terça-feira, 29 de agosto de 2023

Tome sua cruz.

03 de setembro de 2023

Salmo 26; Jeremias 15.15-21; Romanos 12.9-21; Mateus 16.21-28

Texto: Mateus 16.21-28

Tema: Tome sua cruz.

 

Fala-se muito de fé!

Eu tenho muita fé!

Ouve-se também muito sobre a fé cristã.

Afirmam: “Isto é o poder da fé em Cristo.” Mas, o que vem a ser a fé cristã? Na leitura que antecede ao nosso texto, ouvimos Jesus dizer ao apóstolo Pedro: Não foi carne e sangue quem to revelou, mas eu Pai que está nos céus (v. 17). A fé não é obra humana. É um dom de Deus, isto é, um presente de Deus. É uma revelação, algo que alguém recebe.

Jesus havia instruído seus discípulos, e, é a primeira vez que ao perguntar pela fé, Pedro respondeu corretamente: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. O primeiro objetivo de Jesus com respeito a seus discípulos fora alcançado: Eles reconheceram que Cristo era o verdadeiro Filho de Deus. Mesmo assim, os discípulos precisavam aprender ainda muito sobre a obra redentora de Cristo. Jesus iniciou este trabalho. Assim lemos e aprendemos em Mt 16.21 suas instruções.

É necessário

Jesus não faz simplesmente uma revelação do que estava pela frente, mas mostrou a razão disso. Era necessário. Sem isto, não haveria salvação para a humanidade. O sofrer, padecer e morrer era necessário.

Estes fatos, na verdade, já foram anunciados amplamente por Moisés e os profetas, mas não compreendidos. Eles leram e liam as Escrituras diariamente no templo, mas só viam, com seus olhos carnais, as mensagens sobre a glória do Messias. Deste veneno, os discípulos também estavam embevecidos. Por isso não entenderam as palavras de João Batista: Eis o Cordeiro de Deus que tira os peados do mundo, (Jo 1.29) nem as palavras de Jesus: Uma geração má e adúltera pede um sinal: e nenhum sinal lhe será dado, senão o de Jonas (Mt 16.4) . Por isso Jesus lhes diz com palavras bem claras: É necessário... ser morto, e ressuscitar no terceiro dia (v.31).

Lemos e aprendemos em Mt 16.23 suas instruções:

Um choque

Esta notícia foi um choque violento para os discípulos. Vemos isto pela reação do apóstolo Pedro. Jesus, o Messias, o Filho do Deus vivo morrer. Impossível. Jamais. Isto causou um curto na mente dos discípulos, um black out. Como ainda hoje permanece loucura e escândalo para a razão carnal (1 Co 1.23). Este choque foi tão forte que nem se aperceberam da palavra final: E ressuscitado no terceiro dia.

Pedro toma Jesus para o lado e lhe diz: Tem compaixão de ti, Senhor; isso de modo algum te acontecerá. Pedro amava Jesus. Queria o bem dele. Disse isso em profundo amor, mas segundo a mente humana. Quantas vezes nós temos agido assim nas coisas de Deus? Seguimos nossa razão e não damos a devida atenção à palavra de Deus. Jesus reprova a Pedro com veemência, ao lhe dizer: Arreda! Satanás; tu és para mim pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, e, sim das dos homens. Jesus via nisto a ação de Satanás, valendo-se da fraqueza de Pedro, para dificultar a caminhada de Jesus para cruz. Não podemos nem imaginar o impacto que estas palavras deve ter causado sobre Pedro e os demais.

Há pouco fora considerado bem-aventurado por sua confissão e agora precisa ouvir as palavras: Arreda! Satanás.

Assim somos nós. Estamos na fé, mas temos esta fé em vasos de barro, em nossa natureza carnal, que não cogita, nem compreende as coisas de Deus. Por isso precisamos ouvir sempre lei e evangelho, repreensão e consolo.

Lemos e aprendemos em Mt 16.24 suas instruções:

Tome sua cruz

Para evitar ilusões, Jesus mostrou o que o discípulo poderia esperar por segui-lo: não glória, mas cruz. Então disse Jesus a seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-me (v.24).

Se alguém - Jesus se refere a todos os cristãos em todos os tempos, também a nós. Se alguém quer vir após mim - ninguém é forçado. É convidado. Só pela graça, isso não exclui ninguém, mas a graça é resistível. Os que seguem, são voluntários. E os que seguem precisam negar-se a si mesmos. Em que sentido?

