28 de setembro de 2025
Décimo
sexto domingo após Pentecostes
Salmo
146; Amós 6.1-7; 1Timóteo 6.6-19; Lucas 16.19-31
Texto:
Lucas 16.19-21
Tema:
Deus não é indiferente!
“Havia um homem rico que vestia roupas muito caras e todos
os dias dava uma grande festa. Havia também um homem pobre, chamado Lázaro, que
tinha o corpo coberto de feridas, e que costumavam largar perto da casa do
rico. Lázaro ficava ali, procurando matar a fome com as migalhas que caíam da
mesa do homem rico. E até os cachorros vinham lamber as suas feridas”
(Lc 16.19-21).
Essa
parábola decorre do amor de Jesus que diante da zombaria dos fariseus que
amavam o dinheiro e desprezavam Jesus (Lc 16.14), o cumprimento da mensagem de
Moisés e dos profetas, a contou para fazê-los refletir o estado de suas almas.
A
parábola do rico e Lázaro é uma história que, embora curta, carrega profundas
reflexões sobre a vida, a morte, a justiça e a nossa relação com o próximo.
Nessa
parábola temos a descrição da realidade de dois homens em vida:
O
homem rico: vive em completa abundância, desfrutando
de luxo e banquetes diários. Sua riqueza é tão grande que suas roupas são
descritas como as de um rei e um sacerdote, e suas festas, uma celebração
contínua e diária. Sua vida é um ciclo de prazer e autossatisfação.
Lázaro: um
total contraste do rico. Aqui precisamos registrar é mencionado o nome de Lázaro,
ao contrário do rico que não tem seu nome mencionado. Aliás, é a única vez em
que o nome de uma pessoa é mencionado nas parábolas contadas por Jesus. Lázaro
é o retrato da miséria e do abandono. Pelo que se deduz, Lázaro não podia se
movimentar livremente e foi deixado ali, pois, num lugar com banquetes diários,
receberia o que comer. Esse homem deveria ter recebido auxílio do rico, mas
apenas os cães aliviam lambendo suas férias. Os cães tinham mais compaixão do
que àquele homem rico. Aliás, do rico não recebia nada, Lázaro é que
aproveitava as migalhas, os restos que eram jogados fora.
Lázaro
deriva de Lo-eser e Ele-azar. Lo-eser
significa “sem ajuda”, alguém
destituído de auxílio, sozinho, abandonado. Ele-azar
significa “Deus é ajuda”, ou seja,
sem ajuda só Deus é meu socorro.
A
parábola não quer ensinar que o rico era mau por causa de sua riqueza e nem que
Lázaro era bom por ser pobre. O ponto central dessa parábola é destacar a indiferença. A indiferença diante de duas coisas: o
próximo e a Palavra de Deus.
O
homem rico viveu sua vida ignorando completamente a dor e o sofrimento de
Lázaro, que estava literalmente na sua porta. O rico era indiferente a situação
de Lázaro. A situação exposta diante dos seus olhos não tocou seu coração.
Essa
história, ao lado da parábola do administrador serve como uma sirena onde somos
alertados sobre as nossas prioridades e a forma como usamos os recursos que
temos. Qual é a finalidade dos nossos recursos?
Muitos apenas ostentam e ignoram socorro ao necessitado, mesmo que bata a sua
porta. O que se possui visa ser uma resposta ao sofrimento alheio.
Essa parábola nos convida a uma
autoanálise profunda:
Lázaro
“sem ajuda”, alguém destituído de
auxílio, sozinho, abandonado. Onde estão os
nossos “Lázaros”? Há muitas pessoas passando por dificuldades
silenciosas. Se está atento aos Lázaros? Ou, se está indiferente devido a absorção da nossa
própria vida?
Querido irmão e irmã em Jesus. Cada um de nós
possui um banquete diário. Qual o nosso banquete
diário? Tempo? Recursos? Dons?
E os Lázaros estão por aí precisando de
algo que podemos oferecer.
Nesse
sentido, conseguimos visualizar o perigo que corremos de nos tornar
indiferentes.
