domingo, 14 de julho de 2024

O Amado Pastor cuida da amada ovelha.

 Nono Domingo após Pentecostes

21 de julho 2024

Salmo 23; Jeremias 23.1-6; Efésios 2.11-22; Marcos 6.30-34

Texto: Salmo 23

Tema: O Amado Pastor cuida da amada ovelha.

 

Davi, nome que aparece cerca de 1.034 vezes em toda a Bíblia. Dos 66 livros da Bíblias, em 28 há referência a Davi. Enquanto há 14 capítulos dedicados a contar a história de Abraão e José, há cerca de 66 capítulos para contar a história de Davi.

Davi foi pastor de ovelhas, músico, compositor, poeta, guerreiro, servo na corte de Saul e depois rei.

Por causa de seus gravíssimos pecados, Davi poderia ter fracassado, mas, por viver na graça de Deus, fortaleceu-se. Em muitos de seus salmos, Davi descreve o amor, fé, humildade e confiança em Deus. O mais conhecido dos salmos é o 23. Salmo onde Davi descreve sua dependência de Deus, tal como a ovelha é dependente de seu pastor.

Como pastor de ovelhas, Davi sabia exatamente quais eram as necessidades da ovelha e que tipo de pastor a ovelha necessitava. Por isso, menciona os pastos verdejantes, as águas de descanso, o bordão e o cajado.

Assim como Davi era pastor das suas ovelhas e elas podiam contar com ele, a ponto de Davi ter matado leão e urso para defender as ovelhas (1Sm 17.34-39), o Senhor era pastor de Davi.

Quem é esse Senhor, o bom pastor? Anos mais tarde, Jesus disse: “Eu sou o bom Pastor; o Bom Pastor dá a vida pelas ovelhas” (Jo 10.11). Esse Bom Pastor Jesus disse que “conhece as suas ovelhas” (Jo 10.14).

Infelizmente a queixa anunciada pelos profetas de Deus continua sendo atual: “O meu povo é como ovelhas perdidas nas montanhas por culpa dos pastores. Como ovelhas, caminharam de montanha em montanha e esqueceram a sua casa” (Jr 50.6) e “...por não terem pastor, elas se espalharam. ... As minhas ovelhas andam perdidas pelos morros e pelas altas montanhas. Estão espalhadas por toda parte. Ninguém busca essas ovelhas, ninguém procura encontrá-las” (Ez 34.5-6)

O povo não sabia mais quem era seu pastor. A situação foi descrita pelo profeta Oséias com as palavras: “Meu povo padece por falta de conhecimento” (Os 4.6).

Jesus sentiu compaixão do povo a ponto de “ter grande compaixão delas, porque andavam cansadas e desgarradas, como ovelhas que não têm pastor” (Mt 9.36). Jesus é o pastor que conduz para as águas de descanso. Todo aquele que tem sede, ele dá água para beber (Ap 21.5-6).

Fico impressionado ao relacionar o significado do nome Davi ao significado do Salmo 23. Davi significa “Amado.” Assim, é possível parafrasear o Salmo 23: O Amado Pastor cuida da Amada ovelha.

O trabalho de um pastor de ovelhas no Oriente Médio é tremendamente interessante.

Devido ao clima seco da região desértica, as pastagens precisam ser encontradas longe do aprisco das ovelhas. Era preciso conduzir as ovelhas para lugares com pasto e água.

Em 1Samuel 23.29 está registrado que Davi se refugiou numa região da fonte de Gedi. Um lugar de fontes de água e cavernas. Um dos lugares mais quentes da terra, próximo do Mar Morto, abaixo do nível do Mar. Esse lugar é um oásis em meio ao deserto.

Esse lugar de descanso e refrigério é possivelmente o local onde Davi compôs o Salmo 23 e o 42. O espetacular diante dessa informação é que a Bíblia registra que o Mar Morto se tornará um lugar saudável (Ez 47.8) e o vale de Gedi lugar de pescadores (Ez 47.10). Ou seja, o Amado Jesus conduz a amada ovelha para esse lugar de descanso e refrigério (Ct 1.14).

Davi descreve a caminhada do pastor com suas ovelhas até a Fonte de Gedi. Uma caminhada cheia de perigos, mas tão necessária para que as ovelhas encontrassem pastagem e água fresca. O deserto era enfrentado todos os dias pelo pastor e pelas ovelhas.

Não era uma tarefa fácil atravessar o deserto com as ovelhas. A dificuldade era por causa das ovelhas.

Geralmente duas pessoas cuidavam das ovelhas. Um ancião e uma criança. O motivo é porque a ovelha não aceita a troca de proprietário. Podendo ficar deprimida pela ausência do seu pastor (Jo 16.22), chegando a recusar água ou comida dada pelo novo pastor. Por isso, as ovelhas eram vendidas a um matadouro se não tivesse pastor. Pois se fossem vendidas a outro pastor, elas não se adaptariam.

