segunda-feira, 24 de junho de 2024

Jesus se sobrepõe a morte com uma palavra: levanta-te!

 Sexto Domingo após Pentecostes

30 de junho de 2024

Salmo 30; Lamentações 3.22-33; 2Coríntios 8.1-9;13-15; Marcos 5.21-43

Texto: Marcos 5.21-43

Tema: Jesus se sobrepõe a morte com uma palavra: levanta-te!

 

Tomo a liberdade para falar do Jair.

Esse é o nome hebraico de Jairo. Homem esse que tinha uma reputação religiosa a ser zelada, mas, numa situação difícil em sua vida, recorreu a Jesus, e assim correu risco de perder toda sua reputação. Era um risco muito alto para sua posição, mas, pela vida da sua filha, qualquer coisa. Ele abandona seus preceitos e orgulho.

O texto destaca que Jairo vendo Jesus, que havia acabado de desembarcar vindo de Gerasa, prostrou-se, ajoelhou-se aos seus pés e insistentemente suplicou. Chama atenção que a súplica de Jairo é para que Jesus a salve. Ou seja, minha filha está a beira da morte.

A situação daquela menina de 12 anos era gravíssima.

É preciso enfatizar que para os judeus, a morte de um filho, além da perda, era considerada como sendo um castigo de Deus. Nesse sentido, aquele homem, possivelmente presidente da sinagoga, um servidor de Deus estava sendo atingido por Deus. Jairo estava enfrentando a ira de Deus. Uma ira tão avassaladora no seu entendimento, pois sua única filha estava sendo atingida (Lc 8.42).

Um detalhe não pode passar despercebido, Jesus que estava retornando de Gerasa, poderia estar caindo numa armadilha. Ele estava de volta para a Galiléia. No entanto, Jesus se soldariza pelo pedido de um suposto inimigo, um integrante da sinagoga.

Outro detalhe que nos despertar a atenção. A história que narrada nessa perícope (Mc 4.21-43) apresenta duas mulheres. A menina com 12 anos e uma mulher que já sofria de um fluxo sanguíneo havia 12 anos.

Não eram apenas 12 anos de sofrimento físico, eram 12 anos de sofrimento emocional. Afinal, a lei de Deus prescrevia que devido ao fluxo de sangue a pessoa era imunda (Lv 15.25-27). Sendo assim, essa mulher cerimonialmente não podia ser tocada sem que a pessoa se tornasse impura também.

Esses 12 de sofrimento físico e emocional, também levou aquela mulher a pobreza. Só os ricos procuravam médicos (Mc 4.26). E tendo ela passado por vários médicos e perdido suas posses.

Uma menina de 12 anos, limitada numa cama, em coma. Uma mulher que já por 12 anos sofria de uma hemorragia e agora limitada em todos os sentidos.

Essa mulher, cerimonialmente impura corria um grande risco. Ser descoberta e punido por seu atrevimento de estar em meio as pessoas. Mas, sua fé a fez apenas tocar na veste na Jesus.

E esse toque de fé foi percebido por Jesus. A impureza daquela mulher não contaminou Jesus, a ponto d’Ele rapidamente querer saber quem o havia tocado. E isso surpreendeu os discípulos. No meio dessa multidão, onde as pessoas te tocam, você quer saber quem te tocou.

Jesus estava falando do toque da fé. E eles pensando no toque físico.

Aquela mulher sentiu sua cura e mesmo percebendo o perigo que estava correndo por causa da lei cerimonial, atemorizada e tremendo, se ajoelhou e disse que ela o havia tocado.

O temor e tremor daquela mulher deve-se ao fato de a mesma reconhecer que estava diante de Deus (Gn 9.2; Ex 15.16; Dt 2.25; Sl 2.11; 1Co 2.3; 2Co 7.15; Fp 2.12; Ef 6.5).

Diante Deus, curada, Jesus a chama de filha – ou seja, você está na família de Deus. A tua fé te salvou – Jesus te salvou!

A fé estende a mão para Jesus. A fé abraça a cruz de Jesus. Em Jesus, aquilo que nos afasta das pessoas e de Deus é substituído pela graça.

O fato é que Jesus que estava por ir até a casa de Jairo foi interrompido. Essa interrupção divina foi estratégica no plano de Deus. Afinal, enquanto essa mulher recebia a cura, o pai Jairo recebia a notícia mais cruel que um pai pode receber: sua filha morreu.

Foram segundos – todavia, na cabeça de Jairo deve ter passado muitas perguntas. Por que perdi meu tempo com esse homem? Minha reputação foi por água abaixo! Não há mais nada para fazer! E agora? Mas, após esse breve instante e em meio a sua desesperança, Jesus diz: não temas, crê somente (Mc 4.36).

