segunda-feira, 25 de julho de 2022

“Pois não deixei de lhes anunciar todo o plano de Deus” (Atos 20.27)

 31 de julho de 2022

Oitavo domingo após Pentecostes

Lecionário anual

Salmo 26; Jeremias 23.16-29; Atos 20.27-38; Mateus 7.15-23

Pois não deixei de lhes anunciar todo o plano de Deus” (Atos 20.27)

 

O que é este todo conselho de Deus?

É preciso esforço mental para achá-lo na Bíblia. A Bíblia em si é o conselho de Deus. Mas, isto não significa que Paulo leu toda a Bíblia para eles. Paulo ensinou com base na Bíblia (At 19.9).

Não lemos a Bíblia uma, duas ou dez vezes e, repentinamente sabemos o conselho de Deus. É preciso saber como as coisas, os acontecimentos se harmonizam. Isso é uma obra da mente. Por isso, Paulo chama o pastor de obreiro. Manejar bem a Palavra da verdade exige trabalho árduo.

Paulo ressalta para a equipe ministerial: “Pois não deixei de lhes anunciar todo o plano de Deus” (Atos 20.27).

Todo esse plano de Deus está exposto na Bíblia (Antigo Testamento - a Bíblia que Paulo lia, pregava e defendia).

A Bíblia em si é o conselho de Deus. É preciso esforço mental para expor o conhecimento de Deus.

Ao dizer a equipe: “Pois não deixei de lhes anunciar todo o plano de Deus” (Atos 20.27), o apóstolo deixa claro que sempre os ensinou com base na Bíblia (At 19.9).

As palavras de Paulo soam de maneira propícia: “Pois não deixei de lhes anunciar todo o plano de Deus” (Atos 20.27). Elas mostram que o ofício pastoral nada mais é do que apontar para Jesus.

Trabalho fácil? Não.

As TVs smart possibilitam as pessoas assistirem transmissões da internet. Dessa forma, muitos falsos mestres tem adentrado em nossas casas. Quantas distorções da Palavra de Deus temos ouvido e até passado a crer como sendo verdadeiras? Enquanto que Paulo, na reunião com líderes cristãos diz: “Pois não deixei de lhes anunciar todo o plano de Deus” (Atos 20.27), muitos têm adentrado em nossas casas e, distorcido e confundido o plano de Deus. Em muitas situações, pastores comprometidos com o evangelho, têm se tornado falso mestre e esses têm se tornado donos da verdade.

Em Mileto, aos pastores de Éfeso, Paulo disse: “Pois não deixei de lhes anunciar todo o plano de Deus” (Atos 20.27).

Para anunciar esse plano, Paulo tornou-se conhecedor do mesmo. Por esse motivo, Paulo exorta a equipe a primeiro se cuidar de si mesmo (Atos 20.28). Não é possível cuidar adequadamente de outros, se houver negligencia ao cuidado e a instrução pessoal. Cuidando de si mesmo, Paulo recomenda o pastoreio.

Pastorear significa cuidar, levar um rebanho ao pasto para alimentá-lo. Para qual tipo de pastagens estou levando o rebanho? O rebanho, quando vem à igreja recebem qual alimento?

Qual é a importância e a real necessidade de apresentar todo o plano de Deus para a igreja de Deus? Por que cuidar de si mesmo e dos outros e ao mesmo tempo pastorear?

A igreja de Deus é uma composição daqueles que ele comprou por meio do sangue do seu próprio filho (Atos 20.28) ou, como disse Jesus, são ovelhas que ouvem Jesus.

A igreja não é uma empresa humana. É um empreendimento divino com o intuito de salvar. Para que pessoas sejam salvas é necessário anunciar todo o plano de Deus (Ato 20.27). Essa é a segunda das duas recomendações de Jesus: Ensinar todas as coisas (Mt 28.19-20).

