segunda-feira, 30 de outubro de 2017

O Justo viverá por fé. Herdeiros da Reforma!

Herdeiros da Reforma
"O justo viverá por fé" (Rm 1.17)
"O justo viverá pela sua fé" (Hc 2.4)

Os luteranos se dizem herdeiros da Reforma. Não se pode esquecer que há outros herdeiros da mesma. Tomo a liberdade e pergunto:  
O que significa Luterano?
1518 – Martinho Lüder, Luder, Loder, Ludher, Lotter, Lutter ou Lauther, passou a assinar Eleutherios, derivado da palavra grega ελεύθερος (livre), de onde ele tira a palavra flexionada Eleutherios (o livre)
O termo luterano foi usado por João Eck (1520) como deboche.
Referindo-se ao texto de 1Corintios 1.13, Martinho Lutero protestou veementemente contra o uso desse termo dizendo: “Como poderia eu, pobre e fedorenta carcaça que sou, vir a ter os filhos de Cristo chamados pelo meu nome horrível? Assim não, meus amigos; vamos deixar de nomes partidários e chamar-nos cristãos, segundo aquele cujos ensinamentos nós temos”.
Após 1648 o uso do termo Luterano passou para uso teológico e popular.
Os luteranos, e em consequência todos os reformadores e reformados, após Lutero, sofreram ataques. O maior ataque à Reforma foi a Contra Reforma (1545 - 1563) uma resposta da ICAR.
Diante dos ataques da Contra Reforma, os herdeiros da Reforma Protestante, buscaram sintetizar os pontos centrais da Reforma.
Os Reformados começaram a dizer em que eram diferentes dos católicos e no que de fato acreditavam.
Havia uma real necessidade apologética de apresentar respostas aos questionamentos feitos.
Os reformados (luteranos, calvinista) sintetizaram tudo nos cinco SOLAS.
Sola Scriptura # ICAR (revelação continuada)
Solus Christus # Méritos dos intercessores (santos)
Sola Gratia, Fide # Cooperação na salvação.
Soli Deo Gloria = Resultado dos outros 4 solas.
Os 5 SOLAS representam as alas dos Reformados
Resumo: Os Cinco Solas mostram que herdeiros da Reforma tiveram que enfatizar no que de fato acreditavam e no que eram diferentes.
Em pleno século XXI, 500 anos da Reforma, é preciso reafirmar nossa herança e fazer uso da mesma?
Sim (   )      Não (   )