O exemplo de uma mulher que cerimonialmente era impura, serviu por um momento como exemplo de fé para aquele presidente da sinagoga que em matéria religiosa deveria ser.

Não temas – eis o desafio para a fé. Não submergir diante das mais variadas situações. Aqui recordamos do segundo mandamento. No primeiro mandamento somos exortados a confiar em Deus, o libertador da escravidão, acima de todas as coisas. No segundo mandamento, somos exortados a viver na fé e a fé quando surgirem situações difíceis.

Crê somente – no hebraico a palavra crer significa, adquirir perseverança, firmar-se, aquietar-se. Nesse sentido, quando Jesus disse: crê somente – era como se dissesse: não se preocupe, deixe Deus ser Deus. Afinal, nesse momento, só a ação divina para reverter o quadro.

No evangelho escrito por João Marcos, – sempre está ligada a milagres de Jesus. Ou seja, estando diante de Jesus, silencie-se, pois Deus está disposto a ajudar. Todavia, percebe-se no decorrer do evangelho que há vozes dispostas a silenciar a voz e a esperança em Jesus. Nesse episódio a voz foi: “não incomode o mestre” (Mc 5.35).

Recordemos que Jairo, mesmo sendo um dos principais da sinagoga, foi até Jesus na esperança de obter dEle a salvação para sua filha que estava em situação fatal. E quando ouviu que sua filha estava morta, antes mesmo de sucumbir na fé e voltar correndo para casa, Jesus diz: não temas, crê somente (Mc 4.36). Jairo, você veio até mim para salvação e encontrara isso em mim.

No evangelho de Marcos, os milagres vêm da fé. Nesse sentido, Jesus está dizendo para Jairo não desistir da vida. A fé que parece ser ridícula, é séria.

Chegando na casa, as pessoas riram ao ouvirem Jesus dizer que a menina estava dormindo (Mc 5.39). Para os que estavam ali, era ridícula essa afirmação de Jesus e parecia loucura de Jairo, um homem influente se deixar levar por essa loucura.

O riso da incredulidade os impediu de presenciar o milagre da ressurreição.

Jesus não presta homenagem para a morte. Deus não é Deus dos mortos. Nesse sentido, ao dizer que a menina estava dormindo, Jesus nos ensina que basta uma palavra sua e os que dormem acordam.

Estamos numa sociedade onde o culto para a morte é uma algazarra inapropriada. As pessoas estão vivendo como se fossem viver apenas aqui e agora. Parece que perder essa vida é perder tudo e não é! Em Jesus temos a vida eterna. Sem Jesus se está privado dessa vida eterna.

Ao dizer para aquela menina: eu te mando (Mc 5.41), Jesus se impõe sobre a morte. E cheia de vida, a menina se pôs a andar (Mc 4.42).

Nesse ponto vale relembrar as palavras do profeta Jeremias. “Ainda te edificarei, e serás edificada, ó virgem de Israel! Ainda serás adornada com os teus adufes e sairás com o coro dos que dançam... a virgem se alegrará na dança, e também os jovens e os velhos; tornarei o seu pranto em júbilo e os consolarei; transformarei em regozijo a sua tristeza... presta atenção na vereda, no caminho por onde passaste; regressa, ó virgem de Israel, regressa às tuas cidades” (Jr 31.4,13,21).

As duas mulheres são como Israel, prostradas, sem vida para a qual raiou o tempo da salvação.

Jesus é a salvação! Ele venceu a morte e em Cristo, estamos cerimonialmente curados e temos a certeza da ressurreição. Jesus se sobrepõe a morte com uma palavra: levanta-te! Assim será ao tocar da trombeta. Amém!

Edson Ronaldo Tressmann

terça-feira, 18 de junho de 2024

“Que homem é este?” (Mc 4.41)

 23 de junho de 2024

Quinto Domingo após Pentecostes

Salmo 124; Jó 38.1-11; 2Coríntios 6.1-13; Marcos 4.35-41

Texto: Marcos 4.35-41

Tema: Que homem é este?” (Mc 4.41)

 

O objetivo do evangelho de Marcos é transmitir “a boa notícia que fala a respeito de Jesus Cristo, Filho de Deus...” (Mc 1.1).

Depois de um longo dia, onde Jesus ensinou sobre o Reino de Deus contando a parábola do semeador; da semente; do grão de mostarda; era preciso que os discípulos tivessem uma aula prática sobre a vida no Reino de Deus. Em especial sobre quem é Jesus, o Reino de Deus.

Era momento do Reino de Deus ser espalhado para os gentios. Eles iriam até Gerasa (Mc 5.1), onde Jesus curou um homem possesso por um demônio (Mc 5.2-20).