Paulo está tranquilo em relação ao seu ministério, afinal, ele afirma perante todos que “... não deixou de anunciar a eles todo o plano de Deus” (Atos 20.27), por isso escreveu em uma de suas cartas: “Portanto, estamos aqui falando em nome de Cristo, como se o próprio Deus estivesse pedindo por meio de nós. Em nome de Cristo nós pedimos a vocês que deixem que Deus os transforme de inimigos em amigos dele” (2Co 5.20). Lembre-se: anunciar o plano de Deus é manter Jesus onde deve estar, no centro da igreja. Amém!

ERT

quinta-feira, 21 de julho de 2022

Ifood divino!

 Salmo 138; Gênesis 18.20-33; Colossenses 2.6-15; Lucas 11.1-13

Texto: Lucas 11.3

Tema: Ifood divino!

Dá-nos cada dia o alimento que precisamos (Lc 11.3).

 

O que você gostaria de aprender?

Há pessoas que gostariam de aprender a pilotar um avião. Outras gostariam de aprender outro idioma.

Certa vez um discípulo fez um pedido para Jesus: “Senhor, nos ensine a orar, como João ensinou os discípulos dele” (Lc 11.1).

Não se sabe qual oração João Batista ensinou seus discípulos a orar, mas, a oração que Jesus ensinou aos seus discípulos temos registrado no evangelho de Lucas 11. Há também a oração do Pai Nosso registrada em Mateus 6, mas, há quem diga que é outra oração do Pai Nosso, assim, há duas orações do Pai Nosso. A oração em Lucas têm cinco pedidos e em Mates sete pedidos.

Não é propósito dessa mensagem discutir essa diferença, mas, trazer para vocês o sublime pedido desse discípulo: “Senhor, nos ensine a orar” (Lc 11.1).

Você sabe orar? Gostaria de aprender a orar? Tenho observado em muitas crianças que nos seus 10 anos ainda não sabem a oração do Pai Nosso.

A oração é a manifestação da boca sobre o que a fé guarda no coração. Quem crê, ora!

Oração é comunicar para Deus sobre nossos dilemas. Orar significa que confiamos naquele a quem estamos dirigindo nosso falar.

Nas páginas do Antigo Testamento a oração caracteriza o relacionamento com Deus. Todo israelita que orava o fazia por saber o que esperar de Deus. O que você espera de Deus? Ele só dará o que você pedir (Lc 11.11-12). Por esse motivo Jesus recomenda: “peçam e vocês receberão; procurem e vocês acharão; batam, e a porta será aberta para vocês. Porque todos aqueles que pedem recebem; aqueles que procuram acham; e a porta será aberta para quem bate” (Lc 11.9-10).

A verdadeira oração é aquela que vêm do coração. Ao nos ensinar a orar o Pai Nosso - Jesus não quer apenas que sejamos repetitivos, mas, que oremos com o coração, certos de que essas petições sãs agradáveis ao Pai celeste.

Diante do pedido desse discípulo, Jesus se pôs a ensiná-los a orar. E entre os cinco pedidos, dois se referem às causas de Deus e três as necessidades humanas.

A causa de Deus: santificado seja teu nome e venha o teu reino está atrelado à pregação da Palavra de Deus e o necessário para o corpo e a vida, o perdão de Deus e o perdão entre as pessoas bem como a inibição da queda em pecado, está atrelada as maiores necessidades humanas.

Oração não é uma manipulação desejando que Deus faça a nossa vontade. Oração é colocar tudo nas mãos de Deus, tanto sua causa bem como nossas necessidades diárias.

Oração é pedir, mas, não querer realizar nossos agrados e sim, sujeitar nossas vontades a Deus. Deus conhece as nossas necessidades, mas, deseja que como bons filhos, peçamos para ele.

Dá-nos cada dia o alimento que precisamos” (Lc 11.3) não é uma oração por riqueza, mas, reconhecimento de que se vive dependente de Deus. Orar pelo alimento que precisamos é viver do necessário que Deus concede. Ao orar: “Dá-nos cada dia o alimento que precisamos” (Lc 11.3) é como enviar um wathsap para o ifood divino, na certeza de que a entrega já está a caminho.

Deus nos concede o pão de cada dia com o intuito de que reconheçamos de que Ele é Deus (Sl 100.3) e o louvemos e adoremos por isso (Sl 100.1-2).

