terça-feira, 30 de setembro de 2014

Perseguição de fora e de dentro

17º Domingo após Pentecostes – 05/10/14
Sl 80.7-19; Is 5.1-7; Fp 3.4-14; Mt 21.33-46
Tema: Perseguição de fora e de dentro

         O texto de Provérbios 22.6 recomenda: “Eduque a criança no caminho em que deve andar, e até o fim da vida não se desviará dele”. 
         Na carta de Paulo aos Filipenses, em especial 3. 4 – 14, podemos ver no que a educação religiosa inadequada pode acarretar. A educação religiosa de Paulo foi zelosa a ponto de leva-lo a cometer assassinatos, prender pessoas inocentes e aterrorizar a vida de muitos.
         Quando acontece alguma tragédia ouvimos o comentário: “o que falta é uma religião!Será realmente a falta de uma religião?
         Sem querer desestimular ninguém, mas é necessário que pensemos de fato se é simplesmente a falta de uma religião que leva pessoas a cometerem atrocidades. O maior exemplo foi Saulo. Um jovem educado religiosamente, mas, como ele mesmo disse: “...era tão fanático, que persegui a Igreja....” (Fp 3.6).
         Podemos dar graças a Deus por vivermos num país livre civilmente na questão religiosa. Infelizmente muitas pessoas, milhares, sofrem pela perseguição religiosa. Segundo dados do Instituto Internacional de liberdade Religiosa (International Institute of Religious Freedom – RIFI) que conta com atuação de profissionais de diferentes países, a perguição religiosa seja por pressão ou até mesmo pela violência está intensificada em 50 países. Cerca de cem milhões (100) de cristãos são perseguidos. Cem (100) indivíduos perdem sua vida a cada mês em razão de sua fé em Jesus Cristo.
         A maior fonte de perseguição em 2013 foi o extremismo islâmico. Os fanáticos acabam distorcendo a religiosidade e por excessivo zelo acabam maculando a imagem religiosa. Dos 50 países listados abaixo, 36 são perseguidos pelos fanáticos islâmicos, principalmente na África. Em 2014 essa perseguição continua aumentando, principalmente na África.
         A lista dos 50 países são: 1. Coreia do Norte; 2. Somália; 3. Síria; 4. Iraque; 5. Afeganistão; 6. Arábia Saudita; 7. Maldivas; 8. Paquistão; 9. Irã; 10. Iêmen; 11. Sudão; 12. Eritreia; 13. Líbia; 14. Nigéria; 15. Uzbequistão; 16. República Centro-Africana; 17. Etiópia; 18. Vietnã; 19. Catar; 20. Turcomenistão; 21. Laos; 22. Egito; 23. Mianmar; 24. Brunei; 25. Colômbia; 26. Jordânia; 27. Omã; 28. Índia; 29. Sri Lanka; 30. Tunísia; 31. Butão; 32. Argélia; 33. Mali; 34. Territórios Palestinos; 35. Emirados Árabes Unidos; 36. Mauritânia; 37. China; 38. Kuwait; 39. Cazaquistão; 40. Malásia; 41. Bahrein; 42. Comores; 43. Quênia; 44. Marrocos; 45. Tajiquistão; 46. Djibuti; 47. Indonésia; 48. Bangladesh; 49. Tanzânia; 50. Níger. (os países destacados em cor azul fazem parte da lista de visitantes do blog http://sermoescristoparatodos.blogspot.com Oro a Deus para que sua Palavra anunciada pelo Blog tenha feito uma grande diferença na vida desses e de tantos outros cristãos. Só em ter recebido a visita de um desses cristãos perseguidos já valeu a pena toda a dedicação a esse trabalho).
         Entre esses 50 países, os 10 países mais hostis aos cristãos por causa de sérios problemas em seus governos são: Somália, Síria, Iraque, Afeganistão, Paquistão, Iêmen, Coreia do Norte, Arábia Saudita, Maldivas e Irã.
