segunda-feira, 25 de maio de 2020

Ainda é Pentecostes!


Pentecostes
Dia 31 de maio de 2020
Salmo 25.1-15; Números 11.24-30; Atos 2.1-21; João 7.37-39

Texto: Nm 11.24-30
Tema: Ainda é Pentecostes!

Hoje é dia de Pentecostes!
E há pelo menos 3 pentecostes narrados na Bíblia e um em pleno século 21. Como assim? Deixe-me explicar melhor.
O primeiro pentecostes na Bíblia, se deu por ocasião da Torre de Babel. Claro que foi o pentecostes ao contrário. As diferentes línguas fizeram as pessoas se afastar uma da outra e se espalhar pela terra. Esse pentecostes foi necessário, afinal, o ser humano voltou-se contra a vontade de Deus. Enquanto Deus desejava que eles se espalhassem pela terra, eles resolveram se unir em torno de si mesmos e num só lugar (Gn 11).
Isso já nos leva ao pentecostes narrado por Lucas em Atos 2. Nessa ocasião o Espírito Santo foi enviado e nas mais variadas línguas, todas as pessoas ouviram a mesma mensagem. Os turistas que estavam presentes em Jerusalém, ouviram na sua própria língua a mensagem de Deus. Era preciso que a mensagem a respeito de Cristo se espalhasse e começou por esse dia em Jerusalém através dos turistas ali presentes.
E outro pentecostes é odo deserto. Narrado por Moisés em Números 11.24-30. Qual foi o motivo desse pentecostes?
O povo está marchando para Moabe. Desde Nm 10.11 até 12. 12.16 acompanhamos a caminhada do povo do Sinai até Cades. E uma das marcas desse povo na sua caminhada é a reclamação. Com muita frequência o povo se esquecia e ignorava as bênçãos de Deus. E pior, encontravam defeitos na providência divina.
Três dias depois do culto de louvor no Mar Vermelho (Êx 15.22-27), murmuraram contra Moisés e Deus por não terem água para beber. O tempo passou e 3 dias após deixarem o Sinai (Nm 10.33) queixam-se novamente.
O povo de Deus permaneceu quase um ano acampado numa região monótona. Isso os levou ao desanimar nas dificuldades de uma nova jornada.
O povo passou a reclamar. O termo hebraico – asapsup – é usado por Moisés para descrever a gentalha, ou melhor, os egípcios que saíram do Egito e acompanharam o povo de Deus (Êx 12.38). Esses passaram a reclamar.
Seis dias da semana, o povo vivia um verdadeiro milagre. O pão do céu (Sl 78.24; 105.40), caia todas as manhãs e provinha o sustento necessário. Mas, quando se passa a reclamar, esquecer e ignorar a providencia de Deus, ficamos enjoados. Os incandescentes desejavam que o cardápio de Deus fosse melhorado (Nm 11.8).
E, Moisés que havia cantado triunfantemente a respeito do Senhor (Nm 10.35-36), queixou-se com Deus sobre o seu chamado (Nm 11.11-15). Em outras palavras, Moisés desanimou. E frustrado e desanimado, Moisés levou seus fardos ao Senhor e, aceitou a decisão de Deus (Nm 11.17).
E Deus decidiu repartir o comando (Nm11.17) e enviar auxiliares espirituais para que o povo tivesse cuidado também espiritual, haja visto que o social já havia encarregados para fazê-lo (Êx 18).
Deus disse a Moisés para que escolhesse 70 anciãos e esses receberiam de Deus o seu Espírito e teriam a missão de ajudar na condução espiritual do povo (Nm 11.25).
Deus decidiu e prometeu o Espírito e o mesmo foi distribuído para 70 anciãos escolhidos por Moisés (Nm 11.25,29). O “ruah” (Espírito) deu a eles o dom da profecia (Nm11.26-30). E esse dom é característica do Espírito de Deus (1Sm 10.6-13; 19.20-24; Jl2.28; At 2.4; 1CO 12.10).
Esse é o Pentecostes do deserto!
Profetizaram por Deus ter colocado neles seu Espirito.
Mas, dentre os 70 escolhidos, 68 estavam reunidos no tabernáculo. Eldade e Medade não estavam presentes. Não sabemos por qual motivo, mas, não foram disciplinados pelo Senhor e nem por Moisés. Não perderam a bênção de Deus, mesmo fora do tabernáculo receberam o Espirito e profetizavam.
Ao receber a notícia, Josué ficou perturbado e solicitou a Moisés que eles parassem com aquilo. Moisés teve que lidar com a questão da exclusividade espiritual. João Batista (Jo 3.26-30), Jesus (Lc 9.46-50) e Paulo (Fp 1.15-18) também tiveram que lidar com esse assunto.
Não se sabe explicar, mas Josué achava que Moisés e Deus estavam perdendo alguma coisa ao permitir que esses dois homens recebessem o Espírito Santo e profetizassem.
Moisés, ao contrário de Josué, ficou cheio de alegria (Nm 11.29).
O Espírito Santo não é uma exclusividade de uma pessoa ou de uma igreja. O Espírito de Deus sopra onde quer.
Em pleno ano de 2020, século 21, vivenciamos o pentecostes. Os templos estão fechados e apenas um grupo, pastor e 5 ou seis auxiliares estão no templo. E será que só eles recebem o Espirito Santo? E os que estão em casa, online? Serão esses prejudicados?
O pentecostes de 2020 é maravilhoso!
Ao perguntar para Josué: “Você está com ciúmes por mim?” (Nm 11.29), Moisés enfatiza a universalidade do evangelho. O Espírito Santo faz com que as pessoas conheçam a Cristo.
Dias atrás um colega de ministério compartilhou comigo uma experiência maravilhosa. Disse-me que após uma das transmissões on-line de um culto, uma pessoa entrou em contato dizendo que já estava afastada da igreja 25 anos. E agora, em isolamento, tendo recebido o compartilhamento do culto e assistido o mesmo, está disposta a seguir uma igreja após a pandemia. Pentecostes do século 21!
O Espírito Santo faz do ser humano um interlocutor de Deus. Viva o pentecostes em meio ao COVID-19. Amém!
ERT
Edson Ronaldo TREssmann

