27 de outubro de 2024
Vigésimo
terceiro Domingo após Pentecostes
Salmo
126; Jeremias 31.7-9; Hebreus 7.23-28; Marcos 10.46-52
Texto:
Mc 10.47
Tema 1:
Socorre-me mesmo que eu não mereça!
Tema 2:
Uma confissão de fé diante do chamado de Jesus!
Marcos,
Lucas e Mateus registram o episódio desse homem que possuía a limitação da
cegueira. Essa limitação o levou para a insuficiência da pobreza extrema a
ponto de ter que mendigar.
Relatos históricos demonstram que esse homem chamado Bartimeu – Bar – filho. Bartimeu – filho de Timeu. Esse Timeu era um general israelita aposentado.
Há
fatos que a Bíblia não narra, todavia, a tradição auxilia. E pela tradição
aprendemos que Timeu, o pai de Bartimeu, foi um general que serviu a Israel numa
unidade militar. Após o serviço militar tornou-se um cidadão bem-sucedido e um
comerciante.
O
fato é que, com o domínio Romano na Palestina, seus bens foram confiscados e o
soldo da aposentadoria cortado. Daí passou de um cidadão bem-sucedido a um cidadão
rebelde. Por sua formação militar, liderou grupos de movimentos revoltosos
contra os romanos e passou a ser classificado pelos romanos como uma pessoa de
alta periculosidade.
Toda
a família foi perseguida e Timeu foi preso, crucificado e morto. Seu filho Bartimeu
passou a conviver com a perseguição a ponto de ter seus olhos perfurados pelos
romanos. Os romanos furavam os olhos dos meninos com o objetivo de que não se
tornassem um revolucionário.
Todos
àqueles que eram contrários a ocupação romana, eram crucificados e seus
familiares e seguidores perseguidos. Se caso o revolucionário tivesse filhos,
os meninos eram feridos para se tornarem deficientes para que não seguissem os
passos do pai. A pena mais comum era perfurar ou arrancar os olhos. Esse era o
recado vivo dos romanos: “não sigam o exemplo do pai
revolucionário”.
Jesus
e seus discípulos iam desde as margens do Rio Jordão até Jericó na Judéia. Após
uma caminhada de 8km, chegando em Jericó, nos é relatado mais um dos 38 milagres
de Jesus.
Uma
multidão seguia Jesus. Eram peregrinos indo até Jerusalém para a festa da
Páscoa (Deuteronômio 16.16). Estavam a 30 km de distância de Jerusalém.
João
Marcos descreve que quando Bartimeu: “... ouviu
alguém dizer que era Jesus de Nazaré que estava passando, o cego começou a
gritar: - Jesus, Filho de Davi, tenha pena de mim!” (Mc 10.47).
Observe
que o simples fato daquele cego ouvir dizer que era Jesus de
Nazaré, mesmo cego, o reconheceu como sendo o prometido da parte de Deus. Ele
reconhece Jesus como Messias, por isso o chama de Filho de Davi.
Apesar
de Filho de Davi ser uma crença amplamente
divulgada entre os judeus daquele tempo, os líderes religiosos faziam questão
de ignorar Jesus como Messias e o cumprimento das promessas de Deus em Jesus
(João 1.11).
Bartimeu
não perdeu a oportunidade ao ter ouvido que Jesus estava passando por ali. Ele
gritou: “Jesus, Filho de Davi, tenha pena de
mim!” (Mc 10.47).
Os
judeus esperavam o descendente de Davi para libertá-los da opressão romana. Para
os judeus, o Filho de Davi, traria
fim a humilhação nacional, libertando Jerusalém e assumindo o cetro de seu
governo. E é exatamente por isso que os judeus se recusavam e se recusam a crer
e aceitar Jesus, o crucificado. O apostolo Paulo escreve sobre a obra redentora
de Cristo na cruz na expectativa de comunicar aos judeus que o crucificado
Jesus se tornou maldito em nosso lugar (Gl 3.13).
Na cruz, Jesus tornou-se o Messias não
de acordo com as expectativas judaicas, mas de acordo com o plano elaborado por
Deus.
“Jesus, Filho de Davi, tenha pena de mim!” (Mc
10.47).
Que
belo e necessário pedido! Tenha pena de mim!
Aquele
homem vivendo todas as limitações humanas, só tinha uma súplica para fazer: misericórdia, compaixão.
Esse
pedido demonstra o clamor de alguém que não tem o que apresentar diante de
Deus. Era como se estivesse dizendo: Senhor,
não tenho nada para te apresentar. Só clamo por misericórdia. Olha para mim com
amor, mesmo sem que eu tenha realizado qualquer coisa para merecer sua ajuda.
Em
Bartimeu encontramos um verdadeiro pequenino diante de Deus. “Deixai vir a mim os pequeninos...” (Lc 18.16).
Pequeninos
são aqueles que não tem nada para apresentar a Deus. São aqueles que apenas
esperam pela misericórdia divina. “Jesus, Filho
de Davi, tenha pena de mim!” (Mc 10.47).
O
clamor irritou a multidão que tentou impedir que o cego clamasse ou recorresse
à Jesus. Todavia, esse homem, quanto mais era persuadido a se calar, mais gritava
como que desesperadamente. Sabendo ser essa a sua única oportunidade.
Essa
cena mostra o quanto o mundo tenta silenciar os que clamam e buscam a Deus
mesmo em suas limitações e fraquezas. Temos que pensar em duas situações. A primeira,
é quanto ao acolhimento dado a um pecador que adentra a igreja. A segunda é
quanto a perseguição disfarçada que acontece na expectativa de silenciar os
pequeninos. Quantas vezes os pequeninos, tal como Bartimeu são impedidos de se
aproximar de Jesus.
Por
um instante eu fico pensando na reação de Bartimeu.
Ao
ser chamado por Jesus, Bartimeu joga sua capa de lado (Mc 10.50). Ele estava
certo de que Jesus o iria curar.
A capa significa
identidade. Era a capa que o identificava como mendigo e cego. A
capa identificava sua miséria. Dessa forma, ao “jogar
a capa para o lado” era uma confissão de que não era mais miserável
e nem sequer cego. Por isso Jesus disse: “...você
está curado porque teve fé” (Mc 10.52).
Outro
detalhe: ao ser chamado, mesmo cego, Bartimeu corre até Jesus. Havia pressa e
urgência e nada poderia atrapalhá-lo de ir até Jesus. E mesmo após curado, diferentemente
de muitos, passou a seguir Jesus pelo caminho (Mc 10.52).
Houve
outras curas e milagres, mas nem todos seguiram Jesus. Os milagres conforme o
apostolo João era para que as pessoas cressem que Jesus era o Messias e crendo
tenham a vida eterna (João 20.31). Os milagres, na Bíblia apenas 38 relatos, no
entanto, houve muitos outros, visam levar as pessoas para fé.
Bartimeu,
mesmo cego confessou sem ver o que muitos que viam não conseguiam confessar: Jesus
é o Messias! Após curado, Bartimeu que agora enxergava, seguiu Jesus. Àquele
que sempre estava na beira do caminho, à espera de alguém para ajudá-lo, agora
segue pelo caminho que Cristo segue.
Ainda hoje há àqueles que apenas estão
à beira do caminho e há àqueles que seguem pelo caminho.
Jesus teve, tem e sempre terá misericórdia dos pequeninos e seu desejo é colocá-los no seu caminho para sigam com ele até a cruz e seja salvo. Amém!
Se desejar fazer um pix voluntário: 639.116.392-87
Edson
Ronaldo Tressmann
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