17/07/2016
9º
Domingo após Pentecostes
Sl 27.(1-6)7-14; Gn
18.1-10a(10b-14); Cl 1.21-29; Lc 10.38-42
Tema: A melhor parte não nos será tirada!
A
primeira vista, o texto (Lucas 10.38-42) simplesmente apresenta duas mulheres. Uma
sempre ocupada e incansável no trabalho doméstico. Outra um pouco despreocupada.
Você se assemelha
a qual dessas duas mulheres? Se preocupa com a limpeza e se esquece
de tratar bem o visitante, ou se ocupa e se preocupa com o visitante e a limpeza
fica para depois.
Por
um breve momento Jesus deixa seus discípulos seguindo viagem rumo a Jerusalém. Jesus
permanece na pequena vila de Betânia, cerca de 3 km antes de Jerusalém. Em
Betânia conhece a família de três irmãos: Lázaro, Maria e Marta.
O
evangelista Lucas não apresenta o irmão Lázaro, sabemos dele por outros
relatos. Lucas apenas se fixa, nesse primeiro contato entre Jesus e as duas irmãs.
Quando
se vai a uma casa onde moram duas mulheres (Exemplo: mãe e filha), é comum que,
enquanto uma dá as honras da casa, a outra arrume um lanche para a visita.
A
hospitalidade é uma característica cristã e recomendada pela Bíblia. A
hospitalidade era tida como dever sagrado. Entre os cristãos chegou a ser um
importante vínculo, tanto pela proteção que se oferecia ao visitante, bem como
as oportunidades de estímulo mútuo e companheirismo. Por isso, as Escrituras
dão muito destaque a hospitalidade, tais como: “Não negligencieis a hospitalidade, pois,
alguns praticando-a, sem saber acolheram anjos” (Hb 13.2) e: “compartilhai as
necessidades dos santos; praticai a hospitalidade;” (Rm 12.13)
também: “sede,
mutuamente, hospitaleiros, sem murmuração” (1Pe 4.9).
Assim,
num primeiro momento pode-se compreender a reação de Marta, ela “estava ocupada com todo o trabalho da
casa...” (Lc 10.40). Marta não compreendia a atitude de Jesus em ver Maria
aos seus pés ouvindo seus ensinos, enquanto que que ela trabalhava sozinha para
lhe oferecer uma boa recepção.
Na
expectativa de estar agindo corretamente, partindo do pressuposto da
hospitalidade, da recepção calorosa de cuidado e boa alimentação, Marta se
indignou com Jesus. Em seu íntimo, acredito que pensava consigo mesma: “Que Jesus é
esse? Sabe que a hospitalidade é um dever sagrado e não diz nada para minha
irmã vir me ajudar”.
Marta,
inquieta com a postura de Jesus e da sua irmã Maria que estava se aproveitando
da situação, já que o visitante não lhe repreendia quanto a falta de
hospitalidade, resolve externar sua indignação: “Senhor, não te importas de que minha irmã
tenha deixado que eu fique a servir sozinha? Ordena lhe, pois, que venha
ajudar-me” (Lc 10.40).
É
complicado ter que se meter em briga familiar. No entanto, Jesus com muito amor
e compreensão não reprova a atitude hospitaleira de Marta, na verdade, reprova
a sua “inquietação”.
Por
mais que Marta estivesse se esforçando para ser hospitaleira e receber bem a
Jesus, no seu íntimo estava “chateada”. E a chateação se devia ao fato de
que Maria ouvia Jesus e ela, agitava-se, preparando tudo com muito carinho.
Diante
da indignação
de Marta, Jesus, ao repetir seu nome duas vezes, quer lhe mostrar o quanto a
amava. Ele não estava desprezando Marta por deixa-la trabalhar sozinha. O fato
é que Marta havia se deixado levar pela agitação do dia-a-dia.

“Marta! Marta!...”,
é uma censura de Jesus devido a divisão de mente. Ou seja, Marta, você pode até
estar ocupada nos afazeres domésticos tentando me recepcionar da melhor
maneira, mas não sabe o que fazer. Não sabe se faz seus afazeres, ou se, ouve
as palavras que eu estou transmitindo à Maria.
“Marta! Marta!...”,
é uma a censura suave e amorosa. Jesus ama Marta e quer a sua salvação. O
problema é que Marta estava fora do lugar, ou seja, inquieta,
chateada, etc.
Ao
dizer “Marta!
Marta!...”, Jesus ressalta que por mais que Marta esteja tentando demonstrar
e valorizar seu amor e carinho por Jesus pela hospitalidade, ainda lhe falta
algo. O que será
que falta para Marta? Jesus não responde. No entanto, a julgar pelo
texto (Lc 10.38-42), pode-se concluir que Maria optou em não se deixar distrair
com nada naquele momento. Ocupou-se apenas de uma coisa: ouvir a
mensagem de Jesus. Enquanto que Marta queria fazer tudo ao mesmo
tempo, Maria, aos pés de Jesus, ocupava-se de apenas uma: das
palavras de Jesus.
Maria
estava tão convicta que as palavras de Jesus era a melhor parte que nem sequer o
fato de sua irmã tê-la repreendido, a ponto de falar com Jesus sobre a
situação, a fez desistir de ouvir a Palavra de Jesus.
Ao
ouvir as palavras de Jesus, Maria encontrou paz e descanso, e é justamente essa
paz e esse descanso a parte que “não lhe será tirada” (Lc 10.42).
Ao
dizer “Marta!
Marta!...”, Jesus convida. Venha Marta, fique com a melhor parte, ou
seja, descanse
sua alma e seu coração em minhas palavras. Não fique ocupada e
distraída com coisas também importantes, mas que apenas te afligem. Ocupe-se
daquilo que de fato vai te tranquilizar: a minha palavra.
Lucas
que tem como objetivo mostrar Jesus como aquele que foi enviado por Deus para resgatar
o homem do seu maior drama humano, apresenta o maravilhoso convite feito por
Jesus a Marta. Convite esse que continua sendo feito a muitos nós. O Marta,
Marta, pode facilmente ser substituído pelo nosso nome. Jesus deseja a nossa
salvação e por isso, não quer que devido a coisas também importantes e
necessárias nesse mundo, fiquemos desatentos aquilo que de fato é necessário.
Após
receber esse maravilhoso convite da parte de Jesus. Houve outros episódios
entre Jesus, Maria, Marta e Lázaro. O apóstolo João no evangelho que leva seu
nome, relata que meses antes de ser crucificado, Jesus ressuscitou Lázaro (João
11.38-44). Nesse relato Marta se apresenta confiante e tranquila a ponto de ter
confessado: “...eu
tenho crido que tu és o Cristo, o Filho de Deus que devia vir ao mundo”
(Jo 11.27).
O
convite amoroso de Jesus continua sendo feito: ...!
...! Andas inquieto e te preocupas com muitas coisas. Entretanto, pouco é necessário ou mesmo uma
só coisa. Ouvir a Palavra de Jesus. Amém!
M.S.T. Rev. Edson Ronaldo Tressmann
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