sexta-feira, 22 de maio de 2020

Verdades num mundo misinformation!


Sétimo Domingo de Páscoa
24 de maio de 2020
Sl 68.1-10; At 1.12-26; 1Pe 4.12-19; 5.6-11; Jo 17.1-17
Texto: João 17.17
Tema: Verdades num mundo misinformation!

Segundo o dicionário Merriam-Webster, o termo FakeNews começou a ser usado no final do século XIX, e chegou com muita força em 2019 no Brasil. As fake news são notícias falsas compartilhadas como sendo verdadeiras. Além das fake news há a misinformation, informação errada.
As informações falsas ou equivocadas têm ganhado espaço e influenciado as crenças e opiniões das pessoas.
Por mais que se tenha acesso a muita informação, devido a ascensão da tecnologia e da internet, é preciso se perguntar: Estou informado ou desinformado? Isso é verdade ou mentira?
A sociedade parece estar tão vulnerável a mentira e desinformação que em2018 o Ministério da Saúde admitiu que o combate as fake news é uma questão de saúde pública. 91% dos empresários brasileiros se preocupam com o fato de alguma notícia falsa estragar a reputação da sua marca e dano a credibilidade da empresa.
Há um verdadeiro “mercado de fake news” que se beneficia com tráfego gerado aos sites e blogs. E as consequências são geradas pelo crédito a fake e ainda pelo compartilhamento.
No mundo da acessibilidade, cheio de novas facilidades e opções de compartilhamento e troca de informações, têm tornado os indivíduos mais vulneráveis e mais sujeitos a mentira e desinformação.
As fake news se espalham rapidamente, 70% maior que as notícias verdadeiras e atingem um público 100 vezes maior.
Joseph Goebbels disse que uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade. Os robôs que propagam fake news repetem mentiras e mais mentiras que vão se tornando verdades num mundo que sofre da mitomania (doença da mentira).
Quais são os frutos da mentira?
As fake news têm gerado desordem familiar, social e eclesiástica. Suas consequências são desde piadas até ferimentos e assassinatos.
Jesus orou pelos seus discípulos, “Que eles sejam teus por meio da verdade; a tua mensagem é a verdade” (Jo 17.17).
Jesus ao fazer essa intercessão por ocasião da sua despedida, pouco antes de ser preso e crucificado, suplica ao Pai que fortifique, encoraje e os abençoe.
Jesus pede pela verdade e diz que a verdade é a mensagem de Deus!
Recordemos que essa oração de Jesus foi é fundamental, pois, logo após a ressurreição, a fake news correu solta. Ela dizia que Cristo não ressuscitou, mas, que os discípulos haviam roubado o corpo de Jesus (Mt 28.13).
Nesse mundo, cheio de misinformation e fake news, a verdade absoluta é a da Palavra de Deus. Jesus disse em João 8.31-32. E só é discípulo de Cristo quem permanece nessa verdade, a Palavra de Deus.
Muitas misinformation e fake news têm afastado discípulos de Cristo e gerado catástrofes que podem ser eternas, graças a Deus que a mensagem da verdade ainda continua sendo proclamada e enquanto há respiração, há chance desse discípulo retornar e receber o abraço do Pai.
Jesus orou: “Que eles sejam teus por meio da verdade; a tua mensagem é a verdade” (Jo 17.17).
Somos da verdade! Fomos trazidos pela verdade! Precisamos permanecer na verdade!
Parece uma luta muito desigual. Afinal, de um lado temos o mundo, que jaz no maligno (1Jo 5.19) de quem Jesus pediu para sermos guardados (Jo 17.15), que com seus robôs geram fake news e os serviçais do diabo que as espalham e dispersam discípulos. Do outro, temos os discípulos que parecem estar em pequeno grupo e compartilham o amor de Deus.
Jesus orou: “Que eles sejam teus por meio da verdade; a tua mensagem é a verdade” (Jo 17.17). Amém!
ERT – Edson Ronaldo TREssmann