Era preciso saber quem era Jesus. Os discípulos, escolhidos por Jesus, depois de terem presenciado e vivido uma forte tempestade e Jesus ter acalmado a mesma questionam: “Que homem é este...?” (Mc 4.40).

Esse questionamento é muito pertinente, afinal, os discípulos que chamaram Jesus de Mestre, estavam duvidosos disso. O Mestre soa como, que Mestre é esse, que nos abandona no momento mais terrível da nossa vida. Vamos ouvir como os três evangelistas descrevem as palavras dos discípulos.

Mestre! Nós vamos morrer! O senhor não se importa com isso?” (Mc 4.38).

Socorro, Senhor! Nós vamos morrer!” (Mt 4.25).

Mestre, Mestre! Nós vamos morrer!” (Lc 8.24).

Por um momento os discípulos entenderam o sono de Jesus como que voltado contra eles. Parecia que Jesus os estava negligenciando. É o grito de Israel: “Acorda, Senhor! Porque estás dormindo? Levanta-te. Não nos rejeites para sempre” (Sl 44.23).

Jesus censura seus discípulos: “Por que é que vocês são assim tão medrosos? Vocês ainda não têm fé?” (Mc 4.40).

Essas palavras soam como que Jesus estivesse dizendo, caríssimos discípulos, me admira a covardia de vocês. Não estão comigo num projeto? Recordem-se que ser discípulo não é apenas querer sobreviver. O discípulo não está livre das tempestades só por ser discípulo. E essa lição foi aprendida pelos discípulos. João escreveu as palavras de Jesus: “...No mundo vocês vão sofrer; mas tenham coragem. Eu venci o mundo” (Jo 16.33). O apostolo Pedro registrou: “...no mundo inteiro os seus irmãos na fé estão passando pelos mesmos sofrimentos” (1Pe 5.9).

E tanto João quanto Pedro registraram que era importante saber disso, pois, era preciso estar firme para enfrentar o diabo em dias conturbados, pois, ele nos tenta para abandonar a fé em Jesus e João destaca que as palavras de Jesus trazem paz no momento da dificuldade. João, Pedro, Paulo, Bartolomeu, Mateus, Judas, Tiago, enfim todos os discípulos, aprenderam que quando a ansiedade e o medo dominam, se é tentado a esquecer quem é Jesus.

Que homem é este...?” (Mc 4.40).

Essa foi a exclamação após o alívio da tempestade.

Antes de ensinar aos seus os questionando sobre sua covardia, Jesus trouxe alívio diante de algo que estava gerando ansiedade e medo.

Observe um detalhe no texto: houve um grande temporal, uma grande bonança e um grande temor.

Alguém comparou como uma tripulação de um navio no qual Jesus está dentro. Todavia, diante das circunstâncias difíceis questiona como se estivesse sendo negligenciada e esquecida por aquele que nunca dorme.

O Salmista Davi enfatizou: “Se o Senhor não estivesse do nosso lado ... teríamos sido engolidos vivos ... a enchente nos teria coberto ... teríamos morrido afogados ...Demos graças ao Senhor, que não deixou que os nossos inimigos nos destruíssem. ... O nosso socorro vem do Senhor Deus, que fez o céu e a terra” (Sl 124).

Tribulações e angústias são algo inerente e inevitável na vida cristã. A vida cristã é como a maré, altos e baixos.

As tempestades são muito úteis em nossa vida. O profeta Naum anunciou: “O Senhor tem seu caminho na tormenta e na tempestade” (Na 1.3).

A palavra tempestade só aparece duas vezes na Bíblia hebraica (Na 1.3; Jó 9.17). Jó questiona: “Porque me quebranta com uma tempestade” (Jó 9.17).

Podemos dizer que encontramos Deus quando nos encontramos com a tempestade. Foi na tempestade que os discípulos encontraram Jesus a ponto de exclamarem: “Que homem é este?

No milagre realizado por Jesus, acalmando a tempestade, recordamos as palavras do profeta Naum e também a mensagem dada por Jó de que “só Ele anda sobre as ondas do mar” (Jó 9.8).

Tal como os discípulos é comum no momento da tormenta, concluir que Deus não está nem aí para nossos sofrimentos.

Chama a atenção que tanto para Jó quanto para os discípulos, não há uma resposta sobre o porquê da tempestade. Os discípulos são repreendidos e Jó é questionado 32 vezes por Deus, sem que Jó pudesse responder uma só questão.

Deus não se interessa em responder o porquê dessa e daquela tempestade, desse ou daquele sofrimento.

Deus utilizou-se de um redemoinho para falar com Jó. E não aparece no texto que Jó tenha duvidado de que era o próprio Deus quem falava.

