.4; Ef 6.12). O evangelho é o poder de Deus para salvar (v.9; Rm1.16-17). O evangelho justifica e santifica um povo para Deus (v.9). O evangelho coloca o ser humano numa nova perspectiva de vida neste mundo (Ef 1.4;1Ts 4.7). O evangelho oferece o que não é possível conquistar: a salvação.
O apostolo Paulo anuncia para Timóteo que pregar o evangelho envolve sofrer pelo evangelho (v.8,11-12). Cada capítulo dessa carta há esse destaque (1.14; 2.2,8,9; 3.13-14; 4.1,2). A graça do pregador chamado e enviado para proclamar o evangelho, é sofrer oposição por causa do evangelho (v.12; Fp 1.29).
O mundo é hostil ao evangelho. O homem em sua natureza repudia o evangelho. E quem crê e prega o evangelho o faz por ter sido alcançado pelo poder do evangelho (v.9, 11-12).
Eram tempos de perseguição e assédio dos falsos mestres. Muitos cristãos foram queimados vivos, outros decapitados. As acusações contra os cristãos de que haviam provocado o incêndio à Roma deixou toda uma cidade contrária aos crentes.
Tempos amargos!
Atualmente também estamos vivendo dias amargos. E a recomendação bíblica para esse momento é: conserve vivo o dom de Deus ... (v.6), você não está sozinho (v.8).
Eram tempos de perseguição e abandono da vida cristã. E, duma masmorra escura, Paulo escreve uma carta para um filho na fé. Mostrando a sua empatia com esse pastor e o alertando para manter intacto o conteúdo do evangelho (v.14).
O evangelho era e é o tesouro da igreja!
Entre as muitas pressões pastorais, está a pressão do crescimento. É como se o pastor precisasse fazer algo para que a igreja fique cheia. Leia atentamente 1Co 3.6.
O evangelho é o tesouro da igreja. Esse evangelho precisa ser proclamado fielmente pela igreja e pelos pregadores, mesmo que haja pressão por outros motivos.
O evangelho é o poder de Deus que chama pessoas à fé cristã. O evangelho é o poder pelo qual Deus salva e santifica sua igreja. O Espírito Santo guia pelo evangelho à toda a verdade e sustenta os crentes principalmente em momentos amargos e difíceis.
Uma bela carta para um filho na fé! E o pedido é só um: conserve vivo o dom de pregar o evangelho. Amém!
Edson Ronaldo Tressmann
Bibliografia
CHAMPLIN, R.N. O Novo Testamento Interpretado versículo por versículo. Vol. 5. Editora Hagnos, São Paulo, 2014

LOPES, Hernandes Dias. 2Timóteo. O testamento de Paulo à igreja. Editora Hagnos, São Paulo, 2014.

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Lázaros aos Lázaros!

Décimo sexto domingo após Pentecostes!
Salmo146; Amós 6.1-7; 1Timóteo 6.6-19; Lucas 16.19-31
Texto: Lucas 16.19-31
Tema: Lázaros aos Lázaros!