quarta-feira, 20 de maio de 2020

Ascensão: Recado importante de Jesus!


21 de maio
Ascensão do Senhor Jesus Cristo
Salmo 47; Atos 1.1-11; Efésios 1.15-23; Lucas 24.44-53
Texto: Atos 1.6-8
Tema: Ascensão, recado importante de Jesus!

Até o final do século IV, início do V, a igreja cristã celebrava a ascensão de Cristo junto ao domingo de Pentecostes. Pela manhã celebravam a ascensão e a tarde a festa de Pentecostes.
A partir do século VI as duas celebrações foram separadas e a igreja, desde o século VI, assim como relata Lucas em Atos 1.3, quarenta dias após a páscoa.
Para nossa reflexão, convém recordar dois fatos. Primeiro: ressuscitado, Cristo desceu ao inferno (1Pe 3.18-19). No inferno Cristo proclamou sua vitória. Pessoas que estavam no inferno, viram o Cristo vitorioso, mas, para essas pessoas restou e resta apenas o lamento eterno. O Cristo ressuscitou mostrou-se vitorioso ao inimigo. Segundo: Ressuscitado, Cristo subiu aos céus.
Esses dois eventos são imprescindíveis quando queremos meditar na importância e necessidade da mensagem da ascensão.
No evangelho e no livro de Atos, Lucas apresenta um fato inquietante. Os discípulos, homens que ouviram da boca de Jesus sobre tudo o que aconteceria, presenciaram a crucificação, viram Jesus ressuscitado por cerca de 11 vezes durante 40 dias, em muitas situações estavam cheios de dúvida. Vejamos Lc 24. 37-45; At 1.6.
Esse relato é muito interessante, pois, mostra a situação do ser humano diante das coisas de Deus. As coisas de Deus sempre estão em choque com as coisas humanas.
Os discípulos, homens que presenciaram todos os eventos, agora, cheios de dúvida e questionamentos. Essa é a humanidade! Cheia de dúvidas e questionamentos para as coisas de Deus.
Por isso, Jesus ao despedir-se faz a promessa de que “rogaria ao Pai, e ele dará o auxiliador” (Jo 14.16). O próprio Jesus afirma que “o mundo não pode receber esse Espírito porque não o pode ver, nem conhecer ... Mas, o Auxiliador, o Espirito Santo, que o Pai enviar em meu nome, ensinará a vocês todas as coisas e fará com que lembrem de tudo o que eu disse a vocês” (Jo 14.17,26). O apostolo Paulo destacou na carta aos coríntios de que “ninguém pode dizer, Jesus é o Senhor, a não ser que seja guiado pelo Espirito Santo” (1Co 12.3).
Lucas magistralmente escreveu que mesmo junto a Jesus, os discípulos tiveram dúvidas, incertezas, questionamentos. E para esses homens assustados, receosos e inquietos, Jesus transmite uma mensagem muito especial que vale também para nossos dias.
Voltemos nosso olhar para o texto de Lucas em Atos 1.6-8.
Lucas inicia seu relato destacando o aparecimento de Jesus para os discípulos durante os 40 dias entre a ressurreição e sua ascensão ao céu. E isso, como em outras situações despertou curiosidade e dúvida nos discípulos.
Os discípulos queriam saber sobre a restauração de Israel (v.6). Eles desejavam saber se já havia chegado o momento de Israel livrar-se do jugo romano. Tudo o que havia acontecido era para eles a certeza de que o tempo havia chegado e que o povo de Deus estava liberto. Será que teremos a paz eterna agora? Nosso reino está restaurado?