Com as 95 teses, a cristandade, foi convidada  para uma renovação da busca pela verdadeira doutrinapela verdade do evangelho.
Duas HERANÇAS
DOUTRINA        EVANGELHO
A Doutrina verdadeira é apresentar às pessoas a mensagem salvadora do evangelho. E essa apresentação se dá pela Confissão e pelo Ensino. Confissão e Ensino é a apresentação às pessoas a respeito da mensagem salvadora do evangelho.
Para preservar as heranças da Reforma, os Luteranos tem as suas Confissões. Essas Confissões compõem o Livro de Concórdia mostram a maneira como lemos a Bíblia.
A principal contribuição da Reforma é apresentar o Deus da Bíblia.
Toda grande religião tem um professor e mestre, o cristianismo tem um salvador!
Infelizmente, ao longo da história cristã encontramos três correntes que apontam como requisito de salvação a seguinte mensagem:
Jesus Cristo + alguma coisa = salvação
Século XVI, Lutero se opôs ao      +              Alguma coisa
O Papa - pontífice (ponte entre Deus e os homens), o culto, as orações e as devoções aos santos, as penitências e indulgências, tinham como função o perdão e a salvação do povo.
Cristo
+
Penitência
Com a penitência a pessoa se diz alcançar aos poucos a salvação. Sua vida é um constante pagar pelos seus pecados.
Cristo
+
Dízimo
A comercialização da fé e da salvação, infelizmente, não é um fenômeno que ficou restrito à Idade Média nem à prática romana.
Em pleno século XXI, especialmente dentro de muitas igrejas evangélicas, o evangelho é oferecido por dinheiro e a salvação e as bênçãos, trocadas por dízimos e ofertas.
O que é alarmante nisso tudo é que muitos cristãos não percebem o quanto isso fere a supremacia da obra de Cristo.
Contra a comercialização da fé, da salvação, das orações e das relíquias, afirmamos: Cristo! Cristo! Só Cristo!
Não é Cristo + alguma coisa. É somente Cristo = Salvação.
Cristo
+
Participação das atividades
É correto, digno e justo que cada cristão se envolva e participe dos cultos e atividades da igreja (Hb 10.25).
No culto Deus fala e age.
Participar das atividades da igreja é uma grande bênção. Somos um corpo com muitas partes.
O problema surge quando reduzimos a vida cristã à participação em uma enxurrada de atividades eclesiásticas. Classificamos como ...
A Bíblia joga luz sobre a obra de Cristo. Nossa salvação depende inteiramente da obra realizada por Cristo na cruz. E a nossa identidade mostra isso.
Deus não tem colabores na salvação.
Para Deus a matemática não é Cristo + alguma coisa. Para Deus, a matemática é simplesmente Cristo = Salvação
Herdeiros da Reforma - 500 anos depois:
-         Em que você tem depositado seu coração?
-         Examine a sua fé!
-         Só Cristo? Ou há algo mais?
O evangelho sobre a graça de Deus em Jesus não é o ABC da igreja e o A - Z.
O grande problema da igreja brasileira é justamente o evangelho.
Todas as igrejas usam a Bíblia, mas, o problema é como apresentam o Deus da Bíblia.
Nesse sentido temos 5 Tipos de igrejas evangélicas.
Igreja centrada na personalidade
Igreja fundamentalista
Igreja pragmática
