segunda-feira, 23 de junho de 2014

Jesus envia seus díscipulos para que não haja separação eterna

3º Domingo após Pentecostes.
29/06/2014
Sl 119. 153 – 160; Jr 28. 5 – 9; Rm 7. 1 – 13; Mt 10. 34 - 42
Jesus envia seus discípulos para que não haja separação eterna.
 
         Durante todo o mês de junho lembramos que estamos em festa e comemoração na IELB. Nesse ano de 2014 estamos comemorando 110 anos de fundação em terras brasileiras. Durante todo o mês de junho, buscou-se trazer uma palavra de incentivo, ânimo, consolo e conforto. Essas palavras foram transmitidas pelo apóstolo Pedro, pelo nosso Senhor Jesus Cristo e pelo salmista.
         No dia 01 de junho, o apóstolo Pedro em sua primeira carta (1Pe 4. 12 – 19; 5. 1 – 6) encorajou os cristãos à vigilância, a sobriedade e a humildade.
         No dia 08 de junho, nosso Senhor Jesus Cristo mostrou que a água viva é o Espírito Santo e que no Espírito Santo somos capacitados a derramar água sobre outras pessoas. Das palavras de Jesus, aprendemos que, mesmo com 110 anos, a IELB precisa ouvir e relembrar que “rios de água viva foram derramados sobre nós pela voz de profetas que proclamaram a salvação em Jesus e na Água viva nos mantém alimentado e firme para atuação no reino de Deus”.
         Com as palavras de Jesus ao se despedir dos seus discipulos, no dia 15 de junho aprendemos sobre a ação da Trindade na missão da Igreja. Mesmo que a santíssima trindade seja um mistério, mesmo que seja negado por muitos, é atuante através da proclamação da Palavra e pelos santos sacramentos para salvação de milhares de pessoas.
         No culto do dia 22 de junho em comemoração ao aniversário da IELB, que ocorreria no dia 24 de junho, o salmista transmitiu a mensagem do abrigo na sombra segura e fresca. O salmista mostrou que é preciso reagir e agir com confiança diante da tentação e da dificuldade.
         Em nosso culto nesse dia 29 de junho, agora com 110 anos completos, Jesus irá comunicar um precioso ensino através do envio que fez aos seus discípulos na evangelização em Israel.
         Ao enviar seus discípulos Jesus ensina que na evangelização precisamos estar conscientes das adversidades e ao mesmo tempo confortados com a promessa de Deus. Uma das adversidades é justamente a advertência feita pelo salvador: “Não pensem que eu vim trazer paz ao mundo. Não vim trazer a paz, mas a espada” (Mt 10.34). O consolo, no entanto, está na promessa de que todo aquele que receber um discípulo de Jesus é como se recebesse o próprio Cristo (Mt 10. 41).
         Qual é o significado da advertência de Jesus sobre não trazer paz, mas espada? É preciso entender que a paz, a qual Jesus veio trazer é a paz de consciência, obtida pelo perdão dos pecados. Essa paz não pode ser confundida com a paz social, algo tão almejado e buscado por vários países no mundo.
         O significado de “espada” conforme pronunciado por Jesus mostra que a mensagem do reino, a mensagem do evangelho, causará lutas, perseguições e sofrimentos.
         Não é nada consolador para um discípulo ouvir essa advertência. Mas, é necessário que o discípulo de Jesus compreenda que esta espada que separa, não mata o corpo físico.        Mesmo que a espada mostre separação, precisamos entender que Deus não deseja e nem quer que essa separação aconteça. Por esse motivo, enviou, envia e continuará enviando trabalhadores à sua seara para que proclamem a mensagem do evangelho. Mesmo que essa proclamação e testemunho cause separação nesse mundo, Deus fez, faz e fará tudo para que a mesma não aconteça eternamente.
         A advertência de Jesus sobre a espada não visa desmotivar a ação evangelizadora da igreja. Pelo contrário, a separação decorrente do evangelho, apresenta a separação eterna.
         Aqueles que fazem parte pela fé no reino de Cristo precisam compreender que não há e nem deve haver um faz de conta nessa nova vida.
         Ilustração
         (Filme: A qualquer preço. (Dennis Quaid e Zac Efron).
         Esse filme conta a história de um ambicioso fazendeiro que selecionava sementes transgênicas e as vendia para outros produtores sem deter os direitos para isso. Por muito tempo cometeu essa fraude. Fraude que o enriqueceu.
         O pai esperava que seu filho assumisse os negócios da fazenda. Mas, o jovem desejava ser piloto e se empenhava para tal.
         Ao sofrer um acidente e ficar sabendo que seu pai estava sendo investigado pela fraude, o filho resolve deixar de pilotar e vai à procura das pessoas que estão tentando incriminar seu pai. Afinal, a descoberta da fraude os levaria a falência completa. Tanto pai como filho, queria resolver a situação.
         Um dos suspeitos foi procurado pelo filho do fazendeiro que após uma discussão acabou assassinando o provável suspeito. Desesperado e sem saber o que fazer, o jovem liga para o pai. O pai de imediato resolve ligar para a polícia, mas, aborta a ligação. Juntos, pai e filho escondem o corpo do jovem que não foi encontrado, mesmo que muitas pessoas o procurassem, até mesmo os membros da igreja luterana.
         Enquanto o filho tentava resolver a sua maneira. O pai que já havia descoberto quem o havia denunciado resolveu a situação corrompendo o denunciante oferecendo-lhe terras para cultivo.
         Quando toda a família estava reunida em culto na primeira igreja luterana, a esposa desconfiou do filho. Procurou o marido e conversou sobre o acontecido. O pai confessou-se culpado em lugar do filho. Nesse momento, a esposa propõe ao marido que superassem juntos esse episódio. Afinal, nada poderia por m risco a boa vida financeira.
         Mesmo que seja um filme. Esse drama retrata muitíssimo bem o preço que as pessoas estão dispostas a pagar em favor dos bens materiais.
         Que preço as pessoas pagam pelos bens materiais?
         Jesus, no texto do evangelho faz outra pergunta: E o discipulado? Há disposição para se pagar o preço? No versículo 38, Jesus diz que é preciso enfrentar a própria morte por amor a vida verdadeira. Esse ensino é repetido pelo apóstolo Paulo aos Gálatas: “Mas longe esteja de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pela qual o mundo está crucificado para mim, e eu, para o mundo” (Gl 6.14). Todo discípulo sabe que já morreu para esse mundo: ...e que a vida está escondida com Cristo, que está unido com Deus. Cristo é a verdadeira vida de vocês, e, quando ele aparecer, vocês aparecerão com ele e tomarão parte na sua glória” (Cl 3.3 – 4).
         Conforme o ensino de Jesus, aprendemos que as pessoas buscam realizar todas as coisas para uma vida neste mundo. Sua advertência visa frear não a busca por uma vida melhor, mas sobre o perigo de perder o sentido e o rumo da vida verdadeira. Jesus indica que é a vida verdadeira é estar e permanecer nEle, mesmo que separado por muitas pessoas nesse mundo (Mt 10.39).
         O que pode ser dito para uma igreja que acabou de completar 110 anos?
         A julgar pelo episódio do envio dos discípulos, podemos aprender que na evangelização os discípulos têm o destinatário e o destino.
         Os discípulos são os pequeninos, os pregadores, os que creem em Jesus Cristo. O discípulo não é apenas aquele que está e é da igreja. O discípulo não é aquele que se empenha em torno de si e para si. O discípulo conhece seu destinatário e o destino final do seu testemunho.
         O discípulo não fica apreensivo sobre a divisão que seu testemunho e sua fé causarão aqui no mundo. Afinal, ele assim como aquele que o enviou, visam à salvação das pessoas, a não separação eterna.
         Aos seus discípulos Jesus promete: “Quem recebe vocês está recebendo a mim; e a quem me recebe está recebendo aquele que me enviou. Quem receber um profeta, porque este é profeta, terá uma parte da recompensa dele; e quem receber uma pessoa boa, porque ela é boa, terá uma parte da recompensa dela” (Mt 10. 40 – 41).
         Que honra Jesus dá aos seus discípulos! É uma honra ser boca de Jesus. No entanto, essa honra mostra uma enorme responsabilidade. A boca de Jesus precisa emitir somente as palavras de Jesus.
         De acordo com o episódio narrado pelo evangelista Mateus, Jesus não é contra o amor humano. Não é contra o amor entre pais e filhos, filhos e pais. Ele apenas ressalta que o amor a Deus precisa estar acima de qualquer sentimento humano.
         Como discípulos de Jesus testemunhamos e ofertamos com gratidão para que o evangelho seja pregado, para que não haja divisão eterna, “pois não podemos deixar de falar daquilo que temos visto e ouvido” (At 4.20), mesmo que cause divisão nesse mundo. Amém!
 