O maior desejo de uma pessoa é ser rico!
Quem nunca sonhou em ter muito dinheiro? Se você fosse rico, o que faria com suas riquezas?
Não apenas por este texto que concluímos que morreu é céu e inferno. O texto indica claramente a respeito do meu futuro eterno e que o mesmo está atrelado ao que nessa vida tenho depositado a minha confiança. Nas riquezas ou em Cristo! Cristo é o centro da minha fé.
A história do rico e de Lázaro mostra que o ímpio depois da morte está em tormento (Lc 16.23). As almas permanecem no céu ou no inferno até o dia do juízo final, quando serão reunidos com seus corpos. A descida de Cristo ao inferno (1Rs 3.19,20), mostra que os incrédulos estão em prisão. Só há apenas dois lugares: céu e inferno, e num deles, a nossa alma entra e depois, por ocasião da volta de Cristo, nosso corpo também irá. Por ocasião da volta de Cristo, os mortos irão ressuscitar e Jesus, dará aos piedosos a vida e alegria eterna; os ímpios, serão condenados, para junto com o diabo e seus anjos serem atormentados sem fim.
O Dr Piper ressalta que não haverá ateus no inferno, pois o castigo o convencerá a existência de um juiz justo e onipotente (Lc 16.27-28). O objetivo de Deus com a pregação da condenação visa o arrependimento (Mt 3.7-12). Deus não destinou o ser humano ao inferno, pois, logo após a queda em pecado, uma opção humana decorrente da tentação do diabo, Deus prometeu o salvador (Gn 3.15). Deus quer que todos sejam salvos (1Tm2.4). No entanto, o diabo não se cansa de tentar o ser humano para afastá-lo de Deus. E uma das mais perigosas tentações que tem feito milhares de pessoas se afastarem de Deus é o amor ao dinheiro (1Tm 6.10).
Para muitos ricos, os pobres são como Lázaro, ou seja, que Deus os socorra. Lázaro significa Deus Socorre. Aquele rico (Lc 16.19-31), assim como muitos atualmente, apenas considerava o pobre como um coitado que não aproveitou as oportunidades e que devia ser um vagabundo. Aquele rico não aproveitou a presença do pobre como sendo uma oportunidade de Deus para demonstração de amor.
Na época não havia talheres (surgiram por volta de 1500 com Leonardo da Vinci). E sem talheres, comiam com as mãos e limpavam seus dedos nos pães que eram jogados fora. E desses é que os cães e os mendigos se alimentavam.
Jesus, ao contar essa história relata algo que nos faz refletir. A situação do rico. Ele confiava somente em suas riquezas. Deliciava nelas e julgava-se superior aos demais. E Jesus, dizendo que mesmo no inferno, aquele rico não compreendia e julgava-se superior a Lázaro. No verso 24 está registrado o pedido do rico de que Abraão mande Lázaro com seu dedo refrescar lhe a boca.
E já que isso não era possível, àquele rico pediu de maneira mais humilde que Abraão mandasse Lázaro para seus irmãos (v.27).
O pedido foi negado com explicação do por que no v.29eles tem Moisés e os profetas”, ou melhor, eles tem a Palavra de Deus. Que as ouçam! Eles precisam ouvir a Palavra de Deus. Se não a ouvem, um milagre, não os fará crer (v.31).
Qual foi o pecado do rico? Foi justamente o que ele não fez. Constantemente confessamos nossos pecados dizendo: pequei pelo que pensei, falei, fiz e deixei de fazer.
Querido irmão e irmã – as desigualdades sociais são naturais? Será que é normal, uns terem toda a riqueza e outros toda a pobreza?
Não é pecado ser rico! Ela é um dom (Ec 5.10; Rm12.8). No entanto, como alerta Paulo a Timóteo, o amor a riqueza muitas vezes cega as pessoas. Por isso, Deus enviou o profeta Amós. E esse denunciou as desigualdades sociais. E nós precisamos falar, refletir sobre as desigualdades sociais.
Como lutar contra as desigualdades sociais?
Foi dito por Abraão ao rico: eles tem Moisés e os profetas. Todo resumo da lei e dos profetas conforme as palavras de Jesus é: Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento... Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mt 22.37,39).
Você tem ouvido Moisés e os profetas? Talvez você esteja sempre dentro da igreja, mas, assim como na época do profeta Amós, tem negado a prática do amor ao seu semelhante. Muitas pessoas carecem do básico para viver, ou precisam daquela TV velha que está no seu depósito para assistir.
Quantas congregações estão abastadas financeiramente, e outras necessitam apenas de algumas Bíblias novas para que as pessoas possam ler a Bíblia.
Por que é tão importante ouvir o que diz Moisés e os profetas?
Primeiro: para que haja salvação. Rm10.17 – por meio da sua Palavra, Deus opera, dá e fortalece a fé. Por isso, nos exorta no terceiro mandamento a ouvir atentamente a Palavra de Deus, e tirarmos um dos dias semanas para o ouvir.
Segundo: para sermos motivados a prática das boas obras (Ef 2.10; 2Tm 3.17).
Sem a Palavra de Deus não há fé e nem sequer obras que agradam a Deus, afinal, sem fé ninguém agrada a Deus (Hb 11.6).
Éramos miseráveis, mas, Jesus, sendo Deus, não ficou sentado no trono celestial, mas, aceitou descer e tomar nosso lugar para nos resgatar e nos socorrer (Fp 2.6).
Os Lázaros, socorridos por Deus em Jesus, são enviados ao mundo para socorrer os muitos Lázaros que necessitam de socorro. Amém!
Edson Ronaldo TREssmann

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Mitos e Verdades sobre o dinheiro

Décimo sexto domingo após Pentecostes!
Salmo146; Amós 6.1-7; 1Timóteo 6.6-19; Lucas 16.19-31
Texto para prédica: 1Tm 6.6-19
Tema: Mitos e verdades sobre o dinheiro (1Tm 6.6 - 19)

