terça-feira, 5 de março de 2013

Parábola de um filho que volta para casa

10/03/13 – 4º Domingo na Quaresma
Sl 32 Is 12.1-6 2 Co 5.16-21; Lc 15. 1 – 3, 11 – 32
Tema: Parábola de um filho que volta para casa

         Somente o evangelista e pesquisador Lucas registrou essa parábola. No entanto, creio eu, até mesmo por causa de músicas sertanejas, é uma das parábolas mais conhecida. Quem não se lembra dela quando um filho vai embora?
         Ao mesmo tempo em que a parábola é conhecida, acredito que seu verdadeiro ensino muitas vezes é negligenciado e não conhecido por todos. Jesus e Lucas inspirado pelo Espírito Santo em seu propósito quer ensinar que, para o filho arrependido, há um Deus de braços abertos pronto para perdoar e dar a oportunidade para reiniciar.
         Com a leitura da parábola facilmente encontramos três personagens. O pai e seus dois filhos.
         Cada um desses possui características importantes e essenciais para nossa compreensão do texto.
         O filho mais moço: Acredito que esse seja o mais conhecido. Ele se deixou levar pela suposta facilidade de uma vida independente do pai. Fez os cálculos e concluiu que com a parte da herança podia deixar o lar paterno e viver em outro lugar tranquilamente. E poderia mesmo, a questão é que seu erro foi procurar viver independente do pai. E querendo ser independente do pai acabou se perdendo nos caminhos da vida.
         O filho cobiçoso por uma vida independente julgou que sua vida longe da casa e do pai era melhor. Pois, poder sair à hora que quisesse, chegar quando quisesse, não ter que prestar contas de onde estava e com quem estava e o que comprava era a melhor vida que alguém poderia ter. E assim, buscando viver sua independência do pai saiu de casa.
         O pai, sempre cauteloso, amoroso, mas também educador, sabia que seu filho iria voltar. Pois, ninguém vive uma vida independente do pai. E assim, a imaturidade do filho mais novo o levou a consumir toda sua herança e por falta de administração e palavras amigas e sabias do pai, acabou perdendo tudo.
         O filho mais velho: é o terceiro personagem em nosso texto, mas o segundo que queremos observar. Esse é o tipo de filho que todo pai quer ter. Era trabalhador. Sempre ao lado do pai. Mas, como “nem tudo que reluz é ouro ele tinha um problema. Era duro de coração. Era alguém que devido a sua moral, estava chateado com a volta do irmão. Afinal, quem em são consciência faria uma festa para receber de volta um filho que desperdiçou tudo.
         O pai: Só o fato de que quando seu filho estava vindo, e ainda longe da casa, o pai lhe avistou mostra uma das suas principais características: amoroso. O correr e abraça-lo e nem sequer querer saber o que havia feito o torna exemplo de amor.
         Outra característica desse pai é sua compreensão e sensibilidade para com seus dois filhos. Ele não trata nenhum de maneira diferente, assim como podemos concluir numa primeira e rápida leitura. Aos seus dois filhos quer ensinar que ambos, tanto o que esbanjou tudo e voltou maltrapilho, bem como aquele que sempre esteve ali ao seu lado, são completamente dependentes dele. E nesse amor e dependência podem viver suas vidas tranquilamente.
         Essa parábola tem como pano de fundo a acusação de pessoas, que a exemplo do filho mais velho se julgavam merecedores de maior atenção e destaque. O versículo 2 diz: “Os fariseus e os mestres da lei criticavam Jesus, dizendo: - Este homem se mistura com gente de má fama e toma refeições com eles” (Lc 15.2). 
         E diante dessa observação do filho mais velho, os que “supostamente” sempre estiveram em casa, trabalhavam pelo reino de Deus, Jesus conta a parábola do filho perdido. E com esses personagens quer ensinar que ali diante dele, estavam os dois filhos. O maltrapilho, as prostitutas, pecadores, cobradores de impostos, etc. E também o filho mais velho, os fariseus, mestres da lei, publicanos, etc. E em Jesus, o Pai, recebia o pecador maltrapilho de volta, mas não deixava de amar o filho mais velho. O filho mais velho que não queria aceitar o amor que o pai dispensava ao seu irmão mais novo.