Igreja ativista social
Igreja Institucional
Herdeiros da Reforma: Qual dessas igrejas estamos seguindo?
Viver como herdeiras da Reforma é usar a nossa herança. O evangelho que trata de Jesus! O Jesus que nos faz servir, que nos faz herdeiras, nos faz viver.
É preciso que o pregador aponte o dedo na direção certa e que 0 ouvinte veja a coisa certa:




Rev. Edson Ronaldo Tressmann






quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Reforma Protestante - 500 anos!

Reforma Protestante - 500 anos!
Mateus 10.34 e Hb 4.12

Não penseis que vim trazer paz à terra;não vim trazer paz, mas espada” (Mt 10.34)

Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4.12)

Tema: A Palavra de Deus traz guerra e paz!

Martinho Lutero, sem dúvida um dos melhores pregadores que a cristandade já conheceu.
Lutero vinha pregando em sua igreja de Wittenberg havia anos, mas quanto mais pregava, mais desanimado ficava. As pessoas não entendiam. Elas ouviam de bom grado, mas em vez de serem motivadas, se tornavam apáticas. Lutero observou que, apesar de sua pregação, “ninguém age de acordo com o que ouve; pelo contrário, as pessoas tornam-se tão ignorantes, frias e preguiçosas que é uma vergonha, e elas fazem muito menos que antes”.
Um exemplo: quando Lutero e os outros reformadores pregavam que participar do culto não era mais um ato meritório, a frequência nos cultos diminuiu.
Janeiro de 1530, Lutero estava tão farto, que anunciou à igreja que não pregaria mais. Irônico, mas a verdade é que Lutero entrou em greve. Claro que como todo apaixonado pela pregação, Lutero não ficou muito tempo longe do púlpito.
Um ano antes de morrer, durante uma viagem, resolveu não voltar a Wittenberg, o centro da Reforma. Ele escreveu à sua esposa Catarina: “Meu coração esfriou, de modo que não quero mais ficar lá”. Ele estava irritado porque as pessoas pareciam muito indiferentes a sua pregação. Muitos até zombavam sobre quem lhe havia dado o direito de questionar tanto o que antes era ensinado.
Estou farto dessa cidade e não quero voltar”, escreveu. Preferiria “mendigar o pão a torturar e irritar minha pobre velhice e meus últimos dias com a sujeira de Wittenberg”. Dentro de um mês, porém, um dos moradores da cidade pediu que Lutero voltasse.
Todos os pregadores ficam desanimados.
O desânimo se deve ao momento em que vivemos. Os pregadores televisivos são tidos como melhores; os pastores das pequenas congregações, sem aparente sucesso, são constantemente interpelados a ouvir e aprender com esses famosos pregadores como se eles fossem a solução de todos os problemas. O relativismo está presente entre nós. Os baais modernos competem pela lealdade do povo.
Que encruzilhada! Entramos em greve ou mudamos? Aprendemos a fazer a diferença, apesar dos desafios?
Qual pastor em seu íntimo que já não pensou:
- Qual é o valor do exercício do ministério nesse lugar?
- vou pregar, mas não me sinto ali, vou ao púlpito e me sinto vazio;
- quem é você para pregar sobre fé?
- devo ou não devo falar sobre determinado assunto? Afinal, as pessoas se chateiam.