         Ser cristão em qualquer um desses países é prova de resistência. Os cristãos são atualmente o grupo religioso mais perseguido do mundo.
         Diante das tragédias não basta dizer que o que está faltando à determinada pessoa é religiosidade. Infelizmente, há um exacerbado fanatismo, assim como houve com Saulo transformado por Deus em Paulo.
         Sabemos da perseguição fora da igreja, mas será que dentro da própria igreja há perseguição? Dias atrás li que se os cristãos parassem de se atacar mutuamente, o cristianismo seria mais bem visto e compreendido. Na verdade, apontar possíveis erros de outras denominações cristãs e não cristãs não pode ser caracterizado perseguição. Afinal, se assim fosse, Saulo teria deixado de perseguir os cristãos e teria passado a perseguir como Paulo o judaísmo.
         Apontar os erros faz parte do amor cristão. No entanto, não posso me tornar um fanático e anunciar que quem não faz parte da minha denominação religiosa está destinado ao inferno. Precisamos ter e manter o equilíbrio.
       A maior perseguição que o cristianismo sofre internamente é quando se deixa de reconhecer salvo em Cristo e passa-se a buscar a salvação através de ações, omissões, flagelação, sacrifícios, etc.
         O apóstolo Paulo ensina que a salvação é por graça e sem nenhum merecimento humano: “Portanto, a promessa de Deus depende da fé, a fim de que a promessa seja garantida como presente de Deus a todos os descendentes de Abraão. Ela não é somente para os que obedecem à lei, mas também para os que crêem em Deus como Abraão creu, pois ele é pai espiritual de todos nós” (Rm 4.16). A salvação se dá através da fé, não em função das boas qualidades que acompanham a fé. Foi Jesus Cristo quem redimiu o mundo, fez e sofreu tudo aquilo que as pessoas precisavam fazer e sofrer. Jesus realizou e sofreu por nós.
         Não fazemos nada, absolutamente nada para nossa salvação. Cristo já fez e realizou tudo por nós. Paulo anuncia aos Filipenses: “...considero tudo uma completa perda, comparado com aquilo que tem muito mais valor, isto é, conhecer completamente Jesus Cristo, o meu Senhor. Eu joguei tudo fora como se fosse lixo, a fim de poder ganhar a Cristo e estar unido com ele. Eu já não procuro mais ser aceito por Deus por causa da minha obediência à lei. Pois agora é por meio da minha fé em Cristo que eu sou aceito; essa aceitação vem de Deus e se baseia na fé” (Fp 3.8-9). Somos justos diante de Deus por causa da justiça de Jesus Cristo.
         Educar a criança no caminho em que deve andar é evitar o fanatismo religioso. É evitar os supostos meios de se alcançar aquilo que por Jesus Cristo já foi alcançado e nos é dado gratuitamente.
         Permaneçamos firmes na fé, pois, a perseguição acontece dentro da congregação quando a mesma começa a colocar como requisito de salvação obras e sacrifícios. Mesmo na igreja cristã não somos ainda perfeitos, continuamos nossa corrida, e será assim até a linha de chegada. Para que essa corrida não seja em vão, “conservemos nossos olhos fixos em Jesus, pois é por meio dele que a nossa fé começa, e é ele quem a aperfeiçoa” (Hb 12.2). 

