31 de agosto de 2025
12º
Domingo após o Pentecostes
Salmo
131; Provérbios 25.2-10; Hebreus 13.1-17; Lucas 14.1-14
Texto:
Lucas
14.1-14
Tema: Jesus
e a elite religiosa!
O
texto de Lucas 14.1-14 apresenta um quadro vivo das tensões entre Jesus e a
elite religiosa de sua época.
A
primeira cena (Lc 14.1-6) se desenrola em um sábado, na casa de um líder
fariseu.
O
nome “fariseu” provavelmente deriva
do hebraico perushim, que significa “separados”,
indicando sua dedicação a uma vida de pureza e obediência à Lei de Moisés. Os
fariseus se distinguiam por uma interpretação rigorosa e abrangente da Torá
(a Lei de Moisés), que incluía não apenas as leis escritas, mas também as
tradições orais transmitidas pelos anciãos. Os fariseus acreditavam que essas
tradições tinham a mesma autoridade que a lei escrita, e se dedicavam a
aplicá-las em cada aspecto da vida diária, desde a alimentação e o sábado até
as relações sociais.
Jesus
estava num ambiente religioso hostil. Nesse ambiente, conforme alguns sugerem,
esse homem hidrópico foi colocado pelos fariseus como uma armadilha para Jesus.
Jesus,
observa esse homem com hidropsia (inchaço devido ao acúmulo de líquido) e Jesus
propõe uma pergunta: “A nossa Lei permite curar
no sábado ou não?” (Lc 14.3).
A
pergunta de Jesus colocou os fariseus numa encruzilhada. Se caso eles
respondessem que a lei os permitia curar no sábado, estariam contradizendo suas
tradições. Se a resposta fosse que a lei não permite curar no sábado, demonstrariam
uma falta de compaixão chocante.
Por
não responderem nada, Jesus usa ao citar o exemplo: “Se um filho ou um boi de algum de vocês cair num poço, será que você
não vai tirá-lo logo de lá, mesmo que isso aconteça num sábado?” (Lc
14.5), destaca que a religião farisaica havia falhado em seu propósito fundamental:
amar ao próximo como a si mesmo.
Jesus
expõe e confronta o legalismo, o orgulho e o egoísmo. Como são os religiosos de nossa épica? Quanto legalismo,
orgulho e egoísmo é possível verificar nos religiosos de nossos dias?
Jesus
expõe a falha de uma religiosidade que valoriza mais a letra da lei do que a
vida humana e a misericórdia.
A
compaixão é a essência do cristianismo.
Ao
contar a parábola dos lugares de honra (Lc 14.7-11), Jesus diz que os
convidados buscavam os melhores lugares à mesa. Essa parábola é como colocar um
espelho para a vaidade humana. Ser honrado e prestigiado não é pecado, mas,
buscar honra e prestígio é. Por isso Jesus lança um desafio: busque se humilhar e não se exaltar.
Humilhar-se
significa colocar-se no seu lugar. Não querer apresentar-se como maior e melhor
diante de qualquer pessoa por sua religiosidade. Ao dizer: “quem se engrandece será humilhado, mas quem se humilha
será engrandecido” (Lc 14.11; 18.14; Mt 23.12), é um golpe no
orgulho religioso que usava a lei de Deus não para adorar a Deus, mas, para
criar uma hierarquia de méritos e superioridade diante das pessoas.
Por qual motivo você frequenta uma igreja?
Culto
é uma reunião de “pobres pecadores”
que, reconhece sua completa falta de mérito e por misericórdia recebe o perdão
e a vida eterna como presente da parte de Deus em Jesus.
A
igreja do eu isso e eu aquilo é farisaica e precisa atentar-se nas
palavras de Jesus.
