14º Domingo após Pentecostes
Sl 103.1-12; Gn 50.15-21; Rm
14.1-12; Mt 18.21-35
Uma prosa com o apóstolo Paulo sobre Liberdade
A
causa de muitas discussões é que cada pessoa tem a sua opinião sobre
determinado assunto. Essa opinião, ou suposta verdade provêm de seus costumes,
sua tradição, cultura, etc.
O que você “sente ou pensa” quando vê um cristão tomando uma cerveja? Jogando
baralho? Comendo carne de porco? Fazendo sinal da santa cruz ao passar diante
um templo?

Sem
querer discutir a opinião de ninguém, afinal, essa é a recomendação do apóstolo
Paulo, é preciso que tenhamos uma postura diante desse assunto. Para que não
haja discussão de opinião, vamos ter uma prosa com o
apóstolo Paulo.
O
texto da carta de Paulo aos Romanos, capítulo 14, girava em torno dos fracos e
fortes na fé. Paulo dizia que não se deve ficar discutindo os pensamentos que
motivam os fracos a agirem de determinada maneira. Não importa, ou seja, não
convêm discutir os motivos porque determinada pessoa deixa de usar sua
liberdade cristã.
O
apóstolo Paulo ao invés de discutir as opiniões que levavam as pessoas a se
absterem de fazer uso sadio de sua liberdade cristã, ressalta que o ideal da
imposição da lei dada por Deus a Moisés não deveria ser o árbitro da questão.
Afinal, a lei dada por Deus a Moisés, uma lei boa, mas que infelizmente acabou
sendo distorcida pelas próprias pessoas, estava causando estragos e havia
perdido a sua razão de ser entre eles.

O
assunto não foi fácil, ainda hoje não é um assunto fácil. Por isso é importante
termos essa prosa
com o apóstolo Paulo.
Muitos
sabem sobre a liberdade cristã, mas, ficam extremamente irritadas ao verem um
cristão tomando uma cerveja, jogando baralho, comendo determinada comida,
fazendo festa em determinada ocasião ou dia.
Na
época em que o apóstolo escreveu a carta aos Romanos, ao tratar desse assunto, estava
lidando com uma questão de fé. E ao lidar com questões de fé, é o mesmo que
caminhar sobre um campo minado.
O
apóstolo Paulo se dirige a todos, fortes e fracos na fé, sem classificar quem
fazia parte de um ou de outro grupo. Todos foram tratados como sendo apenas um (Rm
14. 1-12), afinal, a igreja é apenas um corpo.
Os
fracos na fé eram minoria dentro da congregação, assim, poderiam facilmente ser
rejeitados. O apóstolo se preocupa com esse pequeno grupo e diz que deveriam
ser tolerados e acolhidos na verdadeira comunhão. Até quando é necessário aceitar a opinião daquele que quer me proibir de
tudo? Até que a fraqueza seja vencida
mediante o ensino do evangelho. “Não deve haver discussão de opiniões”.

Segundo
o apóstolo Paulo o forte na fé é aquele crê em Jesus como seu Senhor e Salvador. É aquele que come de
tudo, mesmo que, para muitos seja algo proibido. O forte na fé é aquele que não
faz diferença entre alimentos puros e impuros. O forte na fé é aquele que sabe
que suas opiniões e toda sua vida é conduzida pela liberdade cristã que recebeu
e tem em Jesus Cristo. O fraco na fé assim como o forte crê e sabe que Jesus é seu Senhor e Salvador, mas infelizmente,
ainda não está preparada para usar sua liberdade em toda sua extensão.
O
perigo que os fracos e fortes na fé corriam e ainda correm é a tentação de se
olharem com desconfiança. Os fortes na fé são tentados a desprezar o irmão
fraco na fé. Esse desprezo se dá da seguinte maneira: como essa pessoa acha que está
glorificando a Deus fazendo isso? (Rm 12.10; 14.13). O
fraco
na fé é tentado no julgar, no condenar o
mais forte na fé pensando: como
pode fazer isso, será que não lê a Bíblia?