Edson Ronaldo Tressmann
cristo_para_todos@hotmail.com

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Resolvendo a minha situação diante de Deus

16º Domingo após Pentecostes – 28/09/14
Sl 25. 1 – 10; Ez 18. 1-4,25-32; Fp 2.1-4, 14-18; Mt 21.23-27
 Tema: Resolvendo a minha situação diante de Deus 

Uma sábia anedota árabe diz que, certa feita, um sultão sonhou que havia perdido todos os dentes. Logo que despertou, mandou chamar um adivinho para que interpretasse seu sonho.
- que desgraça, senhor! Exclamou o adivinho. Cada dente caído representa a perda de um parente de vossa majestade.
- Mas que insolente – gritou o sultão, enfurecido. Como te atreves a dizer-me semelhante coisa? Fora daqui!
Chamou os guardas e ordenou que lhe dessem cem chicotadas. Mandou também que trouxessem outro adivinho. Depois que o adivinho ouviu o sonho do sultão, disse-lhe:
- Excelso senhor! Grande felicidade vos está reservada. O sonho significa que haveis de sobreviver a todos os vossos parentes.
A fisionomia do sultão iluminou-se num sorriso e ele mandou dar cem moedas de ouro ao segundo adivinho.
Enquanto este saia do palácio, um dos cortesões lhe disse admirado:
- não é possível! A interpretação que você fez foi a mesma que o seu colega havia feito. Não entendo por que o primeiro ele pagou com chicotadas e você com cem moedas de ouro.
- lembra-te sempre amigo – respondeu o adivinho: tudo depende da maneira de dizer.
Qual é o poder de uma palavra? Afasta e aproxima; destrói ou constrói.
As palavras desse mundo inúmeras vezes afasta e destrói. Deus por sua vez, com sua Palavra salvadora acolhe e integra o pecador para que viva como filho de Deus nesse mundo e transmita a esse mundo palavras que aproximam e edificam.
         O mundo diz: “não é justo pagar pelo erro dos outros” v.2; “os caminhos de Deus parecem confusos e estranhos”. No mundo as pessoas se questionam: “você é cristão há tantos anos, não sei por que tudo está dando errado na sua vida”.
Esses mesmos pensamentos eram correntes entre o povo de Deus exilado na Babilônia: “os pais comeram uvas verdes, e os dentes dos filhos é que se embotaram?
Esse ditado popular falado entre o povo de Deus mostrava a falta de perspectiva para o futuro. No exílio o povo de Deus se sentia abandonado e desprezado. O povo de Deus dizia-se injustiçado pelo exílio, afinal, eles não mereciam aquela punição, que era devida aos seus pais.
O profeta Ezequiel foi muito importante nesse momento, aliás, se não fosse o profeta Daniel na coorte e Ezequiel no meio do povo, o povo da promessa teria se acabado. Eles precisavam ser reanimados e consolados pela Promessa de Deus.
Deus por meio do profeta Ezequiel alerta o povo que não importa olhar para outra direção, não importa querer desviar o foco e tentar encontrar a resposta para quem errou. O fato é que cada um precisa olhar para si mesmo e responder o quanto havia falhado e estava falhando.
Engraçado essa situação de não olhar para nossos pecados e sempre buscar a resposta para um passado. No novo testamento os discípulos de Jesus com um pensamento idêntico, perguntaram: “Mestre, quem pecou, este ou seus pais, para que nascesse cego?” (Jo 9.2).
A deficiência, o sofrimento, a dor erram e por que não dizer, pois muitos encaram dessa maneira, são tidos como punição de um pecado da pessoa, afinal, “aqui se faz, aqui se paga”. Quanta ignorância!
Ao contrário dos pensamentos humanos, Deus anuncia (v.25): “cada um é pecador, e é convidado ao arrependimento”.
O povo havia sido instruído enquanto caminhava pelo deserto rumo a terra prometida, “Os pais não serão mortos em lugar dos filhos, nem os filhos, em lugar dos pais; cada qual será morto pelo seu pecado” (Dt 24.16). O profeta Ezequiel anunciava: “A alma que pecar, essa morrerá; o filho não levará a iniquidade do pai, nem o pai, a iniquidade do filho; a justiça do justo ficará sobre ele, e a perversidade do perverso cairá sobre este” (Ez 18.20).
Cada pessoa, individualmente, é responsável pelo seu pecado, pelos caminhos por onde anda, pelos seus pensamentos, pelo seu agir, pelo seu deixar de agir. Essas atitudes diárias são chamadas de Pecado Atual. Esses pecados atuais são consequência do Pecado Original que herdamos de nossos pais. É o câncer com o qual nascemos e do qual não nos curamos nesse mundo. Por esse motivo Deus anuncia que “..., assim como por um só homem entrou o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte, assim também a morte passou a todos os homens, porque todos pecaram” (Rm 5.12).

O povo de Deus, exilado na Babilônia, encontrava-se desanimado e sem esperanças. Estavam ressentidos, porque diziam que seus pais haviam cometido pecado e eles estavam sendo punidos. A esse povo ressentido, a esse povo que julgava seu passado como culpado da tragédia atual, Deus comunica que na verdade, não estavam sendo punidos pelos pecados de seus pais, mas pelos seus próprios pecados.

