terça-feira, 17 de outubro de 2023

Sagrado e Profano! Mateus 22.15-22

 22 de outubro de 2023

Salmo 96.1-9; Isaías 45.1-7; 1Tessalonicenses 1.1-10; Mateus 22.15-22

Texto: Mateus 22.15-22

Tema: Sagrado e Profano!

É comum as pessoas pensarem que Deus não se ocupa e preocupa com aquilo que denominamos secular. Parece que Deus só se interessa pelas coisas sagradas e o secular precisa ser abandonado. Infelizmente, muitos deixam de viver a vida entre o aqui e agora nesse mundo e o reino celestial.

Deus é dono da história e ainda age na história. Usou Ciro, um pagão para cumprir com sua promessa ao seu povo de retorno a Jerusalém.

Sagrado e Profano parecem ser duas realidades distantes, distintas e separadas. Mas, Deus age tanto na esfera secular quanto na sagrada para auxiliar seu povo. Somos governados por Deus através de dois regimes: espiritual e civil.

Os romanos haviam conquistado a Palestina desde 63 a.C. e cobravam impostos dos judeus para manter o território em paz e segurança. Muitos eram contrários a esse domínio. Os fariseus consideravam a presença dos romanos um castigo de Deus pela negligência das pessoas no cumprimento das leis cerimoniais. Eles pregavam a necessidade duma piedade maior para se livrar deste castigo de Deus. Os herodianos eram favoráveis aos romanos e procuravam denunciar qualquer ação ou manifestação contrária ao império romano. Dessa forma a pergunta sobre o ser correto ou não pagar impostos, era uma armadilha. Responder sim era se colocar contra o povo que o seguia e responder não era correr o perigo de ser preso como revolucionário.

Jesus, conhecendo a malícia, o objetivo da questão, responde: “Dêem ao Imperador o que é do Imperador e dêem a Deus o que é de Deus” (Mt 22.21).

Jesus não fala em pagamento, mas devolução. Vamos observar o que Jesus ensina numa pergunta que tinha o objetivo de jogar Jesus contra o povo ou as autoridades romanas.

1 – Devolva o que recebeu de quem recebeu

Na resposta, Jesus omite a palavra “imposto.

O verbo usado para imposto era “didomi” (dar, pagar). E foi com essa palavra que os herodianos questionaram Jesus. E Jesus, responde com o verbo “apodidomiapódote” (Mt 22.21). Esse verbo vai além do sentido de “pagar”. Apodidomi pode significar dar de volta.

A devolução não é um pagamento de imposto, mas, é um entregar o que se tem de quem recebeu (Mc 10.42; Lc 23.2). De quem se recebe o salário? Dos impostos. Então, devolva com aquilo que você recebeu. Ao dizer: dêem ao imperador, Jesus está enfatizando: Devolva o que você recebeu, de quem você recebeu.

Dêem ao Imperador o que é do Imperador e dêem a Deus o que é de Deus” (Mt 22.21).

Na segunda parte da resposta, quando Jesus fala sobre devolver a Deus o que é de Deus, Jesus deseja que os fariseus reflitam sobre onde estarem depositando a sua fé.

Para um judeu, a resposta de Jesus: “Dêem ao Imperador o que é do Imperador e dêem a Deus o que é de Deus” (Mt 22.21), teria como reação: Mestre, toda a terra é de Deus” (Dt 19.5; 26.8; Sl 136.22), então tudo precisa ser devolvido a ele.

Dêem ao Imperador o que é do Imperador e dêem a Deus o que é de Deus” (Mt 22.21).

2 – Visão ampla de Reino

A resposta de Jesus mostra o equilíbrio entre os dois reinos: da mão direita e da mão esquerda.

As autoridades constituídas apenas administram a vida pública (Pv 8.15). Deus, através do evangelho comanda e governa todas as dimensões da vida humana.

Pagar impostos é devolver o que se recebe de Deus pelo Estado, legitimidade por Jesus em sua resposta aos herodianos. Ofertar no Templo é devolver parte do pão de cada dia. Servir ao Senhor é usar dons e talentos dados por Deus. Louvar, cantar, testemunhar é devolver a Deus tudo o que dEle recebemos.

Pelos impostos estamos amando ao próximo. Pelos impostos o governo mantêm a saúde, a educação, a segurança. Muitas pessoas não querem mais pagar impostos, alegando que não estão recebendo o devido retorno em serviços públicos essenciais. Bem! Aqui cabe uma advertência, denuncie aos órgãos competentes.