A resposta de Jesus a essa questão têm muito à ensinar para toda igreja do século 21. Jesus disse: “Não cabe a vocês saber a ocasião ou dia que o Pai marcou com a sua própria autoridade. Porém, quando o Espírito Santo descer sobre vocês, vocês receberão poder e serão minhas testemunhas em Jerusalém, em toda a Judeia e Samaria e até nos lugares mais distantes da terra” (At 1.7-8).
Dúvidas e questionamentos as coisas de Deus sempre houve, há e haverá. Mas, o fato é: somos as testemunhas de Cristo pelo poder do Espírito Santo.
Jesus responde aos seus discípulos, para que não se ocupem com aquilo que não é da conta deles. Ou seja, parem de especulação sobre esse ou aquele dia em que Jesus voltará. Pelo contrário, sejam testemunhas de Cristo para que, quando ele voltar, leve vocês e os atingidos pelo vosso testemunho ao céu. Em outras palavras, não deixem as pessoas irem para o inferno. Aproveitem todas as oportunidades e testemunhem a Cristo para que pessoas recebam o caminho que as leva para o céu.
No dia em que Jesus subiu aos céus, nos deixou um recado muito importante. E o recado é: não se preocupem com o que não é da jurisdição de vocês, apenas sejam testemunhas!
É urgente a tarefa do testemunho a respeito de Cristo.
Deus faz promessas maravilhosas para suas testemunhas. Ele diz pelo profeta Isaías: “minha palavra não voltará vazia” (Is 55.11).
O testemunho a respeito de Cristo é como uma chuva. Você já observou como tudo fica belo depois de uma chuva? Assim é a vida da pessoa que recebe Cristo pela Palavra! Você é um enviado da parte de Deus para fazer isso.
O apostolo Pedro recomenda que nosso testemunho sobre Cristo precisa ser com respeito e mansidão (1Pe 3.15-16).
O recado de Jesus no dia da ascensão é importante, pois mostra o verdadeiro foco da igreja. Ser testemunha!
Só há um jeito para que esse mundo seja salvo: Crer em Cristo. E o apostolo Paulo perguntou: “...E como poderão crer, se não ouvirem a mensagem? E como poderão ouvir, se a mensagem não for anunciada? E como é que a mensagem será anunciada, se não forem enviados? As Escrituras Sagradas dizem: “Como é bonito ver os mensageiros trazendo boas notícias!” Mas nem todos aceitam a boa notícia do evangelho. Foi Isaías quem disse: “Senhor, quem creu na nossa mensagem? Portanto, a fé vem por ouvir a mensagem, e a mensagem vem por meio da pregação a respeito de Cristo” (Rm 10.14-17).
Como disseram os anjos aos discípulos, vamos, mãos à obra! O mundo está cheio de dúvidas e questionamento, transmita Cristo, o caminho, a verdade e a vida. Amém!
ERT
Edson Ronaldo Tressmann

quarta-feira, 13 de maio de 2020

Conselhos fundamentados na morte, ressurreição e descida ao inferno.


17 de maio de 2020
6º Domingo de páscoa
Sl 66.8-20; At 17.16-31; 1Pe 3.13-22; Jo 14.15-21
Texto: 1Pe 3.13-22
Tema: Conselhos fundamentados na morte, ressurreição e descida ao inferno.

