segunda-feira, 30 de julho de 2018

Pão Diário

05 de agosto de 2018
11º Domingo após Pentecostes
Sl 145.10-21; Êx 16.2-15; Ef 4.1-16; Jo 6.22-35
Tema: O pão diário!

Perguntas e mais perguntas. Como Jesus teve que lidar com perguntas.
O texto do evangelista João (Jo 6.22-35) relata um diálogo onde Jesus só responde. Não faz perguntas, mas suas respostas fazem o interlocutor dialogar consigo mesmo.
Primeira pergunta: mestre, quando chegastes aqui? A resposta de Jesus é surpreendente, pois, não responde a pergunta de como havia chegado. Ele responde dizendo que a pergunta revelava a intenção dos que perguntavam.
A resposta de Jesus foi: Em verdade, em verdade vos digo vocês me procuram não porque viram sinais, mas porque comeram os pães.
A resposta de Jesus pressupõe o pensamento daquelas pessoas. Na verdade, a pergunta deixa implícito o que as pessoas pensavam. Em seu íntimo, as pessoas não queriam saber como Jesus havia chegado ali, elas queriam saber porque Jesus havia saído de onde estava. Jesus havia feito a multiplicação de pães e peixes e por estarem carentes de pão, as pessoas não queriam que Jesus as tivesse abandonado. E ao responder de uma maneira aparentemente incompreensível, Jesus diz que as pessoas estavam vindo até ele pela motivação errada. Ante a motivação equivocada, Jesus recomenda que as pessoas produzam uma comida que não perece.
Diante da proposta de Jesus (v.27), as logo questionam: se depende de nós, o que nós vamos fazer para realizar essas obras de Deus? Ao que Jesus responde: A obra de Deus não é o que vocês vão fazer, mas é o que Deus quer. O que Deus requer de seus filhos e filhas? (1º Mandamento) Crer nele. Se o crer é uma exigência divina, que sinal irá fazer? Dá para fazer mais pão como Moisés deu maná no deserto? E Jesus indica o grande equívoco daquelas pessoas. Moisés não fez nada. Foi meu Pai. Dá nos sempre desse pão? Jesus diz: Eu sou o pão da vida.
Nessa primeira parte do diálogo, onde Jesus é questionado e parece não responder o que as pessoas querem saber, mas o que elas necessitam saber, o ponto alto é o v. 35Eu sou o pão da vida ...
O salmista (Sl 145) expressa a valorização do pão diário, mas de maneira muito especial, o pão da vida.
As pessoas buscam demasiadamente o pão físico. Acabam com suas forças, saúde, sacrificam o tempo com a família, igreja, lazer, para adquirirem uma mesa farta. Para esses Jesus ressalta que querer tão somente o pão que alimenta o físico e esquecer-se do pão da vida é morrer de fome e não se dar conta.
Deus ensina através de um de seus mandamentos a equilibrar as coisas. Seis dias trabalharás, mas um dia será de santificação, ou seja, de reflexão, meditação na Palavra do Senhor. O Deus que ensina isso é o Deus que cada qual afirma no primeiro mandamento: Eu sou o Senhor teu Deus, não terás outros deuses diante de mim. O apóstolo Paulo enfatizou em sua epístola a Timóteo: “a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro, e alguns nessa cobiça, se desviaram da fé”.
Lembre-se: o salmista ressalta como uma certeza de fé de que Deus alimenta a sua criação. E o episódio vivido pelo povo de Deus apresenta que Deus dá aos seus enquanto dormem. 
Jesus disse: “Eu sou o pão da vida ...”. Ele não quer que você faça de tudo para não lhe faltar nada nessa vida. Deus em seu Filho Jesus realizou a maravilhosa obra da salvação e te oferece tudo isso em sua Palavra e Sacramentos para que você tenha tudo por toda uma eternidade. Amém!

Edson Ronaldo Tressmann

segunda-feira, 23 de julho de 2018

Ajoelhados diante do Pai


29 de julho de 2018
10º Domingo após Pentecostes
Sl 136.1-9; Gn 9.8-17; Ef 3.14-21; Mc 6.45-56
Tema: Ajoelhados diante do Pai