Todo pregador vive o dilema: tenho em minhas mãos a espada que fere e ao mesmo tempo paz. Tenho em minhas mãos algo mais efetivo que um aparelho de ultrassonografia
Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4.12)

A Bíblia não quer falar para o mundo moderno como se o pregador precisasse ser psicólogo, antropólogo, cientista político e social. A Bíblia quer criar um mundo que não existiria sem que Deus falasse. Deus falou e o mundo veio a existir. E Deus fala e uma nova criação surge: o pecador justificado! Antes de falar sobre o fim, Deus disse para não acrescentar nenhuma palavra e nem tirar qualquer Palavra que fosse da Bíblia (Ap 22.17-18).
Não se pode reduzir o evangelho a uma frase de para-choque de caminhão. É pelo ouvir do evangelho que a comunidade de Deus vai tomando forma.
O livro antigo, para muitos ultrapassado, desconcertante, agressivo, que traz espada e paz, um livro maravilhosamente desafiador, conhece a verdade sobre mim. Sou pecador (por isso a espada) e como tal preciso da redenção em Jesus (paz). Esse livro de Deus: ... é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4.12).
As histórias do pregador não são dele. Deus dá a mensagem (Bíblia). Deus nos torna mensagem (história, acontecimentos).
Deus tem uma relação de amor comigo e nessa relação de amor a comunicação é vital e para que a comunicação seja perfeita, enviou seu Filho, do qual sou comunicador.
A Palavra de Deus traz guerra e paz!
Nunca estou velho ou inteligente demais para morrer. Todos os dias eu preciso morrer. Tomar minha cruz e seguir Jesus. Que cruz pesada está sendo a de pregador do evangelho! Mas, é tão somente pelo evangelho que Jesus quer transformar o mundo, trazendo guerra e paz!
Não penseis que vim trazer paz à terra;não vim trazer paz, mas espada” (Mt 10.34)
A Reforma nasceu pelo abrir da Bíblia.
Ao abrir a Bíblia, muitas pessoas infelizmente acomodaram-se. Não podemos simplesmente voltar a velhas práticas pagãs, legalistas para motivar pessoas. É preciso tão somente falar o que Deus fala através da Bíblia – por mais que isso traga a espada, pois, sem a Espada do Espírito, não há paz de Espírito.
Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4.12)
Continuemos com o evangelho a respeito da graça de Deus em Cristo – somente o evangelho libertou pessoas ao longo da história da humanidade após a queda em pecado.
Esse evangelho é o poder de Deus para salvação!
Semana após semana, pregação após pregação, pessoas vão sendo ressuscitadas, e vivendo novas vidas pelo evangelho!
A Palavra de Deus incomoda!
Não penseis que vim trazer paz à terra;não vim trazer paz, mas espada” (Mt 10.34)
Será que as pessoas também matariam Jesus hoje?
Dependendo da pregação de muitos, Jesus seria feito reitor de uma universidade, preletor de conferências, presidente do Brasil. Mas, Jesus é salvador. Não se pode reduzir o cristianismo ao esforço humano para se tornar uma boa pessoa, ou simplesmente alguém entusiasmado pela sociedade!
Jesus foi morto porque ameaçava o mundo constituído. Ele, pela pregação do evangelho continua sendo uma ameaça, principalmente ao diabo que não quer a salvação.
Muitas pessoas não gostam mais da igreja! É por que a igreja ama a instituição e muitas vezes tem se esquecido de Jesus. É melhor pregar para manter uma instituição e uma estrutura, do que falar sobre Jesus, que por vezes traz espada.
Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hb 4.12)
Na época da Reforma não foi fácil falar contra uma estrutura. Foi possível por causa do evangelho, o qual se é chamado a pregar, mesmo que traga espada.
Não penseis que vim trazer paz à terra;não vim trazer paz, mas espada” (Mt 10.34)
O evangelho é uma espada de dois gumes – ele interfere em tudo o mais sobre a terra (Henry Ward Beecher). O evangelho invade todos os cantos e todas as curvas da vida dos ouvintes: sexualidade, pensamentos, sonhos, contas bancárias, pecados secretos, alvos, propriedades, motivações, família e trabalho.
É preciso, como pregador, e isso traz um deserto árido, falar, interferir, mas sem justiça própria. Edificar a igreja, não condená-la. Falar a verdade, mas em amor.
Todo pregador precisa entender que: assim como nos alegramos com os batismos, também nos gloriamos das pedradas, afinal, “a Palavra de Deus traz a paz e a espada”.
Amém!