Jesus estava em viagem e orou e foi solicitado que ensinasse os seus discípulos a orar. Jesus sempre orou antes de grandes provas. Orou antes de escolher seus discípulos (Lc 6.1); quando se preparou para ressuscitar Lázaro (Jo 11.41-43); orou no Getsêmani (Mt 26.36); orou ao final da sua obra (Jo 17.4).

Jesus orou em momentos de provação, tentação e tristeza. Orou no monte, no jardim, pela manhã e também durante a noite.

O que você gostaria de aprender?

Senhor, nos ensine a orar” (Lc 11.1).

Lucas no livro de Atos relata que os discípulos aprenderam a orar e praticavam o hábito da oração. E todos continuavam firmes, seguindo os ensinamentos dos apóstolos, vivendo em amor cristão, partindo o pão juntos e fazendo orações” (At 2.42).

Em Lucas 10 aprendemos duas lições especiais. Primeira: deixar de ir ao Templo em virtude do socorro ao próximo necessitado (Bom samaritano); segundo: deixar a boa hospitalidade a um visitante para ouvir Jesus (Marta e Maria). Como fazer isso? Orando pela causa de Deus e pela necessidade diária.

Oração é comunhão com o Pai. Qual Pai? O criador de todas as coisas. Minha vida é uma revelação de que eu, mesmo não possuindo o mundo, sou filho do dono do mundo. Como filho do Pai, estou no mundo, mas comprometido com o Reino. E para vivermos em prol da causa de Deus, o seu projeto diário é único: dar o alimento que precisamos.

Jesus disse que no dia do julgamento, serão abençoados aqueles que ajudarem os pequeninos, ou seja, ajudaram com comida, água, casa, roupas, os que trabalharam no reino de Deus.

Ao orar: “Dá-nos cada dia o alimento que precisamos” (Lc 11.3) Jesus deseja nos livrar da vida cheia de sofrimentos que é a ganância pela riqueza.

Somente na oração do Pai Nosso (Mateus 6.11 e Lc 11.3) aparece a expressão epiousiosde cada diadiáriodiariamentede todos os dias. Orígenes escreveu que esse termo foi criado pelos evangelistas. Lembro que o ES é autor desse vocábulo, pois Ele é autor da Bíblia. Assim, ao orar: “Dá-nos cada dia o alimento que precisamos” (Lc 11.3) reconhecemos que Deus nos concede o necessário para nossa existência diária.

É apropriado nesse instante recordar a oração de Salomão: “não me deixes mentir e não me deixes ficar nem rico nem pobre. Dá-me somente o alimento que preciso para viver” (Pv 30.8).

O que é necessário para sua sobrevivência hoje? Esse necessário provém das mãos de Deus.

Dá-nos cada dia o alimento que precisamos” (Lc 11.3) nos faz refletir sobre nossas finanças pessoais e como estamos vivendo com as mesmas, afinal, vivemos demasiadamente pensando no amanhã. Não gastamos hoje para ter amanhã. Comemos pouco hoje para comer muito amanhã. Somos refém do consumo do amanhã.

Jesus nos ensinou a orar e assim nos convidou a confiar nEle, depender exclusivamente dEle dia após dia.

A oração não muda Deus, muda a nós mesmos. Deixar nas mãos de Deus nos leva a esperar e, enquanto esperamos, vamos mudando, amadurecendo.

O povo de Deus enquanto caminhava no deserto recebeu a seguinte ordem: “Agora eu vou fazer chover do céu pão para vocês. E o povo deverá sair, e cada um deverá juntar uma porção que dê para um dia” (Ex 16.4) e ao orar: Dá-nos cada dia o alimento que precisamos” (Lc 11.3) mostra o convite que Deus nos faz: viver das porções diárias recebidas das mãos de Deus! Amém!

ERT

segunda-feira, 11 de julho de 2022

Maria ou Marta?

 17 de julho de 2022

Sexto Domingo após Pentecostes

Série trienal C

Salmo 27.7-14; Gênesis 18.1-10; Colossenses 1.21-29; Lucas 10.38-42

Texto: Lc 10.38-42

Tema: Maria ou Marta?