O povo de Deus exilado na Babilônia estava sendo convidado a se reconhecer como pecador. Deus os convida ao arrependimento, (v. 4) “...a alma que pecar, essa morrerá”; (v. 30) “...eu vos julgarei, a cada um segundo os seus caminhos,...”; (v. 31) “lançai de vós todas as vossas transgressões com que transgredistes...”.
Infelizmente, o fato é que a rebeldia do povo era tanta, que se julgavam injustiçados por Deus, pela suposta punição e haviam se esquecido de Deus. O povo precisava da promessa de Deus, e é justamente da promessa de Deus que haviam se esquecido. O povo havia sido preparado por Deus para o exílio, tanto que pelo profeta Jeremias havia anunciado: “Toda esta terra virá a ser um deserto e um espanto; estas nações servirão ao rei da Babilônia setenta anos” (Jr 25.11).
A rebeldia contra Deus levou toda uma geração se sentir injustiçada por Deus. Fez com que toda uma geração se esquecesse das palavras anunciadas por Deus através dos profetas. O povo caiu no esquecimento, inclusive de uma promessa maravilhosa: “Assim diz o Senhor: logo que se cumprirem para a Babilônia setenta anos, atentarei para vós outros e cumprirei para convosco a minha boa palavra, tornando a trazer-vos para este lugar” (Jr 29.10), e “Eu mesmo recolherei o restante das minhas ovelhas, de todas as terras para onde as tiver afugentado, e as farei voltar aos seus apriscos, serão fecundas e se multiplicarão....Eis que vem dias, diz o Senhor, em que levantarei a Davi um Renovo justo; e, rei que é, reinará, e agirá sabiamente, e executará o juízo e a justiça na terra. Nos seus dias, Judá será salvo, e Israel habitará seguro; será este o seu nome, com que será chamado: Senhor, Justiça Nossa” (Jr 23. 3,5-6).
Vivemos em um cenário diferente, estamos num país livre. Mas, quanto ao pensamento, vivemos e um período muito similar. Esquecemos com frequência que Cristo é a nossa justiça. Esquecemos que Jesus veio nos libertar do poder do pecado, da morte e do diabo. Esquecemos as palavras: “Todavia, não é assim o dom gratuito como a ofensa; porque, se, pela ofensa de um só, morreram muitos, muito mais a graça de Deus e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, foram abundantes sobre muitos” (Rm 5.15). O esquecimento da obra maravilhosa de Jesus por nós é quando afirmamos que “estamos pagando pelos nossos pecados”; “o que eu fiz de errado para merecer isso”. Nesses pensamentos buscamos alternativas para sanar nossa situação com Deus, por seções de oração, semanas de libertação, dízimos e promessas.
Deus ainda nos comunica:Tão certo como eu vivo, desejo que você viva”.
Esse é o objetivo pelo qual Deus enviou profetas para convidar o povo ao arrependimento. Deus deseja que o pecador tenha vida, mas não uma vida passageira e apegada a esse mundo. Pelo profeta Ezequiel, Deus disse ao povo: “não tenho prazer na morte de ninguém” (v.32). Pelo apóstolo Paulo comunicou: “o qual deseja que todos os homens sejam salvos e cheguem ao pleno conhecimento da verdade” (1Tm 2.4).
Deus preparou, ofereceu e oferece os meios pelos quais o pecador recebe a salvação. Não somos nós que buscamos pelas semanas de oração, pelos dízimos e promessas nossa situação perante Deus. Deus é que vem ao nosso encontro pela Pregação da Palavra, Batismo e Santa Ceia. Quer seja pela Pregação da Palavra, pelo Batismo e Pela Santa Ceia, Deus em Jesus pelo poder do Espírito Santo nos dá um novo coração, um novo espírito.
Em Jesus, e somente em Jesus, Deus nos deu e dá a salvação. Salvação oferecida a cada pecador, afinal, Deus diz que “tão certo como eu vivo, vós vivereis também”. 
Ó SENHOR, ensina-me os teus caminhos! Faze com que eu os conheça bem. Ensina-me a viver de acordo com a tua verdade, pois tu és o meu Deus, o meu Salvador. Eu sempre confio em ti. Ó SENHOR, lembra da tua bondade e do teu amor, que tens mostrado desde os tempos antigos. Esquece os pecados e os erros da minha mocidade. Por causa do teu amor e da tua bondade, lembra de mim, ó SENHOR Deus!” (Sl 25. 4 – 7)
Amém!
Edson Ronaldo Tressmann