Caríssimos,
quanto mais eu reconhecer meus pecados e a necessidade da graça de Deus, mais
que quero estar na comunhão dos santos que são pecadores alcançados pela graça
de Deus em Jesus. E eu particularmente, agradeço por vocês não saberem dos meus
pecados, pois, acredito que não teriam misericórdia de mim. Louvo a Deus, pois
em seu Filho Jesus foi e é misericordioso comigo.
Por
fim, (Lc 14.12-14), Jesus se dirige ao fariseu que o convidou para o banquete
no sábado e expõe o egoísmo que permeia as relações sociais.
Jesus
lembra que os convidados são àqueles que podem retribuir com o mesmo convite. E
o desafio é: convidar os que não têm a
possibilidade de oferecer o mesmo convite.
Ao
destacar o convite para os pobres, aleijados e cegos, é uma ilustração de Jesus
sobre a natureza do Reino de Deus. O reino de Deus é um banquete para àqueles que não têm
nada a oferecer em troca.
Graça
só é graça por ser oferecida para os que não merecem. Eu sou alvo da graça de
Deus em Jesus, pois, não mereço a salvação que a mim é alcançada.
Jesus
apresenta aqui a essência do Evangelho. Pois, ainda hoje, Deus convida para o
seu banquete àqueles que são espiritualmente pobres, incapazes de se justificar
ou de merecer a salvação.
Jesus
destaca um princípio essencial: não faça nada para receber algo em troca.
Precisamos
cuidar e nos precaver do egoísmo das relações sociais. Nunca faça nada
esperando retribuição. Faça por livre vontade, querendo fazer. Pois, se você
fizer algo esperando algo em troca, isso mostrará seu egoísmo e lhe trará
sofrimento, pois, dificilmente você receberá retorno daquela pessoa que você
ajudou.
Infelizmente,
muitos ainda agem e atuam apenas por interesse. Quantos
religiosos ofertam, trabalham, fazem boas obras, esperando receber retribuição
divina?
Jesus
destaca que “...você será abençoado...”
(Lc 14.14), fazendo de livre e espontânea vontade, sem interesse e egoísmo.
Jesus conhece os corações e as mentes. Antes mesmo de dizermos uma palavra, ele
já sabe o que vamos dizer (Sl 139). E é Jesus quem condena as ações e atitudes
que apenas visam recompensa.
Caridade
só é caridade quando realizada desinteressadamente. A caridade que apenas quer
ser exposta nas redes sociais não é caridade, é orgulho, vaidade e egoísmo. Caridade
não é um investimento com juros, é uma expressão de gratidão pelo amor que
recebemos de Cristo. Amar e servir ao próximo sem esperar algo em troca é a
prova de um coração transformado pela graça.
O
episódio narrado por Lucas 14. 1-14, enfatiza que a religiosidade baseada em
regras externas e nos méritos pessoais é uma forma de orgulho.
Jesus
condena a religiosidade que visa apenas se colocar como “melhores” que os
outros e que se esquece de que é pecador. Necessitamos da graça de Deus. E por
essa necessidade estamos aqui hoje. Esse bebê que será batizado, nasceu
pecador. Precisa, assim como eu preciso, da graça de Deus. E assim, como um
bebê eu preciso receber a graça de Deus.
A
graça de Deus não é dada por merecimento. É graça, e sendo graça, é oferecida
sem mérito nenhum. E por graça, eu ainda sou convidado para o banquete
celestial. Eu sei, que também não tenho nada para oferecer a Deus, por isso, no
dia do meu batismo, Deus me concedeu o seu Espírito e como escreveu Paulo: “O Espírito Santo é a garantia de que receberemos o que
Deus prometeu ao seu povo, e isso nos dá a certeza de que Deus dará liberdade
completa aos que são seus. Portanto, louvemos a sua glória” (Ef 1.14).
Espiritualmente,
todos nós somos os “pobres, aleijados e cegos”
(Lc 14.13). Somos incapazes de nos justificar diante de Deus, por isso, o
banquete é um convite de Jesus.
Edson
Ronaldo Tressmann
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