 

Jesus está a caminho de Jerusalém. Desde que desceu do monte da Transfiguração, estava estampada em seu semblante sua resoluta decisão de ir para a cruz.

Crescia a oposição a Jesus. As autoridades judaicas já planejam sua prisão e condenação à morte. Nesse contexto Jesus chega a Betânia. Ali está uma família a quem Jesus amava, formada por Marta, Maria e Lázaro (Jo 11.5), uma família acolhedora (Jo 12.1-8). A recepção na casa de Marta deve ter sido não somente a Jesus, mas também aos discípulos. O trabalho de colocar a refeição sobre a mesa é exaustivo. Enquanto Marta se desdobra no serviço a Jesus, Maria se concentra em ouvir Jesus. Essa situação provoca desconforto em Marta. Ela não esconde sua agitação e cobra de Jesus uma postura. Quer que Jesus reprove Maria por sua atitude contemplativa e tome partido a seu favor. Que situação embaraçosa!

Jesus nunca se intimidou e seja qual for a situação, aproveita para ensinar. Assim, Jesus elogia Maria e reprova Marta, deixando claro que só uma coisa é necessária. Maria escolheu a boa parte e esta não lhe será tirada.

Apenas Lucas registra essa passagem e acontecimento de Jesus em Betânia. E nesse texto destaca que Maria assenta-se aos pés de Jesus para aprender (Lc 10.38,39); e, Marta e Maria são amadas por Jesus; e também, ambas procuravam servir e oferecer o seu melhor para Jesus.

É preciso destacar fatos especiais da vida de Maria, irmã de Lázaro. Essa personagem aparece três vezes nos Evangelhos (Lucas e João). A primeira vez é neste texto onde ela está aos pés de Jesus para aprender. Na segunda vez, em João 11.32, Maria está aos pés de Jesus para chorar. A última vez, João 12.3, ela está aos pés de Jesus para agradecer.

Analisando o texto de Lucas 10. 38-42 vemos duas atitudes de Maria  que muito nos ensina. Maria está aos pés de Jesus ara ouvir e com muita humildade (Lc 10.39).

Servir a Jesus não é apenas trabalhar. Ouvir com atenção é mais importante. Warren Wiersbe escreveu que “O que fazemos com Cristo é muito mais importante do que aquilo que fazemos para Cristo”.

Marta estava agitada trabalhando (Lc 10.40), disposta a oferecer a melhor refeição para Jesus, mas, o desejo de Jesus era que ela conseguisse parar seus braços e abrisse seus ouvidos.

Enquanto encontramos Maria ouvindo, chorando e agradecendo aos pés de Jesus, Marta é encontrada nas Escrituras servindo a mesa, ativa e discutindo algo.

Marta se assemelha a muitas mulheres modernas. Possui um espírito irrequieto, sua mente está sempre dividida (Lc 10.40). O trabalho se tornou um substituto para um momento de intimidade. Marta é uma mulher muito ocupada (Lc 10.40) e assim perdeu uma prioridade, ouvir Jesus.

Marta só quis dar o seu melhor – mas infelizmente perdeu uma oportunidade riquíssima: ouvir atentamente o que Jesus ensinava.

Marta representa muitas mulheres que reclamam por fazer o serviço sozinho enquanto outras apenas aproveitam para ouvir e participar de uma boa conversa.

Apesar da reclamação de Marta ser contra sua irmã Maria, na verdade, a critica é dirigida para Jesus. Como pode estar sendo complacente com Maria enquanto eu estou fazendo tudo sozinha.

O comentarista bíblico Rienecker destaca que a diferença entre Marta e Maria era que, enquanto Marta desejava dar muito ao Senhor trabalhando arduamente, Maria desejava obter o melhor de Jesus, dispondo-se a ouvi-lo com atenção e humildade.

Observe que ao ser intimidado por Marta, Jesus a chama pelo nome duas vezes (Lc 10.41) mostrando enfaticamente que ela estava errada e não Maria. Sua ênfase era decorrente do seu amor por Marta.