Bibliografia:

Tema: Acolhendo e Integrando o Pecador para viver como filho de Deus nesse mundo. Autor: Edson Ronaldo Tressmann. In: Portas Abertas 2011

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Vivam de acordo com o evangelho de Cristo

15º Domingo após Pentecostes – 21/09/2014
Sl 27.1–9; Is 55.6-9; Fp 1.12-14,19-30; Mt 20.1-16
Tema: vivam de acordo com o evangelho de Cristo

         Das palavras iniciais escritas aos Filipenses, darei um devido destaque as palavras do versículo 27: “agora, o mais importante é que vocês vivam de acordo com o evangelho de Cristo.....”.
         O que o apóstolo Paulo quer nos ensinar com essas palavras?
         Quando escreveu a carta aos Filipenses, o apóstolo Paulo estava na cadeia (Fp 1.7). Além de receber auxilio material dos cristãos da cidade de Filipos, recebeu também notícias por parte de Epafrodito sobre a situação dos cristãos daquela cidade. Diante das notícias, Paulo escreve essa carta, na qual tem como objetivo a união entre os filipenses e a preservação na verdadeira fé.
         Ao escrever “vivam de acordo com o evangelho” o apóstolo lança um desafio, que, antes de tudo, é um privilégio.
         Será possível viver de acordo com o evangelho? Só é possível viver de acordo com o evangelho permanecendo no amor, na graça e na dependência de Jesus Cristo, pois é somente “com a força que Cristo me dá, posso enfrentar qualquer situação” (Fp 4.13).
         O que é, ou, o que significa “viver de acordo com o evangelho”?
         “Viver de acordo com o evangelho” conforme o termo grego corresponde a: “Viver como um cidadão...”. Em outras palavras, “agora, o mais importante é que vocês vivam como um cidadão.....” 
          O autor da Bíblia é o Espírito Santo, e o mesmo fez uso de homens comuns para transmitir a sua mensagem. Ao anunciar através das palavras do apóstolo Paulo: “agora, o mais importante é que vocês vivam de acordo com o evangelho de Cristo.....”, ou, “....vivam como cidadãos...” a mensagem proferida aos moradores da cidade de Filipos era que, como pessoas pertencentes a uma colônia romana, obrigados a viver regidos pelas leis do império romano, não se esquecessem de que a vida no Reino ao qual de fato pertenciam e pelo qual eram governados não era uma vida decepcionante assim como a vida no império romano e humano.
         O que é Reino de Deus? Ao orar “venha o teu reino” pedimos que o Reino de Deus venha até nós. O reino de Deus vem até nós quando Deus nos dá o seu Espírito Santo, para crermos, por sua graça, em sua santa palavra e vivermos vida piedosa, neste mundo e na eternidade.
         Viver como cidadão, ou seja, “agora, o mais importante é que vocês vivam de acordo com o evangelho de Cristo.....” é um privilégio, pois a obra, “ser tornado cidadão,” é realizada pelo Espírito Santo e não por nós mesmos. Essa nova vida como cidadão, governado pela Palavra de Deus é também uma vida desafiadora, pois muitas são as ocasiões onde somos tentados a deixar de ser governados pela Palavra de Deus e até de nos sentirmos decepcionados pelo agir de Deus.
         O apóstolo Paulo não sabia, é o que relata nos primeiros 26 versículos da carta aos Filipenses, sobre o que iria acontecer com ele. Paulo ainda seria julgado e não podia antever sobre o seu futuro. Nenhum ser humano é capaz de conhecer seu futuro, ninguém é capaz de prever como será o seu amanhã. Na verdade, nem sabemos se teremos amanhã. E justamente para vivermos a plenitude do hoje, do momento que é um presente dado por Deus, o apóstolo Paulo escreve com expectativa, na certeza de que não irá se decepcionar com Deus: “...segundo a minha ardente expectativa e esperança de que em nada serei envergonhado; antes, com toda ousadia, como sempre, também agora, será Cristo engrandecido no meu corpo, quer pela vida, quer pela morte” (Fp 1.20).
         Viver de acordo com o evangelho de Cristo traz como desafio o não abandonar a convicção de fé. Convicção essa de que fomos feitos cidadãos no reino de Deus. Como cidadão desse reino, não nos importa o que acontecerá em nosso futuro, pois o futuro já está garantido e é eterno.
         Ao escrever: “agora, o mais importante é que vocês vivam de acordo com o evangelho de Cristo.....”, Paulo recomenda e desafia os cristãos a viverem no privilégio de serem cidadãos do Reino de Deus. As intrigas causavam a desunião. Ambas as situações estavam levando o afastamento uns dos outros e até mesmo do Reino de Deus. Esse fato corrente entre os filipenses era devido alguns falsos profetas, com suas falsas mensagens, que atuavam livremente entre eles (Fp 3.2,18).
         Diante dessa situação, Paulo recomenda “... vivam de acordo com o evangelho de Cristo.....”. Ou seja, fiquem alertas, vocês já são cidadãos do Reino de Deus e não necessitam da circuncisão, ou, dos rituais da lei, como requisito de salvação ou como requisito de se tornarem cidadãos do Reino de Deus.        