Nesse momento você têm algo para se pôr de joelhos?
As palavras de Efésios 3.14-21 apresentam a segunda oração de Paulo pelos Efésios nessa epistola.
Costumo dizer que pregar nada mais é do que plagiar a Bíblia – por isso, arrisco dizer que se não estivesse citando as Palavras que Paulo usou aqui e fizesse a mesma oração, muitos de vocês duvidariam (palavras de um comentarista bíblico).
Você ousaria orar dizendo: que eu seja tomado de toda a plenitude de Deus (Ef 3.19), ou seja, me permita conhecer Cristo como ninguém pôde conhecer (Ef 3.19)? Paulo orou assim pelos cristãos da Ásia Menor. E a boa notícia é que Deus é capaz de fazer muitos mais que pedimos.
O apóstolo Paulo foi ousado na oração. Escreve aos Efésios dizendo que num intervalo que deu na escrita da carta, orou para que os cristãos tenham isso e isso.
Paulo pede coisas que nós não temos coragem de pedir. Ou, até nos esquecemos de pedir. Na primeira série dessa mensagem da carta de Paulo aos Efésios (carta circular, aos cristãos da Ásia Menor), aprendemos sobre as bênçãos espirituais. Vocês lembram quais são? Ou, para aqueles que aqui não puderam estar, vale a pena lembrar: as bênçãos do Pai: nos escolheu, nos adotou, nos aceitou; as bênçãos do Filho: nos redimiu, perdoou, revelou o plano de salvação do Pai, nos fez sua herança; as bênçãos do Espírito Santo: nos colocou a marca de proprietário de Jesus, nos dá a certeza da salvação.
Após enumerar essas bênçãos espirituais (Ef 1.3-14), o apostolo Paulo mostra a riqueza da nossa herança (Ef 1.15-23). No capítulo 2.1-10, o apostolo aponta para a bênção da salvação pela fé independente das obras da lei.
E agora, Efésios 3.14-21, Paulo nos diz que parou por um momento de escrever a carta e se colocou de joelhos ante a todas essas bênçãos e pede que Deus conceda essa compreensão aos cristãos.
Por esta causa, me ponho de joelhos diante do Pai,” (Ef 3.14).
Muitas vezes é bom parar com aquilo que estamos fazendo e nos colocar de joelhos diante do Pai. É preciso lembrar que um judeu ortodoxo orava de pé com as mãos para cima. O fato de se ajoelhar indicava sentir-se humilhado, quebrantado, prestes a derramar seu coração diante de Deus. Essa é justamente essa a atitude de Paulo diante do Pai (v.14) de quem toma o nome toda família (v. 15).
Paulo se põe de joelhos pois tudo o que escreveu anteriormente inspirado pelo Espírito Santo (Ef 2.1-10) mostrando que a graça de Deus que nos deu vida quando estávamos mortos. Paulo se pôs de joelhos, pois a graça de Deus, uniu dois povos inimigos (Ef 2.12-22) numa só família. Paulo se pôs de joelhos, pois (Ef 3.1-10) o mistério do evangelho que estava oculto, Deus nos revelou.
É ou não é motivo para se pôr de joelhos?
O apostolo Paulo medita e escreve sobre o plano da redenção. Por isso se põe de joelhos. E num momento, Paulo para e ora pedindo que Deus conceda a graça para que os cristãos não sejam superficiais, mas, que conheçam todas essas bênçãos e não sejam enganados por ninguém.
Paulo orou pelos cristãos da Ásia Menor e deixou registrado o conteúdo da sua oração:
1 - ...sejam espiritualmente fortes. ...” (Ef 3.16).
Depois de expor a graça de Deus, o apostolo Paulo pede pela ação do Espírito de Deus para que os cristãos sejam fortalecidos nessa graça. Em outras palavras, Paulo pede para que os cristãos sejam espiritualmente fortes (mente, coração, consciência, vontade).
Um cristão fortalecido na graça de Deus enfrenta melhor as dificuldades dessa vida. Quando um cristão está fraco, em sua fraqueza desanima facilmente.
O fortalecimento é oferecido e dado pelo sopro do Espírito Santo pela sua Palavra e Santa Ceia. Quantas vezes um sermão foi como um bálsamo? Quantas vezes ao cantar um hino nos sentimos confortados e consolados? Quantas vezes ao participar da ceia fomos animados?
Há muitos cristãos precisando dessa oração, “...sejam espiritualmente fortes. ...” (Ef 3.16), afinal de contas, estão desanimados pela vida, pelos problemas no casamento, na vida financeira, ...
Paulo orou pelos cristãos da Ásia Menor e deixou registrado o conteúdo da sua oração:
2 – Cristo viva no coração de vocês (Ef 3.17)
Paulo pede aqui que Cristo habite pela fé, mas sabemos que no cristão, Cristo já habita. Como pede para habitar no coração de vocês? Só pela fé. Mas, o apostolo Paulo pede que Cristo habite plenamente, isto é, que não haja nenhuma área da sua vida que Cristo não esteja. Que Cristo ocupe o centro dos seus negócios, da sua vida amorosa, da sua vida ministerial, dos seus planejamentos, da sua vida familiar, da política ... Por esse motivo, quanto mais entendemos o evangelho, quanto mais fortes espiritualmente, mais abrimos mão de nós mesmos e da nossas realizações.
Paulo orou pelos cristãos da Ásia Menor e deixou registrado o conteúdo da sua oração:
3 – tenham raízes e alicerces no amor” (Ef 3.17)
Árvore se põe em pé por causa das raízes e um edifício fica de pé pelo seu firme fundamento. E ao dizer que tenham raízes e alicerces no amor, Paulo enfatiza um amor que se desprende de si mesmo. E esse amor era para ser a raiz e o fundamento entre os Efésios, assim como foi entre Deus e os cristãos.
Paulo orou pelos cristãos da Ásia Menor e deixou registrado o conteúdo da sua oração:
4 – possam compreender o amor de Cristo em toda sua largura, comprimento, altura e profundidade” (Ef 3.18)
Ao pedir compreensão, o apostolo está pedindo para que os cristãos captem integralmente, ou melhor, se apropriem definitivamente da magnifica obra de Jesus realizada na cruz. Por isso a referência: “...o amor de Cristo em toda sua largura, comprimento, altura e profundidade” (Ef 3.18).
Que oração extraordinária! Muitos ainda hoje não captaram integralmente a obra de Cristo na cruz, pois vivem suas vidas buscando agradar a Deus através de suas obras, pelas supostas observâncias da lei.
Paulo está pedindo para que todo o povo de Deus tenha em seu íntimo a certeza do amor de Deus em Jesus.
Paulo orou pelos cristãos da Ásia Menor e deixou registrado o conteúdo da sua oração:
5 – ...venham conhecer a Cristo ...” (Ef 3.19).
Paulo pede em oração para que os cristãos conheçam o amor de Cristo que excede todo entendimento.
O que o apostolo Paulo fala aqui é que uma coisa é ouvir a respeito do amor incompreensível de Deus na pregação, outra coisa é dar crédito, outra é perscrutar esse amor. Por isso, Paulo pede que “... Deus encha completamente o ser de vocês com sua natureza” (Ef 3.19).
Humanamente não temos nenhuma condição de avaliar o grande amor de Deus em Cristo por nós.
Ao orar: “...venham conhecer a Cristo ...” (Ef 3.19), Paulo diz que saber é uma coisa – conhecer é outra. O apostolo Pedro ao escrever sua primeira carta (1Pe 1.8) diz que conhecer o amor de Cristo dá uma alegria que não há palavras para descrever.
Paulo orou pelos cristãos da Ásia Menor e deixou registrado o conteúdo da sua oração:
6 – “... que Deus encha completamente o ser de vocês com sua natureza” (Ef 3.19).
Estar cheio da natureza de Deus - o que Paulo pede aqui é tão extraordinário que nem sequer conseguimos pensar. Mas, a luz da carta de Paulo aos Colossenses (Cl 1.19; 2.9) indicam que estar cheio da natureza de Deus é estar cheio de Cristo. Ao estar cheio de Cristo, é saber e viver tendo Cristo como o mais importante na igreja. O importante na igreja não é o pastor, o líder tal, o membro tal. O importante na igreja é Cristo. Em Cristo Deus habita em nós.
Paulo escrevia aos cristãos e após ter orado escreveu a oração que fez pelos cristãos da Ásia Menor, e tendo terminado a sua oração concluiu: “E agora, que a glória seja dada a Deus, o qual, por meio do seu poder age em nós, pode fazer muito mais do que nós pedimos ou até pensamos! Glória a Deus por meio da Igreja e por meio de Cristo Jesus, por todos os tempos e para todo o sempre! Amém!” (Ef 3.20-21).
A Deus pertence toda a glória. E Deus recebe toda a glória, quando o louvamos por aquilo que fez por nós em Cristo Jesus. No início da carta (Ef 1.3), Paulo ressaltou: “Agradeçamos a Deus ...” ou “Bendito o Deus e Pai”. Isso indica que Deus é bendito quando é louvado pelos seres humanos quando esses recebem suas bênçãos.
Nesse momento você têm algo para se pôr de joelhos?
Tenho sim, pois além de tudo o que Deus me concede em Cristo, Deus “pode fazer muito mais do que nós pedimos ou até pensamos!” (Ef 3.20). Amém!
Edson Ronaldo Tressmann