Esse mesmo amor Jesus demonstra por nós quando nos disciplina e nos corrige (Ap 3.19).

Jesus não quer que a ansiedade tome conta de Marta a ponto de destruí-la. Seu dia corrido e agitado a estava distraindo e impedindo de uma coisa muito especial: ouvir Jesus!

Sua correria e agitação a impedia de escolher corretamente (Lc 10.41-42).

Qual é a sua maior necessidade hoje?

Certa vez Lutero disse: “Hoje tenho muito a fazer, portanto hoje vou ter que orar mais”. É verdade que eu posso fazer muito mais que vir e escutar a Palavra de Deus, mas, com certeza posso fazer bem mais depois de ter escutado a Palavra.

Imagine a situação: você em casa com sua esposa, filhos e o diálogo, falar e escutar não ocorre com frequência. O resultado disso todos nós sabemos.

A igreja é a família de Deus e tal como é preciso destacar que Deus, nosso Pai, deseja nossa atenção no ouvir sua Palavra um dia da semana.

Marta não estava errada em servir, trabalhar. Seu erro foi não parar um momento para escutar.

Jesus elogia Maria pela sua postura, sabedoria e escolha duradoura (Lc 10.42).

Todos nós vivemos de escolhas. Deus direciona nossas escolhas com sua Palavra a qual Ele deseja que a ouçamos com atenção e humildade.

Para um mundo que não quer mais ouvir com atenção, Lucas ao nos deixar registrado esse relato, destaca com propriedade que ouvir é essencial. No entanto, não é ouvir qualquer relato, mas, ouvir a Palavra de Deus. Como dar ouvidos a uma coisa tão ultrapassada quanto a Palavra de Deus?

Maria assentou-se para ouvir. Nada a impediu de prestar atenção. Marta também desejava ouvir, mas, estava absorvida pela correria do trabalho.

Com suas palavras dirigidas para Marta, Jesus destaca que o trabalho em excesso dispersa nossa atenção no ouvir atentamente a Palavra de Deus.

Com a parábola do bom samaritano, é ilustrado sobre amar o próximo mesmo estando pronto para ir ao templo. Com o relato de Marta e Maria, Jesus destaca que amar a Deus acima de todas as coisas é deixar de lado coisas também importantes para ouvir Jesus.

As “Martas” desta vida estão atarefadas e ansiosas pelas coisas terrenas que descuidam da vida espiritual. Por outro lado as “Marias” desta vida são aquelas que me meio ao seu serviço, sua correria, tira um tempo para com atenção e humildade ouvir a voz de Jesus. Amém!

ERT

Edson Ronaldo Tressmann

quarta-feira, 6 de julho de 2022

Bom samaritano!

 10 de julho de 2022

Salmo 41; Levítico 19.9-18; Colossenses 1.1-14; Lucas 10. 25-37

Texto: Lc 10.25-37

Tema: Bom samaritano!

 

Uma parábola profunda e instigante contada por Jesus e registrada apenas pelo evangelista pesquisador Dr. Lucas.

O escriba (mestre e interprete da lei) queria manter a discussão num nível complexo e filosófico, mas, Jesus conduz a discussão para o campo prático do amor e da ação.

E eis que certo homem, intérprete da Lei...” (10.25).

Não foi qualquer pessoa que buscou dialogar com Jesus. Esse homem era um doutor da lei, um experimentado professor de teologia, um perito hermeneuta, alguém que conhecia com profundidade toda a lei.

Mesmo gabaritado, esse homem aproximou-se com uma motivação errada para dialogar com Jesus. O texto narra que “... se levantou com o intuito de pôr Jesus à prova...” (Lc 10.25b). Não havia nenhuma honestidade no propenso diálogo. O objetivo não era aprender, mas embaraçar, colocar Jesus numa enrascada.

Quantas vezes nos aproximamos de alguém com uma falsa intenção de diálogo?

Gabaritado pelo seu academicismo, todavia, com motivação equivocada e teologicamente claudicada, o mestre da lei pergunta: “Mestre, que farei para herdar a vida eterna?” (Lc 10.25).