O
fraco na fé julga o forte na fé embasado numa boa fundamentação religiosa. O
fraco na fé sempre vê na liberdade cristã uma insensibilidade negligente. O
fraco na fé sempre julga o forte na fé como aquele que não leva a sua
religiosidade a sério.
Mas, ...
o que é levar a religiosidade a sério?
É cumprir as regras estabelecidas pela
lei de Deus? É praticar toda espécie de boas obras? É orar horas e horas por
dia? É ser dizimista fiel?
Julgamos
pela casca, e infelizmente, em muitas situações, a casca é podre. A seriedade
da religiosidade não está em nós e nossas realizações, mas está no fato de que
“...Deus o aceitou” (Rm 14.3). Mas, pastor, não é verdade que: Deus me aceita somente pelas obras da lei?
Pelo orar? Pelas boas obras? Pelo dízimo?
Ao
iniciar sua carta aos Romanos, o apóstolo Paulo escreveu: “...a fim de que eu anuncie a boa
notícia do evangelho de Deus” (Rm 1.1). Pouco
depois, inspirado pelo Espírito Santo disse que o Evangelho “...é o poder de Deus para salvar
todos os que crêem,...” (Rm 1.16). O assunto, fortes e fracos
na fé, era e é uma questão de fé. E Evangelho é poder de Deus para salvar os
que crêem. Assim, a questão necessária e urgente é: fé
em que? Nas orações?
Nos dízimos? Nas supostas observâncias da lei?
Tanto
os fracos como os fortes na fé estavam se distanciando dessa questão. Se olharmos
para nossas realizações teremos que concluir como o apóstolo Paulo: “Como sou infeliz! Quem me livrará
deste corpo que me leva para a morte?” (Rm 7.24).
Fortes e fracos na fé, você estão
depositando a vossa fé em que? O apóstolo Paulo escreveu: “...é claro que ninguém é aceito por Deus por meio da lei,
pois as Escrituras Sagradas dizem: Viverá aquele que, por meio da fé, é aceito
por Deus” (Gl 3.11); “Pois o evangelho
mostra como é que Deus nos aceita: é por meio da fé, do começo ao fim. Como
dizem as Escrituras Sagradas: ‘Viverá aquele que, por meio da fé, é aceito por
Deus” (Rm 1.17).
O que me torna
aceitável para Deus é a fé em Jesus!
Essa
fé não é uma obra humana, é um presente dado por Deus (Ef 2.8). Esse presente
foi dado e recebido por ocasião do Batismo e da Pregação da Palavra de Deus.
Ser aceito por Deus
não é obra humana!
Aceito por
Deus em Jesus, meu orar se torna uma comunicação agradável com
aquele que me aceita com minhas fraquezas e pecados. Aceito por
Deus em Jesus, as boas obras se tornam realmente boas e agradáveis
por serem realizadas a partir da fé em Jesus. Aceito por
Deus em Jesus, meu dízimo provêm de um coração agradecido e alegre
pela salvação recebida e não para que uma bênção seja alcançada.
As
tentações que os fracos e os fortes na fé estavam sujeitos no ano de 55/56 D.C.,
por ocasião do envio da carta aos Romanos, são tentações ainda presentes entre
nós em pleno ano de 2014 D.C. Há uma visível separação entre os ditos “igrejeiros da igreja que permite tudo” e os “igrejeiros da igreja que proíbe tudo”. O fato é que nós vivemos
na expectativa, seja para com o outro, bem como comigo mesmo. Projetamos nossas
expectativas nos outros e os outros em nós. Vivemos infelizes porque desejamos
satisfazer as expectativas dos outros e os outros as nossas. Deixa-se de viver
a verdadeira liberdade conquistada por Cristo, pois “Cristo nos libertou para que nós
sejamos realmente livres...” (Gl 5.1).
Viver
como pessoas livres é viver conforme a medida da fé que Deus repartiu com cada
um. Temos as nossas peculiaridades e vivemos com pessoas que possuem as suas
peculiaridades. Todas essas peculiaridades são superadas na fé e pela fé todas
as peculiaridades que nos separam terão um fim quando estivermos de joelhos
dobrados diante do Pai no céu.

Edson Ronaldo Tressmann
cristo_para_todos@hotmail.com
Perfeito, sem mais nada a acrescentar......
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