Na época de Jesus, muitos julgavam que a arrecadação de tributos não era correta. Afinal, os impostos eram cobrados na Palestina, mas revertidos em benefícios dos romanos e de Roma.

A solução não é ser um Tiradentes, ou seja, lutar contra os impostos. O cristão é um cidadão do Reino de Deus com compromissos nesse mundo e, como filho(a) de Deus exerce sua fé ativamente na sociedade.

Dêem ao Imperador o que é do Imperador e dêem a Deus o que é de Deus” (Mt 22.21).

3 – Vida santificada

O cristão vive sua fé nas obrigações civis e públicas. A autoridade civil tem por obrigação, como representante de Deus nesse mundo, prestar serviços necessários à existência da sociedade organizada.

O cristão é governado por Deus por meio de duas mãos: mão esquerda e mão direita. Pelas leis desse mundo e pelo Evangelho.

O cristão não está isento das obrigações para com o Estado. Pelos dez mandamentos aprendemos que o cristão é um ser de mão dupla, confessa sua fé (1º,2º,3º Mandamentos) e convive em sociedade com o próximo (4º ao 10º Mandamento).

Ao responder: “Dêem ao Imperador o que é do Imperador e dêem a Deus o que é de Deus” (Mt 22.21) Jesus enfatiza que seus filhos sejam bons cidadãos e bons cristãos. O cristão justificado vive uma vida santificada.

O cristão pertence a Deus e reconhece sua cidadania celestial (Fp 3.20). No entanto, não abdica, e nem deixa de viver a sua cidadania terrena exercitando sua cidadania. O cristão não é do mundo, mas vive no mundo. Por isso, o apostolo exortou para que o cristão persevere na fé e no amor (1Ts 1.3), na certeza de que esse mundo continua sendo governado por Deus (Is 45) que age pelo bem de todas as pessoas. Amém!

ERT

Edson RonaldoTressmann

segunda-feira, 9 de outubro de 2023

Alegrando-se na paz de Deus!

 15 de outubro de 2023

Salmo 23; Isaias 25.6-9; Filipenses 4.4-13; Mateus 22.1-14

Texto: Filipenses 4.4-13

Tema: Alegrando-se na paz de Deus!

 

Eu já acordei inúmeras noites na madrugada e me obriguei a levar minha esposa ao médico. Falta de ar, dores no peito, angústia e a única coisa que dizia era que iria morrer. Crises de ansiedade.

O que é ansiedade? É estar estrangulado, sem ar, sufocado.

A pessoa ansiosa sabe quanto sofrimento a ansiedade produz na sua vida. O ansioso sofre por antecipação. De 100 coisas que se imagina, 98 delas nunca acontecem. O ansioso sofre como se algo estivesse de fato e de verdade acontecendo, as dores no peito parece de fato ser um infarto.

Paulo vivia circunstâncias difíceis. Estava preso, as vésperas de ser julgado, sem saber se seria solto ou condenado à morte. E nessa situação, escreve a carta da alegria destacando o motivo da sua alegria. Por essa alegria, era capaz de superar até mesmo a ansiedade.

A alegria expressa pelo apóstolo não é um sentimento emocional. É expressão de confiança em Deus, a ponto de viver tranquilo mesmo estando cercado por perigos. Dessa forma precisamos destacar que a NTLH (Fp 4.5) interpretativamente traduz “o Senhor virá logo,” enquanto que nas outras traduções é dito “Perto está o Senhor” significando que o Senhor está junto conosco nas nossas lutas. Aqui está a alegria do apostolo. Ele sabe que o Senhor está presente.

Jesus, ressuscitado, prometeu e cumpre sua promessa de estar presente todos os dias e em qualquer situação.

O ansioso, quando em crise de ansiedade, não consegue enxergar socorro para seu problema, chegando a faltar-lhe o ar. Sente-se como se estivesse enfartando. O socorro está ao lado!

A ansiedade é a doença do século! Isso se deve ao fato do ser humano estar muito agitado de um lado para o outro com o aqui e agora (Trabalho, família, lazer, problemas, doenças, isolamento social, ...). Assim, vive-se estressado!

Nossos dias são vividos “caminhando no vale da sombra da morte” (Sl 23.4), ou seja, cheio de problemas e inquietações. Como não cair na crise da ansiedade?

