segunda-feira, 24 de junho de 2024

Jesus se sobrepõe a morte com uma palavra: levanta-te!

 Sexto Domingo após Pentecostes

30 de junho de 2024

Salmo 30; Lamentações 3.22-33; 2Coríntios 8.1-9;13-15; Marcos 5.21-43

Texto: Marcos 5.21-43

Tema: Jesus se sobrepõe a morte com uma palavra: levanta-te!

 

Tomo a liberdade para falar do Jair.

Esse é o nome hebraico de Jairo. Homem esse que tinha uma reputação religiosa a ser zelada, mas, numa situação difícil em sua vida, recorreu a Jesus, e assim correu risco de perder toda sua reputação. Era um risco muito alto para sua posição, mas, pela vida da sua filha, qualquer coisa. Ele abandona seus preceitos e orgulho.

O texto destaca que Jairo vendo Jesus, que havia acabado de desembarcar vindo de Gerasa, prostrou-se, ajoelhou-se aos seus pés e insistentemente suplicou. Chama atenção que a súplica de Jairo é para que Jesus a salve. Ou seja, minha filha está a beira da morte.

A situação daquela menina de 12 anos era gravíssima.

É preciso enfatizar que para os judeus, a morte de um filho, além da perda, era considerada como sendo um castigo de Deus. Nesse sentido, aquele homem, possivelmente presidente da sinagoga, um servidor de Deus estava sendo atingido por Deus. Jairo estava enfrentando a ira de Deus. Uma ira tão avassaladora no seu entendimento, pois sua única filha estava sendo atingida (Lc 8.42).

Um detalhe não pode passar despercebido, Jesus que estava retornando de Gerasa, poderia estar caindo numa armadilha. Ele estava de volta para a Galiléia. No entanto, Jesus se soldariza pelo pedido de um suposto inimigo, um integrante da sinagoga.

Outro detalhe que nos despertar a atenção. A história que narrada nessa perícope (Mc 4.21-43) apresenta duas mulheres. A menina com 12 anos e uma mulher que já sofria de um fluxo sanguíneo havia 12 anos.

Não eram apenas 12 anos de sofrimento físico, eram 12 anos de sofrimento emocional. Afinal, a lei de Deus prescrevia que devido ao fluxo de sangue a pessoa era imunda (Lv 15.25-27). Sendo assim, essa mulher cerimonialmente não podia ser tocada sem que a pessoa se tornasse impura também.

Esses 12 de sofrimento físico e emocional, também levou aquela mulher a pobreza. Só os ricos procuravam médicos (Mc 4.26). E tendo ela passado por vários médicos e perdido suas posses.

Uma menina de 12 anos, limitada numa cama, em coma. Uma mulher que já por 12 anos sofria de uma hemorragia e agora limitada em todos os sentidos.

Essa mulher, cerimonialmente impura corria um grande risco. Ser descoberta e punido por seu atrevimento de estar em meio as pessoas. Mas, sua fé a fez apenas tocar na veste na Jesus.

E esse toque de fé foi percebido por Jesus. A impureza daquela mulher não contaminou Jesus, a ponto d’Ele rapidamente querer saber quem o havia tocado. E isso surpreendeu os discípulos. No meio dessa multidão, onde as pessoas te tocam, você quer saber quem te tocou.

Jesus estava falando do toque da fé. E eles pensando no toque físico.

Aquela mulher sentiu sua cura e mesmo percebendo o perigo que estava correndo por causa da lei cerimonial, atemorizada e tremendo, se ajoelhou e disse que ela o havia tocado.

O temor e tremor daquela mulher deve-se ao fato de a mesma reconhecer que estava diante de Deus (Gn 9.2; Ex 15.16; Dt 2.25; Sl 2.11; 1Co 2.3; 2Co 7.15; Fp 2.12; Ef 6.5).

Diante Deus, curada, Jesus a chama de filha – ou seja, você está na família de Deus. A tua fé te salvou – Jesus te salvou!

A fé estende a mão para Jesus. A fé abraça a cruz de Jesus. Em Jesus, aquilo que nos afasta das pessoas e de Deus é substituído pela graça.