Jó, ou algum dos seus amigos, não eram capazes de dar explicações corretas sobre o que estava acontecendo. Deus desejava saber o motivo do atrevimento em questioná-lo em meio as suas ações, possivelmente respondendo Eliú.

Em meio as questões de Jó, Deus o desafia a ensiná-lo (Jó 38.3). E sabendo que isso não era possível, de maneira irônica e sarcástica, temos aqui um lembrete amoroso de que Deus é criador. Deus é criador da terra, do mar, do dia e da noite (Jó 38.4-7,8-11, 12-15).

Amorosamente Deus estava anunciando para Jó. Já que você não é capaz de responder essas questões e nem entender se eu explicar, apenas confie.

Interessante que em meio ao diálogo de Deus com Jó, há uma ordem curiosa: “cinge, pois, os lombos” (Jó 38.3). Ou seja, prenda as vestes para que possa facilitar a realização de serviços físicos e possa se esforçar. Prepare-se para o trabalho.

Como, se o corpo de Jó estava coberto de feridas?

Provavelmente essa expressão significa que Deus estava anunciando a Jó que tudo já estava por terminar.

Do meio de um redemoinho (Jó 38.1), “searah” (tempestade acompanhada por ventos fortes, assim como em 2Rs 2.1,11; Is 40.24).

Essa manifestação mostra que Deus não é impessoal, ao contrário, é um Deus que se revela e fala com os homens.

É significativo que Deus tenha se apresentado numa tempestade (Jó 40.6). Afinal, a tempestade causou a morte dos seus filhos (Jó 1.19). Todavia, apesar do infortúnio de uma tempestade (Jó 9.17), triunfa a vitória de Jó. É como dizer a tempestade tirou e a tempestade deu.

Tanto Jó quanto os discípulos pensaram que Deus os havia abandonado. Eles não entendiam o silêncio de Deus.

Nossas perguntas não pressionam a Deus para uma resposta. Ouçamos o profeta Isaías: “os meus pensamentos não são como os seus pensamentos, e eu não ajo como vocês” (Is 55.8). Por essa razão, precisamos refletir na pergunta de Deus quando enfrentarmos as tempestades: “As suas palavras só mostram a sua ignorância; quem é você para pôr em dúvida a minha sabedoria?” (Jó 38.2). Também na observação de Jesus: “Por que é que vocês são assim tão medrosos? Vocês ainda não têm fé?” (Mc 4.40).

Vivendo em meio as tempestades, na certeza de que “o nosso socorro vem do Senhor Deus, que fez o céu e a terra” (Sl 124.8). Afinal, Que homem é este?” É Jesus, verdadeiro homem e verdadeiro Deus. Amém!

 

Edson Ronaldo Tressmann

segunda-feira, 17 de junho de 2024

Livres da armadilha do caçador! (Sl 124)

 23 de junho de 2024

Quinto Domingo após Pentecostes

Salmo 124; Jó 38.1-11; 2Coríntios 6.1-13; Marcos 4.35-41

Texto: Salmo 124

Tema: Livres da armadilha do caçador! 

 

Como o passarinho, nós escapamos da armadilha do caçador. A armadilha quebrou, e ficamos livres” (Sl 124.7)

 

Os caçadores de aves usavam uma armadilha para capturar pássaros chamada laço do passarinheiro”.

Essa expressão é usada na Bíblia como metáfora para representar um plano no qual o objetivo é prejudicar os filhos de Deus. É uma metáfora que visa causar perigo, perda e destruição.

Ao escrever: “Como o passarinho, nós escapamos da armadilha do caçador. A armadilha quebrou, e ficamos livres” (Sl 124.7), Davi com certeza fazia referência as muitas situações em que o povo correu perigo de ser destruído.

O profeta Oséias aplica essa figura do laço do passarinheiro, da armadilha que visa destruir o povo de Deus (Os 9.8) referindo-se aos falsos profetas e a rejeição do povo para com a mensagem do profeta Oséias.

A palavra passarinho na Bíblia significa proteção divina e cuidado de Deus.

Como o passarinho, nós escapamos da armadilha do caçador. A armadilha quebrou, e ficamos livres” (Sl 124.7).

Apesar da vida diária ser cheia de surpresas, são muitas as situações em que armadilhas são desarmadas e não somos destruídos pelas mesmas devido ao cuidado do Senhor.

O profeta Jeremias (Jr 5.26-27) ao fazer referência ao laço de passarinheiro, descreve a nação de Israel correndo perigo por causa de homens injustos e o desconhecimento da palavra de Deus (Jr 5.1,4-5). Os profetas que deveriam exercer o papel de atalaia anunciando o perigo ao povo, calavam-se e não desempenhavam o seu papel.

O Novo Testamento destaca o Diabo como sendo o caçador que arma laços engenhosos para apanhar suas presas.