terça-feira, 17 de julho de 2018

A igreja nada mais é do que uma nova realidade em Cristo


22 de julho de 2018
9º Domingo após Pentecostes
Sl 23; Jr 23.1-6; Ef 2.11-22; Mc 6.30-34
Tema: A igreja nada mais é do que uma nova realidade em Cristo

Lucas em Atos dos Apóstolos (At 20.31 e 19.10) diz que Paulo permaneceu em Éfeso por três anos. Em nenhuma outra cidade Paulo permaneceu tanto tempo estabelecendo uma igreja. Sendo assim é possível dizer que o apostolo conhecia bem os congregados daquela igreja, no entanto, a carta é bem impessoal, isso por ser uma carta circular, ou seja, não só os cristãos de Éfeso iriam lê-la, mas também os de Colossos, Hierápolis e Laodicéia (tanto que alguns dizem que essa é a carta perdida enviada aos laodicenses Cl 4.16).
Na semana passada, iniciamos nossa reflexão na carta de Paulo aos Efésios, a qual concordo com William Barclay, ou seja, essa carta é a rainha das epistolas de Paulo.
Aborda vários temas, tendo como ênfase principal a igreja universal (não IURD), mas a composição da igreja espalhada por todo o mundo e a missão da mesma. Muitos consideram essa carta como sendo um tratado, um discurso.
A carta aos cristãos da Ásia Menor, carta de Paulo aos Efésios traz o louvor aliado a reflexão (Ef 1 e 2); inspira à missão (Ef 3.1-13) e inspira também a uma oração de ação de graças (Ef 3.14-21), a união e santificação (Ef 4 – 6).
Essa carta é especial, pois, ela traz uma motivação especial a uma nova geração de crentes gentios recém batizados, para que os mesmos não esqueçam sua origem e de que Cristo os resgatou e os tornou igreja.
Paulo desenvolve um diálogo entre duas gerações, do passado e do presente. Do antigo e do novo Israel.
A igreja nada mais é do que uma nova realidade em Cristo.
E dentro dessa nova realidade em Cristo, Paulo, meditamos sobre isso na semana passada, (Efésios 1.3-14) ressalta a obra trinitária como fundamento para nosso louvor a Deus. Em Efésios 1.15-23, descobrimos a riqueza da nossa herança. No capítulo 2, verso 1 ao 10, relembramos a bênção da salvação pela fé independente das obras da lei. As boas obras apenas expressam a fé da igreja.
A igreja nada mais é do que uma nova realidade em Cristo. Sem o evangelho de Cristo estamos mortos e escravos de satanás e da nossa carne. Sem Cristo estamos debaixo da maldição de Deus.
Em Cristo, Deus veio nos buscar e dar vida. A igreja é rica devido as bênçãos espirituais (Ef 1.3-15) e cheia de vida (Ef 2.10).
Ler Efésios 2.11-22.
Estamos constantemente separados por afinidade, doutrina, cor, raça, sexo. Tempos atrás, alguém me alertou de maneira muito educada num e-mail, que eu estava num grupo do facebook destinado a homoafetivos. Ao responder seu e-mail ressaltei que não escolhia os grupos aos quais fazer parte, eu apenas faço parte de grupos de face para publicar as mensagens cristãs.
Vivemos num mundo separatista! As pessoas acham motivos para se separar e fazem questão de mostrar que pertencem a um outro grupo.
Paulo escreve aos Efésios e diz que os gentios (nós) éramos estranhos àquele povo que Deus havia escolhido para ser seu povo.
Os gentios eram todos aqueles que não eram judeus (a partir do século XVII). Gentios, desde sempre são os não descendentes de Abraão.
A escolha de Abraão foi feita por Deus para através dele, toda a terra, todos os povos e raças, serem abençoados (Gn 12.3). Abrão era arameu, idólatra, dizem que era astrólogo (Abrão, significava pai elevado. Olhava para o céu tentando discernir o seu destino e das pessoas que o procuravam). Deus lhe apareceu e fez uma promessa (Gn 12.3) “... de ti farei uma grande nação ...” (Gl 3.8-9). Deus poderia ter escolhido qualquer um, mas escolheu Abrão. Poderia ter escolhido outra nação, pois a Índia já se projetava como uma nação grandiosa. A China já tinha seu começo. Poderia ter escolhido os filisteus, povo guerreiro e forte. Mas, escolheu um povo pequeno e insignificante, liderado por patriarcas que conduziam seus rebanhos na terra de ninguém. Como escreveu Moisés em Deuteronômio: “eu os escolhi” (Dt 4.37).
Conforme Paulo ao escrever aos Gálatas, pela fé em Cristo somos parte dessa grande nação. Em Efésios 2.10, o apostolo ressalta que fazemos parte dessa nação por causa da fé que recebemos como um presente dado por Deus. Por isso Jesus disse: “Não fostes vós que me escolhestes, mas eu vos escolhi, ...” (Jo 15.16).
A escolha de Abraão não foi para separar as pessoas, os povos e as raças. Assim como a raça humana foi separada na torre de Babel pela confusão das línguas, no Pentecostes, pelo poder do Espírito Santo, todos os povos ouviram e entenderam a mesma mensagem. Ao escolher Abrão e fazer dele um povo o objetivo de Deus era que por esse povo todos os povos e raças do mundo fossem abençoados.
Em Cristo derrubou o muro da separação (Ef 2.14). O que isso significa?
O único meio de um gentio ser salvo é pela fé. A fé que se agarra naquilo que Cristo realizou na cruz (Ef 2.10).
No Templo havia um local chamado pátio dos gentios. Essa parte estava fora do templo. O templo era dividido em três partes: altar, a nave e a parte depois dos muros. E esta parte depois dos muros, lá longe do altar, longe da presença de Deus que se dava no Templo, era o local dos gentios.
Em 1871, arqueólogos encontraram uma pedra que ficava diante do templo de Jerusalém. Nessa pedra estava escrito em grego e hebraico: “qualquer homem de outra raça que ultrapassar esta parede e entrar no santuário, será punido com a morte”.
A comunhão direta com Deus era somente aos judeus. No entanto, Deus que reservou um lugar para os gentios, em Cristo derrubou o muro da separação (Ef 2.14).
A expressão em Cristo é usada por Paulo em torno de 200 vezes em suas cartas. É fácil concluir que o ponto está em Cristo. Deus mudou a história humana em Cristo.
Para uma nova geração de cristãos o apostolo Paulo lembra que: “Naquele tempo vocês estavam separados de Cristo; eram estrangeiros e não pertenciam ao povo escolhido de Deus. Não tinham parte nas suas alianças, que eram baseadas nas promessas de Deus para o seu povo. E neste mundo viviam sem esperança e sem Deus” (Ef 2.12).
É preciso reconhecer que está surgindo uma nova geração de cristãos. No entanto, a pergunta é: como está sendo formada essa nova geração de cristãos? Afinal, nas muitas pregações, canções, palestras que se ouve por aí, o ponto não está mais em Cristo.
A igreja tem raízes e fundamentos fortes: Cristo. Mas, deixando Cristo, passa a viver dias complicados.
Deus, nunca quis excluir os gentios, pelo contrário, seu coração missionário, ao chamar Abrão, pensou em todas as raças: “...de ti farei uma grande nação...” (Gn 12.3) “...os da fé são abençoados com o crente Abraão” (Gl 3.9).