Aos ansiosos filipenses, o apostolo escreve: “Perto está o Senhor” (Fp 4.5). Ele está cuidando de cada situação, problema, tribulação. Por esse motivo, o apostolo escreveu: alegrem-se, ou seja, confiem nele, afinal, vocês estão unidos a Cristo (Fp 4.4). Esse Cristo que não deixou a cruz devido ao cuidado para conosco, continua próximo, assim sendo, peçam o que querem e agradeçam continuamente (Fp 4.6).

O ansioso olha para o problema e busca solução para aquilo que nem sequer aconteceu. Antes do problema real, o ansioso já está esgotado, afinal, lutava consigo mesmo antes do problema ocorrer.

Filipenses é a carta da alegria. No entanto, pessoas leigas no assunto, imaginam que se trata de uma alegria emocional expressa por gargalhadas e sorrisos. Todavia, a expressão alegria vai além do estado emocional. O alegrar se no Senhor (Fp 4.4) significa estar confiante no Senhor que perto está com seu cuidado em todos os momentos. Alegrar-se no Senhor é estar confiante em todos os momentos, principalmente quando se está caminhando pelo vale da sombra da morte (Sl 23.4).

Aos ansiosos filipenses que aguardavam notícias de Paulo e até mesmo sua libertação, por essa carta, recebem a notícia de que tudo está nas mãos de Deus, um Senhor presente em todos os momentos.

Como combater o mal da ansiedade?

Perto está o Senhor... a paz de Deus, que ninguém consegue entender, guardará o coração e a mente...

Assim como os romanos montavam guarda e protegiam a cidade, os cristãos Filipenses podiam saber que a paz de Deus os guardava dia e noite.

Essa paz, esse cuidado todo especial de Deus, não pode ser dado pelo mundo (Jo 14.27), por melhor que sejam suas políticas sociais. Esse cuidado de Deus guarda corações e mentes. Essa paz de Deus, que cuida zelosamente de cada um, é a paz que guia (Fp 4.8,13).

Como lutar contra a ansiedade que nos assedia?

Perto está o Senhor... a paz de Deus, que ninguém consegue entender, guardará o coração e a mente...

Amém!

ERT

Edson Ronaldo TREssmann

terça-feira, 3 de outubro de 2023

Currículo religioso

 08 de outubro de 2023

Salmo 80.7-19; Isaias 5.1-7; Filipenses 3.4b-14; Mateus 21.33-46

Currículo religioso

 

Fui circuncidado quando tinha oito dias de vida. Sou israelita de nascimento, da tribo de Benjamim, de sangue hebreu. Quanto à prática da lei, eu era fariseu ... No passado, todas essas coisas valiam muito para mim; mas agora, por causa de Cristo, considero que não têm nenhum valor” (Fp 3.5,7).

Um bom currículo é fundamental para conseguir emprego. Um bom currículo apresenta experiência profissional e formação acadêmica continuada.

O currículo vitae deve ser bom, invejável. Afinal, um bom currículo permite encontrar e se manter no emprego.

Por falar em currículo, observamos na carta aos Filipenses (Fp 3.5), o quão o currículo religioso de Saulo era invejável.

Como é o seu currículo religioso? Alguns têm seus currículos: batizado nas águas, falo línguas estranhas, me abstenho de alguns alimentos .... Outro currículo religioso bem conhecido entre nós é: batizado quando criança, luterano de berço, da família tal, de sangue alemão, quanto a prática da lei sou livre ...

O currículo religioso de Saulo era tão impactante e invejável: “Fui circuncidado quando tinha oito dias de vida. Sou israelita de nascimento, da tribo de Benjamim, de sangue hebreu. Quanto à prática da lei, eu era fariseu ...” (Fp 3.5).

Na carta aos Filipenses, além da alegria, o apostolo Paulo enumera alguns perigos que a igreja e os cristãos correm. No capítulo 1, Paulo fala das perseguições que podem surgir de fora, no capítulo 2, os perigos da desunião devido aos fatores dentro da igreja. Agora no capítulo 3, o apostolo fala sobre o perigo de confiar no currículo religioso. Esses, Paulo chama de cachorros (Fp 3.2).

Diante do currículo religioso, o apostolo escreve: “É verdade que eu também poderia pôr a minha confiança nessas coisas. Se alguém pensa que pode confiar nelas, eu tenho ainda mais motivos para pensar assim” (Fp 3.4), e assim propõe que os críticos analisem o currículo invejável de Saulo e concluam que por causa do currículo religioso, Saulo já estava salvo e isso poderia ser base de confiança.

Sua base de confiança está no seu currículo religioso?