O
pecado do homem rico não foi ter dinheiro. Seu pecado foi ignorar a necessidade
diante de seus olhos, podendo ajudar. A indiferença cega pessoas que enxergam
bem.
O
homem rico não era apenas um indivíduo egoísta, ele é o retrato da humanidade
que, em suas posses, falha em cumprir a Lei de Deus, socorrer o próximo.
O
rico, vivendo em sua bolha de prazeres, transgrediu a Lei por omissão. Ele
tinha a oportunidade de servir, de demonstrar amor e compaixão, mas falhou
completamente. Tal como os fariseus estavam fazendo. Ignoravam os Lázaros
(ovelha perdida, moeda perdida).
A
história do rico e Lázaro é um convite para ação, empatia e responsabilidade. Aos olhos de
Deus, importa a maneira como nos relacionamos com àqueles que estão em
necessidade. A verdadeira fé se manifesta em obras de amor e compaixão.
Lázaro
é a representação do cristão. Muitas vezes abandonado, jogado, mas que espera
tão somente em Deus, pois “feliz aquele que
recebe ajuda do Deus de Jacó, aquele que põe a sua esperança no Senhor, seu
Deus, o Criador do céu, da terra e do mar e de tudo o que neles existe!”
(Sl 146.5).
A
condição de Lázaro, coberto de feridas e dependendo das migalhas, é uma imagem
da total dependência de Deus. Lázaro era dependente e não tinha nada para
oferecer. Esse é o retrato do cristão, dependente de Deus, sem ada para lhe
oferecer.
A
parábola não sugere que a pobreza seja a chave para o céu. Nada disso. É
salutar destacar que a vida desses dois homens não foi diferente apenas em sua
forma de viver, mas também no momento da morte. Sobre Lázaro é apenas dito que
morreu e que os anjos o levaram. Sobre o rico é dito que foi sepultado.
Possivelmente com toda a pompa de um enterro cheio de honrarias e luxo.
Jesus
frisa que Lázaro é levado para o seio de Abraão. Nesse ponto Jesus quer mostrar
algo de extrema importância para os fariseus. Na teologia judaica, o seio de
Abraão é a designação para a comunhão dos devotos falecidos, é um estado de
felicidade máxima. E o
rico não esteva lá. O pensamento para os fariseus era de que a riqueza
aqui na terra representava a bênção de Deus para àqueles que estavam em
comunhão com Deus. Todavia, lá no inferno, o rico descobriu que sua indiferença
com o Lázaro advinha da sua indiferença com a Palavra de Deus.
Volto
a repetir: o ponto central dessa parábola é destacar a indiferença diante do próximo e da
Palavra de Deus.
Observe
que àquele rico tão ocupado em oferecer banquete para seus irmãos e amigos,
descobriu no inferno o valor de uma alma.
O
rico, no tormento, pede que Lázaro vá e advirta seus irmãos e a resposta de
Abraão é crucial: “Se não ouvem a Moisés e aos
Profetas, tampouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os
mortos” (Lc 16.31).
Eles
têm a quem ouvir, assim como você também teve.
No
tormento foi que o rico “olhou e viu”
(Lc 16.23) e observe que reconheceu Lázaro. Isso significa que àquele rico via
Lázaro em vida, mas foi indiferente. E preocupou-se com o estado da alma dos
seus irmãos. Será que os banquetes não os
deixariam cegos? Se eles permanecessem cegos, terminariam assim como ele?
A
resposta de Abraão confirma que a salvação vem unicamente pela Palavra de
Deus (Rm 10.17).
Milagres,
aparições, revelações, testemunhos, experiências extraordinárias, nada disso
leva o homem a se arrepender e crer. A Palavra de Deus ainda é necessária. A
entrada no Reino de Deus se dá pela fé genuína na Palavra de Deus.
Só
a Palavra de Deus é capaz de persuadir um pecador, conduzi-lo ao arrependimento
e a fé em Jesus.
Caríssimo
Lázaro, saiba que Deus é o meu socorro em Jesus Cristo. Amém
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