O cuidado de dois visava acostumar o rebanho em caso de doença ou morte de um dos pastores. Nosso pastor é só um: Jesus. Aquele que não nos deixa nada faltar. Por essa razão Jesus sentiu pena da multidão, pois pareciam ser ovelhas sem pastor, ou seja, deprimidas e necessitadas.

As palavras hebraicas Adonai Elohim destacam o título dado para Deus. É um pronome de tratamento destacando o Senhor, o meu pastor. E diante desse Senhor, o meu Pastor, a frase nada me faltará não tem o sentido de que terei tudo que desejar. O sentido é: tendo o Senhor, o Pastor, não tenho falta de nada, mesmo não tendo nada ou mesmo tendo tudo. Podemos compreender isso com as palavras de Jeremias em Lamentações, o Senhor é tudo o que eu tenho (Lm 3.24-26).

Ovelhas vivem constantemente com senso de medo e terror. Elas não possuem elementos naturais de auto defesa, tais como garras, dentes afiados ou veneno. Uma água turbulenta já as assustava, por isso, era necessário um lugar de água tranquila para que após a caminhada saciassem a sede e não fugissem da água. É irônico, mas, um animal como a ovelha pode morrer de sede mesmo diante de água.

Quantas ovelhas estão diante da água, mas passam sede?

O Amado Pastor cuida da amada ovelha. Certo Beduino relatou que nalgumas ocasiões, o pastor tem de pegar água com as mãos e trazer até a boca da ovelha para que beba e seja saciada. Assim é Deus, o Bom Pastor. Nos sacia pelas suas mãos (Jó 12.10).

Cuidar e proteger é a tarefa diária de um pastor. Por isso o salmista destaca que não dorme e nem cochila (Sl 121).

Ao fim do dia, era preciso voltar ao curral e, o retorno é destacado com as palavras: “ele me guia pelas veredas da justiça por amor do seu nome” – na certeza de um seguro retorno para casa. Todavia, mesmo seguro pela presença do pastor, não significa que o retorno será sem problemas. Davi escreveu: “ainda que eu ande pelo vale da sombra da morte.” O vale da sombra da morte é o caminho composto por vales íngremes e apertados, onde há constante riscos de morte.

Não tem como desviar a rota, ele vale íngreme e apertado faz parte do trajeto de volta para casa. “É necessário que passemos por muitas tribulações para entrarmos no Reino de Deus” (At 14.22).

O ponto não é evitar o caminhar no vale da sombra da morte, a ênfase é que é possível atravessar, pois, o Bom Pastor está com seu rebanho.

A pergunta que intriga é: como as ovelhas atravessavam um lugar como esse?

Alguns pastores desenvolveram uma técnica de adestramento inusitada. Eles cantavam ou tocavam uma música para que as ovelhas ao som da voz ou da música se acalmassem e, numa fila indiana, atravessassem esse lugar perigoso. O cajado evitava a queda e se houvesse queda, o cajado era utilizado para o resgate. Além de resgate, o cajado era usado como vara em questão de desobediência.

O pastor sempre quer o bem do rebanho, por isso, guia e protege, mas também disciplina. Quantas vezes só aprendemos uma lição na dor?

Essa é a dinâmica da vida. Dias tranquilos, no vae de Gedi; dias atravessando o vale da sombra da morte. Dias tranquilos ao som da voz e da música do bom pastor; dias sendo resgatado por termos caído; dias apanhando por querer se desviar do caminho.

A cena espetacular narrada nesse Salmo é a chegada ao aprisco. As energias são supridas após terem atravessado o deserto e estarão prontas para dormir. Todavia, antes de dormir, é preciso fazer a contagem. Aliás, o que o pastor mais fazia durante o dia era contar as ovelhas. Jesus destaca que havendo a falta de uma, o pastor deixa as outras e vai atrás da perdida. Isso mostra o quão precioso é uma ovelha. Não é apenas uma ovelha a mais, é alguém tão precioso quanto as demais. Cada ovelha é como se fosse única. É o Amado cuidando da ovelha amada.

Saber que o nosso pastor Jesus é assim nos anima a continuar caminhando no deserto caótico da nossa existência. Com esse pastor um dia habitaremos seguros e para sempre em sua casa. Casa que ele nos preparou e que cada qual possui seu quarto. Amém

Edson Ronaldo Tressmann

 

Bibliografia

DOWLEY, Tim. Pequeno Atlas Bíblico. Rio de Janeiro: CPAD, 2005. Páginas 62 e 63.

 

LAWRENCE, Paul. Atlas Histórico e Geográfico da Bíblia. Barueri/SP: Sociedade Bíblica do Brasil, SBB, 2013. Páginas 62 a 65.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por seguir esse blog. Com certeza será uma bênção em sua vida.

“...coloquei a minha causa nas tuas mãos” (Jr 11.20)

  22 de setembro de 2024 Décimo oitavo Domingo após Pentecostes Salmo 54; Jeremias 11.18-20; Tiago 3.13-4.10; Marcos 9.30-37 Texto: Sl...