A boa notícia é que Deus livra os seus, seja qual laço do passarinheiro for (Sl 91.1-3). E esse livramento está em Cristo. Jesus enfrentou oposição dos homens ímpios que tentaram desviá-lo e não realizar sua missão.

Jesus enfrentaria a oposição de homens ímpios (passarinheiros) que tentariam desviá-Lo de cumprir a vontade de Deus (laços).

O diabo utilizou-se de algumas armadilhas (Mt 4.3-9). Ao endemoniados anunciar Jesus como Santo de Deus era um laço do passarinheiro (Mc 4.34; Mc 1.24). Pedro dizer para que Jesus tivesse dó de si era um laço do passarinheiro (Mt 16.22).

Muitos são os laços do passarinheiro. E convém recomendar assim como Paulo fez aos cristãos da Ásia Menor para que cada qual se revista de toda armadura de Deus (Ef 6.11).

O objetivo do laço, da armadilha do passarinheiro, é desviar o homem dos preceitos de Deus.

O Salmo 124 é um hino de louvor à fidelidade e proteção de Deus em nossas vidas. Em meio as muitas armadilhas, somos guiados como um passarinho e libertos do laço do passarinheiro.

O Salmo 124 fala da proteção de Deus para com seu povo diante das muitas situações, batalhas que poderiam ter colocado o povo de Deus em extinção.

Davi louva a Deus por não permitir que as nações pagãs que cercavam Israel a derrotasse e extinguisse o povo de Deus. Israel foi liberto como um pássaro.

Tanto o Salmo 124 quanto o Salmo 121, comemoram a preservação dos israelitas por Deus. O povo de Deus é preservado diante das armadilhas dos caçadores de aves.

O Salmo 124 testemunha a proteção de Deus sobre seu povo. Deus sempre foi fiel em preservar seu povo em meio as armadilhas. Toda essa proteção visava enviar Jesus, o Redentor. Em Jesus estamos da armadilha do inimigo. Amém

 

Edson Ronaldo Tressmann

segunda-feira, 10 de junho de 2024

Sem semente não há vida! (Mc 4.26,30)

                                          Quarto Domingo após Pentecostes

Dia 16 de junho de 2024

Salmo 1; Ezequiel 17.22-24; 2Corintios 5.1-10; Marcos 4.26-34

 

Texto: Marcos 4.26,30

Tema: Sem semente não há vida!

 

O Reino de Deus é como um homem que joga semente na terra ...o reino de Deus ...é como uma semente de mostarda, ...” (Mc 4.26.30)

 

O mundo precisa de alimentos e o Brasil é o celeiro mundial de soja, milho, café, açúcar, suco de laranja, carne bovina e frango.

Seja qual for, todos dependem da mesma matriz: semente. Semente que produza soja, milho, café, laranja, pasto para alimentar o gado e grãos que se tornam ração.

Sem a semente não há vida e sobrevivência no planeta.

No terceiro dia da criação, Deus disse: “Que a terra produza todo tipo de vegetais, isto é, plantas que deem sementes e árvores que deem frutas!...” (Gn 1.11).

Na parábola: a semente, que está registrada apenas no evangelho de Marcos, o objetivo é destacar a obra divina na alma de cada pessoa. E essa obra divina ocorre através de uma atividade simples: semeadura.

Preste atenção e ouça com atenção: na obra divina há um semeador.

Na carta aos Romanos, o apostolo Paulo escreveu que “a fé vem por ouvir a mensagem” (Rm 10.17), todavia, é preciso ouvir atentamente o restante do versículo, “e a mensagem vem por meio da pregação a respeito de Cristo” (Rm 10.17).

Para a realização da obra divina é necessário um semeador. Todavia, esse semeador não semeia qualquer semente. A semente do semeador é a semente do evangelho. Algo que não lhe pertence, mas é de Deus. O dono da lavoura, providenciou a semente adequada para plantio e por ela irá fazer a sua colheita, afinal, somos “lavoura de Deus” (1Co 3.9).

O semeador é imprescindível, e por mais que semeie, é do dono da semente - Deus, que vem o crescimento (1Co 3.7).

É possível notar, ao passar próximo a lavouras, que algumas partes a mesma está bonita e outras partes, a lavoura está mirrada. A mesma semente foi semeada, o mesmo investimento foi realizado, mas, a lavoura é tão diferente num único campo. Há partes no mesmo terreno em que a produção é extraordinária e em outras a produção cai e faz a média cair bastante.

A semente de Deus é a mesma. Em alguns lugares parece produzir mais que outros. Não conseguimos entender isso e nem fomos enviados para essa compreensão. O fato é: precisa haver semeadores!