As palavras “... vivam de acordo com o evangelho de Cristo.....” é uma mensagem de conforto e segurança, pois mostra quem somos (filhos de Deus) e qual é a nossa situação (cidadãos do reino de Deus).


          

Você deseja continuar vivendo de acordo com o evangelho?
         Então, não descuide do seu posto, ou seja, continue firme, não se afaste do evangelho, não se afaste da fé verdadeira. Permaneça na verdade de que Jesus é teu salvador e que o Espírito Santo te tornou cidadão do Reino de Deus.
         Só é possível viver de acordo com o evangelho permanecendo no amor, na graça e na dependência de Jesus Cristo. Amém!

Edson Ronaldo Tressmann

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Uma prosa com o apóstolo Paulo sobre Liberdade

14º Domingo após Pentecostes
Sl 103.1-12; Gn 50.15-21; Rm 14.1-12; Mt 18.21-35
Uma prosa com o apóstolo Paulo sobre Liberdade
          
 Os gregos pensavam que os pensamentos do coração levavam a verdade. Muitos dos ditos “sentimentos de coração” nos levam a julgar e desprezar outras pessoas. Deixamos de manter uma conversação, de prosear, por julgarmos os nossos “sentimentos”, “pensamentos do coração” como verdadeiros.
          A causa de muitas discussões é que cada pessoa tem a sua opinião sobre determinado assunto. Essa opinião, ou suposta verdade provêm de seus costumes, sua tradição, cultura, etc. 
         O que você “sente ou pensa” quando vê um cristão tomando uma cerveja? Jogando baralho? Comendo carne de porco? Fazendo sinal da santa cruz ao passar diante um templo?
    Paulo diz na sua carta aos romanos: “aceitem entre vocês quem é fraco na fé sem criticar as opiniões dessas pessoas” (Rm 14.1). O objetivo dessa recomendação visa ressaltar que Deus em Jesus nos acolheu para vivermos em comunhão. Como posso conviver em comunhão com alguém que não aceita a minha liberdade cristã em poder beber uma cervejinha, comer um churrasquinho de carne de porco, jogar uma canastra, etc?
         Sem querer discutir a opinião de ninguém, afinal, essa é a recomendação do apóstolo Paulo, é preciso que tenhamos uma postura diante desse assunto. Para que não haja discussão de opinião, vamos ter uma prosa com o apóstolo Paulo.
         O texto da carta de Paulo aos Romanos, capítulo 14, girava em torno dos fracos e fortes na fé. Paulo dizia que não se deve ficar discutindo os pensamentos que motivam os fracos a agirem de determinada maneira. Não importa, ou seja, não convêm discutir os motivos porque determinada pessoa deixa de usar sua liberdade cristã.
         O apóstolo Paulo ao invés de discutir as opiniões que levavam as pessoas a se absterem de fazer uso sadio de sua liberdade cristã, ressalta que o ideal da imposição da lei dada por Deus a Moisés não deveria ser o árbitro da questão. Afinal, a lei dada por Deus a Moisés, uma lei boa, mas que infelizmente acabou sendo distorcida pelas próprias pessoas, estava causando estragos e havia perdido a sua razão de ser entre eles.
         A questão: Como fazer uso sadio da liberdade cristã? havia sido tratada por volta de um ano antes, na primeira carta aos Coríntios (1Co 8-10). 
         O assunto não foi fácil, ainda hoje não é um assunto fácil. Por isso é importante termos essa prosa com o apóstolo Paulo.