Há um quadro no telejornal na Record que diz: mitos e verdades sobre a alimentação. Hoje, proponho refletirmos um pouco sobre os mitos e verdades do dinheiro.
Para combater mitos a respeito do dinheiro, o apostolo Paulo escreve a presente perícope (1Tm 6.6-19), afinal, pessoas cristãos estavam se perdendo por começarem a amar o dinheiro.
As pessoas sonham com a felicidade. A felicidade parece estar naquilo que não possuímos. As pessoas gastam todas as suas energias e forças na busca das coisas materiais e quando as conseguem, caem na real, e observam que a tão sonhada felicidade não está ali.
O apostolo Paulo usa a Palavra contentamento no sentido de suficiência interior que guarda a pessoa em paz a despeito das circunstâncias externas. Você se sente mais em paz quando a conta bancária está cheia?
Paulo, o apostolo, combate os falsos mestres que estavam fazendo da piedade uma fonte de lucro. Era como se o dinheiro lhes trouxesse a felicidade, o contentamento, a segurança eterna. “É claro que a religião é uma fonte de muita riqueza, mas só para a pessoa que se contenta com o que tem” (1Tm 6.6) e admoesta: “Pois o amor ao dinheiro é uma fonte de todos os tipos de males. E algumas pessoas, por quererem tanto ter dinheiro, se desviaram da fé e encheram a sua vida de sofrimento” (1Tm 6.10). Seus óculos são feitos de moeda? Ou, você tem se vislumbrado com a riqueza?
Falsos mestres, além de distorcerem a doutrina, amavam o dinheiro e não encontraram e nem encontram contentamento. O pastor que é pastor só por dinheiro está fadado ao fracasso!
1 – Dinheiro é temporal! (v.7).
Nunca presenciei um velório em que a mudança ou dinheiro fosse colocado junto a cova do falecido. E mesmo que você já tenha visto, saiba que, essa mudança, ou dinheiro, não ressuscitarão e nem tomarão lugar, quer seja no inferno ou no céu.
O apostolo Paulo alerta sobre o perigo do amor, apego ao dinheiro. O dinheiro e a riqueza são bênçãos (Ec 5.10-20; Rm 12.8), quando usados corretamente e em favor do próximo, caso contrário é uma maldição.
Jesus instruiu acerca do dinheiro e da riqueza. Das 38 parábolas, em dezesseis discute esse assunto. Além disso, há cerca de 2 mil versículos que lidam com a questão do dinheiro e das posses.
Por que toda essa conversa sobre dinheiro? Para alertar a usar o mesmo corretamente e não apegar-se ao vintém como fonte de contentamento e salvação: “Pois onde estiverem as suas riquezas, aí estará o coração de vocês” (Mt 6.21).
O apostolo escreveu: “Portanto, se temos comida e roupas, fiquemos contentes com isso. Porém os que querem ficar ricos caem em pecado, ao serem tentados, e ficam presos na armadilha de muitos desejos tolos, que fazem mal e levam as pessoas a se afundarem na desgraça e na destruição” (1Tm 6.8-9).
2 – Sem dinheiro com o dono das riquezas! (v.8)
Jesus ensinou a orar: “O pão nosso de cada dia nos dá hoje”. Infelizmente essa frase foi trocada pelos ambiciosos, que oram dizendo: “O dinheiro meu, deposita na conta hoje”.
Ao ensinar a orar: “O pão nosso de cada dia nos dá hoje”, Jesus instruiu a pedir o pão de cada dia e assim, quis mostrar que o necessário para o corpo e a vida é concedido pelo Pai Celestial. “Portanto, se temos comida e roupas, fiquemos contentes com isso” (1Tm 6.8). Palavras convidativas a satisfação nas coisas que Deus concede. Ou seja, repouse em paz e tranquilo, pois, o essencial para o corpo e a vida não faltará.
3 – O amor ao dinheiro pode destruir qualquer pessoa (v.9 - 10)
Porém os que querem ficar ricos caem em pecado, ao serem tentados, e ficam presos na armadilha de muitos desejos tolos, que fazem mal e levam as pessoas a se afundarem na desgraça e na destruição. Pois o amor ao dinheiro é uma fonte de todos os tipos de males. E algumas pessoas, por quererem tanto ter dinheiro, se desviaram da fé e encheram a sua vida de sofrimentos” (1Tm 6.9-10).
O perigo de buscar uma suposta felicidade no dinheiro é que o mesmo nos conduz a tentação de fazer do dinheiro um deus. Um deus que socorre a todo e qualquer momento. Dessa forma, a pessoa, passa a buscá-lo de uma maneira desenfreada, chegando ao ponto de cometer ilegalidades para obtê-lo.
