segunda-feira, 29 de setembro de 2025

Conserve vivo o dom de Deus (2Tm 1.6)

 05 de outubro de 2025

Décimo sétimo domingo após Pentecostes

Salmo 62; Habacuque 1.1-4; 2.1-4; 2Timóteo 1.1-14; Lucas 17.1-10

Texto: 2Timóteo 1.6

Tema: Conserve vivo o dom de Deus

 

Por isso quero que você lembre de conservar vivo o dom de Deus que você recebeu...” (2Tm 1.6)

 

Embora seja uma conotação tipicamente cristã, a palavra reavivamento (despertar espiritual) aparece nas cinco grandes religiões: cristianismo, hinduísmo, budismo, islamismo e judaísmo.

Muito se fala, quer seja em palestras, reuniões, redes sociais, sobre o despertar espiritual, ou, reavivar algo.

Casais querem reavivar seu relacionamento!

Igrejas buscam reavivar os congregados!

Empresas buscam reavivar seus colaboradores!

Reavivar é uma palavra que está na moda.

O apóstolo Paulo escreveu para o pastor Timóteo “reavivar a chama do dom de Deus” (2Timóteo 1.6). Esse não é apenas um conselho pastoral, mas uma chave para entender a vida cristã e o ministério sob a ótica da justificação pela graça mediante a fé.

O “dom de Deus” que Timóteo recebeu não era uma habilidade ou um talento humano, mas a própria fé e a vocação para o ministério. O dom é a graça de Deus que o elegeu e o capacitou, e essa graça não é algo que ele conquistou. O dom é puramente uma dádiva divina, um presente que não pode ser merecido por obras, busca ou esforço.

O dom ao qual o apóstolo Paulo se refere aqui pode ser vista como uma união de dois elementos: o ofício pastoral e a fé genuína. O evangelho o capacitou para cumprir esse ofício pastoral e lhe concedeu a fé.

A exortação para “reavivar” traduzido como “conservar vivo” na nova tradução na linguagem de hoje (NTLH) decorre de uma palavra grega anazōpyrein que significa “atiçar o fogo” e não significa fazer algo para ser aceito por Deus. É um chamado para que Timóteo se apegue e utilize o dom que já lhe foi dado pela graça. Reavivar ou conservar vivo significa que há algo vivo nele. Algo que lhe foi dado.

A Palavra de Deus é a lenha que alimenta o fogo que ela mesma acendeu.

Exegetas destacam que a exortação do apóstolo Paulo é uma resposta direta para Timóteo diante dos seus medos, tal como a timidez o podia sucumbir. Reavivar o dom nesse sentido significa confiar no dom que Deus concedeu, ou melhor, pare de olhar para si mesmo. A obra é divina, e foi Deus quem acendeu e mantém acessa esse dom.

O “dom de Deusem si é a fé em Cristo e o ofício pastoral concedido pela graça de Deus. Isso é algo que o cristão recebe.

Acredito que muitos de vocês já ouviram a frase atribuída a Martinho Lutero: “oração, meditação e tentação fazem um teólogo”. Pensamento capturado da famosa frase em latim: Oratio, Meditatio, Tentatio faciunt Theologum.

Um verdadeiro teólogo não é apenas alguém com conhecimento acadêmico. Teologia não é uma ciência abstrata, mas uma disciplina vivida, moldada pela experiência pessoal e espiritual.

A oração é o primeiro pilar. Oração não é uma formalidade, mas um diálogo constante com Deus. Por mais que estudemos, não podemos entender as verdades espirituais por nossa própria força. A Bíblia, por si só, pode ser um livro fechado sem a iluminação do Espírito Santo.

A oração abre o coração e a mente para a voz de Deus, permitindo que sua Palavra ressoe para nós e não seja apenas um texto morto. É na oração que o estudo se torna uma experiência de adoração. Por essa razão, Jesus ensinou a orar: santificado seja o teu nome, venha o teu Reino, seja feita a sua vontade assim na terra como no céu...

Oração, meditação e tentação fazem um teólogo”.

Meditação não é esvaziar a mente, mas enchê-la com a Palavra de Deus. Meditar sobre as Escrituras significa ir além da leitura superficial: é mastigar, digerir e refletir sobre cada palavra. É um processo de ruminação onde a verdade bíblica se infiltra em nosso ser, transformando nossos pensamentos e ações.

Oração, meditação e tentação fazem um teólogo”.

É surpreendente saber que a tentação, provação, aflição faz parte do processo do reavivamento do dom. As provações da vida, as dúvidas, os sofrimentos, as perseguições e os conflitos espirituais, são essenciais para o amadurecimento teológico.

Na tentação a fé é testada. A tentação se dá quando o conhecimento acadêmico se mostra frágil diante da dor real. Na luta se é forçado a se apegar à Palavra de Deus não como uma teoria, mas como a única rocha sólida. Na tentação aprendemos a depender totalmente de Deus, revelando nossa própria fraqueza e sua fidelidade inabalável.

Reavivar o dom de Deus não é um exercício meramente intelectual, é uma jornada espiritual e existencial. Se é forjado no fogo da oração, enraizado na meditação da Palavra e amadurecido nas provações da vida.

Reavivar o dom é um convite para ser mais do que um mero estudioso da Bíblia; é um desafio para viver a fé que se professa. A vida cristã autêntica não está nos livros, mas numa vida vivida diante de Deus e de suas promessas.

Reavivar o dom de Deus não é uma busca para ganhar a aprovação de Deus. É um lembrete para Timóteo de que se apegue firmemente à fonte de toda sua força e dom: se apague a graça de Deus que é manifestada e nutrida através da Palavra de Deus, tanto na pregação, estudo e nos sacramentos.

O “reavivar a chama” é a vida de fé ativa que se sustenta na Palavra de Deus e se manifesta na pregação e no ministério fiel.

O dom é a capacitação do Espírito Santo para o ministério. Reavivar o dom, significa voltar-se para a graça de Deus diante dos desafios do ministério. Na época da escrita, Timóteo poderia incorrer na vergonha do apóstolo Paulo que estava preso e se tornar ainda mais tímido diante da pregação.

O fato é que na sociedade greco-romana valorizava-se a honra e abolia a vergonha. Dessa forma, Timóteo poderia se envergonhar da prisão de Paulo, haja visto ele Timóteo ser filho de pai grego.

Levando isso em consideração, o apóstolo Paulo lembra sobre o sofrimento na perspectiva do evangelho, onde o sofrimento deixa de ser desgraça e passa a ser participação no poder de Deus que traz vida da morte (2Tm 1.10).

Evangelho não é apenas uma mensagem. Evangelho é a manifestação do poder de Deus.

O apóstolo Paulo ao escrever essa carta para Timóteo, deseja encorajá-lo para que continue apesar dos pesares, ser um ministro fiel e destemido enraizado na graça de Deus em Jesus.

Eis uma exortação muito importante para nossos dias, afinal, quantas situações decorrentes da atividade pastoral que envergonham e intimidam muitos na proclamação. “Por isso quero que você lembre de conservar vivo o dom de Deus que você recebeu...” (2Tm 1.6).

Recorde-se, que: conservar vivo indica que há algo vivo em você. Algo lhe foi dado para o exercício do ministério. E o ministério está nas mãos de Jesus (Ap 1.18-20). Amém

Edson Ronaldo Tressmann

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