Todas as leis dada aos judeus (365 negativas, significando cada dia do ano, e as 206 positivas, para cada osso do corpo humano) resumiam-se em três: sábado, comida e circuncisão. Leis que infelizmente levaram os judeus, luz para as nações (Is 49.6; Zc 8.22; At 1.8; 13.47) a se separar e excluir os gentios, não permitindo que eles tivessem o que Deus em Cristo oferece: comunhão com Deus. Por isso, para uma igreja composta por judeus e gentios, correndo perigo de se separarem, ou se auto excluírem, Paulo escreve: “Lembrem que vocês, os não judeus, eram chamados de incircuncidados pelos judeus, que chamam a si mesmos de circuncidados por praticar a circuncisão. Lembrem do que vocês eram no passado. Naquele tempo vocês estavam separados de Cristo; eram estrangeiros e não pertenciam ao povo escolhido de Deus. Não tinham parte nas suas alianças, que eram baseadas nas promessas de Deus para o seu povo. E neste mundo viviam sem esperança e sem Deus. Mas agora, unidos com Cristo Jesus, vocês, que estavam longe de Deus, foram trazidos para perto dele pela morte de Cristo na cruz” (Ef 2.11-13).
Cuidado – pois, o que Deus fez em Cristo pode ser desfeito pela nossa natureza pecaminosa que apenas quer excluir e se auto excluir. Não aceitamos o diferente e o de opinião contrária.
Se Paulo conhecia aqueles cristãos, tendo ficado lá por 3 anos, recebeu notícias dos mesmos e escreve essa carta para falara entre outros temas sobre a igreja, tem por objetivo ressaltar que a igreja nada mais é do que uma nova realidade em Cristo.
Nesse século 21 a igreja, ao menos aqui no Brasil, não vive o conflito entre gentios e judeus, mas vive o conflito das gerações. E para esse conflito digo uma coisa: passado, presente e futuro estão em Cristo.
Deus ao chamar Abraão e fazer dele um povo tinha apenas um objetivo: reunir todos os povos. Em Cristo, Deus agora tem um novo povo, Deus tem uma nova família (Ef 2.11-22). Você e eu fazemos parte desse povo e dessa família em Cristo. Deus seja louvado por isso!
A igreja nada mais é do que uma nova realidade em Cristo.
Ao seu povo Deus fez uma promessa, fez uma aliança, entregou seu culto, sua lei. Agora, isso também é nosso!
Enquanto Deus estava ocupado em salvar a humanidade pelo seu povo, através do nascimento, sofrimento e morte de Jesus, o seu povo, exclui e se auto excluiu. Enquanto que Deus tinha como alvo incutir a noção de santidade e separação do pecado e do mundo, o seu povo luz para as nações, se separou e exclui outros dessa luz.
As leis apenas identificavam a identidade de Deus a qual aquele povo pertencia. Mas, infelizmente o povo se deixou levar exacerbação. Tanto que tratavam os gentios de maneira desprezível, os tratando como incircuncisos.
A lei de Deus ensina a diferença entre o certo e errado. As datas festivas mostram que Deus é dono do tempo. A mistura, no sentido de confusão, apenas geraria sincretismo.
A separação estava muito acentuada quando Cristo veio. Tanto que Jesus foi duramente criticado quando se aproximava dos gentios com o objetivo de mostrar que Deus também os amava. Os judeus orgulhavam-se de serem descendentes de sangue de Abraão e se fecharam aos gentios e isso levou a separação. Eles se vangloriavam da lei e menosprezavam os outros povos.
A vinda de Cristo mudou essa situação e Paulo ensina isso a igreja dizendo que A igreja nada mais é do que uma nova realidade em Cristo.
Grande apostolo Paulo. Quanta riqueza em suas palavras aos cristãos da Ásia Menor, pois essa carta seria lida em outras cidades. E todos precisavam compreender que em Cristo as diferenças haviam terminado.
Antes de Cristo:
- os gentios eram desprezados por causa da circuncisão.
- se os gentios estavam separados da aliança e sem esperança.
- se os gentios não tinham conhecimento de Deus.
Em Cristo, tudo isso havia acabado.
Vivemos numa época cercada de variados deuses, de uma intensa religiosidade, filosofia, culturas, no entanto, sem querer separar, sem Cristo somos pobres, miseráveis e destinados ao inferno. A união única e verdadeira está apenas em Cristo.
Observe que sem Cristo ... separados de Cristo v.12, ... sem pátria celestial (estrangeiros, v. 12), ..., sem identidade (não pertenciam ao povo escolhido, v.12), ... sem esperança (Não tinham parte nas suas alianças, que eram baseadas nas promessas de Deus para o seu povo, v. 12) e o pior, ... (sem esperança e sem Deus, v.12).
A igreja nada mais é do que uma nova realidade em Cristo.
O ponto é Cristo: “Mas agora, unidos com Cristo Jesus, vocês, que estavam longe de Deus, foram trazidos para perto dele pela morte de Cristo na cruz” (Ef 2.13).
Um mundo sem Cristo, uma cultura sem Cristo, uma filosofia sem Cristo, uma história sem Cristo, uma religiosidade sem Cristo, uma espiritualidade sem Cristo, diz o apostolo Paulo é sem esperança, é sem Deus, é perdição.
Sem Cristo, nós – gentios, éramos sem Deus e sem esperança. Em Cristo somos um novo povo, uma nova raça, e temos uma nova identidade. Louvemos a Deus por isso!
Deus em Cristo reverteu a nossa terrível situação. Em Cristo Deus realizou importantes e necessárias mudanças:
1) - v. 13Cristo aproximou os gentios ao povo de Deus;
2) – v.14reconciliou judeus e gentios que estavam separados. De ambos os povos (diferentes) fez um só. Judeus e gentios são comuns por serem pecadores, se salvam em Jesus mediante a fé.
3) – v.14derrubou o muro da separação. As leis de Deus que separavam os gentios de Deus, Cristo derrubou essa parede. v 15 - Cristo aboliu na sua carne. Na crucificação a lei estava sendo consumada. A condenação que a lei traz foi desfeita em Cristo.
4)v.16 - Reconciliou ambos em um só corpo com Deus. E é essa reconciliação que é evangelizada, v.17.
5)v.18em Cristo, judeus e gentios tem acesso ao Pai. Por isso, v.19 - não sois estrangeiros e peregrinos. Agra temos uma pátria e um destino certo. E só crescemos em Cristo, v. 20-21. E nessa comunhão somos constantemente edificados.
A igreja nada mais é do que uma nova realidade em Cristo.
Seja tolerante! Custou muito caro ser igreja – o sangue de Cristo. Briga na igreja é feio.
Em Cristo - Deus aboliu as diferenças! Estamos unidos pela fé em Jesus.
Em Cristo o desejo de Deus continua sendo a comunhão do santos, a reunião do seu povo.
Deus nos fez igreja em Cristo. Nos deu uma comunhão num povo para louvá-lo. Em Cristo, Deus nos fez uma nova raça, nação, família, edifício.
A igreja nada mais é do que uma nova realidade em Cristo. “Pois foi Cristo quem nos trouxe a paz, tornando os judeus e os não judeus um só povo. Por meio do sacrifício do seu corpo, ele derrubou o muro de inimizade que separava os judeus dos não judeus” (Ef 2.14). Amém.