Salomão (Ec 5.10) escreveu que “quem ama o dinheiro jamais dele se farta, e quem ama a abundância nunca se farta da renda.
O amor ao dinheiro é uma das grandes armadilhas do diabo para desviar pessoas da fé cristã. Muitos se esqueceram e deixaram Deus de lado para buscar ganhar dinheiro. Pesquisa rápida: Porque muitos não estão no culto hoje? Estão trabalhando para ganhar mais dinheiro ou ostentando o seu dinheiro, gastando-o.
Você já reparou como os ricos vivem? São inquietos, inseguros, medrosos. Qualquer alteração no mercado econômico, suas bases ficam abaladas. Todo rico vive perturbado por duas coisas: angustiado em ganhar e com medo de perder.
Pois o amor ao dinheiro é uma fonte de todos os tipos de males...”.
É preciso destacar que o amor ao dinheiro é apenas uma das muitas fontes de todos os tipos de males. Nesse sentido, não precisamos apelar para a pobreza como fonte de felicidade assim como fazem os franciscanos.
O amor ao dinheiro, apego aos bens materiais, leva pessoas à amargura, afastamento de Cristo e desprezo aos pobres. Por amor ao dinheiro, Judas traiu Jesus e suicidou-se. Por amor ao dinheiro, Ananias e Safira mentiram ao Espírito Santo. Por amor ao dinheiro, vidas tem sido destruídas. Por amor ao dinheiro, pessoas foram perante o altar e prometeram amar até o fim apenas para usufruir dos bens. Por amor ao dinheiro, pessoas traficam de drogas, cigarro, sequestram, assassinam ... Lembre-se: o amor ao dinheiro é apenas uma fonte para tantos males.
O maior perigo do amor ao dinheiro é o afastamento da fé cristã. Para que os cristãos não se percam no amor ao dinheiro, o apostolo escreve (vv. 11 a 16) cinco maneiras de como proceder.
1 – Fuja da tentação do amor ao dinheiro (v.11)
Fuja do amor ao dinheiro, cuidado, pois, dos dez mandamentos de Deus, dois tratam da cobiça. Fuja dessas coisas! Ao contrário, viva uma vida correta, de dedicação a Deus, de fé, de amor, de perseverança e de respeito pelos outros.
2 – Combata o bom combate da fé (v.12)
Tudo lhes é dado pelo Pai. Ele é Senhor.
Combater é um termo emprestado do atletismo, e quer dizer: agonizar. A enfatizar para que se combata o bom combate, o apostolo aconselha a colocar toda a energia no andar com Deus e no fazer a obra de Deus. Para que ficar desperdiçando as energias no ganhar muito dinheiro, se Deus nos dá o que necessitamos dia após dia.
Combater o bom combate da fé é confessar a fé, mesmo que tudo parece indicar ao contrário.
Paulo escreve “toma posse da vida eterna” como sendo algo já real. Em outras palavras, o apostolo quer transmitir a certeza de que nada adianta ficar sofrendo pelo aqui e agora, pois, em Cristo já temos a vida eterna.
3 – Confesse a fé! (vv.12-16)
O perigo era negar a fé cristã diante da perseguição.
4 – Depositem a confiança em Deus (v.17)
As riquezas tornam as pessoas orgulhosas. Elas passam a se julgar merecedoras das riquezas. Aqui vejo o quão perigoso é a teologia da prosperidade. Ela ressalta que a fidelidade nos dízimos e vida santa é que dá a riqueza. A riqueza torna as pessoas orgulhosas de si.
Muitos ostentam poder, tudo devido a riqueza. Ela pode pagar o melhor advogado, médico, ... a riqueza faz viver uma verdadeira ilusão. A riqueza é instável. É como querer atravessar um rio pisando em pedras de isopor. Salomão escreveu: “Não se mate de trabalhar, tentando ficar rico, nem pense demais nisso. Pois o seu dinheiro pode sumir de repente, como se tivesse criado asas e voado para longe como uma águia” (Pv 23.5).
5 – Faça coisas que a riqueza muitas vezes impede fazer (v.18-19)
Não deixe o amor ao dinheiro dominar você. Não deixe o dinheiro ser seu patrão e nem seja servo do dinheiro. Use seu dinheiro para o bem dos outros. Se não quer fazer o bem com as próprias mãos, doe seu dinheiro a quem o faz. Seja uma pessoa generosa assim como Deus é generoso com você todos os dias. Amém!
Edson Ronaldo Tressmann

