07 de setembro de 2025
Décimo
Terceiro Domingo após Pentecostes
Salmo
1; Deuteronômio 30.15-20; Filemon 1-21; Lucas 14.25-35
Texto:
Filemon 1-21
Tema: Um
bilhete de um novo relacionamento!
Introdução
O Dia da Independência do Brasil, 7 de setembro,
marca a data de 1822 em que o país rompeu seus laços coloniais com Portugal.
Esse evento crucial foi o ápice de um longo processo de tensão, iniciado com a
chegada da família real portuguesa em 1808. A vinda da corte, que fugia das
tropas de Napoleão, elevou o Brasil à condição de sede do império, mas as
pressões para o retorno do rei Dom João VI e, mais tarde, de seu filho Dom
Pedro, ameaçavam recolonizar a nação.
A elite agrária
brasileira, que temia a desintegração do país, apoiou a permanência de Dom
Pedro. A decisão dele, no Dia do Fico
em 9 de janeiro de 1822, “Se é para o bem de
todos e felicidade geral da Nação, estou pronto; diga ao povo que fico”,
unificou o Brasil sob uma única liderança e preparou o terreno para a
independência. Essa história de unificação é um poderoso lembrete de como a
coesão pode evitar a fragmentação e seus problemas.
Assim como o
Brasil enfrentou a ameaça de se fragmentar, o mundo de hoje vive um cenário de
tensões geopolíticas e econômicas. Em meio a essa “fragmentação”,
a busca por unidade e reconciliação se torna um desafio urgente. Nesse
contexto, a breve e poderosa carta de Paulo a Filemom oferece uma lição
atemporal sobre graça, perdão e fraternidade cristã.
Parte 1
As
breves palavras do apostolo Paulo nesse bilhete, e é verdade esse bilhete, é um
testemunho vivido da transformação operada pelo evangelho.
Onésimo, um
escravo fugitivo e, presumivelmente, um ladrão, foi convertido ao cristianismo.
Diante dessa ação do Espírito Santo em converter Onésimo, Paulo escreve essa
carta para Filemon e por essa epistola somos alertados sobre o como o evangelho
reconcilia pessoas e transforma relacionamentos.
Apesar de parecer,
não foi fácil a escrita desse bilhete. Podemos notar a delicadeza e a sabedoria
do apostolo ao interceder por Onésimo. Apesar de sua autoridade apostólica,
Paulo apela ao amor e a consciência cristã de Filemon. Com essa atitude, o
apostolo Paulo ensina sobre a maneira de exercer influência cristã: pela
persuasão baseada no amor fraternal e verdade do Evangelho e não pela imposição.
Por esse bilhete,
somos informados sobre a situação social daqueles dias referente a escravidão.
O apostolo Paulo
não se torna um militante contra a escravidão. Apropria-se do amor fraternal e
do Evangelho para estabelecer princípios com os quais estamos aprisionados por
sermos escravos da natureza pecaminosa. A igualdade espiritual em Cristo está
acima de todas as distinções sociais.
Paulo pede que
Filemon receba Onésimo não como seu escravo, a quem ele pode punir pela lei
humana. Paulo solicita que Filemon receba Onésimo como “irmão amado” (Fm 16). Em outras palavras,
receba Onésimo sabendo que o Espírito Santo os coloca num mesmo patamar em
Cristo. Apesar de ser seu escravo, sua propriedade, merecendo punição pelo que
fez, recorde-se que em Cristo, é seu irmão.
O evangelho
transforma corações e, consequentemente, as relações. Esse evangelho precisa
pavimentar o mundo tão fragmentado para que aos poucos a sociedade saiba também
lidar com o outro que apesar de..., é seu amado
irmão.
Esse waths de
Paulo para Filemon ensina sobre o perdão genuíno.
Paulo não pede
perdão financeiro, mas pela traição do seu escravo. Afinal, só o perdão é capaz
de curar divisões e restaurar relacionamentos.
Quando o apostolo
Paulo faz menção da “igreja que está em sua casa”
(Fm 2) revela algo profundo. Essas palavras destacam que você não é apenas um
indivíduo, mas parte da igreja. Punir Onésimo seria como punir parte da igreja.
A igreja vive a reconciliação com seu Senhor e uns com os outros.
Essa epistola é
uma pequena joia do Novo Testamento e oferece pequenas capsulas de grandes
verdades (Lenski).
Parte 2
O
perdão, o amor fraternal e o evangelho se aplicam as situações da vida real.
Filemon não é
apenas uma história curiosa sobre empregado e patrão em conflito. Essa epístola é uma ilustração
real da vida cristã em ação. É o poder regenerador do evangelho dentro
de uma relação que poderia terminar muito mal.
Onésimo significa
inútil. E esse inútil, destacado pela traição, fuga e prejuízo, foi resgatado
pelo evangelho e por isso agora pode ser considerado útil. E nessa nova
perspectiva que precisava ser considerado. O evangelho o tornou um amado irmão.
Onésimo é uma
representação de cada pecador. Pela nossa natureza pecaminosa nos mostramos
inúteis por nossas ações. Assim como Onésimo, também precisamos de perdão e
aceitação.
Pela lei, Onésimo
era culpado. Pela Lei de Deus também culpados. Pela Lei, Onésimo poderia ser
condenado, sofrer punições severas e até a morte. Pela Lei de Deus nós também somos
condenados e sofrer punições.
Assim como Filemon
tinha direito legal e social de punir Onésimo, Deus também tem todo direito de
nos punir. Mas, o extraordinário é que Onésimo se arrisca em ir ao encontro de
Filemon mesmo sem saber sua reação. Ele não tinha mérito nenhum para esse
encontro. Esse fato extraordinário vivemos em Jesus Cristo. O perdão de Onésimo,
bem como o perdão que recebemos não se baseia no mérito, mas na graça recebida por
Jesus Cristo.
Por essa epistola,
é possível apreciar a diplomacia do apostolo Paulo. Ele, pela sua autoridade
apostólica poderia se impor, mas preferiu suplicar por fraternidade e amor
evangélico.
O apostolo Paulo
transmite um belo exemplo de intercessão e amor substitutivo, se colocando a
disposição para pagar qualquer dívida de Onésimo (Fm 18-19). Essa imagem
reflete a obra de Cristo por nós.
A essência desse
bilhete, dessa epistola curtíssima, é o evangelho em ação. Onésimo se agarrou
na graça de Jesus que também operava em Filemon.
Conclusão
A fé
cristã nunca é estéril, ao contrário, se manifesta em amor e boas obras. O
amor cristão proveniente da fé se manifesta em perdão, reconciliação e
aceitação. Não há lugar para orgulho ou superioridade quando sabemos que nossa
salvação não é obra nossa, mas um presente imerecido da parte de Jesus.
A essência do
cristianismo é o perdão. Fomos perdoados em Jesus, de uma dívida impagável, por
isso, somos convidados a perdoar. O perdão nos faz tratar o outro como um amado
irmão. Amém.
Edson
Ronaldo Tressmann
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