Analisemos o currículo religioso de Saulo: “... circuncidado quando tinha oito dias de vida. ... israelita de nascimento, da tribo de Benjamim, de sangue hebreu. Quanto à prática da lei, eu era fariseu ...” (Fp 3.5).

... circuncidado ao oitavo dia...: símbolo do pacto abraâmico. A circuncisão, pelos judeus era necessidade absoluta para ser aceito por Deus (At 15.1). A legislação judaica requeria a circuncisão no oitavo dia (Gn 17.12; Lv 12.3). Assim, os convertidos ao judaísmo por serem circuncidados adultos, em si, já eram inferiores.

... israelita de nascimento ...: Saulo era da raça de Israel. Era descendente de Jacó, cujo nome era honrado pelo próprio Deus (Gn 32.42) e para os judeus esse nome era sagrado e eles se orgulhavam do mesmo. Ser israelita assinalava que era povo de Deus (Rm 9.4; 2Co 11.22; Ef 2.12). Jacó representava a raça pura de Israel, acima das demais. Israel não é raça mista. E ao escrever em seu currículo que era israelita de nascimento, Saulo destaca que seu sangue era plenamente teocrático, sendo representante seleto de uma raça.

... da tribo de Benjamim...: era o filho da esposa favorita de Jacó (Raquel, Gn 35.17-18). Dessa tribo veio o primeiro rei de Israel, Saul, de quem derivava o nome Saulo (1Sm 9.1,2). Os israelitas se dividiam como sendo Judá e Israel e nessa divisão somente os benjamitas se mantiveram fiéis à linhagem de Davi juntamente com Judá (1Rs 12.21). Tanto os benjamitas como os de Judá formaram o novo núcleo da colônia judaica (Ed 4.1). Nas batalhas, os representantes da tribo de Benjamim, iam na retaguarda e o grito de guerra israelita era: “Após ti, ó Benjamim.

Dessa forma ao escrever da tribo de Benjamim era ser o maior dos maiores, era ser o seleto dos seletos.

...de sangue hebreu...: descendente de Sem.

... Quanto à prática da lei, eu era fariseu ...: era da elite judaica. Foi instruído na lei e se tronou extremista por causa dessa lei (At 22.3; 23.6; 26.5). Os fariseus pensavam e agiam como se a vida inteira fosse caracterizada pela observância mais estrita da lei. Cada fato da vida diária era afetada pela lei.

A lei era o sistema judaico inteiro, o que determinava o antigo testamento e os acréscimos das tradições judaicas. Os fariseus eram seguidores estritos e escrupulosos da lei de Moisés.

Paulo não era um fariseu comum, e por isso, devido ao rigor da lei que cumpria, “...perseguiu a igreja ...” (Fp 3.6).

Pelo seu currículo, Paulo era irrepreensível, inculpável diante de Deus, mas, não sei se Paulo bateu a cabeça quando caiu do cavalo (At 9), afinal, preferiu rasgar e jogar seu currículo fora. “No passado, todas essas coisas valiam muito para mim; mas agora, por causa de Cristo, considero que não têm nenhum valor” (Fp 3.7).

Por causa de Cristo: meu currículo religioso perde seu valor. Não importa o quão religioso eu seja, sem Cristo, nada sou. Por mais que minha religiosidade faça as pessoas me elogiarem, aplaudirem, exaltarem, sem Cristo, não importam as palmas, os elogios, a exaltação. ...por causa de Cristo ... mesmo que meu currículo não seja digno de apreciação, por causa dos muitos pecados, vale mais que o currículo religioso sem Cristo.

De um currículo religioso invejável para um currículo questionável: “O ensinamento verdadeiro e que deve ser crido e aceito de todo o coração é este: Cristo Jesus veio ao mundo para salvar os pecadores, dos quais eu sou o pior” (1Tm 1.15).

Em Cristo meu currículo religioso nada vale, por mais grandioso que seja. Ante as pessoas, nosso currículo religioso têm valor, mas, diante de Deus, é melhor que ele me encontre na fé em Cristo do que com um currículo religioso em mãos.

Como é o seu currículo religioso? Qual é o seu apego e confiança nele?