O doutor em teologia, intérprete da lei, supunha que a vida eterna era uma conquista das obras, ou da suposta observância da lei. Para o mestre da lei, a salvação era uma questão de merecimento humano e não uma dádiva divina.

A pergunta para reflexão nesse ponto é: Como herdar a vida eterna? Sabemos que para herdar alguma coisa é necessário ser herdeiro legal. Israel, herdeiro legal perdeu a sua herança, pois deixou de ser luz para as nações ignorando a lei divina.

Para o intérprete da lei, Jesus deseja saber sua conclusão da lei que o mesmo conhecia, perguntando: “Que está escrito na Lei? Como interpretas?” (Lc 10.26).

No diálogo, Jesus remete o intérprete para a área de seu conhecimento, a lei. E dessa forma, Jesus deseja saber se pela lei escrita e interpretada aquele homem pode ser salvo. A resposta daquele intérprete indica que a lei de Deus se resume no amor a Deus e ao próximo.

Você sabe que a lei de Deus se resume no amor a Deus e ao próximo? Você ama a Deus? Ou há deuses sugando sua energia, tempo e dedicação? Você ama o próximo? Qual próximo? Só aquele que faz parte do seu círculo de afinidade?

O intérprete da lei sabia que a lei de Deus exige uma perfeita relação do homem com Deus e com o próximo. A lei exige perfeição absoluta e nenhum homem é capaz de atender à demandas da lei. A Palavra de Deus anuncia: “Não há justo, nem um sequer” (Rm 3.10).

O doutor da lei, é semelhante a muitos de nossos dias, conhecia a letra fria da lei, mas não sabia interpretá-la a ponto de coloca-la em ação. Sua resposta revela que ele apenas interpretava a letra da lei, mas não conhecia o propósito da lei.

O objetivo da lei é revelar o quanto estamos afastados de Deus. Alguém disse que a lei é como uma radiografia: mostra nosso pecado, mas não remove o pecado. O apostolo Paulo descreveu a lei como aio, ou seja, somos como crianças conduzidas pela mão para outro lugar. A lei me conduz o pecador a Jesus (Gl 3.24).

A lei de Deus exige uma perfeita relação do homem com Deus e com o próximo. Você tem essa relação perfeita com Deus e o próximo?

Jesus na conversa proposta pelo mestre da lei o faz compreender que mesmo sendo intérprete da lei, é incapaz de cumpri-la. Jesus disse: Então, Jesus lhe disse: Respondeste corretamente; faze isto e viverás (Lc 10.28).

Jesus deixa muito claro para aquele doutor na lei que ele já sabia o caminho para herdar a vida eterna e que bastava seguir por esse caminho.

Quem pode guardar a lei? Quem é apto para cumpri-la? Quem pode alcançar esse padrão de perfeição absoluta?

O doutor da lei vendo sei equívoco diante da lei divina tenta se esquivar propondo outra pergunta: Ele, porém, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: Quem é o meu próximo? (Lc 10.29).

Nesse momento Jesus conta uma história e nela reprova a atitude dos religiosos fanáticos (sacerdote e levita) e exalta a atitude do rejeitado (samaritano).

Ao destacar que enquanto um judeu descia de Jerusalém para Jericó, num caminho de 27 km, considerado como “caminho sangrento”, foi tratado violentamente e roubado pelos assaltantes e também pelo sacerdote e o levita.

A indiferença do sacerdote e levita não foi menos grave que a violência dos assaltantes, afinal, eles sabiam que a lei prescreve o socorro ao necessitado, mas, recusaram socorrer aquele homem pensando apenas na pureza cerimonial (Nm 19).

Por esse mero detalhe cerimonial, imaginavam cumprir a lei. O apostolo Paulo escreveu: “...amar é obedecer toda a lei” (Rm 13.10).

Sacerdotes e religiosos da época se julgavam melhores que as outras pessoas pela sua suposta pureza cerimonial. Não poderiam socorrer o ferido e nem ser tocado pelo samaritano sendo que não era do povo de Deus para não ficarem contaminados cerimonialmente.

