terça-feira, 30 de abril de 2024

“Cantem uma nova canção a Deus, ...” (Sl 98.1).

 05 de maio de 2024

Sexto Domingo de Páscoa

Salmo 98; Atos 10.34-48; 1João 5.1-8; João 15.9-17

Texto: Salmo 98

Tema: Cantem uma nova canção a Deus, ...” (Sl 98.1).

 

Quem canta seus males espanta. A não ser que a voz seja pior que os problemas.

Estudos comprovam que cantar libera endorfina (hormônio responsável pela sensação de bem-estar).

Cantar sozinho é bom, todavia, cantar em grupo aumenta a sensação de conexão social e melhora a autoestima. Cantar em grupo auxilia na comunicação e empatia.

Cantar ajuda a desenvolver a linguagem, memória e coordenação motora. Cantar ajuda a passar o tempo e expressar emoções.

A música é boa até mesmo para o mal-humorado, ela melhora o humor, pois reduz a ansiedade e o estresse.

A música é uma aliada no tratamento de casos de depressão e autismo.

A música ativa áreas do cérebro, melhorando a comunicação cerebral e estimulando a produção de neurotransmissores (dopamina e serotonina) e isso é importantíssimo para a saúde mental.

Há médicos que se utilizam da música (musicoterapia) para tratamento em pacientes com problemas mentais. A música traz benefícios mentais e emocionais.

A música reduz a dor, melhora a mobilidade e ajuda na recuperação de acidentes vasculares cerebrais. Utiliza-se a música para tratamento de distúrbios alimentares, insônia e outras condições.

Você já cantou no chuveiro? Por que essa prática faz bem?

Por se estar sozinho, o cantor se desliga do mundo exterior e se conecta com suas emoções.

Música na Bíblia

Embora a Bíblia não seja um livro de cânticos, ela tem um número surpreendentemente alto de canções. No total, há pelo menos 185 canções nas Escrituras Sagradas.

A canção mais longa da Bíblia tem 1.732 palavras. Estamos falando do Salmo 119. Quanto à música mais curta da Bíblia, há duas: ambas com sete palavras. Elas podem ser encontradas em 2Crônicas 5.13 e 2Crônicas 20.21.

A primeira canção da Bíblia pode ser encontrada em Êxodo 15.1–18, 21. Moisés e Miriam louvam a Deus com esta canção após a travessia do Mar Vermelho que permitiu que os filhos de Israel escapassem do exército do faraó.

Os israelitas vagaram pelo deserto por muito tempo e chegaram a um lugar chamado Beer, onde encontraram um poço para saciar a sede. A ocasião é celebrada em Números 21.17–18. A música diz: "Brote água, ó poço! / Cantem a seu respeito, / a respeito do poço / que os líderes cavaram, / que os nobres abriram / com cetros e cajados".

Moisés nomeia Josué como o novo líder da terra prometida e canta sobre sua aliança com Deus em Deuteronômio 31.19–22, 30, 32.1–43: "Ele é a Rocha, / as suas obras são perfeitas, / e todos os seus caminhos são justos. / É Deus fiel, que não comete erros; / justo e reto ele é".

A profetisa e juíza Débora, juntamente com o governante Baraque, lideram um pequeno exército israelita e derrotam os cananeus e seu comandante perverso, Sísera. A vitória é celebrada em um dos textos mais antigos da Bíblia, conhecido como 'Cântico de Débora’, que pode ser encontrado em Juízes 5.

As mulheres nas cidades cantam a respeito do triunfo de Davi sobre Golias e a volta do rei Saul em 1Samuel 18.7: "Saul matou milhares; Davi, dezenas de milhares". Saul ficou com ciúmes de Davi por causa disso e as coisas azedaram entre os dois mais tarde.

O primeiro cântico de lamento na Bíblia pode ser encontrado em 2Samuel 1.17–27. É uma canção triste escrita por Davi depois que Saul (o rei de Israel) e Jônatas (o melhor amigo de Davi) morreram em batalha. Os versos iniciais são "O seu esplendor, ó Israel, está morto sobre os seus montes. Como caíram os guerreiros!".

