segunda-feira, 23 de abril de 2018

Enxada e podadeira divina.

5º Domingo de Páscoa
Sl 150; At 8.26-40; 1Jo 4.1-11; Jo 15.1-8
Tema: Enxada e podadeira divina.

Eu sou a videira, e vocês são os ramos. Quem está unido comigo e eu com ele, esse dá muito fruto porque sem mim vocês não podem fazer nada
Ilustração (Palm Monday, conto ficcional) Segunda feira de Ramos.
O jumentinho acordou com um sorriso no rosto. Ele havia sonhado com o dia anterior, o animal se espreguiçou e, feliz da vida, saiu para a rua, mas os transeuntes simplesmente o ignoravam. Confuso, o jumentinho se dirigiu para a área tumultuada do mercado. Com as orelhas em pé, de tanto orgulho, ele trotou bem para o meio da rua.
- estou aqui, pessoal! Murmurou consigo mesmo. Mas as pessoas o encaravam confusas, e algumas, bem zangadas, bateram nele para que fosse embora.
-o que acha que está fazendo, seu jumento, entrando assim num mercado igual a este?
-atirem seus mantos no chão – o animal respondeu, irritado. – Vocês não sabem quem eu sou?
As pessoas ficaram boquiabertas.
Magoado e confuso, o animal retornou ao lar, para junto da mãe.
- Não entendo – ele reclamou. -  ontem as pessoas me saudaram com ramos de palmeiras. Gritavam “Hosana” e “aleluia”. Hoje elas me tratam como um joão-ninguém!
- Ah, menino bobinho – a mãe respondeu com ternura -, não percebe que sem ele ... não consegue fazer nada?
Quão belas e preciosas são as palavras de Jesus: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor” (Jo 15.1).
Essas palavras foram ditas por Jesus após a santa ceia, indo ao jardim do Getsemani. As palavras ditas por Jesus, “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor” (Jo 15.1), são o verdadeiro consolo para os cristãos de todos os tempos.
Ao dizer “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor” (Jo 15.1), Jesus narra uma bela prosopopeia.
Conhecendo seus ouvintes, Jesus percebe que será natural para todos entenderem a prosopopeia. O agricultor está constantemente ocupado na vinha para que a mesma produza muitos frutos. Quando o agricultor poda uma videira, os cortes e a adubação parecem machucar a planta, mas é justamente esse processo que faz com que a videira produza os frutos esperados.
Interessante notar que, no jardim do Getsemani, pouco antes de iniciar a carregar a cruz, Jesus disse aos discípulos, que todo o sofrimento, toda a dor, não será para destruição, mesmo que assim pareça, tudo será para edificação.
Ao dizer essas palavras, Jesus está olhando para seu sofrimento e morte. E ao saber que seus discípulos também passarão por isso, não quer que os mesmos se esqueçam que os frutos são produzidos mesmo assim.
Todo sofrimento é um trabalho diligente do vinhateiro junto a sua vinha. Enquanto o diabo, o mundo e a carne, buscam prejudicar os discípulos de Cristo, Deus em seu amor e misericórdia, assim como um lavrador, faz com que tudo contribua para a produção da vinha.
O cristão precisa encarar o sofrimento e a tribulação de maneira bem diferente da maneira como o mundo encara. Sofrimento e tribulação não é punição e castigo de Deus, é antes de tudo, graça e amor. No sofrimento e na tribulação, o vinhateiro Jesus, poda, tira os galhos ruins e aduba sua vinha.
O que hoje parece te ferir, magoar e aborrecer, não é permitido por Deus para te prejudicar, ao contrário, é permitido para teu bem e proveito.
Na prosopopeia de Jesus a vinha não fala. Se falasse, com certeza se queixaria dos cortes, da capina e da adubação. A reclamação se daria justamente por não entender que aquilo era necessário.
Assim são os filhos de Deus – a vinha de Deus. Reclamam das provações, tribulações e sofrimentos. Reclamam sem entender que essas situações são a enxada e podadeira de Deus.
Caríssimo irmão e irmã em Jesus:
Não esqueça que enquanto o Diabo, aliado ao mundo e a carne, visa destruir; Deus, em seu amor e misericórdia usa os ataques do diabo para nos edificar. Enquanto que o diabo com as tribulações e os sofrimentos visa nos destruir, em meio as adversidades e aflições, Deus as usa como enxada e podadeira para nos tornar forte e produtiva.
Recordo-me da confissão feita por Inácio de Antioquia (67 – 110 D.C.). Esse servo de Deus, enquanto estava sendo levado para Roma para ser jogado aos leões e servir de espetáculo e diversão, confessou: “Deixem que venham, pois sou apenas um grãozinho de Deus. Ele precisa me esmagar e triturar antes que eu possa servir para algo”.
Os sofrimentos e as tribulações não são de maneira nenhuma a fúria, a ira ou o castigo de Deus. Todas essas coisas são enxada e podadeira de Deus para, através delas, nos podar e adubar com o objetivo de produzir frutos.
Na tribulação e no sofrimento é preciso ver o amor e a misericórdia de Deus! (Rm 5.3-4).
Houve duas mártires, século III e IV, que encararam o caminho da prisão e da morte com ânimo e coragem, como se estivessem indo ao próprio casamento. Se mostravam felizes como se estivessem sendo levadas a um baile. Seus nomes eram Agnes e Ágata. Essas duas mulheres só reagiram assim por causa da fé. A fé que lhes tirou os olhos desse mundo e as fez ver a alegria eterna.
Todo sofrimento e tribulação servem unicamente para promover nossa vida cristã e produzir frutos para um conhecimento mais pleno e uma confissão mais forte da Palavra de Deus.
Deus é o agricultor que, podando e adubando, visa fortalecer a fé e a esperança para tornar seus filhos em adoradores fervorosos e com uma vida de oração mais aguçada.
Deus é mestre e sabe converter aquilo que visa prejudicar seus filhos para algo que promova e preserva a vida. O maior exemplo disso é José (Gn 50.20).
Ouça Jesus que diz: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor” (Jo 15.1).
Deus quer cultivar a vida e cuidar da mesma de maneira tal que todos os tipos de sofrimento e desgraça apenas se resumam em melhorar a vinha. Como diz o provérbio: “Depois de punir o filho, o pai lança a vara no fogo”.
Jesus disse: “Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor” (Jo 15.1).
No jardim do Getsemani Jesus consola a si mesmo. Jesus sabe que por mais que irá sofrer, nada impedirá que a maravilhosa obra da salvação seja realizada.
Tudo o que acomete a vida do cristão é uma bem-aventurança, pois é poda e adubação de Deus para que muitos frutos sejam produzidos. Amém.

Rev. Edson Ronaldo Tressmann
Idéias tiradas do volume 11 de obras selecionadas de Lutero.

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