Edson Ronaldo TREssmann


terça-feira, 10 de julho de 2018

A mensagem dos sicômoros

15 de julho de 2018
8º Domingo após Pentecostes
Sl 85.8-13; Am 7.7-15; Ef 1.3-14; Mc 6.14-29
Tema: A mensagem dos sicômoros

Amós respondeu: Não sou profeta por profissão; não ganho a vida profetizando. Sou pastor de ovelhas e também cuido de figueiras” (Am 7.14)

Essas palavras na interpretação de São Basílio mostram a imagem e a pretensão do cristianismo.
...cuido de figueiras” – ou seja, sou entalhador de sicômoros. Amós diz que cuidava de figueira-doida, uma espécie de figo inferior, cultivada no Oriente Médio, bem como na África há milênios. Aparece algumas vezes na Bíblia (1Rs 10.27; 1Cr 27.28; 2Cr 1.15; 9.27; Sl 78.47; Is 9.10; Am 7.14; Lc 19.4).
O sicômoro é uma árvore que produz frutos sem sabor, por isso, é preciso que seja feita uma incisão para sair o suco e assim transformar o fruto sem sabor em um fruto comestível.
Quando Amós responde “...cuido de figueiras está dizendo que é um furador de sicômoros, é um especialista em tornar agradável o que é desagradável.
O costume de riscar e furar os figos da figueira-brava era bem conhecido no Egito e em Chipre desde os tempos antigos. Esse costume não existe mais no Israel atual porque outras variedades de figo são cultivadas no país. Mas era praticado pelos israelitas nos dias de Amós. Isso porque os sicômoros cultivados em Israel procediam das variedades do Egito. Furar os figos fazia com que a água fosse absorvida e os figos se tornassem suculentos. O furo ou o risco aumentava a produção de gás etileno, que acelerava o amadurecimento, resultando em frutos maiores e doces. Dessa maneira as vespas não estragavam as frutas pois elas amadureciam rapidamente. Sem o furo ou o risco, o figo continuava sendo o que era, imprestável.
Não se pode forçar o texto a dizer o que não diz, mas, acredito que essa informação é importante. Pois, mesmo não sendo um profeta de profissão, Amós trouxe da sua profissão uma mensagem urgente e necessária para o povo.
A tarefa dada por Deus à Amós foi dificílima. Ele foi enviado do sul (Judá, onde o reinado era de Uzias) para o Norte (Israel, reinado de Jeroboão II). A mensagem de Deus através de Amós que alertava o povo parecia ridícula. A nação estava forte e vigorosa.
A mensagem de Deus pelo seu profeta foi perturbadora, mas rejeitada pela elite e pelos líderes religiosos. Tanto que Amazias recomendou Amós voltar para sua terra e não mais profetizar em Israel (Am 7.10-13). Diante desse apelo, “Amós respondeu: Não sou profeta por profissão; não ganho a vida profetizando. Sou pastor de ovelhas e também cuido de figueiras” (Am 7.14). E continuou: “Mas o Senhor Deus mandou que eu deixasse os meus rebanhos e viesse anunciar a sua mensagem ao povo de Israel. Portanto, escute a mensagem de Deus, o Senhor. Você, Amazias, diz que eu não devo continuar profetizando contra o povo de Israel. Mas o Senhor diz a você: ‘A sua mulher virará prostituta aqui na cidade, e os seus filhos e as suas filhas morrerão na guerra. O seus país será dividido entre outros países, e você morrerá numa terra pagã. E o povo de Israel vai ser levado como prisioneiro para fora da sua terra” (Am 7.15-17).
O problema não estava na mensagem de Deus através de Amós. O fato era que a segurança econômica e política estava favorecendo apenas os empresários e o governo e isso não deveria ser denunciado. O povo sustentava a prosperidade recebendo como pagamento a injustiça social e a escravidão. O resultado foi a miséria do povo (2Rs 14.26; Am 2.6; 8.6). (Qualquer semelhança com nossos dias é mera coincidência).
Outros dois profetas, contemporâneos de Amós também anunciavam a mensagem de Deus (Miquéias e Oséias). Diferentemente desses dois, Amós não foi criado para ser um profeta. Era um homem do dia-a-dia que enviado por Deus, proclamou uma mensagem. E que mensagem! A mensagem dos sicômoros. A nação precisava ser ferida em sua vaidade e corrupção. Eles estavam ficando ricos em detrimento da injustiça social e da escravidão.
A mensagem dos sicômoros para a realidade brasileira.
A corrupção no Brasil está tão generalizada que o honesto é tratado como idiota. Os valores cristãos estão em cheque a ponto de serem tratados como conservadores e são ignorados.
Se deixarmos ao nosso bel prazer seremos apenas sicômoros sem sabor e sem serventia, pois somos de natureza pecaminosa e gostamos daquilo que Deus não gosta.