Nossa tarefa é semear. E ao realizar essa tarefa, sabendo que o crescimento é proveniente do dono da semente que é Deus, podemos descansar. Pois, ao lançar a semente, ela germina, estando o semeador acordado ou dormindo. Após germinar, a planta se desenvolve, depois surge a espiga e por fim, os grãos. Antes da colheita, a semente que foi semeada passa por muitos estágios.

Podemos recordar as palavras do profeta Zacarias, onde alerta sobre o “desprezo ao dia dos humildes começos...” (Zc 4.10). Ou seja, tudo se inicia num ato de semeadura da semente do evangelho. Recordemos que onde há uma grande árvore, foi lançada uma pequena semente.

Nas parábolas: a semente (Mc 4.26-29); o grão de mostarda (Mc 4.30-32); apesar de enfatizarem a semente, ambas trazem um elemento diferente. Enquanto a semente da mostarda é semeada para que os pássaros façam ninhos e se abriguem, a semente ao ser semeada visa a colheita.

O grão de mostarda entre os judeus era algo pequeno e insignificante. Nesse sentido, Jesus desperta a atenção de todos ao destacar que essa pequena semente é capaz de produzir uma árvore que abriga passarinhos.

Essa parábola (Mc 4.30-32) é histórica e profética. Afinal, Jesus está descrevendo a atuação do semeador e o resultado da semeadura. Em outras palavras, Jesus está descrevendo o início e o progresso da igreja cristã.

Jesus chamou 12 discípulos. Esses homens, por suas qualificações não impactariam o mundo. Aliás, um o traiu, outro o negou e todos fugiram no pior momento do ministério de Jesus.

Todavia, após a ressurreição, ascensão e derramamento do Espírito Santo, a semente do evangelho ao ser semeada se tornou “escândalo para os judeus e loucura para os gentios” (1Co 1.23). E mesmo assim, o progresso, o crescimento da pequena semente de mostarda continua abrigando muitos passarinhos.

Apesar de toda oposição e perseguição a igreja continua crescendo. A igreja que enfrenta muitos males, continua crescendo. E esse crescimento não se deve apenas ao empenho dos semeadores que insistem em semear. O sucesso ocorre devido a semente que os semeadores semeiam.

Lembre-se: o começo do abrigo de um passarinho e da colheita está no semear a boa semente do evangelho que é Jesus.

Sem a semente não há vida e sobrevivência no planeta. Sem a semente do evangelho não há vida eterna. Amém!

Edson Ronaldo Tressmann

segunda-feira, 3 de junho de 2024

Lama na vidraça! (Mc 3.20-35)

 09 de junho de 2024

Terceiro domingo após Pentecostes

Salmo 130; Gênesis 3.8-15; 2Coríntios 4.13-5.1; Marcos 3.20-35

Texto: Marcos 3.20-35

Tema: Lama na vidraça!

 

A pergunta mais corriqueira entre os cristãos é: qual é o pecado contra o Espírito Santo?

Apesar de corriqueira, o ponto crucial dessa pergunta, o real desejo da pessoa é saber: será que eu pequei contra o Espírito Santo? Se caso já, o que será de mim, afinal, esse pecado não tem perdão!

Não é fácil distinguir a voz de Deus das vozes diabólicas.

Confundir as vozes demoníacas ou diabólicas com a voz de Deus pode acontecer não só com inocentes ou ingênuos. O texto de Marcos 3.20-35 destaca que após o exorcismo de um homem “possuído por um espírito impuro”, os escribas semearam a semente da dúvida dizendo que Jesus era o diabo, fazia o bem para enganar as pessoas. Jesus, o Salvador tornou-se o diabo bonzinho com intuito de destruir. Além disso, os parentes de Jesus difundiram a ideia de que Jesus estava fora de si, um verdadeiro fanático, um doido varrido.

Ninguém está imune a ver como divino aquilo que é diabólico e como demoníaco aquilo que é divino. Os escribas criaram e iniciaram essa tática e sofremos por esses ataques até a atualidade.

O reino de Satanás estava sendo atacado. Jesus era o valente que entrou na casa do diabo e estava libertando aqueles que ele havia aprisionado. E, diante da popularidade de Jesus, era preciso contra-atacar. E o contra-ataque ocorreu por dois grupos que de acordo com os dias da época tinham tudo para estar certos.

Familiares estavam falando que Jesus estava louco. Como não acreditar na família?

Os escribas, intelectuais da lei de Deus, diziam que a obra realizada por Jesus era obra do diabo. Como não acreditar nesses estudiosos?

Era preciso parar a missão de Jesus. E para parar essa missão, disseminou-se a tese de que Jesus era o maioral dos demônios. E sendo o próprio diabo, podiam perseguir Jesus. era preciso extirpar o mal da sociedade.