         Muitos sabem sobre a liberdade cristã, mas, ficam extremamente irritadas ao verem um cristão tomando uma cerveja, jogando baralho, comendo determinada comida, fazendo festa em determinada ocasião ou dia.
         Na época em que o apóstolo escreveu a carta aos Romanos, ao tratar desse assunto, estava lidando com uma questão de fé. E ao lidar com questões de fé, é o mesmo que caminhar sobre um campo minado.
         O apóstolo Paulo se dirige a todos, fortes e fracos na fé, sem classificar quem fazia parte de um ou de outro grupo. Todos foram tratados como sendo apenas um (Rm 14. 1-12), afinal, a igreja é apenas um corpo.
         Os fracos na fé eram minoria dentro da congregação, assim, poderiam facilmente ser rejeitados. O apóstolo se preocupa com esse pequeno grupo e diz que deveriam ser tolerados e acolhidos na verdadeira comunhão. Até quando é necessário aceitar a opinião daquele que quer me proibir de tudo? Até que a fraqueza seja vencida mediante o ensino do evangelho. “Não deve haver discussão de opiniões”.
         Ninguém tem o direito, nem o mais forte cristão na fé, de dar uma suposta “opinião melhor” ao irmão mais fraco na fé. O que motiva a proceder e agir de determinada maneira são seus pensamentos provenientes de sua cultura, suas tradições, sua vivência, etc. Só quem pode mudar os pensamentos é Deus pela pregação da Palavra. A fé não é alimentada com lógica ou discussão de opiniões.
          Segundo o apóstolo Paulo o forte na fé é aquele crê em Jesus como seu Senhor e Salvador. É aquele que come de tudo, mesmo que, para muitos seja algo proibido. O forte na fé é aquele que não faz diferença entre alimentos puros e impuros. O forte na fé é aquele que sabe que suas opiniões e toda sua vida é conduzida pela liberdade cristã que recebeu e tem em Jesus Cristo. O fraco na fé assim como o forte crê e sabe que Jesus é seu Senhor e Salvador, mas infelizmente, ainda não está preparada para usar sua liberdade em toda sua extensão.
         O perigo que os fracos e fortes na fé corriam e ainda correm é a tentação de se olharem com desconfiança. Os fortes na fé são tentados a desprezar o irmão fraco na fé. Esse desprezo se dá da seguinte maneira: como essa pessoa acha que está glorificando a Deus fazendo isso? (Rm 12.10; 14.13). O fraco na fé é tentado no julgar, no condenar o mais forte na fé pensando: como pode fazer isso, será que não lê a Bíblia?
         Ambos, fortes e fracos na fé, corriam e correm perigo de cederem à tentação e passarem a se “julgar e condenar”. E isso não levará nenhum dos dois a lugar algum. 
         O fraco na fé julga o forte na fé embasado numa boa fundamentação religiosa. O fraco na fé sempre vê na liberdade cristã uma insensibilidade negligente. O fraco na fé sempre julga o forte na fé como aquele que não leva a sua religiosidade a sério.
         Mas, ...
         o que é levar a religiosidade a sério? É cumprir as regras estabelecidas pela lei de Deus? É praticar toda espécie de boas obras? É orar horas e horas por dia? É ser dizimista fiel?
         Julgamos pela casca, e infelizmente, em muitas situações, a casca é podre. A seriedade da religiosidade não está em nós e nossas realizações, mas está no fato de que “...Deus o aceitou” (Rm 14.3). Mas, pastor, não é verdade que: Deus me aceita somente pelas obras da lei? Pelo orar? Pelas boas obras? Pelo dízimo?