Precisamos da mensagem dos sicômoros, ou seja, precisamos ser furados e riscados pela Palavra de Deus, “Pois a palavra de Deus é viva e poderosa e corta mais do que qualquer espada afiada dos dois lados. Ela vai até o lugar mais fundo da alma e do espírito, vai até o íntimo das pessoas e julga os desejos e pensamentos do coração delas” (Hb 4.12).
Mesmo com a Palavra de Deus não deixaremos de ser sicômoros, mas seremos agradáveis.
A mensagem dos sicômoros para as igrejas evangélicas.
Amós era a voz de Deus em meio a prosperidade que escondia o pecado. João Batista era a voz de Deus no deserto que condenava o pecado no palácio e no Templo. No entanto, a Amós foi recomendado voltar para casa, e João Batista teve sua cabeça cortada.
Ainda hoje, principalmente nós, Igreja Luterana somos acusados de não termos os ditos sinais entre nós. No entanto, vale lembrar que há sim. Quantas pessoas já foram curadas pelas orações! Empregos! Proteção! O problema é que não há marketing que visa o lucro financeiro para isso.
Nossa principal preocupação é ser entalhador de figos, ou seja, transmitir a mensagem do sicômoros.
A história apresentada por João Marcos (Mc 6.14-29) relata como o ser humano pecador se aproveita da ocasião para pôr em prática seus planos maléficos e aí daquele que fizer algo para atrapalhar.
Herodias se aproveitou do momento em que o orgulho do rei estava em jogo. Herodes Antipas havia feito uma promessa diante de pessoas poderosas e não poderia deixar de cumpri-la. E para que seu orgulho não ficasse ferido, aceitou o pedido de Herodias que resolveu se livrar de um problema, ou seja, se livrar de João Batista que pregava a necessidade do arrependimento diante do casamento ilegítimo.
Amós condenou a injustiça social e a corrupção, e Amazias, um funcionário do rei, sacerdote em Betel, recomendou a Amós voltar para casa pois sua mensagem atrapalhava a aquisição de riqueza adquirida à custa da escravidão, corrupção e injustiça social.
Falar contra a teologia da prosperidade e da glória é falar contra os charlatões que usam a palavra não para ferir o pecador para que se arrependa. Os charlatões usam a Palavra para ferir a consciência das pessoas e aprisiona-las em seus métodos de usurpação das bênçãos de Deus. E o que isso tem causado a pregação – bem, tem afastado as pessoas de Deus e da Palavra de Deus.
O mundo, o Brasil, a Igreja, precisa da mensagem de Amós e João Batista, mas não querem dar ouvidos, afinal, a mensagem de Deus pela sua Palavra destrói a pretensão humana. Querer viver como se não houvesse pecado.
O cristianismo contemporâneo com seus pregadores contemporâneos não falam mais de pecado – não querem mais exercer o papel de entalhador de sicômoros. Dessa maneira as pessoas estão vivendo suas vidas como se não existisse pecado. E se não existe pecado, busca-se resolver as coisas nesse mundo com boa vontade pela informação e pela psicologia.
Quando o ser humano se esquece que é pecador e que muitas de suas desgraças são causadas por sua natureza pecaminosa, acaba buscando resolução onde não a encontram. E não a encontram por que o problema do pecado é resolvido apenas num lugar, ou seja, na misericordiosa graça de Deus em Jesus.
Vivemos numa época, conforme Alan Jones, em que tudo é permitido e nada é perdoado. O pecado é ruim, e causa estragos em nossa vida. E diante do pecado, assim como Amós é preciso ser entalhador de sicômoros e convidar o povo: “Voltem para o Senhor e vocês viverão. Se não voltarem, ele descerá como fogo para destruir o país de Israel, e em Betel ninguém poderá apagar esse fogo” (Am 5.6).
Lembre-se: sem pecado não há necessidade de Jesus.
Deus enviou seu Filho Jesus pelo desejo de salvação ao pecador. E conforme o relato de (Mc 6.6-12) pode-se dizer que Deus, através dos pregadores, continua ensinando e enviando os seus com um só objetivo: anunciar a mensagem do arrependimento.
O pecado precisa ser denunciado. E quando o pecado é denunciado, é por amor que o mesmo é feito. A lei de Deus, a acusação do pecado, visa o arrependimento, o fortalecimento da fé e o perdão. Em outras palavras, a lei de Deus, a acusação do pecado visa tão somente a salvação.
Os pregadores sabem que a pregação da Palavra traz perseguição, sofrimento e até a morte, mas, como enviado de Jesus proclama a mensagem a respeito de Jesus que sofreu e padeceu pelo pecador que persegue, faz sofrer os pregadores e até os leva a morte. No entanto, cada pregação é uma oportunidade! Uma oportunidade para que o pregador aponte os pecados para que os pecadores se arrependam e recebam a vida em Jesus. Amém!

