Vigésimo quarto Domingo após Pentecostes
03
de novembro de 2024
Salmo
119.1-8; Deuteronômio 6.1-9; Hebreus 9.11-14; Marcos 12.28-37
Texto: Dt
6.4-5; Mc 12.29-31
Tema:
Ouve ó povo de Deus!
A expressão “ouve, ó Israel...” se tornou uma oração
judaica Shemá (ouve).
Amar
a Deus não é uma escolha; é um mandamento. O amor ao Deus
único deve estar acima de todas as coisas.
No evangelho de Marcos
12.28-34 somos lembrados que o amor ao Deus único e o amor ao próximo são mais
importantes do que todos os holocaustos e sacrifícios. Amar a Deus e ao próximo é a
verdadeira adoração a Deus.
Marcos 11.1-12.44
é chamado pelos estudiosos de “pequeno
Apocalipse”, onde se destaca a destruição do templo, a perseguição
aos cristãos e a vinda do Cristo glorificado.
Os versículos
28 até o 34 do capítulo 12 é um bloco de controvérsias em torno de
Jesus. Os críticos desejam saber sobre a questão da autoridade de Jesus, o
tributo a César e a Ressurreição.
O evangelho de Marcos é o evangelho do debate.
A palavra debate aparece 10 vezes no Novo Testamento e em Marcos ocorre seis
vezes.
Um dos debates
mais acalorados na época era: qual é o
mandamento primeiro de todos os mandamentos?
Para responder
essa questão, Jesus faz a combina dos textos de Deuteronômio 6.4 e Levítico
19.18 e, assim forma um resumo da lei.
Dentro de um
sistema religioso legalista, responder à pergunta do escriba não era tarefa
fácil. É fácil agora repetir a resposta de Jesus.
Jesus cita o shemá – a confissão de fé do israelita. “Escute, povo de Israel! O Senhor, nosso Deus, é o único
Senhor. Ame o Senhor, seu Deus, com todo o coração, com toda a alma, com toda a
mente e com todas as forças.” E o segundo mais importante é este: “Ame os
outros como você ama a você mesmo.” Não existe outro mandamento mais importante
do que esses dois” (Mc 12.29-31).
Temos aqui um
imperativo de Jesus: amem.
Como
amar a Deus?
De todo coração;
De toda a alma;
De todo entendimento;
De toda a força.
Ame a Deus com todo seu ser.
Amar
a Deus é opor-se a idolatria.
O
que é idolatria?
É tudo o que tira
o primeiro lugar de Deus da minha vida. É tudo o que rouba a honra e a glória
de Deus.
O
que tira o lugar de Deus na minha vida?
As coisas que se
idolatra. Pode ser meu lazer. Minha família. Meu trabalho.
É tão perigoso
tirar o primeiro lugar de Deus da nossa vida que Jesus nos ensinou a orar: “seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu”.
Jesus exorta a
pedir ao Pai Celestial que desfaça a vontade daqueles que não querem nos deixar
ouvir, aprender e viver a Palavra de Deus.
A resposta de
Jesus é uma crítica ao sistema de culto da época. Um culto superficial, onde o
essencial foi retirado.
Os religiosos da
época buscavam aplicar a lei de Deus para as mais variadas circunstâncias do
viver diário, desconsiderando que a lei se cumpre no amor. Assim engessavam as
pessoas num sistema legalista sem amor para com Deus e com o próximo.
Os
mandamentos são iguais ou há algum mais importante?
Para os religiosos
da época, os mandamentos eram iguais. Todavia, eles se ocupavam com as minúcias
e esqueciam o que era realmente essencial.
Lembre-se: sem
amor, por mais que haja zelo, consideração, dedicação, a lei não é cumprida.
Os escribas eram
zelosos, dedicados e esforçados, mas, nada disso provinha do amor a Deus e para
com as pessoas. Então, por mais que se julgassem religiosamente melhores que os
outros, viviam uma vida espiritual completamente equivocada.
Amar a Deus é interessar-se pelos
outros e servi-los.
Amar a Deus e ao próximo nos faz ser menos
egoísta.
Ao resumir a lei
no amor, Jesus destaca que é o amor que governa nossos atos que se refletem no
dia a dia. Conhecemos a dificuldade da vida em não vivenciar o amor.
O objetivo de Deus
ao dar seus mandamentos era que seus filhos vivessem a verdadeira liberdade na
vida diária.
As pessoas se
dizem livres, mas, uma pessoa com a qual estão magoadas, as faz sair de
determinado local. A inveja as faz trabalhar não para viver, mas possuir o que
o outro possuiu.
A verdadeira
liberdade proporcionada por Deus no amor a Deus e ao Próximo visa nos coroar de
felicidade.
Jesus mostra que a
verdadeira liberdade é vivida em amor. Por essa razão na carta aos Coríntios o
apostolo Paulo escreveu: “portanto, agora
existem estas três coisas: a fé, a esperança e o amor. Porém a maior delas é o
amor” (1Co 13.13).
Os coríntios
estavam competindo entre si sobre qual era o maior de todos os dons e assim
qual deles era melhor e maior que o outro. Diante disso, o apostolo Paulo diz
que, se o dom individual não for utilizado por amor aos demais, em nada
glorifica a Deus e apenas destrói a comunhão.
Ninguém consegue cumprir a lei como
requisito de salvação. Sem embargo, a lei do amor não visa
salvar, mas, mostrar que o salvo atua por amor a Deus que o salvou e em favor
do seu próximo que necessita da salvação.
Celebrações – podem
ser bonitas. Mas, se não houver amor para com Deus e com o próximo, de nada
adianta tal cerimônia, pois não glorifica a Deus.
A resposta de
Jesus ante a pergunta do escriba nos instruí a nos livrar das maldades, do
egoísmo, das artimanhas traiçoeiras e da inveja.
Na carta aos
Romanos, o apostolo destaca que a nossa única dívida para com o nosso próximo é
o amor. Ainda não o amei o suficiente. Ainda posso fazer mais.
Colocar o amor a Deus e ao próximo em
primeiro plano é crucial. Quem ama, tem Cristo
perto de si.
Interessante é que
após a pergunta do escriba, Jesus faz um questionamento a todos. Como vocês estão dizendo que o Cristo é Filho de Davi?
O Cristo ser o
filho de Davi, era uma verdade universalmente aceita. Não havia dúvidas quanto
a isso. No entanto, Jesus os questiona sobre o
como eles podiam dizer isto?
Jesus cita as
palavras do próprio Davi dizendo: se vocês pensam que Cristo é apenas
descendente de Davi, estão equivocados, Ele é muito mais. Jesus é filho de Davi, mas é muito mais.
E o problema deles era justamente quanto a esse muito mais.
E o muito mais
conforme o autor a carta aos Hebreus (Hb 9) é que Jesus se ofereceu uma só vez.
O sacrifício é único. Para esse sacrifício Jesus estava em Jerusalém. Em
Jerusalém, o filho de Davi, o Redentor enviado por Deus estava por realizar a
obra conclusiva de Jesus. Amém
Edson
Ronaldo Tressmann