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Honrados em administrar as coisas de Deus!


Décimo quinto domingo após Pentecostes!
Salmo 113; Amós 8.4-7; 1Timóteo 2.1-15; Lucas 16.1-15
Texto para prédica: Lucas 16.1-5
Tema para prédica: Honrados em administrar as coisas de Deus!
  
Jesus é um verdadeiro contador de histórias. Histórias que ensinam e instruem. E a parábola do administrador infiel (Lucas 16) é escatológica, ou seja, trata sobre um assunto dos fins dos tempos.
No capítulo 15 e 16, Lucas narra parábolas contadas por Jesus. Havia três tipos de ouvintes. Primeiro: cobradores de impostos e pessoas de má fama. Segundo: os discípulos. Esses desejavam ouvir e aprender de Jesus. Terceiro: os fariseus e os mestres da lei. Esses apenas ouviam com o objetivo de criticar Jesus. E a crítica estava atrelada ao fato de Jesus acolher pessoas que eram mal vistas na sociedade.
Ao contar as parábolas, da ovelha e da moeda perdida, do filho pródigo, do administrador desonesto, do rico e de Lázaro, da viúva e do juiz, do fariseu e do publicano, Jesus se apresenta como o enviado de Deus para buscar o perdido. Com essas histórias, Cristo está comunicando que cada pecador desesperado pode se agarrar na única alternativa que o salva: na misericórdia divina.
Ao contar a parábola do administrador desonesto, Jesus destaca que esse homem adquiriu riquezas ilicitamente. A lei judaica proibia e proíbe cobrar juros sobre empréstimos. Esse homem, além dos juros, superfaturava de 20% a 50% as taxas de juros sobre o trigo e o azeite de oliva. A lei judaica dizia que essa prática era cúmulo da injustiça.
O administrador, pelo sua atitude, ressaltada por Jesus de inteligente, era conhecedor da lei judaica. Por ser conhecedor da lei de Deus, o administrador sabia o rigor que a administração exigia dele e quais eram suas responsabilidades como administrador. A maior de todas era justamente a fidelidade no gerenciamento. E, é justamente nesse ponto que a parábola enfatiza a observação do patrão: Eu andei ouvindo umas coisas a respeito de você. Agora preste contas da sua administração porque você não pode mais continuar como meu administrador.” (Lc 16.2).
O administrador temeu, pois seu patrão conhecia a verdade. E é justamente nessa situação que o administrador desonesto descobre a maior de todas as virtudes do seu patrão. O administrador deveria ter sido preso imediatamente e não ter mais acesso às contas do patrão. No entanto, o patrão o deixa livre.
Por esse ato, o administrador percebe a misericórdia do patrão. E nessa misericórdia, arrisca todas as suas chances. Sem que os outros saibam que havia sido despedido, chama cada um dos devedores e reduz os juros das dívidas, ou melhor, retirando as taxas indevidas. Fez isso com o objetivo de ser recebido posteriormente na casa desses empreiteiros como forma de gratidão pela seu suposto ato.
Reduzir as dívidas, alguns casos em até 50%, levou muitos a comemorar. Houve uma festa de gratidão na vila em resposta a imensa bondade do patrão.
O fato era que por ter sido despedido, o administrador não poderia dar tal ordem e nem sequer os devedores podiam assinar qualquer contrato. Mas, o administrador agarrou-se na misericórdia do patrão que o deixou livre e é elogiado por sua perspicácia.
Quem diria, Jesus elogiar um ato de corrupção. A pergunta que muitos se fazem é o motivo desse elogio.
O patrão em sua misericórdia permitiu que o administrador ficasse solto e com liberdade para agir. Agora, o patrão tinha duas alternativas diante do acontecido. Primeiro: voltar-se aos devedores e dizer que o administrador havia sido despedido dias antes e seus descontos não eram válidos e a dívida permanecia como antes. E expor o administrador a um grande vexame. Ou, segundo: ficar em silêncio, aceitar a gratidão daquelas pessoas que haviam recebido perdão de boa parte de suas dívidas.
Os devedores perdoados louvavam ao patrão pela sua generosidade. No Oriente Médio, a maior qualidade de um nobre é sua generosidade, sua misericórdia.
O objetivo do administrador foi um sucesso. Foi perspicaz e ao mesmo tempo, agarrou-se na misericórdia do patrão. Nesse sentido, pela esperteza do administrador, Jesus destaca: “as pessoas deste mundo são muito mais espertas nos seus negócios do que as pessoas que pertencem a luz” (Lc 16.8).
O termo “espertasesperto” – em sua etimologia transmite a ideia de “instinto de autopreservação.
