terça-feira, 19 de agosto de 2025

“Façam todo o possível para entrar pela porta estreita” (Lucas 13.24)

 24 de agosto de 2025

Décimo primeiro domingo após Pentecostes

Salmo 50.1-15; Isaías 66.18-23; Hebreus 12.4-24; Lucas 13.22-30

Texto: Lucas 13.22-30

Tema: “Façam todo o possível para entrar pela porta estreita (Lucas 13.24)

 

Há pessoas que fazem uma pergunta com intuito de causar constrangimento. O intuito não é aprender.

Jesus teve que lidar com muitas questões que apenas visava conseguir alguma prova contra Jesus.

Em uma das suas jornadas, Jesus é questionado por um homem: “Senhor, são poucos os que são salvos?” (Lucas 13.23). Pergunta que reflete uma preocupação humana comum, que muitos ainda têm hoje: a salvação é para poucos ou para todos? Essa pergunta soa como uma dúvida sobre a justiça e o amor de Deus.

A resposta de Jesus, no entanto, desvia o foco da pergunta. Ele não se detém em números, mas em uma exortação direta e pessoal: Façam todo o possível para entrar pela porta estreita (Lucas 13.24). A palavra original em grego para “façam todo o possível” é agonizeste, “agonizar”. Não se refere a um esforço humano para “merecer” a salvação, mas sim, um empenho total para permanecer no caminho de Cristo, que é a própria “porta estreita”.

A resposta de Jesus “Façam todo o possível para entrar pela porta estreita”, pode ser mal interpretada como uma Lei, ou seja, uma exigência que o ser humano deve cumprir para ser salvo. Se a salvação dependesse do nosso “esforço” ou mérito, a incerteza e o desespero seriam inevitáveis, pois nunca saberíamos se fizemos o suficiente.

A salvação não se baseia nas nossas obras ou esforço. Ninguém pode se salvar por meio da Lei. A Lei tem a função de mostrar que somos pecadores e que somos incapazes de nos salvar por nós mesmos.

O verdadeiro “esforço” de que Jesus fala não é uma tentativa de se salvar pelas obras, mas sim a luta diária para permanecer na fé, resistindo às tentações e confiando unicamente na graça de Deus. A porta estreita não é um obstáculo que precisamos superar sozinhos, mas sim o próprio caminho da fé em Jesus Cristo, que já cumpriu toda a Lei por nós.

A resposta de Jesus à pergunta “são poucos os que são salvos?” não é uma sentença de condenação, mas uma exortação para abandonar a ideia de salvação por mérito e abraçar o Evangelho. O problema não é que Deus não queira salvar a todos, mas que muitos se perdem por tentar entrar por outra porta — a porta das obras e da justiça própria —, em vez de pela porta estreita que é Cristo.

A salvação é um dom de Deus, recebido pela fé, e não uma recompensa por nossos esforços. A nossa única certeza e consolo estão no Evangelho: Cristo morreu por nós e nos salva pela sua graça.

O esforço que Jesus fala não é uma lista de tarefas ou um conjunto de rituais religiosos. Jesus não incentiva o tipo de dedicação que muitos fariseus tinham, como o homem que orou no Templo e se gabou de seus jejuns e dízimos (Lucas 18.11-12).

A porta estreita, não é um desafio de mérito, mas sim um convite à intimidade real com Jesus, onde a salvação não é conquistada, mas recebida pela graça. O esforço é, na verdade, a resistência a tudo o que o mundo oferece e que nos afasta de Cristo. É o esforço de não abrir mão da fé, de permanecer fiel mesmo em meio às aflições, como escreveu o salmista: “Se me chamarem no dia da aflição, eu os livrarei, e vocês me louvarão” (Sl 50.15).

Assim como na época de Jesus, muitos hoje se apegam a privilégios ou tradições, pensando que estão salvos por fazerem parte de um grupo específico, como os judeus daquela época que se consideravam salvos por serem descendentes de Abraão. Jesus, contudo, alerta que muitos virão do Leste e do Oeste, do Norte e do Sul e sentar-se-ão à mesa no Reino de Deus (Lucas 13.29), enquanto àqueles que se consideravam os “primeiros” poderão ficar de fora.

Corre-se o risco sim de ouvir a frase “Não sei de onde são vocês. Afastem-se de mim, vocês que só fazem o mal” (Lucas 13.27). Isso não se aplica a quem falha, mas a quem escolhe viver uma vida de maldade, ignorando o convite de Jesus para crer nEle.

A salvação não é uma questão matemática, geográfica ou status social. É uma questão de crença e relacionamento com Jesus, que é a porta. O apostolo Paulo nos lembra que fomos escolhidos por Deus em Cristo antes da criação do mundo, por seu amor e vontade (Efésios 1.4-5). A salvação é um dom que recebemos por meio da fé, e nosso esforço deve ser o de entrar e permanecer nessa porta, que é o próprio Jesus.

Você já parou para pensar se o seu esforço se concentra em obras ou em uma relação genuína com Jesus?

Edson Ronaldo Tressmann

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