segunda-feira, 5 de agosto de 2024

O apostolo Paulo assistiu o filme Divertidamente 2.

 

Décimo Segundo Domingo após Pentecostes

Salmo 34.1-8; 1Reis 19.1-8; Efésios 4.17-5.2; João 6.35-51

Texto: Efésios 4.17-5.2

Tema: O apostolo Paulo assistiu o filme Divertidamente 2.

 

Numa época pós-pandemia em que muito se fala sobre a saúde mental, o filme Divertidamente 2 está sendo um sucesso.

Nesse filme as emoções estão no centro dos holofotes. Destaca através do personagem Riley sentimentos que fingimos não existir, ou que não conseguimos identificar que estão ali.

Os seres humanos têm muitas capacidades emocionais. Emoções essas que que podem auxiliar ou atrapalhar, dependendo da forma como lidamos com àquilo que sentimos. Há pessoas que não conseguem disfarçar seus sentimentos e basta observar bem que logo se percebe.

Interessante que no filme Divertidamente 2 a alegria é quem escolhe as memórias a serem guardadas. A alegria julga se tal sentimento é apropriado para ser relembrado, ou seja, é uma triagem onde se “mantem o melhor e se livra do resto”.

E é exatamente isso que acontece conosco. A mente fica empilhando de forma desordenada as memórias ruins e as boas. Juntas essas memórias boas e ruins formam o senso de si mesma. Cada um de nós é uma composição de memórias ruins e boas. Isso nos ajuda a compreender por que tal palavra não é bem ouvida ou tal atitude não é bem aceita.

Temos uma ferramenta cerebral chamada mecanismo de defesa do ego. Um deles faz parte da vida desde o nascimento: repressão. É o “sentimento faz de conta”. Parece que esquecemos de algo e seguimos a vida como se aquilo não tivesse ocorrido. Todavia, esse mecanismo vai acumulando descartes e cria uma pilha de experiências e sentimentos do qual não temos consciência. Isso gera desgaste emocional. E quando menos se percebe a conta é cobrada. Esse é o momento em que a personagem Riley tem uma crise de ansiedade. As memórias acumuladas que não foram trabalhadas afloram. E o mecanismo de defesa que é útil passa a ensinar outra lição: o sofrimento faz parte do crescimento e amadurecimento. Aquilo que reprimia, agora é transformado.

Na carta aos cristãos da Ásia Menor (Efésios), o apostolo Paulo destaca sobre pessoas e mentes transformadas.

Ao escrever “...em nome do Senhor eu digo e insisto...” (Ef 4.17), o apostolo usa a palavra grega martyromai (atesto), fazendo assim, uma solicitação enfática.

A que se deve essa solicitação enfática?

Há conforme as palavras do apostolo Paulo, um círculo diabólico que apenas destrói.

O corpo que é a igreja, possui diferentes dons. Possui diferentes ministérios. Todavia, essas diferenças visam destacar um só Deus, um só corpo e um só Espírito.

Já que cada um de nós é uma composição de memórias ruins e boas, precisamos lutar contra esse círculo diabólico. Veja como Paulo o descreve: “...não mintam mais. ... Se vocês ficarem com raiva, não deixem que isso faça com que pequem e não fiquem o dia inteiro com raiva. Não deem ao Diabo oportunidade para tentar vocês. Quem roubava que não roube mais, ... Não digam palavras que fazem mal aos outros, ... não façam com que o Espírito Santo de Deus fique triste. ... Abandonem toda amargura, todo ódio e toda raiva. Nada de gritarias, insultos e maldades!” (Ef 4.25-31).

Há um ditado latino que diz: “non vi, sed verbo” não pela violência, mas pela palavra.

Tal como a Alegria no filme divertidamente, Paulo está indicando o pensamento e sentimento para superar a mentira, raiva, roubo, linguagem questionável. E esse sentimento é o amor. O amor de Jesus Cristo.

Os pais geralmente se entristecem com algumas atitudes dos seus filhos. A mentira, a raiva, o roubo, o engano, a linguagem questionável, entristecem o Espírito Santo.