Se alguém falar mal de você por sua vida em Cristo, por você ser cristão – fique feliz!
O fundamento para esse conselho está na morte, ressurreição e descida de Cristo ao inferno.
Diante dos perseguidos que poderiam desanimar e desistir da vida cristã, o apostolo Pedro volta ao que é fundamental: Jesus Cristo, sua morte, ressurreição e descida ao inferno.

Os cristãos estavam sendo malfalados pela sua fé. Se vocês fizerem o bem, alguém irá fazer o mal contra vocês (v.13).
Se vocês sofrerem por causa da justiça (vida justa), vocês estarão bem aventurados. Não temam o temor dele. Se houver sofrimento e perseguição por fazerem a justiça não se perturbem (v.14). Aproveitem e deem testemunho cristão na sociedade (v.15). Santifiquem a Cristo o Senhor no seu coração.
Santifiquem a Cristo no seu coração fazendo defesa, estando preparado para dar razão da esperança que tem.
Pedro exorta os cristãos a serem apologetas, ou seja, fazerem apologia. Essa palavra é usada por Paulo na carta aos Filipenses destacando que mesmo preso sua tarefa é defender o evangelho.
A verdade é que, o evangelho não precisa de um advogado humano que o justifique. Mas, diante de um ataque ideológico e moral é importante estar pronto para falar da esperança que o cristão têm, mesmo num contexto adverso que se vive. E essa defesa precisa ser com “com mansidão e temor” (v.16).
Num mundo explosivo como o nosso, a resposta não pode ser arrogante. A resposta em defesa do evangelho precisa partir da mansidão. Jesus é manso e seus seguidores são mansos. Deem a resposta a fim de que naquilo que eles difamam os cristãos, eles sejam envergonhados. Mesmo que o cristão esteja sendo, como era o caso, caluniado e difamado.
Ao escrever: “se a vontade de Deus assim quiser, é melhor sofrer fazendo o bem do que fazer o mal. Porque também Cristo uma vez pelos pecadores sofreu, o justo pelos injustos, a fim de conduzi-los para Deus” (v.17-18), o apostolo enfatiza a morte e ressurreição de Cristo. E ressuscitado, “Nesta nova realidade, vivificado no Espírito, também aos espíritos em prisão, tendo ido proclamou” (v.19) desceu ao inferno.
Cristo foi ao inferno numa nova realidade. Vitorioso. Ressuscitado.
Para que Cristo desceu ao inferno?
Para fazer uma proclamação. Foi fazer um anúncio. O texto não diz o que já foi anunciado, mas, pelo uso da palavra, observa-se que foi proclamar sua vitória!
Àquele de quem Jesus veio nos resgatar, foi o primeiro a ver o vitorioso.
O mundo permeado na pós-pós-modernidade, ignora a realidade do inferno escancarada ao nós pelo relato do apóstolo Pedro. Jesus em uma de suas parábolas também destacou a triste realidade do inferno (Lc 16.16-31).
O relato de Pedro além de apresentar a existência do inferno, mostra que, algumas pessoas estavam lá na companhia do diabo e dos capetinhas (v.20).
Estavam lá as pessoas que haviam ignorado a mensagem proclamada por Noé nos 120 anos da graça. Enquanto Deus, aguardava pacientemente o arrependimento daquela geração, a mesma, preferiu afastar-se dos caminhos de Deus e assim, destinaram-se ao inferno. É preciso recordar que Jesus diz claramente que o inferno não foi criado para os seres humanos (Mt 25.41).
No tempo de Noé, Deus esperava ansiosamente (apexeteromai). No tempo de Noé a esperança de Deus estava esperando ansiosamente, assim como o faz em nossos dias. Toda essa espera paciente de Deus (v.21), se manifestou durante a construção da arca. As águas do dilúvio são de juízo, mas, 8 pessoas foram resgatadas por meio da água.
Deus que continua paciente com o ser humano, nos apresenta pelas palavras de Pedro que pelas águas do batismo nos salva (v.21).
Se nas águas do batismo, oito pessoas foram salvas, as águas do batismo, salvam as pessoas ainda hoje.
É preciso destacar que o batismo não é uma remoção completa da sujeira da carne.
Pedro, inspirado pelo Espírito Santo, real autor das Escrituras, usou a palavra grega Ripoz (no N.T. é usada só aqui em Pedro).
A que se refere essa palavrinha? É uma referência a carne (sarx) e não a corpo (soma).
A palavra sujeira no Antigo Testamento aparece em Jó 14.4 e no livro apócrifo de 1Clemente 17.4. E em ambas situações refere-se a impureza ética e moral diante de Deus.
O batismo salva, mas não isenta ninguém do pecado, ou seja, não remove a impureza da carne. O batismo me permite voltar a Cristo todos os dias e receber o seu perdão. O batismo que salva não tira a impureza da carne. Somos justos (pelo batismo, pelo que nos entregou) e pecadores (em nós mesmos).
O batismo é agente de Deus.
O batismo opera uma boa consciência em relação a Deus. A ressurreição de Cristo faz do batismo algo que renova a vida, que dá uma nova consciência, que traz salvação. A pessoa continua pecadora, mas ela está perdoada do seu pecado. Por isso, a frase “sujeitados a ele anjos e autoridades e poderes” (v.22), mostra o valor da ressurreição de Jesus dá ao batismo uma nova realidade. A ressurreição de Jesus oportuniza um novo tempo. É ânimo para os cristãos que sofrem.