O samaritano que era desprezado pelos supostos observadores da lei, cumpriu a lei com excelência amando alguém que naquele momento estava extremamente necessitado de socorro e nem sequer o conhecia.

Meu próximo é aquele que precisa de mim!

Você passou por alguém que precisou de ajuda?

A parábola do bom samaritano retrata dois tipos de pecado – a violência e a negligência! Tantos os ladrões bem como o sacerdote e levita estavam no mesmo patamar. Os ladrões feriram e o sacerdote e levita não prestaram socorro.

Desses dois pecados, com qual estamos flertando? A violência ou a indiferença?

O samaritano não se incomodou por ser considerado indigno pelos judeus e desprezado por eles. Fez o que os observadores da lei deveriam fazer. O samaritano tratou o judeu como seu próximo mais próximo socorrendo-o num momento de extrema necessidade.

O interprete da lei, preso em seu fanatismo respondeu para Jesus que o próximo do judeu ferido foi aquele que usou de misericórdia. Ele nem quis falar que foi um samaritano, tamanha era sua rejeição. E era esse homem que desejava fazer algo para conseguir a vida eterna.

Há muitas pessoas presas em suas tradições religiosas. Vivem supostamente o cristianismo de banco de igreja. Mas, no dia-a-dia, despreza seu próximo. De algumas pessoas nem citam o nome tamanho é o desprezo para tal pessoa. Outras vezes, o julgamento e o preconceito impedem uma aproximação.

Jesus desafia o intérprete da lei a agir como agiu aquele samaritano! (Lc 10.37). Jesus desafia você a agir como agiu o samaritano com aquela pessoa que você discrimina e julga. Que tal?

Todo aquele, seja quem for, que precisa da minha ajuda é meu próximo. Ele não precisa do meu julgamento e discriminação. Cristão que junta as mãos para orar é aquele que abre os braços para agir.

Archibald Thomas Robertson destaca com propriedade que: “Esta parábola do bom samaritano tem edificado os hospitais do mundo e, se compreendida e praticada, removerá o preconceito racial, o ódio nacional, o ódio e a inveja entre classes”.

Lembre-se: fomos e somos socorridos por Jesus – nosso bom samaritano e assim, somos enviados por Jesus para sermos bons samaritanos para outros. Amém!

ERT

Edson Ronaldo Tressmann

segunda-feira, 4 de julho de 2022

Servo e discípulo!

 

10 de julho

Quinto domingo após Pentecostes

Lecionário anual

Salmo 16; 1Reis 19.11-21; 1Coríntios 1.18-25; Lucas 5.1-11

Texto: Lc 5.1-11

Tema: Servo e discípulo! 


 A multidão que apertava Jesus tinha desejo por ouvir a Palavra de Deus. Outros da multidão buscavam um milagre, uma cura e alguns queriam levantá-lo como rei de Israel. Havia também fariseus, religiosos invejosos, buscando apenas um motivo para acusação de que era blasfemo contra a lei de Moisés.

A multidão era composta por pessoas com desejos e das mais variadas caraterísticas. E apertado pela multidão, Jesus sobe num dos dois barcos para poder ministrar a todos.

Pescadores estavam lavando suas redes, era necessário preparar-se para a próxima saída. Jesus subiu no barco de Simão Pedro, o barco do qual não havia saído nenhum peixe, pois nada apanharam naquela noite de pescaria.

Já imaginou estar em meio aquela multidão?

O maravilhoso é saber que ainda hoje ouvimos na pregação a Palavra de Deus, a Palavra de Jesus.

Mesmo sem saber quais palavras Jesus proferiu naquele dia para àquela multidão, após terminar de ensinar, Jesus solicita que Pedro e seus companheiros vão para um lugar mais profundo e joguem as redes para pescar (Lc 5.4).

Jesus propõe para que adentre mar adentro e lance as redes novamente (Lc 5.4). Jesus não era pescador, era carpinteiro de oficio. Talvez por não ser pescador que estava naquele momento propondo algo incomum para Pedro. Não era horário para pescar. Pedro, profissional no assunto diz para Jesus que só iria por causa da Palavra de Jesus (Lc 5.5). Pedro e tantos outros dominavam a arte da pescaria. Mas, um carpinteiro os ensina uma grande lição nessa arte da pesca.