Talvez você não fume, não beba, mas, guarda ódio do seu irmão. Talvez você se abstenha desse ou daquele alimento, mas, não se abstêm do que possui para socorrer um irmão necessitado. É melhor rasgar e jogar no lixo o meu currículo, “por causa de Cristo.” Deixe de olhar para seu currículo e olhe para aquele que do alto da cruz exclamou: está consumado! (Jo 19.30), ou melhor, o meu currículo religioso e também o currículo pecador foi rasgado e não tenho mais nada, a não ser em Cristo para me agarrar. Quando o sol brilha, de nada adianta estar ao lado de uma vela acessa.

Peço também que, por meio da fé, Cristo viva no coração de vocês. E oro para que vocês tenham raízes e alicerces no amor, para que assim, junto com todo o povo de Deus, vocês possam compreender o amor de Cristo em toda a sua largura, comprimento, altura e profundidade” (Ef 3.17-18). Amém!

ERT

Edson Ronaldo Tressmann

segunda-feira, 25 de setembro de 2023

Arrependimento e fé

 01 de outubro de 2023

Salmo 25.1-10; Ezequiel 18.1-4,25-32; Filipenses 2.1-4,14-18; Mateus 21.23-27

Tema: Arrependimento e fé

 

Mateus 21.23-27, fala sobre arrependimento e fé.

Jesus faz uma pergunta: “E que vos parece?” A partir daí passa a contar a parábola dos dois filhos. Apesar de termos nas Escrituras quatro evangelhos, a parábola dos dois filhos foi registrada apenas pelo evangelista Mateus.

Essa parábola faz parte de um bloco de três parábolas, onde Jesus ataca a ideia de merecimento que os líderes religiosos tinham sobre o ser membro do reino de Deus.

Ao responder aos líderes judeus, Jesus liga sua autoridade a autoridade de João Batista. Tanto Jesus como João Batista eram bem aceitos entre as pessoas comuns e as que eram rejeitadas pelos líderes judeus da época.

Na parábola, ambos os filhos receberam o mesmo convite: trabalhar na vinha do pai. O primeiro disse que iria, mas não foi. O segundo disse rudemente que não iria, mas “depois, arrependido, foi” (Mt 21.29 Revista e Atualizada). A Nova Tradução na Linguagem de Hoje traduz dizendo que “depois mudou de ideia e foi”. As duas traduções estão corretas. Ambas traduziram o verbo grego metamelomai.

O termo metamelomai foi usado por Mateus por ocasião do relato de Judas após a traição. Judas se arrependeu, lastimou sua traição, mas, infelizmente não achou o caminho de volta.

Arrependimento tem um sentido amplo (a conversão como um todo) e um sentido restrito (reconhecimento do pecado, coração quebrantado e contrição). O segundo filho apresentado na parábola, arrependeu-se em sentido restrito, ou seja, reconheceu seu erro e sentiu tristeza. Sentiu o pesar de não ter cumprido a vontade do pai. O primeiro filho apresentado na parábola, não passou por essa tristeza. O mesmo não se preocupou com seus pecados. C.F.W. Walther, pastor Luterano disse em suas preleções sobre lei e evangelho que “não pode haver fé num coração que, primeiramente, não esteve atemorizado”.

Aqui é o ponto de Jesus. Os fariseus e os líderes religiosos judeus por nunca terem reconhecido seus pecados e nem sentido contrição por eles, estavam entre os que se achavam sãos e que não necessitavam de médico.

O que impedia os fariseus e líderes religiosos judeus reconhecerem a necessidade de se arrependerem era sua justiça própria. Não importava o quanto fossem convidados ao arrependimento, eles não conseguiriam voltar, pois se julgavam auto suficientes. Assim, as prostitutas, os cobradores de impostos e outros pecadores, julgando-se indignos, reconheciam que não haviam feito a vontade do Pai e se arrependeram e se agarraram em Jesus.

Os líderes judeus confiavam na sua dignidade.

Dignidade essa, que segundo eles vinha da observância da lei de Moisés, da participação assídua na sinagoga, das ofertas e dos dízimos, das doações e esmolas, da prática diária da oração. Os judeus, o primeiro filho da parábola, não julgavam necessário se arrependerem, pois eram obedientes e assim, justos diante de Deus.

Após contar a parábola (Mt 21.28-30), Jesus perguntou: “Qual dos dois filhos fez a vontade do Pai?” (Mt 21.31). Ao que os próprios judeus responderam, “o segundo” (Mt 21.31). E concordando com a resposta, Jesus declara que “publicanos e meretrizes vos precedem no reino de Deus” (Mt 21.31).

Essa resposta de Jesus é a declaração de que Deus não aceita o pecador pela sua suposta obediência. A relação entre o ser humano e Deus é marcada pelo arrependimento e a fé.