O instinto e a necessidade de auto preservação que leva o administrador a agir. O administrador disse para si mesmo. Como vou viver agora, afinal, “não tenho forças para cavar a terra e tenho vergonha de pedir esmola,” (Lc 16.3). Preciso me auto preservar! E para sua auto preservação, agarrou-se onde poderia se agarrar naquele momento.
As pessoas querem se auto preservar. O que um ser humano é capaz de fazer para se auto preservar?
Para sua autopreservação as pessoas deste mundo são espertas, inteligentes e perspicazes. E dessa forma, ao ressaltar que “as pessoas deste mundo são muito mais espertas nos seus negócios do que as pessoas que pertencem a luz” (Lc 16.8), Jesus está enfatizando que muitos dos críticos, ou seja, fariseus e escribas, se auto preservavam diante das pessoas, mas, não estavam se auto preservando diante de Deus. Por essa razão, “Jesus disse a eles: Para as pessoas vocês parecem bons, mas Deus conhece o coração de vocês. Pois aquilo que as pessoas acham que vale muito não vale nada para Deus” (Lc 16.15).
Gostamos de nos apresentar bem diante dos homens e muitas vezes, vivemos uma falsa religiosidade. Ou melhor, nos escondemos atrás das nossas máscaras.
A parábola apresentada por Lucas é escatológica. Trata sobre o fim dos tempos. Em outras palavras, somos denunciados como pessoas que desfrutam dos bens de Deus (v.1). Como os estamos gerenciando?
É preciso que compreendamos que as vocações pertencem a esse mundo. Elas nos foram concedidas para serem direcionadas ao próximo. Em nossas vocações, não estamos nos voltando à Deus, mas, nos inclinando ao nosso próximo. Exercer nossa vocação é continuar na obra criadora de Deus. No batismo, Deus o autor do mesmo, nos vocacionou para amar e servir ao próximo onde estivermos (Gustav Wingren, Luther on Vocation).
Somos mordomos das coisas criadas para preservar a criação. O mordomo é alguém que administra os bens de outra pessoa. A pessoa não possui esses bens, mas tem o privilégio de desfrutá-los e usá-los em benefício do próximo. É necessário ouvir atentamente a palavra de Deus mediante o profeta Amós: “Escutem, vocês que maltratam os necessitados e exploram os humildes aqui neste país. Vocês dizem: “Quem dera que a festa da Lua Nova já tivesse terminado para que pudéssemos voltar a vender os cereais! Como seria bom se o sábado já tivesse passado! Aí começaríamos a vender trigo de novo, cobrando preços bem altos, usando pesos e medidas falsos e vendendo trigo que não presta. ...” (Am 8. 4-6a).
Como estamos administrando o que temos recebido de Deus, em favor do próximo?
O ladrão diz: o que é seu é meu, passe para cá. O egoísta exclama: o que é meu, é meu, fico com tudo. O cristão, mordomo responsável ressalta que o que é meu é uma dádiva de Deus, vou compartilhá-la.
O apostolo Pedro, escreveu aos cristãos que estavam vivendo em fuga constante devido as perseguições: “Sejam bons administradores dos diferentes dons que receberam de Deus. Que cada um use o seu próprio dom para o bem dos outros!” (1Pe 4.10).
Se porventura, estamos negligenciando nossas vocações e deixando de socorrer nosso próximo, é preciso agarrar-se na única coisa que nos auxiliará: a misericórdia daquele que nos dá todas as coisas para administrarmos. As parábolas do filho pródigo, do fariseu e do publicano e do administrador infiel, anunciam a necessidade que temos de nos agarrar na misericórdia divina para nossa preservação. Afinal, como pecadores, nas coisas deste mundo usamos a oportunidade com sabedoria para nos preservar.
Jesus anuncia que tanto o filho esbanjador, quanto o administrador desonesto traem a confiança que foi depositada neles. Ambos, o esbanjador e o desonesto, não apresentaram desculpas. Reconheceram seus erros e se agarraram no único lugar que lhes era possível agarrar: na misericórdia do pai e do patrão.
Deus é misericordioso! Em seu filho veio ao nosso encontro e nos resgatou.
Ao nos presentear com a fé, quer seja pelo Batismo ou Pregação, nos coloca numa posição de mordomos dentro do seu reino e por isso, nos faz três admoestações (Lc 16.9-13). Primeiro: usar as oportunidades que temos para servir ao próximo com alegria (Lc 16.9); Segundo: sermos fiéis no uso daquilo que administramos (Lc 16.10-12); Terceiro: dedicar-se com firmeza em nossos propósitos (Lc 16.13; Mt 6.19-24).
Para terminar vale lembrar que ao sermos colocados como administradores das coisas de Deus nesta vida, somos honrados pela oportunidade de continuar agindo na criação de Deus que está aí para que o próximo seja abençoado, assim como nós somos abençoados. Amém!

