24 de agosto de 2025
Décimo
primeiro domingo após Pentecostes
Salmo
50.1-15; Isaías 66.18-23; Hebreus 12.4-24; Lucas 13.22-30
Texto:
Lucas 13.22-30
Tema: “Façam todo o possível para entrar pela porta estreita”
(Lucas 13.24)
Há pessoas que
fazem uma pergunta com intuito de causar constrangimento. O intuito não é
aprender.
Jesus teve que
lidar com muitas questões que apenas visava conseguir alguma prova contra
Jesus.
Em uma das suas
jornadas, Jesus é questionado por um homem: “Senhor,
são poucos os que são salvos?” (Lucas 13.23). Pergunta que
reflete uma preocupação humana comum, que muitos ainda têm hoje: a salvação é para poucos ou para todos? Essa pergunta
soa como uma dúvida sobre a justiça e o amor de Deus.
A resposta de
Jesus, no entanto, desvia o foco da pergunta. Ele não se detém em números, mas
em uma exortação direta e pessoal: “Façam
todo o possível para entrar pela porta estreita” (Lucas 13.24).
A palavra original em grego para “façam todo o
possível” é agonizeste, “agonizar”.
Não se refere a um esforço humano para “merecer”
a salvação, mas sim, um empenho total para permanecer no caminho de Cristo, que
é a própria “porta estreita”.
A resposta de
Jesus “Façam todo o possível para entrar pela
porta estreita”, pode ser mal interpretada como uma Lei, ou seja,
uma exigência que o ser humano deve cumprir para ser salvo. Se a salvação
dependesse do nosso “esforço” ou
mérito, a incerteza e o desespero seriam inevitáveis, pois nunca saberíamos se
fizemos o suficiente.
A salvação não se
baseia nas nossas obras ou esforço. Ninguém pode se salvar por meio da Lei. A
Lei tem a função de mostrar que somos pecadores e que somos incapazes de nos
salvar por nós mesmos.
O verdadeiro “esforço” de que Jesus fala não é uma tentativa
de se salvar pelas obras, mas sim a luta diária para permanecer na fé,
resistindo às tentações e confiando unicamente na graça de Deus. A porta estreita não é um obstáculo que
precisamos superar sozinhos, mas sim o próprio caminho da fé em Jesus Cristo,
que já cumpriu toda a Lei por nós.
A resposta de
Jesus à pergunta “são poucos os que são salvos?”
não é uma sentença de condenação, mas uma exortação para abandonar a ideia de
salvação por mérito e abraçar o Evangelho. O problema não é que Deus não queira
salvar a todos, mas que muitos se perdem por tentar entrar por outra porta — a
porta das obras e da justiça própria —, em vez de pela porta estreita
que é Cristo.
A salvação é um
dom de Deus, recebido pela fé, e não uma recompensa por nossos esforços. A
nossa única certeza e consolo estão no Evangelho: Cristo morreu por nós e nos
salva pela sua graça.
O “esforço” que Jesus fala não é uma lista de
tarefas ou um conjunto de rituais religiosos. Jesus não incentiva o tipo de
dedicação que muitos fariseus tinham, como o homem que orou no Templo e se
gabou de seus jejuns e dízimos (Lucas 18.11-12).
A porta
estreita, não é um desafio de mérito, mas sim um convite à intimidade
real com Jesus, onde a salvação não é conquistada, mas recebida pela graça. O esforço
é, na verdade, a resistência a tudo o que o mundo oferece e que nos afasta de
Cristo. É o esforço de não abrir mão da fé, de permanecer fiel
mesmo em meio às aflições, como escreveu o salmista: “Se me chamarem no dia da aflição, eu os livrarei, e vocês
me louvarão” (Sl 50.15).
Assim como na
época de Jesus, muitos hoje se apegam a privilégios ou tradições, pensando que
estão salvos por fazerem parte de um grupo específico, como os judeus daquela
época que se consideravam salvos por serem descendentes de Abraão. Jesus,
contudo, alerta que muitos virão “do Leste e
do Oeste, do Norte e do Sul” e sentar-se-ão à mesa no Reino de
Deus (Lucas 13.29), enquanto àqueles que se consideravam os “primeiros” poderão ficar de fora.
Corre-se o risco
sim de ouvir a frase “Não sei de onde são
vocês. Afastem-se de mim, vocês que só fazem o mal” (Lucas
13.27). Isso não se aplica a quem falha, mas a quem escolhe viver uma vida de
maldade, ignorando o convite de Jesus para crer nEle.
A salvação não é
uma questão matemática, geográfica ou status social. É uma questão de crença
e relacionamento com Jesus, que é a porta. O apostolo Paulo
nos lembra que fomos escolhidos por Deus em Cristo antes da criação do mundo,
por seu amor e vontade (Efésios 1.4-5). A salvação é um dom que recebemos por
meio da fé, e nosso esforço deve ser o de entrar e permanecer nessa porta, que
é o próprio Jesus.
Você
já parou para pensar se o seu esforço se concentra em obras ou em uma relação
genuína com Jesus?
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