Ao dizer a frase: É pelo maioral dos demônios que expele os demônios (Mc 3.22), os acusadores estavam dizendo: estamos diante do diabo que faz o bem com intuito de destruir a todos.

O Filósofo Nietzsche declarou que a mensagem de Jesus é a infâmia em pessoa e o mal fundamental do Ocidente.

Diante desse contra-ataque feroz do diabo, Jesus rapidamente conta duas pequenas parábolas (Mc 3.24-26) onde a ênfase está no fato de que o reino de Satanás é um sistema fechado onde vale tudo para atacar a obra de Deus, afinal, há um valente e esse valente Jesus não pode entrar na casa para roubar o que é do diabo.

Para os judeus era um pecado imperdoável blasfemar contra a lei. Todavia, enganando as pessoas que estavam sentadas aos pés de Jesus para ouvi-lo, os supostos observadores e defensores da lei estavam cometendo o pecado contra o Espírito Santo. Jesus disse: Em verdade vos digo que tudo será perdoado aos filhos dos homens... Mas aquele que blasfemar contra o Espírito Santo não tem perdão... (Mc 3.28-29).

Aprendemos aqui com Jesus que Deus quer perdoar. E para perdoar agiu pelo poder do Espírito Santo para enviar seu Filho. A ação e atuação do Espírito Santo é o reinado de Deus em ação. Na oração do Pai Nosso oramos: santificado seu teu nome, venha o teu reino. Ou, nos dê a sua Palavra de forma clara e o Espírito Santo para crer na sua Palavra e vivê-la. Junto a isso, oramos: seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu... ou seja, desfaça tudo o que quer me afastar da ação do Espírito Santo pela Palavra.

É o Espírito Santo que carrega Deus Pai e o Filho para nossa existência. O Espírito Santo faz algo similar ao que foi realizado na criação do mundo, pela fé cria algo novo (2Co 5.17).

O pecado contra o Espírito Santo estava acontecendo escancaradamente diante de todos. Os defensores da lei, estavam invertendo a situação. Tornando o que era de Deus em algo diabólico.

Para Jesus o que estava acontecendo ali era muito grave a ponto de ser imperdoável.

Há nas Escrituras Sagradas seis passagens (Mt 12.30-32; Mc 3.28-30; Lc 12.10; Hb 6.4-8; 1Jo 5.16) que abordam o pecado contra o Espírito Santo.

O evangelista Mateus (Mt 12.30-32) registra que a blasfêmia contra o Pai e o Filho será perdoado e contra o Espírito Santo não. Não se pode afirmar a partir desse texto que o Espírito Santo é maior que o Pai e o Filho. O texto quer indicar que é o Espírito Santo que me conduz ao Pai e ao Filho, assim, distorcer essa ação é não ser conduzido ao Pai e ao Filho.

O pecado em questão é contra o ofício do Espírito Santo. A obra do Espírito Santo é chamar as pessoas para Cristo e conservá-las em Cristo. E essa ação se dá por meio da Palavra de Deus.

Pense por um momento que você está sentado numa sala com paredes de vidro. Sentado no sofá presencia que lá do lado de fora um menino malvado atira lama no vidro. O que você irá fazer? Se permitir que o menino malvado entre na sala e jogue lama dentro, a culpa é sua. Enquanto ele joga a lama lá fora a culpa não é sua.

O diabo vive jogando lama na vidraça. Por isso, é natural que muitas pessoas duvidem e tenham pensamentos estranhos sobre Deus. Todavia, ele menino malvado, o diabo quer entrar na sala e pronunciar por sua boca todo tipo de sujeira a respeito de Deus.

A serviço do Conselho Superior, mas falando pelo diabo, os escribas declararam que a ação de Jesus era uma ação demoníaca. A obra de Deus se tornou uma obra do diabo. Quantas pessoas que nos cercam estão sendo contaminadas por essa tese destrutiva eternamente!

Por boca de homens censurados por Jesus, o Salvador Jesus se tornou um diabo bonzinho enganador.

O pecado contra o Espírito Santo é saber que a obra é de Deus, mas afirmar que é do diabo. Isso é blasfêmia contra o Espírito Santo!

Muitas pessoas ouvem a Palavra, são confrontadas com a Palavra. Algumas iniciam sua caminhada cristã, mas são atacadas e por esses ataques do inimigo acabam abandonando o caminho. Muitas dessas pessoas passam a viver com ódio do caminho pelo qual Deus quer conduzi-las a salvação e passam a rejeitar a Palavra e o sacramento.

Deus me leva a fé pelo Espírito Santo. Rejeitar o jeito do Espírito Santo agir é impossibilitar sua ação.