ERT
Edson Ronaldo TREssmann

segunda-feira, 4 de maio de 2020

Palavra que alimenta e realiza!


10 de maio de 2020
5º Domingo de Páscoa
Sl 146; At 6.1-9; 7.2,51-60; 1Pe 2.2-10; Jo 14.1-14
Texto: 1Pe 2.2-10
Tema: Palavra que alimenta e realiza!

Pedro escreve à cristãos espalhados devido o evangelho que realizou e realiza sua obra e continua realizando essa obra, por isso, nos faz sacerdotes para que sejamos proclamadores das virtudes de Cristo.
No capítulo 1, o apostolo Pedro fala sobre a Palavra de Deus que salva, torna santos, regenera. Essa Palavra é o puro leite genuíno e dado por Deus.
Hoje estamos celebrando o dia das mães. E toda mãe sabe a importância da amamentação para os filhos.
Desejem o genuíno leite espiritual!
Sejam como criancinhas recém-nascidas, desejando sempre o puro leite espiritual, para que, bebendo dele, vocês possam crescer e ser salvos” (1Pe 2.2).
É uma metáfora pela qual o pastor Pedro sugere aos cristãos recém convertidos pelo evangelho que os levou a perseguição para que não deixem essa palavra de lado. Era ano 60 d.C., e as comunidades cristãs haviam acabado de se instalar e passaram a ser perseguidas. Essa situação poderia levar ao desânimo.
Como bebês recém-nascidos, esses cristãos, precisavam desejar ardentemente a única coisa que os podia fazer crescer. O que faz um recém-nascido crescer? Leite.
Assim como um bebê recém-nascido precisa de leite, o cristão precisa de leite espiritual.
Esta é a palavra que o evangelho trouxe para vocês” (1Pe 1.25), e essa Palavra não deveria ser abandonada, nem desprezada.
Quantas vezes uma criança precisa mamar para crescer saudável? Leite espiritual, alimento do cristão, ou seja, a Palavra, precisa ser buscada quantas vezes?
Uma criança precisa do leite da sua mãe, ou seja, de uma pessoa humana, para crescer saudável. Assim, aquele que foi salvo, regenerado e santificado pela Palavra, precisa se alimentar da Palavra.
Uma criança recém-nascida pode mamar um leite que não seja o materno? Pode. Mas, todos sabemos as consequências disso.
No original grego, o apostolo Pedro faz um bonito contraponto. No verso 1 usa o termo doloengano e no verso 2, o termo adologenuíno.
Desejem o leite espiritual, genuíno, ardentemente.
Como?
v. 1 – “abandonem tudo o que é mau, toda mentira, fingimento, inveja e críticas injustas”.
Abandonar é uma referência a vestimenta que se usava no oriente. As pessoas usavam túnicas compridas, e, quando precisavam correr, necessitavam se desvestir, abandonar o que os atrapalhava correr. Abandonem tudo o que é mau, toda mentira, fingimento, inveja e críticas injustas”.
5 coisas precisam ser abandonadas: maldade, mentira (engano), fingimento (hipocrisia), inveja, críticas injustas.
Todas essas coisas podem surgir naturalmente naquelas comunidades perseguidas. Aqueles cristãos deveriam reagir positivamente a perseguição. Deus os estava usando como sementes do evangelho por onde eram espalhados (v.1). A exortação do apostolo Pedro se deve ao fato daqueles cristãos poderem reagir negativamente diante da perseguição. Eles poderiam passar a murmurar, criticar uns aos outros, se passarem por aquilo que não eram ...
