28 de setembro de 2025
Décimo
sexto domingo após Pentecostes
Salmo
146; Amós 6.1-7; 1Timóteo 6.6-19; Lucas 16.19-31
Texto:
Salmo 146
Tema:
Em quem confiar?
Você
já depositou confiança em alguém e essa pessoa te decepcionou?
Com toda a certeza
a resposta é sim!
Seres humanos, por
causa da sua pecaminosidade, são instáveis e decepcionam e algumas não são de
confiança nenhuma.
As palavras do
salmista “Não ponham a sua confiança em pessoas
importantes, nem confiem em seres humanos, pois eles são mortais e não podem
ajudar ninguém” (Sl 143.3) é um convite para uma reflexão
profunda sobre onde se deposita a fé e a esperança. A Bíblia, em sua
totalidade, reforça essa ideia de diversas maneiras, mostrando a fragilidade
humana e a fidelidade divina.
A Bíblia está
repleta de exemplos que ilustram por que a confiança em seres humanos é vã.
Pessoas, por mais poderosas, ricas ou influentes que sejam, estão sujeitas a
falhas, doenças e, por fim, à morte. A passagem de Isaías 2.22 ressoa: “Parem de confiar no homem, cuja vida não passa de um
sopro em suas narinas. Que valor ele realmente tem?”. A história do
rei Saul, que depositou sua confiança na força de seu exército em vez de em
Deus, e a de Herodes Agripa I, que aceitou a adulação divina de seu povo e foi
castigado por não dar glória a Deus, são exemplos claros da fragilidade humana.
O contraste do
Salmo 146.3 é a confiança em Deus, tanto que no verso 5, o salmista escreveu: “Feliz aquele que tem o Deus de Jacó por seu ajudador;
aquele cuja esperança está no Senhor, o seu Deus” (Sl 146.5).
Enquanto os seres humanos são mortais e limitados, Deus é eterno, onipotente e
fiel. Sua capacidade de ajudar não tem limites, e sua natureza não muda.
A confiança em
Deus não é uma questão de otimismo cego, mas de fé naquilo que é imutável.
Confiar em Deus é reconhecer que somente Ele pode dar a verdadeira paz,
esperança e salvação. O profeta Jeremias resume essa dualidade: “Assim diz o Senhor: 'Maldito é o homem que confia nos
homens... Bendito é o homem que confia no Senhor” (Jeremias 17.5,
7).
A mensagem do
Salmo 146.3 não nos proíbe de pedir ajuda ou de valorizar as pessoas em nossas
vidas. Pelo contrário, ela nos adverte a não colocarmos nossa segurança total e
final em nenhuma pessoa. O conselho bíblico é para que nossas expectativas de
salvação, segurança e propósito eterno sejam baseadas exclusivamente em Deus.
Isso nos liberta
da decepção que inevitavelmente vem quando colocamos nossa fé em pessoas
imperfeitas. Ao direcionarmos nossa confiança para Deus, podemos interagir com
as pessoas de forma mais saudável, amando-as e servindo-as sem a pressão de que
elas supram todas as nossas necessidades. A verdadeira paz vem de saber que, no
final das contas, nossa esperança não está nas mãos de seres humanos, mas nas
mãos do Criador.
As palavras “Não ponham a sua confiança em pessoas importantes, nem
confiem em seres humanos, pois eles são mortais e não podem ajudar ninguém”
(Sl 146.3), faz parte da história da nossa igreja.
C.F.C. Walther, Fundador
e Primeiro Presidente do Sínodo de Missouri, teve uma grande decepção com a
liderança humana. Isso o levou a reafirmar a única fonte de confiança: Deus.
Da mesma forma
como o salmista se sentia “esmagado”
e “prostrado”, Walther e sua
comunidade estavam à beira do desespero após a queda de seu líder. O socorro
não veio de um novo “homem importante”,
mas do reconhecimento de que a fé não depende da perfeição de nenhum líder, e
sim da fidelidade de Deus.
A situação
histórica é conhecida como a “Crise de Stephan” ou o “Escândalo
de Stephan”. Evento que marcou profundamente a vida dos imigrantes
luteranos alemães que se estabeleceram em Missouri, EUA, em 1839.
Tudo começou
quando um grupo de luteranos alemães, liderados por um carismático pastor
chamado Martin Stephan, decidiu fugir da perseguição religiosa na
Alemanha. Eles desejavam viver a sua fé sem a interferência do Estado e da
Igreja oficial, que consideravam corrompida pelo racionalismo. Stephan
era visto por eles como um profeta e um líder ungido, um “bispo” que os guiaria para a liberdade na
América.
C.F.W. Walther,
que na época era um jovem e promissor pastor, era um dos mais fervorosos
seguidores de Stephan. Ele e outros pastores confiaram plenamente na liderança
de Stephan, que os havia convencido a venderem seus bens e a seguirem-no para a
América.
No entanto, logo
após chegarem a Saint Louis, Missouri, a comunidade foi abalada por graves
acusações contra Stephan. Descobriu-se que, enquanto eles viajavam e se
estabeleciam na nova terra, Stephan estava envolvido em escândalos de má
conduta sexual e financeira, além de exercer um poder autoritário sobre o
grupo.
A revelação foi um
choque devastador. A comunidade, que havia sacrificado tudo para seguir um
líder que se mostrou um falso profeta, se sentiu desorientada e traída. Eles
estavam em um país estrangeiro, sem recursos, e sua fé estava abalada. Era a
beira do desespero.
Nesse momento de
crise, C.F.W. Walther se destacou. Ele não negou o problema, mas, com base em
sua fé, procurou uma solução. Walther convocou uma reunião histórica em
Altenburg, Missouri, na qual confrontou a comunidade com a pergunta: “Afinal, o que nos faz uma igreja? O nosso líder humano ou
a Palavra de Deus?”
Essa crise serviu
como um catalisador para a teologia de Walther. A partir dessa experiência
amarga, ele enfatizou a importância de confiar apenas em Cristo e na sua
Palavra, e não em líderes humanos. Foi a partir dessa crise que o Sínodo de
Missouri se formou, com a clara convicção de que a verdadeira autoridade da
Igreja reside nas Escrituras, e não na figura de um homem.
Ninguém, por mais
importante ou talentoso que seja, está imune ao erro ou ao fracasso. A
dependência excessiva de líderes, políticos ou figuras públicas pode levar à
desilusão.
A fé genuína não se deposita em um ser humano, mas em
Deus, que é o único que não falha e que tem o poder de nos salvar e guiar.
A resposta para o
desespero e a decepção não está em procurar um novo “herói”, mas em voltar-se para o Evangelho, a única fonte de
esperança e segurança, pois Jesus Cristo não é apenas um homem, mas o Deus que
nos salva.
As palavras: “Não ponham a sua confiança em pessoas importantes, nem
confiem em seres humanos, pois eles são mortais e não podem ajudar ninguém”
(Sl 146.3) visa alertar para que não se confunda a fé em Deus com a confiança
em seres humanos, por mais admiráveis que possam parecer. Amém.
Edson
Ronaldo Tressmann
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