Uma guerra civil de sete anos entre Judá (onde Davi é ungido rei) e o resto de Israel ocorreu após a morte de Saul. O resto de Israel serviu ao filho de Saul, Isbosete, que tinha um líder militar chamado Abner. Abner não gostava de seu líder e faz um acordo com Davi, mas como Abner matou um dos homens de Davi em batalha, o irmão do soldado falecido se vinga e mata Abner. Davi canta sobre a morte de Abner em 2Samuel 3.33–34: "Por que morreu Abner como morrem os insensatos? Suas mãos não estavam algemadas nem seus pés acorrentados. Você caiu como quem cai perante homens perversos".

Como mencionado anteriormente, a animosidade entre Saul e Davi tinha crescido após uma canção, então Saul perseguiu Davi. Felizmente, Deus salvou Davi de Saul, e esta música é sobre isso. As primeiras linhas dizem: "O Senhor é a minha rocha, a minha fortaleza e o meu libertador; o meu Deus é a minha rocha, em que me refúgio; o meu escudo e o meu poderoso salvador. Ele é a minha torre alta, o meu abrigo seguro. Tu, Senhor, és o meu salvador, e me salvas dos violentos". Essa canção pode ser encontrada tanto em 2Samuel 22 quanto no Salmo 18.

Davi designou Asafe e seus parentes para serem a família de líderes de adoração no templo. Asafe e sua família fizeram isso por muitos anos e, no processo, escreveram 12 canções no livro dos Salmos. Quando o templo foi encomendado, eles cantaram esta canção: "Deem graças ao Senhor, clamem pelo seu nome, divulguem entre as nações o que ele tem feito. Cantem para ele, louvem-no; contem todos os seus atos maravilhosos" (1Crônicas 16.8-9, Salmos 105).

Quando o templo foi concluído e a arca da aliança foi levada para lá, os filhos de Asafe, cantaram sobre a glória de Deus: "Ele é bom; o seu amor dura para sempre". (2Crônicas 5.13).

O rei Josafá se vê em menor número na batalha e pede a intervenção divina. Depois de receber uma mensagem de Deus, Josafá coloca os homens cantando na linha de frente no dia seguinte e Deus lhes dá a vitória. Eles cantaram: "Deem graças ao Senhor, pois o seu amor dura para sempre" (2Crônicas 20.21).

Salomão é um dos compositores mais prolíficos da Bíblia. Na verdade, 1Reis 4.32 nos diz que ele escreveu 1.005 canções. Isso inclui a longa (e bastante sensual) canção de amor, 'O Cântico dos Cânticos'. Essencialmente a música celebra a união entre uma mulher e um homem.

Lamentações 1 - 5 é considerado por alguns o terceiro livro de cânticos próprio da Bíblia (depois dos Salmos e do Cântico dos Cânticos). Foi descrito como um livro de lamentações quando a Bíblia foi traduzida para o grego. A mensagem é de luto, depois que Jerusalém caiu para os babilônios.

Em Isaías 5.1–2, o profeta Isaías cantou este cântico ao povo de Israel para lhes pregar julgamento e consolo: "Meu amigo tinha uma vinha na encosta de uma fértil colina. Ele cavou a terra, tirou as pedras e plantou as melhores videiras. Construiu uma torre de sentinela e também fez um tanque de prensar uvas. Ele esperava que desse uvas boas, mas só deu uvas azedas".

Isaías profetiza que a terra de Tiro seria esquecida e desolada por 70 anos. "Toma tua harpa, anda pela cidade, ó meretriz esquecida; Arranca as cordas com habilidade, canta muitas músicas, para que sejas lembrada" (Isaías 23.15-16).

Isaías cantou uma música para pedir a Deus que protegesse Judá de seus inimigos. "Temos uma cidade forte; Deus estabelece a salvação como muros e trincheiras" são as linhas iniciais em Isaías 26.1–6.

Ezequiel lamenta os príncipes de Israel nesta canção encontrada em Ezequiel 19.1–14. Os versos incluem: "Com ganchos elas o puxaram para dentro de uma jaula e o levaram ao rei da Babilônia. Elas o colocaram na prisão, de modo que não se ouviu mais o seu rugido nos montes de Israel".