Edson Ronaldo Tressmann

terça-feira, 24 de outubro de 2017

A justificação pela fé leva a prática do amor!

29 de outubro de 2017
Sl 1; Lv 19.1-2,15-18; 1Ts 2.1-13; Mt 22.34-46
Tema: A justificação pela fé leva a prática do amor!

No dia 31 de outubro de 1517, Lutero afixou na igreja do castelo em Wittenberg, 95 teses. Com essa afixação, Lutero de maneira nenhuma quis deflagrar um movimento. O objetivo de Lutero, um teólogo preocupado com a correta interpretação bíblica, era apenas esclarecimento teológico sobre a indulgência.
As indulgências, prática que surgiu no século XI, usadas apenas para abrandar os castigos temporais. Com o decorrer de seu desenvolvimento, já em pleno século XVI, não havia mais clareza nenhuma sobre as indulgências. No século XVI, as indulgências tinham destacada importância sob o aspecto financeiro. Toda a Cúria e Estado Papal dependiam em grande parte das rendas auferidas com a venda de indulgências.
Enquanto que os fiéis viam na indulgência uma oportunidade de se proteger do purgatório e do juízo eterno. Enquanto o povo, pelas indulgências desejava ardentemente a salvação, a Cúria Romana, encontrou um meio para suprir suas necessidades financeiras.
Século XXI, as indulgências modernas, são aqueles através das quais o povo busca bênçãos e proteção e os apóstolos e bispos enriquecem-se.
Lutero, doutor em teologia, estava preocupado e buscou com zelo recuperar a correta doutrina e pregação da igreja. Lutero atacou a falsa segurança que havia nas indulgências.
A Cúria Romana desviou o debate, colocando Lutero como deturpador da autoridade eclesiástica e papal.
Num sermão sobre a indulgência e a graça, Lutero enfatiza como ponto central em suas 95 teses o arrependimento e a penitência como sendo algo que atinge o ser humano por inteiro.
Para Martinho Lutero, as boas obras que o cristão realiza é um serviço ao próximo e não deve ser entendido como ato em prol de seu aperfeiçoamento ou ainda uma fuga aos castigos impostos por Deus. As indulgências, para Lutero, causam ociosidade na prática da fé. Nas teses 53 a 55, é possível ouvir as batidas do coração de Martinho bater forte, afinal, Lutero destaca que as indulgências ameaçam silenciar a Palavra de Deus.
Ninguém é capaz de satisfazer, em nenhuma hipótese, seus pecados diante de Deus. A verdade é que, Deus em Jesus, perdoa os pecados a toda hora e gratuitamente.
A compra das indulgências deixavam os cristãos preguiçosos e negligentes. A indulgência era fuga da obediência.
A fé, manifesta-se também nisso, em que a pessoa dispõe em alegre obediência a cumprir os mandamentos. A fé torna a pessoa disposta a sofrer todo o mal e arriscar corpo e vida, propriedade e honra por amor a Deus.
O mandamento do amor ao próximo está ao lado do mandamento do amor à Deus. Deus me dirige ao próximo, não como uma indulgência. Deus não necessita, mas exige as nossas boas obras para que o próximo seja favorecido.
Amar o próximo veio a ser o caminho pelo qual amamos a Deus. Ao servir o próximo, servimos ao próprio Deus. No próximo, Deus está presente a mim. Não há ganho pelo servir ao próximo, apenas, se apresenta a fé.
Amar o próximo é uma oportunidade que Deus dá para que a fé seja exercitada e não uma maneira pela qual irá se conseguir abrandar ou aliviar sofrimentos.
No próximo, Deus está presente na nossa rua, na porta da nossa casa. O mundo está pleno de Deus. Servir e amar a Deus é servir e amar o próximo. Deus está próximo de cada ser humano, através do próximo. As indulgências do século XVI visavam apenas a construção da Basílica de São Pedro e tantas outras, mas paralisavam o amor ao próximo.
Deus requer de seus filhos somente a oferta da fé. Para minha salvação não posso fazer nada. Mas, isso não deve me paralisar, pois meu próximo necessita das minhas ações. Por isso Jesus me ordena a amá-lo.
Para poder socorrer meu próximo já tenho tudo o que necessito: . Pela fé, posso socorrer o meu próximo que tem necessidade de alimento, roupa, dignidade, etc. A fé, o presente pelo qual Deus me garante a salvação. Pela fé, o cristão não vive mais a sua vida para si mesmo. Tudo o que um cristão possui é usado para servir ao outro, se assim não for, estará roubando do próprio Deus. Na visão divina, tudo o que uma pessoa tem de sobra e não usa para ajudar o próximo é uma posse ilegal, é roubo.
Deus usa um sábio para ajudar um tolo, um piedoso para ajudar um impiedoso, o justo para ajudar quem erra. Deus usa o rico para ajudar o pobre. Quem assim não age, estando na fé, está roubando de Deus.
Ano passado (2016) quando estava acontecendo o pleito eleitoral, alguém me perguntou: “pastor, você não quis concorrer a um cargo político?” Minha resposta foi simples. Se faço o bem para alguém, não o faço para alcançar cargo político, o faço como exercício da fé.
Martinho Lutero disse que “maldita é a vida na qual alguém vive somente para si mesmo e não para o seu próximo. Maldita é toda boa obra que não é feita por amor”. As indulgências não visavam o amor e a prática da fé.
Não se espantem, mas em pleno século XXI, ou seja, 10 séculos após seu surgimento, 500 anos após a Reforma, ainda há resquício de indulgências disfarçadas.
Há muitos cristãos que não praticam a fé para o bem do próximo, apenas a exercitam pensando em seu próprio bem. Pessoas oram para si, jejuam para si, dizimam pensando em si.
O cristão que vive na fé não vive em si mesmo, mas no outro. Em Cristo, pela fé e, no próximo pelo amor. Na fé, o cristão não confia em si mesmo e em suas realizações.
Quando Deus ordena amar o próximo, requer que a vontade seja motivada somente pela boa vontade de Deus, pelo prazer em sua lei.
Amar ao próximo é um mandamento que não visa realização terrena pessoal e nem um acréscimo a recompensa divina. Amém!

Pr Edson Ronaldo Tressmann

terça-feira, 17 de outubro de 2017

A santificação provém da justificação!

22 de outubro de 2017
20º Domingo após Pentecostes
Sl 96.1-9; Is 45.1-7; 1Ts 1.1-10; Mt 22.15-22
Tema: A santificação provém da justificação!