Edson Ronaldo Tressmann

segunda-feira, 9 de setembro de 2019

Perdidos e achados!

14º Domingo após Pentecostes!
Sl 119. 169 - 176; Ez 34. 11 - 24; 1Tm 1. 12 - 17; Lc 15. 1 - 10
Texto para prédica: Lucas 15.1-10
Tema: Perdidos e achados!

Você já percebeu o quanto é importante a seção de perdidos e achados?
Dias atrás acompanhando uma reportagem sobre o departamento de perdidos e achados numa rodoviária, assustei-me com a quantidade de objetos que lá estavam. O próprio repórter questionou sobre a quantidade de pertences perdidos.
Os objetos perdidos tem um dono e com certeza fazem falta para quem o perdeu.
A igreja é um departamento de perdidos e achados! E aqui está uma das grandes críticas da atualidade referente a igreja. A crítica dos fariseus e escribas é a mais forte crítica a igreja em pleno século 21. “Este homem (Jesus) se mistura com gente de má fama e toma refeições com eles” (Lc 15.2).
No oriente médio, comer a mesa junto com alguém é uma questão de honra. Os fariseus e os escribas entendiam que não havia honra nenhuma a ser dada aos publicanos e pecadores. Outra coisa, o convidado é que dava honra ao dono de sua presença. E os escribas e fariseus não entendiam que tipo de honra poderia dar a Jesus os pecadores estarem na sua companhia.
Isso, o mundo, e infelizmente, muitos cristãos, não conseguem entender que a igreja é a composição de pecadores resgatados por Cristo. São os perdidos que foram achados pela graça de Deus.
As Confissões Luteranas descrevem no Artigo VII da Confissão de Augsburgo que a “igreja cristã, propriamente falando, outra coisa não é senão a congregação de todos os crentes e santos, todavia, já que nesta vida continuam entre os piedosos muitos falsos cristãos e hipócritas, também, pecadores manifestos. Os sacramentos nada obstante são eficazes, embora os sacerdotes que os administram não sejam piedosos. Conforme o próprio Cristo indica: "Na cadeira de Moisés estão sentados os fariseus, ...” (LC, 2006, p.32).
A igreja está representada pelos escribas e fariseus e também pelos pecadores e publicanos. Defino a igreja com as palavras de Cristo na parábola, ou seja, os que causam alegria e festa no céu por se arrependerem (Lc 15.7,10).
A igreja é a composição dos arrependidos!
Jesus atraía pecadores! Parecia imã de pecadores. Por que Jesus atraia pecadores? Porque os amava. Jesus disse à Zaqueu, um cobrador de impostos, homem corrupto na época (alguns hoje, diriam que era um petista): “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar quem está perdido” (Lc 19.10).
Certa vez em Chicago, havia um menino que caminhava vários quilômetros para participar das aulas de escola Bíblica. Um dia alguém lhe perguntou: por que não frequenta a escola bíblica que há próximo a sua casa? Ao que ele respondeu: por que aqui me amam como eu sou.
Os pecadores, os publicanos criticados por serem honrados e por darem honra a Jesus, estando com ele a mesa, eram amados por Cristo. E esse amor é que não lhes permitia dar crédito a crítica dos fariseus e escribas.
A igreja é uma associação dos perdidos achados.
No entanto, em nossos dias, a igreja está sendo criticada por ter em os seus pecadores deploráveis. E convém lembrar novamente: “igreja cristã, propriamente falando, outra coisa não é senão a congregação de todos os crentes e santos, todavia, já que nesta vida continuam entre os piedosos muitos falsos cristãos e hipócritas, também, pecadores manifestos. Os sacramentos nada obstante são eficazes, embora os sacerdotes que os administram não sejam piedosos. Conforme o próprio Cristo indica: "Na cadeira de Moisés estão sentados os fariseus, ...” (LC, 2006, p.32). Na igreja, Deus continua manifestando seu amor, oferecendo seu perdão aos pecadores arrependidos e assim causando a maior alegria e festa no céu. Amém!
Edson Ronaldo Tressmann

domingo, 1 de setembro de 2019

Você está realmente bem!?

13º Domingo após Pentecostes
Salmo 1; Deuteronômio 30.15-20; Filemon 1-21; Lucas 14.25-35
Texto para prédica: Salmo 1
Tema: Você está realmente bem!?

