segunda-feira, 22 de setembro de 2025

Deus não é indiferente! (Lc 16.19-31)

 28 de setembro de 2025

Décimo sexto domingo após Pentecostes

Salmo 146; Amós 6.1-7; 1Timóteo 6.6-19; Lucas 16.19-31

Texto: Lucas 16.19-21

Tema: Deus não é indiferente!

 

Havia um homem rico que vestia roupas muito caras e todos os dias dava uma grande festa. Havia também um homem pobre, chamado Lázaro, que tinha o corpo coberto de feridas, e que costumavam largar perto da casa do rico. Lázaro ficava ali, procurando matar a fome com as migalhas que caíam da mesa do homem rico. E até os cachorros vinham lamber as suas feridas” (Lc 16.19-21).

 

Essa parábola decorre do amor de Jesus que diante da zombaria dos fariseus que amavam o dinheiro e desprezavam Jesus (Lc 16.14), o cumprimento da mensagem de Moisés e dos profetas, a contou para fazê-los refletir o estado de suas almas.

A parábola do rico e Lázaro é uma história que, embora curta, carrega profundas reflexões sobre a vida, a morte, a justiça e a nossa relação com o próximo.

Nessa parábola temos a descrição da realidade de dois homens em vida:

O homem rico: vive em completa abundância, desfrutando de luxo e banquetes diários. Sua riqueza é tão grande que suas roupas são descritas como as de um rei e um sacerdote, e suas festas, uma celebração contínua e diária. Sua vida é um ciclo de prazer e autossatisfação.

Lázaro: um total contraste do rico. Aqui precisamos registrar é mencionado o nome de Lázaro, ao contrário do rico que não tem seu nome mencionado. Aliás, é a única vez em que o nome de uma pessoa é mencionado nas parábolas contadas por Jesus. Lázaro é o retrato da miséria e do abandono. Pelo que se deduz, Lázaro não podia se movimentar livremente e foi deixado ali, pois, num lugar com banquetes diários, receberia o que comer. Esse homem deveria ter recebido auxílio do rico, mas apenas os cães aliviam lambendo suas férias. Os cães tinham mais compaixão do que àquele homem rico. Aliás, do rico não recebia nada, Lázaro é que aproveitava as migalhas, os restos que eram jogados fora.

Lázaro deriva de Lo-eser e Ele-azar. Lo-eser significa “sem ajuda”, alguém destituído de auxílio, sozinho, abandonado. Ele-azar significa “Deus é ajuda”, ou seja, sem ajuda só Deus é meu socorro.

A parábola não quer ensinar que o rico era mau por causa de sua riqueza e nem que Lázaro era bom por ser pobre. O ponto central dessa parábola é destacar a indiferença. A indiferença diante de duas coisas: o próximo e a Palavra de Deus.

O homem rico viveu sua vida ignorando completamente a dor e o sofrimento de Lázaro, que estava literalmente na sua porta. O rico era indiferente a situação de Lázaro. A situação exposta diante dos seus olhos não tocou seu coração.

Essa história, ao lado da parábola do administrador serve como uma sirena onde somos alertados sobre as nossas prioridades e a forma como usamos os recursos que temos. Qual é a finalidade dos nossos recursos? Muitos apenas ostentam e ignoram socorro ao necessitado, mesmo que bata a sua porta. O que se possui visa ser uma resposta ao sofrimento alheio.

Essa parábola nos convida a uma autoanálise profunda:

Lázaro “sem ajuda”, alguém destituído de auxílio, sozinho, abandonado. Onde estão os nossos “Lázaros”? Há muitas pessoas passando por dificuldades silenciosas. Se está atento aos Lázaros? Ou, se está indiferente devido a absorção da nossa própria vida?

Querido irmão e irmã em Jesus. Cada um de nós possui um banquete diário. Qual o nosso banquete diário? Tempo? Recursos? Dons?

E os Lázaros estão por aí precisando de algo que podemos oferecer.