...não mintam mais...” (Ef 4.25) é uma referência do apostolo a não querer mais se iludir com uma vida sem Cristo.

...Que cada um diga a verdade para o seu irmão na fé...” (Ef 4.25) expressão retirada do profeta Zacarias (Zc 8.16), significando um relacionamento verdadeiro entre os irmãos na fé. Não tenha interesse pessoal nessa vivência. Não queira apenas dizer algo para agradar o outro e tê-lo do seu lado. É preciso que cada um tenha confiança na afirmação da outra pessoa.

Ao escrever “Se vocês ficarem com raiva, não deixem que isso faça com que pequem e não fiquem o dia inteiro com raiva” (Ef 4.26), o apostolo cita literalmente o Salmo 4.4.

A transição entre a raiva e o pecado é muito rápida.

A vida diária gera muitos motivos para raiva. Por isso, o apostolo Tiago registrou um conselho: “...seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar...” (Tg 1.19). O sábio Salomão disse que para cada ocasião há o seu tempo (Ec 3). Talvez hoje seja dia apenas de ouvir, mas, fique quieto quando for a sua hora de ouvir.

Assim como a ira precisa ser tardia, o que precisa ser apressado é o perdão, “...não fiquem o dia inteiro com raiva...” (Ef 4.26).

Uma briga sem perdão é como um incêndio. Destrói tudo!

As pessoas sempre que vão receber uma visita fazem uma bela faxina dentro de casa. Coisas velhas são jogadas fora. Mas, em muitos lares, inclusive no meu, é preciso lançar fora as mágoas acumuladas. É preciso jogar fora a esteira ou bicicleta no qual faço exercício e exercitar o perdão.

Rancor envelhecido é difícil de tratar. Mas, Jesus quer tratar isso com perdão e amor.

Faça a negociação que for preciso fazer para que a paz reine e que o círculo diabólico da destruição familiar seja eliminado.

Não é o celular que está destruindo as famílias. O celular é apenas uma fuga, assim como é a bebida e outros vícios.

O apostolo Paulo enfatiza com as palavras do versículo 26 do capítulo 4 de Efésios que a preocupação central em nossas vidas deve ser a comunhão.

Todavia nos convém abrir o leque para outra reflexão. Qual comunhão é a mais importante? Por essa comunhão que você diz ser importante, o que você está fazendo.

Quando o diabo não destrói a minha comunhão em casal, ele busca destruir a comunhão na igreja.

Não deem ao Diabo oportunidade para tentar vocês” (Ef 4.27).

É preciso cuidar, pois arrastar uma mágoa de um dia para o outro é muito perigoso. E cada qual sabe dizer por si só quais são os perigos.

A mulher magoada com o marido se deixa levar por conselhos imbecis e muitas vezes é conduzida até a se afastar do marido, e o mesmo ocorre com o marido. Os filhos são conduzidos para fora de casa.

A raiva junto com a mágoa é uma porta escancarada para o diabo. E tendo a porta aberta, ele entra e faz confusão no lar e na igreja. Por esse motivo, muitas vezes pela raiva, mágoa, sou levado a ofender meu próximo como sendo um inútil, tolo, idiota.

No capítulo 6 (Ef 6.11) o apostolo Paulo enfatiza a artimanhas do diabo. A raiva prolongada é uma cilada do diabo. Daí, quando vemos o aumento de mortes e outros tipos de violência dentro da vida doméstica, precisamos refletir sobre quantos dias a raiva foi sendo acumulada e o perdão negado de um para o outro.

Querido irmão e irmã em Jesus – as palavras do apostolo Paulo quanto a esse círculo diabólico visa tão somente nos fazer interessar-se pela comunhão. Qualquer outro interesse que não seja a união entre os irmãos na fé, que seja eliminado rapidamente.

Qual é o seu real interesse em estar na comunhão com os irmãos na fé? É a comunhão com todos?...não mintam mais. Que cada um diga a verdade para o seu irmão na fé, pois todos nós somos membros do corpo de Cristo!” (Ef 4.25).