O fato é que Jesus que estava por ir até a casa de Jairo foi interrompido. Essa interrupção divina foi estratégica no plano de Deus. Afinal, enquanto essa mulher recebia a cura, o pai Jairo recebia a notícia mais cruel que um pai pode receber: sua filha morreu.

Foram segundos – todavia, na cabeça de Jairo deve ter passado muitas perguntas. Por que perdi meu tempo com esse homem? Minha reputação foi por água abaixo! Não há mais nada para fazer! E agora? Mas, após esse breve instante e em meio a sua desesperança, Jesus diz: não temas, crê somente (Mc 4.36).

O exemplo de uma mulher que cerimonialmente era impura, serviu por um momento como exemplo de fé para aquele presidente da sinagoga que em matéria religiosa deveria ser.

Não temas – eis o desafio para a fé. Não submergir diante das mais variadas situações. Aqui recordamos do segundo mandamento. No primeiro mandamento somos exortados a confiar em Deus, o libertador da escravidão, acima de todas as coisas. No segundo mandamento, somos exortados a viver na fé e a fé quando surgirem situações difíceis.

Crê somente – no hebraico a palavra crer significa, adquirir perseverança, firmar-se, aquietar-se. Nesse sentido, quando Jesus disse: crê somente – era como se dissesse: não se preocupe, deixe Deus ser Deus. Afinal, nesse momento, só a ação divina para reverter o quadro.

No evangelho escrito por João Marcos, – sempre está ligada a milagres de Jesus. Ou seja, estando diante de Jesus, silencie-se, pois Deus está disposto a ajudar. Todavia, percebe-se no decorrer do evangelho que há vozes dispostas a silenciar a voz e a esperança em Jesus. Nesse episódio a voz foi: “não incomode o mestre” (Mc 5.35).

Recordemos que Jairo, mesmo sendo um dos principais da sinagoga, foi até Jesus na esperança de obter dEle a salvação para sua filha que estava em situação fatal. E quando ouviu que sua filha estava morta, antes mesmo de sucumbir na fé e voltar correndo para casa, Jesus diz: não temas, crê somente (Mc 4.36). Jairo, você veio até mim para salvação e encontrara isso em mim.

No evangelho de Marcos, os milagres vêm da fé. Nesse sentido, Jesus está dizendo para Jairo não desistir da vida. A fé que parece ser ridícula, é séria.

Chegando na casa, as pessoas riram ao ouvirem Jesus dizer que a menina estava dormindo (Mc 5.39). Para os que estavam ali, era ridícula essa afirmação de Jesus e parecia loucura de Jairo, um homem influente se deixar levar por essa loucura.

O riso da incredulidade os impediu de presenciar o milagre da ressurreição.

Jesus não presta homenagem para a morte. Deus não é Deus dos mortos. Nesse sentido, ao dizer que a menina estava dormindo, Jesus nos ensina que basta uma palavra sua e os que dormem acordam.

Estamos numa sociedade onde o culto para a morte é uma algazarra inapropriada. As pessoas estão vivendo como se fossem viver apenas aqui e agora. Parece que perder essa vida é perder tudo e não é! Em Jesus temos a vida eterna. Sem Jesus se está privado dessa vida eterna.

Ao dizer para aquela menina: eu te mando (Mc 5.41), Jesus se impõe sobre a morte. E cheia de vida, a menina se pôs a andar (Mc 4.42).

Nesse ponto vale relembrar as palavras do profeta Jeremias. “Ainda te edificarei, e serás edificada, ó virgem de Israel! Ainda serás adornada com os teus adufes e sairás com o coro dos que dançam... a virgem se alegrará na dança, e também os jovens e os velhos; tornarei o seu pranto em júbilo e os consolarei; transformarei em regozijo a sua tristeza... presta atenção na vereda, no caminho por onde passaste; regressa, ó virgem de Israel, regressa às tuas cidades” (Jr 31.4,13,21).

As duas mulheres são como Israel, prostradas, sem vida para a qual raiou o tempo da salvação.

Jesus é a salvação! Ele venceu a morte e em Cristo, estamos cerimonialmente curados e temos a certeza da ressurreição. Jesus se sobrepõe a morte com uma palavra: levanta-te! Assim será ao tocar da trombeta. Amém!

Edson Ronaldo Tressmann

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