         Ao iniciar sua carta aos Romanos, o apóstolo Paulo escreveu: “...a fim de que eu anuncie a boa notícia do evangelho de Deus” (Rm 1.1). Pouco depois, inspirado pelo Espírito Santo disse que o Evangelho “...é o poder de Deus para salvar todos os que crêem,...” (Rm 1.16). O assunto, fortes e fracos na fé, era e é uma questão de fé. E Evangelho é poder de Deus para salvar os que crêem. Assim, a questão necessária e urgente é: fé em que? Nas orações? Nos dízimos? Nas supostas observâncias da lei?
         Tanto os fracos como os fortes na fé estavam se distanciando dessa questão. Se olharmos para nossas realizações teremos que concluir como o apóstolo Paulo: “Como sou infeliz! Quem me livrará deste corpo que me leva para a morte?” (Rm 7.24).
         Fortes e fracos na fé, você estão depositando a vossa fé em que? O apóstolo Paulo escreveu: “...é claro que ninguém é aceito por Deus por meio da lei, pois as Escrituras Sagradas dizem: Viverá aquele que, por meio da fé, é aceito por Deus” (Gl 3.11); “Pois o evangelho mostra como é que Deus nos aceita: é por meio da fé, do começo ao fim. Como dizem as Escrituras Sagradas: ‘Viverá aquele que, por meio da fé, é aceito por Deus” (Rm 1.17).
         O que me torna aceitável para Deus é a fé em Jesus!
         Essa fé não é uma obra humana, é um presente dado por Deus (Ef 2.8). Esse presente foi dado e recebido por ocasião do Batismo e da Pregação da Palavra de Deus.
        Ser aceito por Deus não é obra humana!
    Aceito por Deus em Jesus, meu orar se torna uma comunicação agradável com aquele que me aceita com minhas fraquezas e pecados. Aceito por Deus em Jesus, as boas obras se tornam realmente boas e agradáveis por serem realizadas a partir da fé em Jesus. Aceito por Deus em Jesus, meu dízimo provêm de um coração agradecido e alegre pela salvação recebida e não para que uma bênção seja alcançada.
         As tentações que os fracos e os fortes na fé estavam sujeitos no ano de 55/56 D.C., por ocasião do envio da carta aos Romanos, são tentações ainda presentes entre nós em pleno ano de 2014 D.C. Há uma visível separação entre os ditos “igrejeiros da igreja que permite tudo” e os “igrejeiros da igreja que proíbe tudo”. O fato é que nós vivemos na expectativa, seja para com o outro, bem como comigo mesmo. Projetamos nossas expectativas nos outros e os outros em nós. Vivemos infelizes porque desejamos satisfazer as expectativas dos outros e os outros as nossas. Deixa-se de viver a verdadeira liberdade conquistada por Cristo, pois “Cristo nos libertou para que nós sejamos realmente livres...” (Gl 5.1).
         Viver como pessoas livres é viver conforme a medida da fé que Deus repartiu com cada um. Temos as nossas peculiaridades e vivemos com pessoas que possuem as suas peculiaridades. Todas essas peculiaridades são superadas na fé e pela fé todas as peculiaridades que nos separam terão um fim quando estivermos de joelhos dobrados diante do Pai no céu.
         Lembre-se: “...cada um deve estar bem firme nas suas opiniões...” (Rm 14.5), mas não são as nossas opiniões que nos fazem ser aceitos por Deus. Amém! 



Edson Ronaldo Tressmann

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Em Jesus - uma nova aliança!

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