Assim sendo, refletindo sobre a comunhão, o apostolo Paulo escreveu: “Quem roubava que não roube mais, porém comece a trabalhar a fim de viver honestamente e poder ajudar os pobres” (Ef 4.28), ou seja, direcione sua ação para o bem. Cuidado com o ócio, ele nos faz andar desordenadamente.

Só fazemos parte da comunhão cristã por obra divina. Se não fosse o Senhor nos tirar das trevas e nos colocar na luz (Ef 5.8), se não fosse o Senhor nos ter colocado no seu corpo (Ef 2.11ss; 4.1-16), estaríamos perdidos eternamente. E como parte do corpo de Cristo, somos exortados a conviver em comunhão.

Não é fácil viver junto ao diferente. Mas, é entre os diferentes dons que somos chamados a viver. Muitas vezes somos dominados pela tentação de não gostar do que o outro faz de bom. Pelo egoísmo queríamos que nós fizéssemos aquilo. A comunhão dos santos, que é a composição de pessoas com diferentes dons, não deve ser centralizadora em um só dom e pessoa. A igreja é um só corpo com vários membros e cada membro exerce sua função.

Assim sendo: “Não digam palavras que fazem mal aos outros, mas usem apenas palavras boas, que ajudam os outros a crescer na fé e a conseguir o que necessitam, para que as coisas que vocês dizem façam bem aos que ouvem” (Ef 4.29).

Não ignore essas recomendações, pois, sendo a Palavra de Deus inspirada pelo Espírito Santo, deixar de ouvir e praticar essas orientações é entristecer o Espírito Santo.

Recorde-se: “...o Espírito é a marca de propriedade de Deus colocada em vocês...” (Ef 4.30), você é tal como uma carta. Selada pelo Espírito Santo. E o selo destaca o seu valor, bem como seu direcionamento. E o endereço para qual o Espírito Santo que nos selou nos envia é para a eternidade. Por isso, “...o Espírito é a marca de propriedade de Deus colocada em vocês, a qual é a garantia de que chegará o dia em que Deus os libertará” (Ef 4.30).

Observe atentamente o perigo que estamos correndo devido ao círculo diabólico.

O alerta do apostolo Paulo soa como algo maravilhoso. Preste atenção. Se esse círculo diabólico, mentira, raiva, mágoa, palavras insolentes, já está destruindo sua família, também destruirá a sua vida em comunhão. Por isso, “abandonem toda amargura, todo ódio e toda raiva. Nada de gritarias, insultos e maldades! Pelo contrário, sejam bons e atenciosos uns para com os outros. E perdoem uns aos outros, assim como Deus, por meio de Cristo, perdoou vocês” (Ef 4.31-32).

Vamos eliminar a raiz que causa amargura (Hb 12.15) através da bondade, da atenção, cuidado e do perdão.

Por essa razão e circunstância, o apostolo Paulo escreveu: “Vocês são filhos queridos de Deus e por isso devem ser como ele. Que a vida de vocês seja dominada pelo amor, assim como Cristo nos amou e deu a sua vida por nós, como uma oferta de perfume agradável e como um sacrifício que agrada a Deus!” (Ef 5.1-2).

Imitar a Deus é ser amável e perdoador. É agir como Deus age! Imitar o Pai (Deus) é distribuir suas dádivas, pois “É ele quem faz com que o corpo todo fique bem-ajustado e todas as partes fiquem ligadas entre si por meio da união de todas elas. E, assim, cada parte funciona bem, e o corpo todo cresce e se desenvolve por meio do amor” (Ef 4.16). Amém

Edson Ronaldo Tressmann

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por seguir esse blog. Com certeza será uma bênção em sua vida.

“...coloquei a minha causa nas tuas mãos” (Jr 11.20)

  22 de setembro de 2024 Décimo oitavo Domingo após Pentecostes Salmo 54; Jeremias 11.18-20; Tiago 3.13-4.10; Marcos 9.30-37 Texto: Sl...