Edson Ronaldo TREssmann

segunda-feira, 2 de julho de 2018

Caminhando na fronteira pela graça de Deus!

08 de julho de 2018
7º Domingo após Pentecostes
Sl 123; Ez 2.1-5; 2Co 12.1-10; Mc 6.1-13
Tema: Caminhando na fronteira pela graça de Deus!

Tema: Caminhando na fronteira pela graça de Deus!
1 - Deus realiza seus propósitos mesmo no sofrimento (2Co 12.7).
2 - Deus revela o propósito do sofrimento (2Co 12.7).
3 - Deus conforta mesmo que não seja como eu quero (2Co 12.9).


O telefone chamou às 15:30 horas numa tarde de domingo ensolarado e brilhante. Atendi o telefone e o diálogo prosseguiu.
- “Sr. Wolterstorff?”
- “Sim”.
- “É o pai de Eric?”
- “Sim”.
- “Sr. Wolterstorff, eu tenho que lhe dar más notícias”.
- “Sim”.
- “Eric estava escalando nas montanhas e sofreu um acidente”.
- “Sim”.
- “Sr. Wolterstorff, eu tenho que lhe dizer, Eric morreu. Sr. Wolterstorff, o Sr. está aí? O Sr. precisa vir imediatamente. Sr. Wolterstorff, Eric morreu!”
Nicholas Wolterstorff, professor de Filosofia no Calvin College, nos Estados Unidos, a partir desse evento trágico, onde seu filho morreu aos 25 anos, nos deixa um impressionante livro: Lamento por um filho. Editora Ultimato, 1997. Um livro onde deseja honra seu filho e dar voz a sua angústia.
Após o fatídico episódio da morte de seu filho, Wolterstorff disse: “Eu vou olhar para o mundo através de lágrimas. Talvez eu veja coisas que, com os olhos secos, eu não poderia ver”.
Nesse culto, estamos tendo a sexta oportunidade de meditar sobre sofrimento. O sofrimento é um tempo de oportunidade para ver o que não conseguimos ver quando tudo está bem. O escritor irlandês C.S. Lewis, tornou-se popular durante a segunda guerra mundial, por suas palestras transmitidas pela rádio e seus escritos, conhecido como “apóstolo dos céticos” em seu livro: O problema do sofrimento (Editora Vida) ressalta que “Deus sussurra em nossos prazeres e grita em nossas dores. O sofrimento é o megafone de Deus para um mundo surdo”.
Há muitas coisas que só é possível ver com os olhos cheios de lágrimas.
A pedagogia da vida espiritual é diferente. Primeiro ela dá a prova, depois a lição.
Voltamos a meditar na segunda carta do apostolo Paulo aos coríntios. Na pericope (2Co 12.1-10) o apostolo Paulo escreve sobre um sofrimento que muito o atormentou: o espinho na carne.
Enquanto que seus acusadores negam o apostolado de Paulo, o mesmo escreve aos seus acusadores mostrando que mesmo depois de ser arrebatado ao terceiro céu, suportou severa provação na terra.
O apostolo Paulo aprendeu pelas provas a lição da simultaneidade do poder e da fraqueza (2Co 12.1-6) e como é tênue a divisa entre poder e fragilidade, força e fraqueza.
Todos nós atravessamos as fronteiras da alegria para a tristeza, da exultação para o desespero. Assim como Nicholas, estamos em meio a uma tarde agradável de domingo, até que o telefone toca e tudo fica nublado por uma má notícia.
Há alguma razão para vivermos nesse limiar constante?
A julgar pelas palavras de Paulo (2Co 12.1-12), acredito que Deus não quer de maneira nenhuma que gabemos a nós mesmos. O salmista escreveu: “Somente a ti, ó Senhor Deus, a ti somente, e não a nós, seja dada a glória por causa do teu amor e da tua fidelidade” (Sl 115.1).
Não há motivos para nos gabar, pois, Deus é fiel a sua promessa. Semana passada ao meditar nas Lamentações de Jeremias, ouvimos que num dos piores momentos da vida do povo de Deus, o profeta exaltou a grandeza da fidelidade de Deus (Lm 3.23), mostrando que havia uma promessa de salvação a ser cumprida. Por isso, havia motivos de esperança em meio aquele episódio de sofrimento.
Não há nada para nos gabar de nós mesmos e, citando as Escrituras (Jr 9.24; 2Co 10.17) ressalta que ... “Quem quiser se orgulhar, que se orgulhe daquilo que o Senhor faz” (2Co 10.17; Jr 9.24).
Tema: Caminhando na fronteira pela graça de Deus!
1) - A razão para vivermos na fronteira entre a exaltação e a desvalorização, entre a alegria e a frustração, entre a vida e a morte, é porque Deus realiza seus propósitos, mesmo no nosso sofrimento (2Co 12.7).