Permitam citar uma ilustração: Quando empreendemos uma viagem, três coisas são necessárias: a) dizer adeus, b) tomar a bagagem, c) seguir firme para o alvo. É isto que Jesus mostra a seus discípulos.

a) Negar-se a si mesmo: tu precisas dizer um não, um adeus a ti mesmo, ao teu “eu” natural corrompido pelo pecado, que se opõe à Deus e à sua Palavra. Este “eu” chamamos de nosso velho homem ou velho Adão, nossa natureza carnal, nossa índole natural, o pecado original em nós, inclinado para todo o mal, cego em coisas espirituais, inimigo de Deus, de onde brotam todos os pecados: egoísmo, avareza, ciúmes, paixões mundanas, cobiça, etc. A isto temos que dizer diariamente um não, por contrição e arrependimento.

Não conseguimos por nós mesmos. Para isso precisamos da luz da palavra de Deus, pela qual o Espírito Santo nos ilumina.

b) Tome a sua cruz: quando surge a fé e o Espírito Santo vem ao coração para nos guiar, então nossa vida será dirigida pelo Espírito Santo, que nos dirige pela palavra de Deus. Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim. Temos prazer na lei de Deus. Procuramos iluminar e orientar toda nossa vida pela palavra de Deus. Mas por vivermos ainda neste mundo em trevas, notaremos que precisamos lutar contra nossa própria natureza carnal, contra as tentações do mundo e as ciladas de Satanás. E, assim como os altos dirigentes da Igreja da época, nem o povo simples gostaram de ter Jesus em seu meio. Hoje o mundo zomba, repudia, despreza os cristãos. Não queremos nos retrair ou negar Jesus, antes confessá-lo por palavras e obras. Este é o ônus que temos que tomar sobre nós ao seguir a Cristo. Isto não é fácil. No palácio do Sumo sacerdote, o tão corajoso Pedro, foi tomado de medo e negou Jesus três vezes. Ele se arrependeu profundamente desse erro. Mas quem o nega persistentemente, Jesus o negará o no do juízo final. Não queremos nos envergonhar de Cristo e de sua palavra, antes confessá-la ousadamente. Que Deus Espírito Santo nos fortaleça nisto.

c) siga-me: Fielmente queremos segui-lo ao lar celestial. Aqui somos peregrinos. Queremos segui-lo em nosso lar, no trabalho, na sociedade, apegados à palavra de Deus, confessando ousadamente seu nome, mesmo que isto nos traga o desprezo do mundo, prejuízos materiais, a perda de nossos bens, da família e da vida, como cantamos: Se vierem roubar os bens, vida e o lar – que tudo se vá! Proveito não lhes dá. O céu é nossa herança (HL 165.4).

Jesus disse uma palavra surpreendente: Em verdade vos digo que alguns aqui se encontram que de maneira nenhuma passarão pela morte até que veja vir o Filho do homem no seu reino. O julgamento final começou com o julgamento do povo de Israel: a destruição do tempo e a dispersão do povo. Isto testemunhou de que Jesus é Rei dos reis, Senhor dos senhores, que está à direita do Pai e em breve virá em glória para julgar vivos e mortos. Nesta época alguns ainda estavam vivos, como o apóstolo João, por exemplo. Assim a destruição de Jerusalém é tida como o início do juízo final, que se completará com a vida de Cristo em glória, quando todos os mortos ressuscitarão, e Jesus criará novo céu e nova terra, onde habitará justiça.

Os discípulos custaram em compreender a obra redentora de Cristo. Só a compreenderam no dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo os iluminou para compreenderem os mistérios da salvação e proclamá-la ao mundo. De fato, ninguém pode dizer Senhor Jesus, com fé, na compreensão da pessoa e obra de Cristo, da justificação do pecador, se não pelo Espírito Santo.

Sejamos agradecidos a Deus por nos ter levado e conservado na fé. Sejamos fervorosos na proclamação do Evangelho, tomemos sobre nos a nossa cruz, que é por curto tempo. Eterna é a recompensa pela graça de Cristo. Amém.

                                                                                  São Leopoldo, 18/08/2008

                                                                                    Horst R. Kuchenbecker          

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