Pedro diz que trabalhou a noite toda e nada havia pescado, não seria agora que iria mar adentro e pescaria qualquer peixe que fosse, mas, já que Jesus que o atingira com Palavras o moveu a adentrar mar adentro e lançar as redes. Pedro nos dá uma lição de humildade e obediência! Observe que Pedro escuta e obedece a um carpinteiro que ele vá lançar as redes no mesmo local onde a noite toda não havia pescado nenhum peixe. Pedro disse: “...já que o senhor está mandando jogar as redes, eu vou obedecer” (Lc 5.5).

Pedro demonstra uma caraterística de servo e discípulo.

Se durante a noite não pescou nenhum peixe, agora, pescou tantos peixes que nunca antes havia pescado numa só vez. Foi preciso pedir socorro (Lc 5.7).

Pedro viu além dos peixes. Ele sabia que estava diante de Deus. Lembre-se: quando Deus fala coisas novas acontecem, por isso, Ele quer sempre falar. É preciso assumir uma atitude de servo e discípulo e dar atenção a Palavra de Deus.

Diante de Deus, Pedro se curva e exclama: “Senhor, afaste-se de mim, pois eu sou um pecador” (Lc 5.8). Pedro diz que não é digno estar diante da presença de Deus.

Nenhum pecador é digno de estar diante de Deus.

Pedro, um judeu, cresceu aprendendo que ninguém subsiste diante de Deus justamente por causa dos seus pecados. E agora, diante de Deus, esperava somente a morte. Seus pecados o atemorizavam e tinha Deus como àquele que apenas pune. O diabo, ardiloso como é aproveitou-se desse momento e fez Pedro desesperar-se. Ao que Jesus lhe disse: “Não tenha medo!...” (Lc 5.10).

A expressão “não tenha medo”, “não temais” é muito forte e impactante. Não temas é uma expressão que aparece na Bíblia de Jerusalém 47 vezes; na Revista e Corrigida, 84 vezes e na Revista e Atualizada, 92 vezes.

Ao dizer não tenha medo - Jesus estava se apresentando a Pedro assim como Deus é, ou seja, um Deus misericordioso. Tanto que o envia para pescar gente.

Pedro se mostra um humilde pecador que, reconhece que diante de Deus pode ser consumido (Dt 4.24; Hb 12.29). Como judeu, tudo o que Pedro esperava era ser repreendido por Jesus, mas, para sua surpresa, Pedro encontrou em Jesus as palavras do profeta Jeremias: “o amor do Senhor Deus não se acaba, e a sua bondade não tem fim. Esse amor e essa bondade são novos todas as manhãs; e como é grande a fidelidade do Senhor” (Lm 3.22-23). Por sua bondade e misericórdia, Jesus não repreendeu Pedro, ao contrário: o chamou para pescar gente (Lc 5.10).

Conseguimos ver os milagres do dia-a-dia e reconhecer a presença de Deus em nossa vida? E o nosso chamado? Continuamos seguindo a Cristo? Ou será que outros mares nos impedem de segui-lo?

Diante de Deus a lógica não prevalece! Deus é Deus!

O milagre de pesca maravilhosa foi vivenciado por Pedro, Tiago e João. Pescadores experientes que pela lógica jamais teriam ido pescar naquele horário. Era momento de limpar as redes e não de ir para pesca.

A obra de Deus em Jesus vai contra a lógica humana. É ilógico estarmos aqui no culto. Estar aqui é um grande milagre! Seguir Jesus é um grande milagre! Pedro, Tiago e João, arrastaram os barcos para a praia, deixaram tudo e seguiram Jesus (Lc 5.11). Amém!

ERT

Edson Ronaldo Tressmann

Não creia em todo espírito (1Jo 4.1)

  27 de abril de 2024 Salmo 150; Atos 8.26-40; 1João 4.1-21; João 15.1-8 Texto: 1João 4.1-21 Tema: Não creia em todo espírito (v.1) ...