Em 18 de maio de 1518, numa carta a Espalatino, Martinho assinou a mesma como Martinus Eleutherius. Eleutherius significa o liberto. Desse nome surgiu a nova grafia, “Lutherus, Luther” (Lutero).
Os luteranos são “os libertos”. Libertos do pecado, do diabo e do inferno. Por causa dessa libertação, vivem a verdadeira liberdade cristã.
O cristão vive nesse mundo sabendo que é governado por Deus através de dois regimes: o espiritual e civil.
A pergunta feita à Jesus se é ou não licito pagar impostos a César era uma pegadinha.
César, imperador romano, representava as forças militares de ocupação na Palestina. Os romanos haviam conquistado a Palestina desde 63 a.C. e cobravam impostos dos judeus para manter o território em paz e segurança. Muitos eram contrários a esse domínio.
Assim, a pergunta capciosa feita à Jesus na verdade tinha como objetivo jogar Jesus contra o povo. Se Jesus respondesse “não” seria preso como revolucionário. Se caso respondesse “sim” seria tido como opressor aliado da cúpula romana. Mas, a resposta de Jesus tem duas partes: “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mt 22.21).
1 – Devolva o que recebeu de quem recebeu
Em sua resposta, Jesus omite a palavra “imposto” assim como entendido na época. O verbo usado para imposto era “didomi” (dar, pagar). Na resposta, Jesus se expressa com o verbo “apodidomiapódote” (Mt 22.21), que vai além do sentido “pagar”. Apodidomi pode significar dar de volta. Com isso, Jesus diz que a devolução não era um pagamento de imposto, mas, entregar o que se tem de quem recebeu (Mc 10.42; Lc 23.2). Devolva o que você recebeu, de quem você recebeu.
Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mt 22.21).
O fariseu não perguntou, mas, Jesus faz uma referência direta a Deus. E ao responder que é preciso devolver o que recebeu de quem recebeu, Jesus na verdade está levando aqueles fariseus a reflexão sobre onde está a fé.
Qualquer judeu ao ouvir a resposta “Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mt 22.21), responderia a Jesus dizendo que “toda a terra” é de Deus (Dt 19.5; 26.8; Sl 136.22) e assim, toda a terra deve ser dada a ele.
Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mt 22.21).
2 – Visão ampla de Reino
A resposta de Jesus mostra o equilíbrio entre os dois reinos. O reino da mão direita e da mão esquerda.
César, as autoridades, só administram a vida pública (Pv 8.15). Deus, através do evangelho comanda, governa a vida.
Jesus não caiu na cilada dos fariseus. Afirmou que todas as coisas pertencem a Deus. Ao pagar os impostos, o cristão está devolvendo o que recebe de Deus.
Os impostos não são pagamentos! É uma forma de amor ao próximo, pois, pelos impostos se mantêm a saúde, a educação, a segurança. Infelizmente, vejo muitos cristãos não querendo mais pagar impostos pela alegação de que não estão recebendo o devido retorno em serviços públicos essenciais. Claro que isso é verdadeiro. Infelizmente, devido a corrupção o Brasil e principalmente os serviços públicos estão padecendo, mas, uma coisa, um fato, não justifica o outro.
Na época de Jesus, muitas pessoas achavam que a arrecadação de tributos não era correta, pois, eram cobrados na Palestina, mas revertidos em benefícios dos romanos e de Roma.
A solução não é ser um Tiradentes, ou seja, lutar contra os impostos da coroa portuguesa. O cristão é um cidadão do Reino de Deus com compromissos nesse mundo - inclusive na luta pelos mais fracos e desprotegidos. Se muitos de nossos representantes políticos estão desviando recursos, Deus lhes julgará e está lhes cobrando pela justiça humana. O que não pode acontecer é um cristão ser julgado pela sonegação de impostos.
As pessoas eram e são libertadas pelas palavras de Jesus. Todos Eleutherius (libertos) pela Palavra de Deus no Batismo, na Pregação, são chamados a viverem responsavelmente nesse mundo.
Dai, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus” (Mt 22.21).
3 – Vida santificada
Um cristão vive sua fé cumprindo obrigações civis e públicas. A autoridade civil tem por obrigação, como representante de Deus nesse mundo, prestar serviços necessários à existência da sociedade organizada.
O cristão sabe e se não, precisa saber que, é governado por Deus por meio de duas mãos. A mão esquerda e a mão direita. Através das leis desse mundo e do Evangelho.
Na época de Lutero, muitas pessoas comprovam indulgências para se safar do purgatório. Outros doavam grandes quantias para construções de igrejas e capelas, mas esqueciam do real e verdadeiro amor ao próximo. O mesmo ocorre hoje.
Há aqueles que praticam o dízimo, mas sonegam imposto. Dessa maneira deixam de atuar na sociedade em favor do próximo.
Ser cristão, ser filho de Deus, não isenta das obrigações para com o Estado. Os dez mandamentos visam tanto a confissão de fé, bem como o excelente convívio em sociedade.
Não se pode justificar a prática da sonegação devido a corrupção das autoridades. O cristão é um bom cidadão. O cristão justificado vive sua vida santificada inclusive na politica, na luta por direitos e pelo uso correto do dinheiro dos impostos. 
O cristão batizado e crente sabe que recebeu de Jesus o pleno perdão. O cristão pertence a Deus e reconhece sua cidadania celestial, mas não abdica, e nem deixa de viver a sua cidadania terrena. O cristão sabe que não é do mundo, mas vive no mundo. Assim, convém perseverar na fé e no amor (1Ts 1.3) sabendo que esse mundo continua sendo governado por Deus (Is 45). Amém!