Quando alguém pergunta para outra pessoa: você está bem? A resposta costumeira é: “estou bem. É melhor dizer que está bem, para ver se fica melhor”. As pessoas querem e desejam estar bem. Ninguém quer estar mal. Mas, será que você está realmente bem?
O Salmo 1 inicia com a mesma palavra com a qual o Salmo 2 termina – Ashërey. Essa palavra, aparece vinte e seis vezes nos Salmos, e significa “felicidades de”, ou melhor, “abençoado”.
A palavra que aparece nas traduções bíblicas “bem aventurado” descreve o estado de alguém.
Você está realmente bem?
O Salmista descreve o estado da pessoa como um homem abençoado. Ou seja, o salmista diz que “tudo está bem para aquele homem o qual” ama a lei de Deus e que está afastado dos ímpios. Lembre-se: nada é agradável para quem a lei do Senhor é desagradável.
Está bem aquela pessoa que “não anda”, ou seja, que não vive e convive nos conselhos dos ímpios.
O salmista sabe que nenhuma sociedade, e nenhum cidadão persiste se não for estruturada e mantida por certos decretos e leis. Assim, uma sociedade e um cidadão que ignora a lei do Senhor, e seguir a impiedade, não pode e nem poderá estar bem. Deixará de estar abençoado, de ser feliz, para ser amaldiçoado e infeliz.
Os ímpios, por ignorar a lei do Senhor, buscam andar pelos seus próprios caminhos, isso por que entendem que o mesmo está correto e que em seu caminhar não há erro.
A situação moral que se vive atualmente coloca o cristão numa encruzilhada. Humanamente perdeu-se o sentido ético das coisas. Tudo parece ser tão normal, que o caminho errado tornou-se certo. Corre-se o risco de caminhar no conselhos dos ímpios sem se dar conta de que esse caminho não é mais o caminho de Deus.
O caminho do ímpio se deve a um único fator. A impiedade é propriamente o mal da incredulidade. Passa-se a caminhar na impiedade e no caminho dos ímpios, porque se esqueceu de Deus, não sabe mais quem ele é e qual é o seu caminho. Os ímpios “sentam na roda dos escarnecedores, zombadores”, ou seja, violam a fé.
Estar bem, ser abençoado e feliz, é aquele que vive na e da fé. A convicção daquele que está bem e é abençoado é que Deus tem e oferece o melhor. O apóstolo Paulo em suas epístolas se dedica a ensinar sobre a fé em Cristo. Na carta aos Romanos, por onze capítulos alicerça a fé, e em cinco capítulos constrói os costumes provenientes da fé. Aos gálatas, em cinco capítulos ensina a fé e no sexto, os costumes provenientes da fé. É abençoado quem anda na lei do Senhor, ou seja, que vive na e da fé.
Ao contrastar a vida do ímpio com a vida do abençoado, o salmista faz uso de um dos termos mais dramáticos e negativos sobre o relacionamento com Deus e sua Palavra. O salmista fala sobre os escarnecedores, zombadores.
Muitas pessoas que dizem estar bem, na verdade, ouviram o conselho, passaram a seguir o caminho e infelizmente acabaram se assentando com os ímpios. E isso é revelado pela sua decisão.
A promessa dirigida por Deus pelo profeta Ezequiel, foi dada ao povo de Judá que estava se afastando. O apóstolo Paulo escreve aos Coríntios que “todos compareceremos perante o tribunal de Cristo, para que cada um receba segundo o bem ou o mal que tiver feito por meio do corpo” (2Co 5.10). Jesus conforme narrado pelo evangelista Marco (Mc 4.26-34) diz que o Reino de Deus é a ação de Deus no mundo. E Deus age no mundo através da obra de seu Filho Jesus e a mesma se concretiza na segunda vinda de Jesus. E se Jesus ainda não voltou, é sinal de que Deus continua agindo em seu reino para salvar seus filhos. O problema é que em oposição ao reino de Deus se encontram os ímpios.
Você está realmente bem?
Ao descrever o estado de uma pessoa abençoada, o salmista diz que a mesma sente prazer na lei do Senhor.
Enquanto que o ímpio viola a fé, a pessoa abençoada e feliz, tem prazer na sua vida na e da fé.
No período pós-bíblico, período do exilio, a palavra prazer descrevia o negócio de uma pessoa. Ou seja, a pessoa passava a maior parte do tempo onde estava seu negócio. O seu negócio e trabalho era algo agradável e prazeroso. Assim, o salmista escreve que “o estado de alguém abençoado é daquele que sente prazer em meditar na lei do Senhor, ...” (Sl 1.1,2). Uma pessoa está bem, se sente abençoada quando a sua vida está estruturada na Palavra do Senhor. Assim, ao escrever que “na sua lei medita de dia e de noite” (Sl 1.2), o salmista diz que só sente abençoado quem tem a sua vida governada pela Palavra de Deus. Se sente abençoado aquele que por detrás de tudo que faz está a Palavra de Deus.
Você está realmente bem?
Uma pessoa se sente abençoada quando tem sucesso (Sl 1.3). No entanto, o salmista não fala de sucesso econômico, político ou na vida pessoal. A pessoa que se sente abençoada sabe do seu sucesso diante de Deus. O que na verdade o ímpio ainda não tem, “por isso, os perversos não prevalecerão no juízo ...” (Sl 1.5).
A pessoa se sente abençoada ao saber pela fé que no da do juízo não ficará deitada, mas que se levantará ao som da última trombeta e tomará posse da vida eterna.
Pois o Senhor conhece ...”, ou seja, o Senhor redime. O termo conhecer significa redenção. “Pois o Senhor conhece o caminho dos justos, ...” (Sl 1.6). Como escreveu o profeta Habacuque, o apóstolo Paulo aos Romanos e aos Gálatas e ao autor a carta aos Hebreus: “O justo viverá pela fé” (Hc 2.4; Rm 1.17; Gl 3.11; Hb 10.38).
Você está realmente bem?
O justo, aquele que foi e é redimido por Jesus Cristo está muito bem. O ímpio ao contrário, está numa situação desesperadora. No entanto, o justo deve evitar seu conselho, caminho e assento, mas, para o ímpio Jesus continua lançando a sua semente para que pelo seu poder o coloque em seu Reino e o salve. Amém!
Rev. M.S.T. Edson Ronaldo Tressmann

Dar a vida pelos irmãos! (1Jo 3.16)

  Quarto Domingo de Páscoa 21 de abril de 2024 Salmo 23; Atos 4.1-12; 1Jo 3.16-24; João 10.11-18 Texto: 1João 3.16-24 Tema: Dar a ...