Os líderes judeus não passaram pela metamelomai, ou seja, não se arrependeram e nem sequer creram na mensagem da justiça provinda através de Cristo.

Se os lideres judeus responderam e Jesus confirmou que o segundo filho agiu corretamente e arrependido voltou para fazer a vontade do Pai, cabe a pergunta: Qual é a vontade do Pai?

Bem, a vontade de Deus antes da obediência é que todos se acheguem a Ele, de graça, tocados por seu amor, depositando nEle toda a sua confiança e esperança.

Os líderes judeus estavam sendo convidados a experimentar aquilo que os publicanos, as prostitutas e tantos outros já haviam experimentado. Reconheceram sua indignidade e sentiram profunda tristeza por sua vida porca que estavam levando e sabiam que em Jesus estavam sendo aceitos por Deus.

Ser aceito por Deus era a angústia de Martinho Lutero e tantos outros na idade média. Como ser aceito por Deus? A resposta foi encontrada nas Escrituras Sagradas. Só se é aceito por Deus através da obra realizada por Jesus. Todo aquele que crê no sacrifício vicário de Cristo, tem a salvação. A fé não é uma obra humana, é um presente dado pelo Espírito Santo que atua pela Palavra. Amém

Edson Ronaldo Tressmann

terça-feira, 19 de setembro de 2023

O Senhor Deus é a minha luz e a minha salvação

 24 de setembro de 2023

Salmo 27.1-9; Isaias 55.6-9; Filipenses 1.12-14,19-30; Mateus 20.1-16

Texto: Salmo 27.1

Tema: O Senhor Deus é a minha luz e a minha salvação

 

Antropólogos dizem que os primeiros seres humanos não tinham medo do escuro. Na medida em que as gerações passaram, o DNA das pessoas, recebeu a noção de que durante a noite acontecem coisas ruins. O medo faz com que as pessoas criem a fantasia de que os animais selvagens atacam somente à noite, bem como os ladrões, os assassinos, etc.

Deus criou os seres humanos na luz e sem medo!

A Nictofobia é o medo irracional da escuridão. Nixa deusa da noite” e Foboso deus do terror”. São pessoas que quando escurece ou se apaga a luz, o medo toma conta. Essa doença ocorre geralmente em crianças, mas pode continuar na fase adulta se não for tratada a tempo corretamente. Quem sofre dessa doença, vive um pesadelo diário mesmo com olhos abertos. Quem sofre dessa doença tem a escuridão como inimiga da razão. Todos os medos, mesmo que não sejam reais, não são aliviados de nenhuma maneira. Outra consequência do medo da escuridão é que pode causar sérios distúrbios neurológicos e físicos. Exemplo disse está na Finlândia. Todos os anos os finlandeses enfrentam um longo período de escuridão entre meados de novembro até a metade de janeiro. Há regiões no norte da Finlândia em que nesse período há apenas 56 minutos de luz do sol por dia. Na região mais ao sul há 6 horas de claridade por dia. Nesses dias de pouca luz solar, os finlandeses perdem as forças físicas, se sentem cansados e desanimados. Milhares de filandeses iniciam um processo de depressão desastroso. Essa depressão é conhecida como efeito Kaamos que em português significa “noite polar”.

A luz é essencial. No primeiro dia da criação Deus disse: “Que haja luz!” (Gn 1.3).

No primeiro dia a primeira criação de Deus foi a luz. Por quê? Sem luz não há vida.

Deus venceu a escuridão criando a luz. Com a queda em pecado, outra escuridão caiu sob o mundo e sob as pessoas. Para vencer essa escuridão Deus enviou seu Filho Jesus que disse: “...Eu sou a luz do mundo; quem me segue nunca andará na escuridão, mas terá a luz da vida” (Jo 8.12). E essa luz me é dada por ocasião do batismo e também na pregação.

Jesus é a luz que o mundo tanto necessita. Nosso inimigo não quer que essa luz esteja acessível às pessoas. O apostolo Paulo escreveu que muitas pessoas “...não podem crer, pois o deus deste mundo conservou a mente deles na escuridão. Ele não os deixa ver a luz que brilha sobre eles, a luz que vem da boa notícia a respeito da glória de Cristo, o qual nos mostra como Deus realmente é” (2Co 4.4).