Para que, aqueles novos cristãos, perseguidos por causa da Palavra que os salvou, regenerou e santificou, Pedro exorta para que desejem ardentemente a Palavra de Deus. Na perseguição, o desejo de Deus era que aqueles cristãos crescessem e que sua fé fosse purificada.
Desejem ardentemente o genuíno leite espiritual. Por que? Por essa Palavra há crescimento e salvação. Pela Palavra, Deus opera para salvar do poder do pecado.
Pela Palavra: “Pois, como dizem as Escrituras Sagradas: “Vocês já descobriram por vocês mesmos que o Senhor é bom” (v.3).
Pedro utiliza-se das palavras do Salmo 34.8 para expressar certeza: “vocês já descobriram ...”. Pedro diz, agora, ou já que experimentaram que o Senhor é bondoso, procurem o leite genuíno que ele dá e que os alimenta.
Os versos 6 a 8 são citações das palavras do profeta Isaias (Is 28.16; 8.14-15) e do salmista (Sl 118.22) e confirmam a rejeição de Israel e a igreja agora ocupando seu lugar como edifício, templo e casa espiritual. Por causa do evangelho que os evangelizou, eram a igreja, Templo, sacerdotes.
Sacerdócio real
O “Sacerdócio real de todos os crentes” (1Pedro 2, 5, 9 e 10) é um tema tão significativo que o apostolo João faz eco a essas palavras em Apocalipse 1.6, 5.10.
Cada cristão é um sacerdote do Rei Jesus nas mais variadas situações do dia-a-dia.
Sacerdócio santo e realé uma maneira de descrever a igreja. ...”.
O termo grego hieráteuma enfatiza que o sacerdócio não repousa sobre o indivíduo, mas sobre a coletividade. Todo o povo, todos os que creem, formam uma corporação sacerdotal. E, assim como no Antigo Testamento (Ex 19.5), os sacerdotes servem a Deus e ao próximo, e tem como sua principal função e missão “anunciar os atos poderosos de Deus, que os chamou da escuridão para sua maravilhosa luz” (1Pe 2.9), usando os dons que receberam do Senhor (1Pe 4.10).
Fomos feitos sacerdotes quando renascidos por meio do evangelho que dura para sempre (1Pe 1.25). Tudo o que fazemos como cristãos, na fé, é um exercício de nosso sacerdócio, seja “espiritual” ou “secular”.
O sacerdócio real não se restringe ao que fazemos “dentro da igreja”, mas no ser cristão no dia a dia. No escrito Da Liberdade Cristã”, Lutero destacou que “o mais apaixonado desafio ao cristão é viver seu eu para o outro”, enfatizando especialmente o nosso sacrificar-se pelos outros como Cristo o fez por nós. O sacerdócio real se desenvolve na família, na sociedade e na igreja. No exercício de cada crente na sua vocação recebida por Deus. O problema é que transformamos os programas e atividades da igreja em obras “sagradas” e esquecemos das obras e atividades do dia-a-dia. A arena de sua santidade é no exercício da sua vocação.
Servimos a Deus e ao próximo como sacerdotes reais de Cristo em nosso dia a dia, no viver da vida comum, nas tarefas rotineiras que cada um tem em sua vocação. Uma mãe serve a Deus quando limpa o bumbum do(a) seu(sua) filho(a).
Esse servir começa no batismo e tem um aspecto funcional muito importante. Cada sacerdote tem uma função específica, necessária e não substituível por outro sacerdote. Somos sacerdotes únicos e que possamos servir. Amém!
ERT
Edson Ronaldo TREssmann

Saindo ileso da cova!

30 de março de 2024 Salmo 16; Daniel 6.1-28; 1Pedro 4.1-8; Mateus 28.1-20 Texto : Daniel 6.1-24 Tema : Saindo ileso da cova!   Tex...