Quando estamos sofrendo, enfrentando momentos difíceis, nós não conseguimos entender o propósito de Deus por ocasião daquele episódio. Como aprendemos na semana passada (Lm 3.22-33), Deus está presente no sofrimento, no entanto, não conseguimos ver.
Lembre-se: o nosso sofrimento e a nossa consolação são instrumentos usados por Deus para abençoar outras vidas. Na escola espiritual, pelos sofrimentos, Deus nos prepara para sermos consoladores. Se talvez Jó compreendeu seu sofrimento, ele morreu sem jamais saber porque sofreu.
O apostolo Paulo passou por muitos sofrimentos. Entre suas prisões, naufrágios, espancamentos, fugas, parece que nada era pior do que o seu espinho na carne, que não sabemos do que se trata. Paulo orou três vezes para que Deus tirasse o espinho da sua carne.
O apostolo Paulo aprendeu o que nós precisamos aprender: quando Deus não remove “o espinho”, é porque tem uma razão. Deus não permite que seus filhos sofram por sofrer. Há um propósito: nesse caso, para que Paulo não se ensoberbece.
Tema: Caminhando na fronteira pela graça de Deus!
2) - A razão para vivermos na fronteira entre a força e a fraqueza é porque muitas vezes seja possível que Deus nos revele o propósito do sofrimento (2Co 12.7).
Para o apostolo Paulo, Deus decidiu lhe revelar a razão da permissão do seu “espinho na carne”, ou seja, Deus queria evitar que Paulo ficasse orgulhoso.
É interessante observar que Paulo orou, mas não perguntou o porquê de seu sofrimento.
Quando Deus assim deseja, ele revela a razão do sofrimento. Revelou à Moisés o porque não lhe seria permitido entrar na Terra Prometida. Disse a Josué porque o exército foi derrotado em Ai.
O sofrimento, ao qual Deus como um pai amoroso e misericordioso permite, tem por finalidade humilhar, aperfeiçoar e nos usar.
Para nos usar para seus propósitos, viver na fronteira entre a alegria e a tristeza, entre a saúde e doença, o sofrimento pode ser um dom de Deus (2Co 12.7).
Por não conseguirmos compreender como Deus nos ama, mesmo no sofrimento, a nossa tendência é pensar que o sofrimento é algo que Deus faz contra nós e não por nós.
Jacó, quando José exigiu aos seus irmãos, para que trouxessem Benjamim, não entendendo para que, disse: “Vocês querem que eu perca todos os meus filhos? José não está com a gente, e Simeão também não está. Agora vocês querem levar Benjamim, e quem sofre com tudo isso sou eu!” (Gn 42.36). Tempos mais tarde, José, explicou aos seus irmãos que “É verdade que vocês planejaram aquela maldade contra mim, mas Deus mudou o mal em bem para fazer o que hoje estamos vendo, isto é, salvar a vida de muita gente” (Gn 50.20).
Paulo não questionou por que de tanto sofrimento, e entendeu que o “espinho na carne” permitido por Deus era uma dádiva.
Tema: Caminhando na fronteira pela graça de Deus!
3) - A fronteira entre um bom e mau momento é um fio de navalha, no entanto, Deus me conforta, mesmo que não seja como eu quero (2Co 12.9).
Mas ele me respondeu: “A minha graça é tudo o que você precisa, pois o meu poder é mais forte quando você está fraco.” Portanto, eu me sinto muito feliz em me gabar das minhas fraquezas, para que assim a proteção do poder de Cristo esteja comigo” (2Co 12.9).
A resposta que Deus ao pedido de Paulo não era a que ele esperava nem a que ele queria, no entanto, era a que ele precisava.
Aprendemos pelo profeta Jeremias em suas lamentações (Lm 3.22-33) que não estamos sozinhos no sofrimento, pois sofremos na presença de Deus. Paulo ouviu de Deus (2Co 12.9) que o mesmo não estava sozinho em seu sofrimento.
Senhor, por que estou sofrendo?
Deus nos assiste em nosso sofrimento.
Deus é gracioso, mesmo no sofrimento. Nenhuma outra tradição religiosa tem ideia desse Deus gracioso. Sem a graça de Deus, não compreendemos os por quês do dia-a-dia. Nosso Deus, é um Deus gracioso, mesmo quando nos permite ver a sua graça e amor com os olhos cheios de lágrimas.
A expressão máxima da graça de Deus é o abandono de Jesus na cruz para que nós não fossemos abandonados. Amém!

Edson Ronaldo Tressmann

Não creia em todo espírito (1Jo 4.1)

  27 de abril de 2024 Salmo 150; Atos 8.26-40; 1João 4.1-21; João 15.1-8 Texto: 1João 4.1-21 Tema: Não creia em todo espírito (v.1) ...