Pr Edson RonaldoTressmann

domingo, 8 de outubro de 2017

A justificação pela fé traz uma paz que excede todo entendimento!

15 de outubro de 2017
19º Domingo após Pentecostes
Sl 23; Is 25.6-9; Fp 4.4-13; Mt 22.1-14
Tema: A justificação pela fé traz uma paz que excede todo entendimento!

Quando o apóstolo Paulo escreveu sua carta aos filipenses a situação não era tão diferente da dos nossos dias. Eram dias difíceis, dias onde reinava a perseguição. Cristãos estavam sendo açoitados, presos e muitos eram mortos.
O apóstolo Paulo estava preso em Roma, escreveu a carta aos cristãos Filipenses no ano de 61 AD., não é estranho dizer que a mesma foi escrita hoje.
Paulo visa consolar a comunidade que, nessa situação não havia esquecido do pregador do evangelho e lhe havia enviado donativos.
Num primeiro momento alguém pode concluir que em meio a perseguição, a tortura, a morte, e prisão do apóstolo Paulo, não há muito o que escrever para consolar. No entanto, o Espírito Santo, que guiou mãos e mentes na composição das letras da Escritura Sagrada, guiou o apóstolo Paulo à aconselhar: “Alegrai-vos”.
O apóstolo Paulo sabia que a única fonte segura e consoladora em toda e qualquer situação era e é Cristo, por isso, “Alegrai-vos, sempre no Senhor, ...”.
A expressão sempre ressalta que Cristo é a fonte da alegria em todos os momentos e situações. Nada é capaz de roubar daquele que está em Cristo a certeza do amor, do perdão e a esperança (Rm 8.37).
Muitos cristãos de Filipos que haviam sido presos estavam receosos com respeito aos seus filhos e parentes. À esses o conselho “Alegrar-se no Senhor” estava ancorada na certeza de que “Perto está o Senhor” (Fp 4.5).
Alegre-se no Senhor” pois “perto ele está”, ou seja, Jesus conhece os sofrimentos, está pronto a amparar e fortalecer e virá em breve para julgar os vivos e os mortos.
Alegre-se no Senhor”, pois a sua “paz excede todo o entendimento e guarda o coração e a mente em Jesus” (Fp 4.7).
Essa paz só acalma o coração do cristão, aquele que sabe o quanto era inimigo de Deus e sabe a respeito da obra de Cristo para salvar o pecador. A paz que excede toda a razão humana só é encontrada no perdão de Cristo.
Deus sempre se ocupou em enviar pessoas para oferecer essa paz. Deus enviou patriarcas, juízes, reis, sacerdotes, profetas, discípulos, apóstolos. Além desses, ao longo da história, Deus levantou homens corajosos que lutaram em favor do evangelho. Um desses homens foi Martinho Lutero.
Na sua época, milhares de pessoas viviam perseguidas pela inquietação quanto a salvação. Haviam milhares de pessoas que não conheciam a paz que excede todo entendimento.
Não conhecer e não ter a paz que excede todo o entendimento não era drama apenas na época da Reforma. É um drama que acompanha a humanidade desde que Adão e Eva caíram em pecado.
A paz que excede todo o entendimento era carência do povo na época do profeta Isaías. Para transmitir a paz que excede todo o entendimento, conforta e consola, o profeta Isaías foi enviado por Deus para transmitir a paz de Deus.
Através do profeta Isaias, o próprio Deus está prometendo que vai dar um banquete. Na época de Lutero, as pessoas não se sentiam dignas de participar do banquete. Você se sente digno de participar desse banquete? Deus deseja que todos participem do banquete preparado por ele, mas infelizmente muitos não irão participar por não aceitarem o convite da paz feito pelo evangelho.
