13 de novembro de 2016
26º Domingo após Pentecoste
Salmo 98; Malaquias 4.1-6; 2Tessalonicenses
3.6-13; Lucas 21.5-28
Tema: Diante fim, viva
normalmente!
Muitas
são as frases memoráveis ditas pelos personagens do seriado mexicano Chaves. Uma das que me lembro foi pronunciada
pelo personagem Madruga: “Não existe trabalho ruim. O ruim é ter que trabalhar”.
Ruim é ter que trabalhar – é uma frase dita por aquelas
pessoas que não veem objetivo nenhum no seu trabalho. Milhares de pessoas trabalham
com a filosofia do desenho animado Simpsons,
“não fazem
greve, mas atuam relaxadamente”. Há milhares de pessoas que
trabalham, no entanto, seu trabalho visa tão somente uma boa casa, um bom carro
.... É um trabalho voltado ao capitalismo consumista.
A
epístola do apóstolo Paulo aos tessalonicenses, em especial - 2Ts 3.6-13 –
limita-se ao assunto trabalho. Se porventura algum leitor estender a mesma até
o verso 16 poderá compreender o trecho como uma disciplina comunitária.
Mas, é possível, mesmo sem a leitura dos versos 14 ao 16, refletir sobre a disciplina comunitária quanto ao trabalho.
A
segunda carta aos Tessalonicenses foi escrita numa situação histórica
especifica. Essa determinada situação histórica conduziu muitos cristãos
daquela congregação a um problema característico. O problema era resumido da
seguinte maneira: se Cristo estava para voltar
- não havia necessidade de trabalhar. Para piorar a situação,
aconteceu que além de não estarem trabalhando, estavam se intrometendo na vida
de outras pessoas (2Ts 3.11), “as pessoas se intrometiam em coisas que não lhes dizia
respeito” (1Tm 5.13).
A
ociosidade não era devido ao desemprego, mas pela falsa interpretação de que estando
próximo o fim, não havia necessidade do trabalho. Porque trabalhar? Investir? Construir?
O trabalho passou a ser realizado numa perspectiva meramente humana.
Os
sinais apontavam a iminente volta de Cristo. Diante do fim, era necessário
viver sem preocupação com as coisas desse mundo. A única dedicação cristã
deveria ser a oração, a reflexão e o aumento no número de adeptos.
A
mensagem sobre a iminente volta de Cristo estava desanimando muitos quanto ao
trabalho. A consequência disso foi o rápido empobrecimento de um pequeno grupo
da congregação. E esse grupo, devido a ociosidade acabou precisando ser
sustentado. Passaram a ser um peso para outros cristãos.
Nessa
situação, o apóstolo Paulo manda um recado: A congregação tem permissão para assumir
uma santa preguiça? A ociosidade diante de uma falsa interpretação
preocupou o apóstolo Paulo. A ociosidade colocava em cheque a mensagem do
evangelho. O trabalho passou a ser tido como algo mundano e deveria ser
desprezado já que todos estavam diante da volta de Cristo.
Enquanto
esteve em Tessalônica, o apóstolo Paulo hospedou-se na casa de Jasom (Atos
17.5). Mesmo sendo apóstolo e hospedado na casa de um irmão na fé, Paulo
trabalhou para pagar seu sustento (1Co 9.3-14; 2Co 11.7-10). E ao escrever a
segunda epístola aos Tessalonicenses, Paulo recomenda que os cristãos esperem a
volta de Cristo vivendo na normalidade do dia-a-dia. Dentro dessa normalidade,
era necessário continuar trabalhando em prol do sustento.
Ao
encararem o trabalho como carnal e sem necessidade diante do retorno de Cristo,
o apóstolo Paulo apresenta o mesmo sob outra perspectiva. O trabalho é
agradável a Deus. Cada qual precisa saber os benefícios do trabalho.
O
apóstolo Paulo recomenda que os cristãos não deixem de trabalhar e de viver sua
vida normalmente por causa de entusiastas que estão atrapalhando o evangelho. O trabalho do
cristão é feito com tranquilidade (2Ts 3.12).
Ao
expressar sobre a tranquilidade (Hësychia) do trabalho, o apóstolo fala sobre
a paz e
o sossego
do mesmo. Essa paz
e sossego
provém da certeza de que tudo quanto se possui e é, são bênçãos divinas.
É
necessário lembrar que apenas um pequeno grupo na congregação em Tessalônica
estava encarando o trabalho como algo mundano realizado tão somente para o
mundo e para benefício do mundo. Assim, recomendações, tal como a de Jesus “...não andeis
ansiosos pela vossa vida...vosso Pai celeste sabe que necessitais de todas
elas;...” (Mateus 6.25,32) passou a ser compreendida como estímulo a
preguiça. E para combater essa falsa interpretação o apóstolo Paulo escreve a
segunda carta aos Tessalonicenses.

Rev. M.S.T. Edson Ronaldo Tressmann
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado por seguir esse blog. Com certeza será uma bênção em sua vida.