Nesse sentido, conseguimos visualizar o perigo que corremos de nos tornar indiferentes.

O pecado do homem rico não foi ter dinheiro. Seu pecado foi ignorar a necessidade diante de seus olhos, podendo ajudar. A indiferença cega pessoas que enxergam bem.

O homem rico não era apenas um indivíduo egoísta, ele é o retrato da humanidade que, em suas posses, falha em cumprir a Lei de Deus, socorrer o próximo.

O rico, vivendo em sua bolha de prazeres, transgrediu a Lei por omissão. Ele tinha a oportunidade de servir, de demonstrar amor e compaixão, mas falhou completamente. Tal como os fariseus estavam fazendo. Ignoravam os Lázaros (ovelha perdida, moeda perdida).

A história do rico e Lázaro é um convite para ação, empatia e responsabilidade. Aos olhos de Deus, importa a maneira como nos relacionamos com àqueles que estão em necessidade. A verdadeira fé se manifesta em obras de amor e compaixão.

Lázaro é a representação do cristão. Muitas vezes abandonado, jogado, mas que espera tão somente em Deus, pois “feliz aquele que recebe ajuda do Deus de Jacó, aquele que põe a sua esperança no Senhor, seu Deus, o Criador do céu, da terra e do mar e de tudo o que neles existe!” (Sl 146.5).

A condição de Lázaro, coberto de feridas e dependendo das migalhas, é uma imagem da total dependência de Deus. Lázaro era dependente e não tinha nada para oferecer. Esse é o retrato do cristão, dependente de Deus, sem ada para lhe oferecer.

A parábola não sugere que a pobreza seja a chave para o céu. Nada disso. É salutar destacar que a vida desses dois homens não foi diferente apenas em sua forma de viver, mas também no momento da morte. Sobre Lázaro é apenas dito que morreu e que os anjos o levaram. Sobre o rico é dito que foi sepultado. Possivelmente com toda a pompa de um enterro cheio de honrarias e luxo.

Jesus frisa que Lázaro é levado para o seio de Abraão. Nesse ponto Jesus quer mostrar algo de extrema importância para os fariseus. Na teologia judaica, o seio de Abraão é a designação para a comunhão dos devotos falecidos, é um estado de felicidade máxima. E o rico não esteva lá. O pensamento para os fariseus era de que a riqueza aqui na terra representava a bênção de Deus para àqueles que estavam em comunhão com Deus. Todavia, lá no inferno, o rico descobriu que sua indiferença com o Lázaro advinha da sua indiferença com a Palavra de Deus.

Volto a repetir: o ponto central dessa parábola é destacar a indiferença diante do próximo e da Palavra de Deus.

Observe que àquele rico tão ocupado em oferecer banquete para seus irmãos e amigos, descobriu no inferno o valor de uma alma.

O rico, no tormento, pede que Lázaro vá e advirta seus irmãos e a resposta de Abraão é crucial: “Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos” (Lc 16.31).

Eles têm a quem ouvir, assim como você também teve.

No tormento foi que o rico “olhou e viu” (Lc 16.23) e observe que reconheceu Lázaro. Isso significa que àquele rico via Lázaro em vida, mas foi indiferente. E preocupou-se com o estado da alma dos seus irmãos. Será que os banquetes não os deixariam cegos? Se eles permanecessem cegos, terminariam assim como ele?

A resposta de Abraão confirma que a salvação vem unicamente pela Palavra de Deus (Rm 10.17).

Milagres, aparições, revelações, testemunhos, experiências extraordinárias, nada disso leva o homem a se arrepender e crer. A Palavra de Deus ainda é necessária. A entrada no Reino de Deus se dá pela fé genuína na Palavra de Deus.

Só a Palavra de Deus é capaz de persuadir um pecador, conduzi-lo ao arrependimento e a fé em Jesus.

Caríssimo Lázaro, saiba que Deus é o meu socorro em Jesus Cristo. Amém

 

Edson Ronaldo Tressmann

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