A paz que excede todo o entendimento não é alcançada pelos atos de justiça pessoal. Há pessoas que querem se justificar através de suas obras, de suas peregrinações, jejuns, orações, etc. No entanto, o profeta Isaías anuncia que “...todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças, como trapo de imundícia; ...” (Is 64.6).
Deus deseja que todos conheçam a paz que excede todo entendimento. O profeta Isaías proclamou uma promessa esplendorosa, Deus dará um banquete, com as melhores comidas e os vinhos mais finos.
A dignidade para que o pecador tenha seu lugar no banquete celestial está naquilo que Jesus fez. Deus é o Rei da parábola (Mt 22.1-14), que além de enviar servos para convidar pessoas ao banquete, em seu Filho Jesus dá as roupas adequadas para que participem do banquete (Mt 22.12). Jesus disse: “Eu lhes dou a vida eterna, e por isso elas nunca morrerão. Ninguém poderá arrancá-las da minha mão” (Jo 10.28). A obra de Jesus, a justiça conquistada por Jesus dada pela fé torna o pecador digno de participar do banquete celestial. O apóstolo João apresenta essa verdade em Apocalipse: “...São as pessoas que lavaram as suas roupas no sangue do cordeiro, e elas ficaram brancas” (Ap 7.14).
A paz que excede todo entendimento é o maior anseio da humanidade. Essa paz sempre foi proclamada. O primeiro a proclamá-la foi o próprio Deus (Gn 3.15). Desde aquele dia no jardim do Éden, diante da realidade de que o homem longe de Deus estava perdido (Gn 3.9), Deus se encarregou de enviar pessoas para proclamar a paz que excede todo entendimento.
A paz que excede todo entendimento lança o olhar do pecador ao futuro. Como anunciou o profeta Isaías: “acabará com a nuvem de tristeza... acabará para sempre com a morte... fará desaparecer do mundo inteiro a vergonha que o seu povo está passando... e enxugará dos olhos toda a lágrima” (Is 25.6-9).
O profeta Isaias anunciou ao povo as promessas de Deus. A promessa de perdão e salvação é a paz que excede todo entendimento. Essa paz é buscada pela humanidade. Foi assim na época de Lutero. Tanto que ao deparar-se com a paz que excede todo entendimento, uma luz raiou dentro de Lutero.
Na época do profeta Isaias, muitos estavam sendo tentados a fazerem o mesmo que os moabitas, ou seja, resistir contra Deus. Os capítulos 24-27 pode ser considerado a parte apocalíptica da mensagem do profeta.
Isaías usa uma linguagem que indica o povo de luto, alguém ameaçado de morte. Nessa situação o povo precisava confiar em Deus, e não se voltar contra Deus adorando outros deuses e fazendo alianças com outros povos. Deus iria libertar, como disse Paulo aos Filipenses Perto está o Senhor” (Fp 4.5). Nessa certeza, o povo era convidado a confiar e depositar toda sua esperança. Isaías anunciava da parte de Deus as maravilhosas promessas de Deus e diante delas esperava que o povo tivesse esperança e confiança.
A paz de Deus excede todo entendimento na perseguição, na angústia e na ansiedade. A paz de Deus tranquiliza pessoas angustiadas e ansiosas quanto a salvação. Amém!


M.S.T. Rev. Edson Ronaldo Tressmann

Não creia em todo espírito (1Jo 4.1)

  27 de abril de 2024 Salmo 150; Atos 8.26-40; 1João 4.1-21; João 15.1-8 Texto: 1João 4.1-21 Tema: Não creia em todo espírito (v.1) ...