Pelo evangelho Deus nos dá sua luz. Cada vez que o evangelho é pregado é pregado, Deus está jogando luz e, quando alguém crê está sendo tirado das trevas para a luz. Assim, o primeiro dia da criação é algo vivenciado ainda hoje naqueles que são convertidos. Por isso, junto com o salmista posso dizer: “O Senhor Deus é a minha luz e a minha salvação”. Amém!

Edson Ronaldo Tressmann

sexta-feira, 15 de setembro de 2023

O Senhor é bondoso e misericordioso, não fica irado facilmente e é muito amoroso Sl 103.8

 17 de setembro de 2023

Salmo 103.1-12; Gênesis 50.15-21; Romanos 14.1-12; Mateus 18.21-35

Salmo 103

 

O Senhor é bondoso e misericordioso, não fica irado facilmente e é muito amoroso Sl 103.8

Martinho Lutero no prefácio a tradução em 1545, escreveu que esse Salmo poderia ser chamado de uma pequena Bíblia.

Tudo o que consta na Bíblia inteira aqui foi escrito de maneira resumida pelo salmista nesse Salmo.

Esse salmo canta a graça de Deus de maneira belíssima. Ouça novamente: O Senhor é bondoso e misericordioso, não fica irado facilmente e é muito amoroso Sl 103.8. Uma descrição bela e profunda de Deus.

Deus é amor – esse é coração do Salmo e pelo qual pulsa sangue para todo louvor e adoração. O amor de Deus motiva a louvar a Deus em todas as situações.

O convite é dirigido a garganta e nos processos vitais que nela acontecem. Ou seja, comida, bebida e fala. Toda a vida é um lembrar das ações de Deus. O louvor brota do agir amoroso de Deus.

vv. 3-5: Deus é aquele que perdoa, resgata, coroa e sacia. Seu agir revela quem ele é.

Possivelmente teve alguma doença grave v.3, e foi libertado dessa cova. Essa libertação da doença é compreendida como perdão dos pecados. A abundância da misericórdia de Deus é entendida como coroação.

Não adorem nenhum outro deus, pois eu, o Senhor, me chamo Deus Exigente e exijo que vocês adorem somente a mim” (Ex 34.14). E esse convite de Deus se deve ao fato de não haver nenhum outro deus como o nosso Deus, O Senhor é bondoso e misericordioso, não fica irado facilmente e é muito amoroso Sl 103.8

No Egito antigo a ira era considerada uma virtude, como a capacidade de fazer justiça. Nesse sentido, Deus parecia ser fraco, afinal, Deus prefere perdoar a irar-se. O próprio Jesus mostra o coração amoroso do Pai. Quando estava sendo crucificado não irou-se, mas suplicou por perdão aos seus algozes.

A lentidão em irar-se é expressão extrema justamente da paixão de seu amor, que não se deixa levar pela vingança. Deus não é ser humano que valoriza a ira, a vingança, o ódio, a briga. Deus valoriza o perdão e o amor. Deus é amor!

Enquanto que o amor humano é afetado pelas circunstâncias e age por essas circunstâncias. O amor de Deus não é assim. Deus age por misericórdia. Ele compreende o resultado da queda em pecado e sabe suas consequências e age movido pelo seu amor.

Deus não ama o ser humano por uma razão, por uma qualidade que o ser humano tenha. Deus ama por que ele é amor, pois ele é a fonte do amor. vv. 11-13: para aqueles que o temem” – o que significa esse temor?

Temor ao Senhor é prática religiosa. Não é medo, mas orações e uma vida de confiança em Deus.

Esse salmo trata da proximidade de Deus. Muitos tinham Deus como alguém distante e irado sempre pronto a punir.

O autor é Davi. Homem que cometeu dois graves pecados (adultério e assassinato). Por deixar de confiar no amor misericordioso de Deus, escondeu de Deus os seus pecados. Ficou doente fisicamente e espiritualmente. Foram dias difíceis até que confessou seus pecados a Deus e recebeu de Deus o perdão. Davi passou a ver Deus como sendo bondoso e misericordioso que não fica irado facilmente e é muito amoroso Sl 103.8.

Pessoas estão sofrendo!

O sofrimento faz parte da vida diária, mas, parece que ele nos incomoda mais quando estamos enfermos. Na enfermidade, muitas pessoas sentem a mão pesada de Deus e passam a vê-lo como sendo irado e cheio de vingança e punição.

Após confessar seu pecado, Davi exclamou que feliz é aquele cuja as maldades Deus perdoa e cujos pecados ele apaga (Sl 32.1) e após essa maravilhosa experiência de perdão, escreveu O Senhor é bondoso e misericordioso, não fica irado facilmente e é muito amoroso Sl 103.8.