Deus não leva ninguém a força para o céu. Ele estabeleceu uma ordem para nos estender a salvação e nos conservar nesse caminho. Ignorar esse caminho é prejudicial não nessa vida, mas para uma vida eterna.

As pessoas que estavam ali ouvindo Jesus, viam com seus olhos o Valente Jesus invadir a casa de Satanás e libertar os cativos. Mas, a infâmia contra a obra divina, semeou a semente da distorção e fez muitos se questionarem se de fato Jesus era o Salvador ou o suposto diabo bonzinho do qual era preciso se cuidar e precaver.

Querido irmão e irmã em Jesus, de acordo com o evangelista Lucas (Lc 12.10), o intuito do inimigo é fazer com que o pecado contra o Espírito Santo seja verbalizado. Sua verbalização leva outros a inquirirem no mesmo pecado.

Os pensamentos podem ser definidos como sendo a lama jogada na vidraça pelo menino. Verbalizar é o mesmo que já ter deixado o menino entrar e agora se está jogando lama em outra vidraça.

O autor a carta aos Hebreus (Hb 6.4-8) destaca o grande problema do pecado contra o Espírito Santo. A pessoa que incorre nesse pecado não pode ser reconduzida ao arrependimento, por isso, não terá perdão. Essa pessoa já está convencida de que o agir de Deus é um agir diabólico. Essa pessoa é como uma terra que por falta de nutrientes deixou de ser frutífera e não importa a quantidade de chuva, não haverá produção. Nesse sentido, temos a recomendação do apostolo João na sua carta (1Jo 5.16) para que não se ore por àqueles que estão cometendo pecado para a morte. Não abençoe quem está colocando heresia em lugar da verdade.

Àquele que fala contra a obra de Deus, ou àquele que faz da obra de Deus uma obra diabólica, age pelo próprio Satanás.

A pergunta mais corriqueira entre os cristãos é: qual é o pecado contra o Espírito Santo?

Apesar de corriqueira, o ponto crucial dessa pergunta, o real desejo da pessoa é saber: será que eu pequei contra o Espírito Santo?

Depois de tudo o que foi exposto, como saber se eu não pequei contra o Espírito Santo? A resposta é muito simples: quem anseia por perdão, não cometeu esse pecado. Preocupar-se em não desagradar a Deus é sinal de que o Espírito Santo ainda age na pessoa.

É tão gracioso ler nas páginas das Escrituras que o apostolo Paulo se reconheceu blasfemo e estava tentando forçar outras a serem blasfemos também. Ele declarou que estava lutando contra Deus por ignorância. Os que crucificaram Cristo também o fizeram por ignorância (At 3.17; 1Co 2.8). E essa é a ação do Espírito Santo, conduz ao conhecimento do pecado para que haja perdão (Gn 3.9). O perdão é concedido aos que sentem seu pecado e anseiam por perdão. E todo aquele que anseia por perdão não tem pecado contra o Espírito Santo.

Querido irmão e irmã em Jesus. Se porventura, ao ser pronunciada a Palavra de Deus e ela acusar sua consciência, não ignore essa mensagem. Ignorar tal mensagem não é pecado contra o Espírito Santo, mas é um passo em direção a ele. Pois negar minha situação pecaminosa é passar a ignorar a necessidade do perdão dado pela obra de Jesus.

Se a pessoa estiver convencida de que não tem pecado, já não precisa do evangelho da reconciliação. Por essa razão e circunstância o apostolo Paulo escreveu aos Coríntios que para muitos os pregadores da reconciliação são tidos como lixo e escória do mundo (1Co 4.13). Por esse motivo a mensagem da Cruz se tornou loucura.

Lembremos do apostolo Pedro que deu três passos em direção ao pecado contra o Espírito Santo. E não o fez por ódio a Jesus, mas por medo (Mt 25.70). Teve medo de ser preso por ser discípulo de Jesus. O inimigo que está sempre ao redor (1Pe 5.8) aproveitou-se desse medo e usou a oportunidade para derrubar esse homem de Deus de uma vez por todas. O fato é que o Espírito Santo reentrou em seu coração e o mesmo se arrependeu.

Ainda hoje estamos vivenciando essa mesma história. Aos pés de Jesus ouvindo sua Palavra, mas o menino malvado joga lama na vidraça dizendo que essa mensagem é loucura ou que provém do diabo. Que diante da difamação constante da verdade que é Jesus, nosso coração e mente permaneça pelo poder do Espírito Santo, firmados na fé.

Não se esqueça, dentro de nós, pelo poder do Espírito Santo o Valente Jesus já está e pela obra do Espírito Santo ouvimos aos pés de Jesus suas Palavras apesar do mundo jogar lama na vidraça. Amém!

Edson Ronaldo Tressmann

“...coloquei a minha causa nas tuas mãos” (Jr 11.20)

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