Ezequiel prevê que os príncipes do mundo lamentarão a queda da cidade de Tiro para os babilônios. "Como você está destruída, ó cidade de renome, povoada por homens do mar! Você era um poder nos mares, você e os seus cidadãos; você impunha pavor a todos os que ali vivem. Agora as regiões litorâneas tremem no dia de sua queda; as ilhas do mar estão apavoradas diante de sua ruína" (Ezequiel 26.17–18).

Há ainda outro lamento sobre Tiro feito por Ezequiel. A música pode ser encontrada em Ezequiel 27. Diz: "Sua riqueza, suas mercadorias e seus bens, seus marujos, seus homens do mar e seus construtores de barcos, seus mercadores e todos os seus soldados, todos quantos estão a bordo sucumbirão no coração do mar no dia do seu naufrágio".

Há mais duas músicas sobre Tiro. Uma é um lamento dos marinheiros (Ezequiel 27.32-36) e a outra é o lamento de Ezequiel sobre o rei de Tiro (Ezequiel 28.12-19). Curiosidade: Tiro (no atual Líbano) é uma das mais antigas cidades continuamente habitadas do mundo.

Ezequiel gostou de suas canções de lamento e também escreveu uma para o faraó depois que Deus levou seu julgamento para o Egito. "Você é como um leão entre as nações, como um monstro nos mares, contorcendo-se em seus riachos, agitando e enlameando as suas águas com os pés" (Ezequiel 32.2).

Deus envia um pastor chamado Amós ao Reino do Norte de Israel para entregar uma mensagem sobre o quão mal eles tratavam os pobres e como seriam punidos por isso. "Caída para nunca mais se levantar, está a virgem Israel. Abandonada em sua própria terra, não há quem a levante" (Amós 5.2).

O profeta Habacuque escreve a última canção do Antigo Testamento: "Senhor, ouvi falar da tua fama; tremo diante dos teus atos, Senhor. Realiza de novo, em nossa época, as mesmas obras, faze-as conhecidas em nosso tempo; em tua ira, lembra-te da misericórdia" (Habacuque 3.2).

João canta sobre o momento em que o Cordeiro (Jesus) é capaz de abrir um livro protegido com sete selos na sala do trono de Deus. "Tu és digno de receber o livro e de abrir os seus selos, pois foste morto e com teu sangue compraste para Deus gente de toda tribo, língua, povo e nação. Tu os constituíste reino e sacerdotes para o nosso Deus, e eles reinarão sobre a terra" (Apocalipse 5.9–10).

O Livro do Apocalipse contém uma canção semelhante à primeira sobre Moisés cruzando o Mar Vermelho. Embora as palavras sejam diferentes, o significado é semelhante. Apocalipse 15.3 diz: "E cantavam o cântico de Moisés, servo de Deus, e o cântico do Cordeiro: 'Grandes e maravilhosas são as tuas obras, Senhor Deus todo-poderoso. Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei das nações".

Meditando no Salmo 98.1

Há duas coisas que o diabo não gosta: oração silenciosa e boa música.

Cantar um cântico novo (Sl 98.1) está relacionado a mensagem da salvação. Por essa razão, encontramos a canção de Miriam (Ex 15.1-21); a canção de Moisés (Dt 32.1-43); o louvor de Baraque e Débora (Jz 5.2-31); Davi cantando à Deus (2Sm 22.1-51); Maria louvando com uma belíssima e profunda canção (Lc 1.47-55).

Cantem uma nova canção a Deus, ...” (Sl 98.1).

As maravilhas de Deus levam a cantar.

Nem sempre eu percebo as coisas maravilhosas que Deus realiza no dia a dia. Percebe-se o que deu errado, o que falhou, o que desiludiu.

Entre as muitas maravilhas feitas por Deus, a maior de todas é a maravilha da Páscoa: Jesus Ressuscitou!

A ressurreição é nossa esperança e alegria. É a maravilha de Deus em meio a dura realidade da vida. Por isso, após a celebração da Páscoa, há dois domingos onde pela leitura do Salmo, se é convidado a louvar e cantar (O Domingo Jubilate, quarto domingo de Páscoa e o Domingo Cantate, quinto Domingo de Páscoa).

Somos convidados a cantar olhando para a realidade da vida, mesmo parecendo não haver motivos para cantar.