Davi descreve DEUS como misericordioso, inclinado compassivamente em favor do ser humano.

Esse Deus, o inimigo (Diabo) não quer que as pessoas conheçam (2Co 4.4), por isso, as pessoas são mantidas na idolatria, no medo, no pavor, no legalismo.

Davi escreve que Deus é pai de Israel (v.7). Um missionário que trabalhava na África contou a seguinte história de quando ele ensinou a oração do Pai nosso aos nativos. Uma mulher se recusava de orar além das palavras “Pai Nosso, que está no céu” (Mt 6.9). Ao ser perguntada porque interrompia a oração e não prosseguia, respondeu: “Se Deus é meu Pai, isso é tudo que eu preciso saber”. O Senhor é bondoso e misericordioso, não fica irado facilmente e é muito amoroso Sl 103.8. Amém!

Edson Ronaldo Tressmann

terça-feira, 5 de setembro de 2023

Febre que nos leva a cura!

 10 de setembro de 2023

Salmo 32.1-7; Ezequiel 33.7-9; Romanos 13.1-10; Mateus 18.1-20

Texto: Salmo 32.1-7

Tema: Febre que nos leva a cura!

 

De dia e de noite, tu me castigaste, ó Deus, e as minhas forças se acabaram como o sereno que seca no calor do verão” (Sl 32.4).

 

Sempre que alguém está com febre, uma coisa é certa: “algo está errado. A febre mostra que algo está precisando ser tratado nesse corpo.

Davi ao escrever as palavras do verso 4 no Salmo 32 faz referência a uma pessoa que está sendo ressecado pela febre.

A febre mostra que o corpo está sob ataque severo e a função da febre é curar o corpo desse ataque. A febre mata as bactérias que são a causa de enfermidades. Se a febre ajuda no combate às bactérias, por qual motivo se toma remédio para passar a febre? Quando a febre é alta demais pode provocar uma lesão no coração e deixar a pessoa com um problema cardíaco crônico. Dessa forma, a febre que ajuda e prejudica se alta precisa ser abaixada e para isso toma-se gostas de dipirona.

Davi estava com febre, uma febre enviada da parte de Deus. O objetivo dessa febre enviada por Deus era curar Davi. Mas, o seus pecados cegaram seus olhos e fecharam seus lábios e assim ele sofreu por não tomar o remédio que baixava a febre.

Em qualquer consulta médica, rotineira ou urgente, a temperatura é verificada. Em dias de Pandemia, aparelhos eram utilizados para verificar a temperatura do corpo antes que alguém adentrasse num recinto.

Deus permite que sejamos acometidos pela febre. Para curar essa febre, o termômetro, sua Palavra, sua lei, verifica e nos examina.

E, quando somos diagnosticados e a febre é confirmada, Deus nos oferece o remédio para curar a febre e todas as consequências que a mesma possa gerar: Deus nos dá a pílula do perdão.

O problema é que para qualquer tipo de doença, anunciada pela febre, as famosas receitas caseiras impedem a pessoa de buscar o médico e realizar exames.

A febre que acometeu Davi indicava que algo estava errado. Essa febre lhe causou problemas físicos, seu corpo adoeceu. Também problemas espirituais, Davi deixou de ver a misericórdia de Deus.

A lei de Deus em Lv 20.10; 18.20; Ex 20.14; Dt 5.18, anunciava morte por apedrejamento aos adúlteros e assassinos. O termômetro que identificou a febre de Davi foi a Palavra de Deus anunciada pelo profeta Natã. Davi confessou seus pecados (2Sm 12.13). Arrependido, Davi ingeriu a pílula do perdão e recebeu a cura. Enquanto Davi se recusava a tomar a pílula do perdão oferecido por Deus, ele sofria fisicamente e espiritualmente. Enquanto Davi preferiu guardar silêncio e viver teimosamente e não confessar os seus pecados a Deus (Sl 32.3) a febre o atormentava: De dia e de noite, tu me castigaste, ó Deus, e as minhas forças se acabaram como o sereno que seca no calor do verão” (Sl 32.4).

Quando alguém passa por uma doença grave e se recupera, a mesma exclama com alegria sobre o episódio por mais triste que tenha sido. O mesmo aconteceu com Davi e acontece com o pecador que se arrepende e recebe o perdão de Deus em Cristo Jesus. Amém!

ERT

Edson Ronaldo TREssmann

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