         Diante desses dois filhos, Jesus, chega ao ponto alto da parábola. A real diferença entre os irmãos. E ambos estão ali diante de Jesus.
         O filho mais moço: os pecadores, publicanos, samaritanos e gentios. Esses viveram boa parte de suas vidas longe da casa do pai. Não haviam sido socorridos e acabaram tendo que cuidar de porcos.
         Eis um detalhe enriquecedor ao nosso texto, “cuidar de porcos.” Os judeus considerarem os porcos animais impuros segundo a lei dada por Deus a Moisés, Lv 11. 7 – 8. Cuidar de porcos era o trabalho mais desprezível. E o pior, era que, se não podia nem tocar neles, imaginem querer dividir com eles a comida?
          Isso ilustra bem a situação a qual chegou aquele filho, o irmão mais novo. O irmão mais velho, os fariseus, escribas estavam dizendo que segundo a lei, eram deveriam ser desprezados, eram nojentos e haviam cuspido na lei de Deus, ao querer dividir com os porcos a comida.
         Jesus, com amor e carinho, lembrando que a característica do pai além de amor é compreensão e sensibilidade, diz ao filho mais velho, os fariseus e escribas, que foi diante dessa situação desesperadora que o filho mais novo caiu em si e procurou voltar para a casa do pai. E só voltou por saber aquilo que o mais velho ainda não havia aprendido: o quanto o pai ama seus filhos.
         Esse amor desconhecido pelo filho mais velho o estava levando a agir com orgulho e arrogância. Mesmo distante de casa, o filho mais novo se lembrou do pai amoroso que havia deixado. E confiante nesse amor, teve forças para voltar.
         O amor do pai é demonstrado com uma das mais belas figuras de amor na Bíblia. Diz o texto: “- Quando o rapaz ainda estava longe de casa, o pai o avistou. E, com muita pena do filho, correu, e o abraçou, e beijou” (Lc 15.20). O pai estava ansioso pela volta do filho ao contrário do seu irmão mais velho.
         Diante do seu público, diante dos dois filhos de Deus, é como se Jesus estivesse dizendo: “Além de não socorrerem seus irmãos necessitados, não querem que o próprio Pai lhes acolha em seu próprio reino. Parem com isso, vejam o enorme amor do Pai. E não só para com eles que esbanjaram tudo, mas também com vocês.
         Lucas em sua pesquisa escrita a Teófilo deseja mostrar que Deus veio para acolher o pecador. E justamente é como pecadores que precisamos nos aproximar diante de Deus. Não adianta querermos nos justificar dizendo que ha muitos anos servimos a Deus na igreja. A que ha muitos anos fomos ofertantes fiéis. O que nos impulsiona ao serviço com alegria e a nossa volta diária a Deus é conhecer o seu amor. E amor de Deus é belissimamente narrado por Paulo: “Mas Deus nos mostrou o quanto nos ama: Cristo morreu por nós quando ainda vivíamos no pecado” (Rm 5.8).
         O amor do pai é demonstrado também quando o pai lhe devolveu a dignidade de filho colocando-lhe o anel no dedo. Esse filho que havia esbanjado sua parte passava novamente a ter direitos na outra parte que havia sobrado.
         Todo o esse amor do pai com seu filho mostrado na parábola é a demonstração do amor de Deus a cada um de nós seus filhos e filhas. O amor do Pai para conosco está manifestado no envio de seu Filho Jesus que ocupou o nosso lugar na cruz. Pois, por mais que tentemos, não conseguimos cumprir uma linha da lei de Deus, por mais que estejamos na igreja. E ele, assim como fez com seu povo no deserto em 40 anos de caminhada, quer mostrar a nós que somos e precisamos ser completamente dependentes dEle em Jesus.