Observe que Deus não pergunta pela nossa disposição e nossos sentimentos para cantar. Sob as lutas e preocupações, Deus nos oferece a opção de cantar, afinal, Ele fez e faz maravilhas em meio as situações desagradáveis.

Sempre ao falar sobre cantar, recordo-me que ao instituir a santa ceia, Jesus ao se dirigir ao Getsêmani, onde iniciaria seu sofrimento, vai cantando (Mt 26.30; Mc 14.26). Antes de Jesus sofrer, Ele cantou, e possivelmente cantou um dos Salmos entre o 113 e o 118.

Cantem uma nova canção a Deus, ...” (Sl 98.1).

Cantar louvando a Deus é um testemunho de fé. Mesmo presos, Paulo e Silas cantavam (At 16.25).

Cantem louvores a Deus, o Senhor, com acompanhamentos de harpa... (Sl 98.5).

A intensidade da alegria era tal que recorriam à música para expressar os sentimentos mais profundos de suas almas. O uso da harpa e da lira visa destacar a adoração a Deus e não apenas uma manifestação emocional decorrente de algo. Quando o salmista se refere a instrumentos de cordas com as mãos visa evocar a imagem poética de que somos instrumentos nas mãos divinas. Como afirmou Gregório de Nazianzo: “Senhor, sou um instrumento para tu tocares”.

Ao dizer que o canto de louvor era com acompanhamento de harpa, o salmista desejava enumerar que se louva a Deus com nosso melhor, com excelência.

O fato de “Cantar com alegria ao som de trombetas e cornetas” (Sl 98.6) significava que o rei entronizado não perdeu o controle da sua governança. Ele ainda governa como sempre governou. E é exatamente por isso, que ao escrever “ruja o mar” (Sl 98.7), o salmista confessava que em meio as turbulências, em meio ao caos, Deus faz maravilhas. E é exatamente por essas maravilhas que somos convidados a Cantar uma nova canção a Deus, ...” (Sl 98.1).

Em contraponto ao Salmo 97, onde se diz sobre trovões, fogo, juízos divinos, o Salmo 98 enfatiza a adoração a Deus mesmo diante de tal realidade. Em paralelo ao Salmo 96, o Salmo 98 destaca:

vv. 1-3 – Deus é redentor;

vv.4-6 – Deus é Rei;

vv. 7-9 – Deus é juiz;

Com isso, o salmista diz: não adore um deus genérico, mas o Deus da aliança. O Deus redentor, rei e juiz, faz maravilhas.

A fé cristã é cantante. “Cantem ao Senhor...” (SL 98.1); “aclamem ao Senhor...” (Sl 98.4); “deem gritos de louvor...” (Sl 98.7).

A IELB sempre teve em alta consideração o canto congregacional. Lutero sempre desejou e estimulou o canto congregacional como uma maneira de dar glória de Deus e fixar a doutrina bíblica na mente do povo. Por essa razão, pelo decurso da história, a Igreja Luterana passou a ser identificada como “a igreja que canta”.

Cantem uma nova canção a Deus, ...” (Sl 98.1).

De acordo com o salmista temos seis razões para cantar um cântico novo:

1 – Faz maravilhas (Sl 98.1);

2 – Conquistou vitória (Sl 98.2);

3 – Anunciou seu poder de salvar (Sl 98.3);

4 – Revelou sua justiça (Sl 98.4);

5 – Lembrou-se de seu amor (Sl 98.5);

6 – A vitória de Deus é vista (Sl 98.6);

Enquanto o salmista convida a cantar um cântico novo por causa da salvação, redenção e libertação de Deus, ao olhar para outros textos da Bíblia, é possível destacar que se é salvo, redimido e liberto da:

1 – Ira de Deus (Rm 5.9);

2 – Do pecado (Rm 7.24-8.4);

3 – Da morte eterna (Jo 11.25; 1Co 15. 54-55);

4 – Do diabo (Tg 4.7-8);

5 – De nós mesmos (2Co 5.15);

Cantem uma nova canção a Deus, ...” (Sl 98.1).

Cante, não apenas pelo bem-estar físico e mental. Cante, quer seja sozinho, em casa, em grupo na congregação ou mesmo no chuveiro. Cante louvando o Rei que governa o mundo (Sl 98.4-6). Amém.

 

Edson Ronaldo Tressmann

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