         Este texto conhecido como “parábola do filho pródigo” pode muito bem ser denominado como “parábola do pai misericordioso.” E esse amor é direcionado de igual maneira aos seus dois filhos. O problema não é o pai, é o filho. E justamente por amor, Jesus está chamando o filho mais velho, mesmo que na igreja, para perto dEle, para que se abrigue e sirva por amor e nesse amor acolha seu irmão mais novo. É um convite ao arrependimento.
         Ao se deparar com a inveja do filho mais velho, o pai não recrimina. O pai lhe faz um maravilhoso convite para que entre e participe da festa. E aqui, o filho é chamado ao arrependimento, quando diante do convite seu pensamento deve ter sido: “Mas como participar de uma festa onde está esse vagabundo. Eu não posso. Ele estragou tudo.
         Diante desse exame de consciência feito através do convite para participar da festa o pai sabendo da reação do filho mais velho, acaba lhe explicando que o motivo da festa não é aprovação quanto ao erro do irmão mais novo. A festa é porque o filho mais novo conseguiu ver o quanto era amado pelo pai. Ele só voltou por ter conhecimento do amor do pai. E o pai quer que seus filhos o conheçam pelo seu amor.
         O filho mais velho é uma pessoa justa, correta em seu viver, perseverante. Mas, infelizmente é incapaz de aceitar a volta do irmão e principalmente o amor do pai. E esse é o problema do filho mais velho. E é desse problema que Jesus quer curar os fariseus e mestres da lei que o questionaram.
         Qualquer semelhança é mera coincidência. Mas, somos semelhantes ao filho mais velho. Inúmeras vezes não aceitamos no nosso meio aqueles que voltam e clamam por perdão. E essa atitude é vivida também em casa quando não conseguimos perdoar o marido, a esposa, o filho, a mãe, o pai, etc.
         Qualquer semelhança é mera coincidência. Mas, somos semelhantes aos dois filhos. Por hora somos filhos novos, que com imaturidade desperdiçamos a vida que Deus nos dá em meio a nosso abuso da liberdade cristã. Outras vezes somos filhos mais velhos, criticamos, julgamos e não aceitamos o mais fraco na fé.
         Mas, a boa noticia é que: quer sejamos o filho mais novo, quer sejamos o filho mais velho, nosso Pai é amoroso. E nesse amor está de braços a abertos para nos perdoar e nos restituir como seus verdadeiros filhos. Nesse amor nos convida à alegria com aqueles que estavam perdidos e voltaram ao lar.
         Quando a IELB até 2014 quer comunicar a vida, ela o faz para que tantos outros conheçam esse Deus amoroso e misericordioso. Pois, muitos ainda não conhecem dessa maneira. Temos milhões de filhos mais velhos que se julgam melhores do que são e se esqueçam de depender do amor desse Pai. Há milhões de filhos mais novos que estão desperdiçando suas vidas e que precisam encontrar o caminho de volta. Mas para isso, precisam recobrar sua memória e perceber o quanto o Pai lhes ama.
         Filho longe do Pai é vida com fome. Na semana passada, com o texto de Lucas 13. 1 – 9, aprendemos sobre a adubação para a produção de frutos. E numa adubação correta e eficaz os frutos são naturalmente produzidos. Os filhos, mais novos e mais velhos, precisam estar em casa, junto ao Pai. Não podemos nos satisfazer apenas com 33% da participação dos nossos membros em nossos cultos e estudos bíblicos. Não podemos também continuar com nossa mentalidade de irmão mais velho. Querendo barrar o irmão mais novo que quer voltar a sua casa. A volta do filho mais novo para casa é a imagem do pecador que percebe que só pode ser feliz na casa do seu pai. O filho mais velho é a figura daquele que esquece que estar com Deus é uma honra imerecida.
         Que nossos corações estejam alegres por estarmos na companhia do nosso Pai misericordioso. Que essa mesma alegria seja visível para com o nosso irmão que está de volta. E que esperemos com muita ansiedade pela volta daquele que está perdido e que o recebamos de braços abertos quando voltar à casa do seu Pai. Amém!
Pr Edson Ronaldo Tressmann
cristo_para_todos@hotmail.com

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