Edson Ronaldo Tressmann
cristo_para_todos@hotmail.com

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Na sombra do altíssimo

JUNHO 2014
Parabéns IELB: 110 anos alimentada na fonte de água viva!
2º Domingo após Pentecostes – 22/06/2014
Sl 91. 1 – 10; Jr 20. 7 – 13; 1 – 10; Rm 6. 12 – 23; Mt 10. 5ª,  21 - 33
na sombra do altíssimo

         Mês de junho é um mês de festa e comemoração na IELB. Nesse ano de 2014 estamos comemorando 110 anos de fundação em terras brasileiras. Durante todo esse mês desejamos transmitir palavras confortadoras e animadoras a essa igreja que está de aniversário. Assim como nos outros três finais de semana, buscaremos responder a pergunta: O que dizer por ocasião de aniversário de 110 anos de uma igreja?
         Hoje iremos meditar no salmo 91.
         Sobre esse Salmo, Lutero disse que é de conforto e nos anima a confiarmos em Deus em tempos de necessidade e tentação.
         Ao comemorar 110 anos, podemos olhar para trás e ver em quantas situações passamos por necessidade e tentação. Aliás, ainda hoje passamos por muitas necessidades e tentações. Só foi e é possível vencer esse tempo de necessidade e tentação por causa da alimentação da água viva. Se não fosse a alimentação constante do Espírito Santo através da Palavra de Deus e dos Sacramentos a Igreja não iria subsistir e nem nós, estaríamos comemorando 110 anos de atuação no Brasil.
         Em meio às comemorações de 110 anos, só há motivos para agradecer a Deus pelas ricas bênçãos já derramadas e as que irão ser derramadas. Essa alegria e gratidão pela certeza de que Deus nos concedeu e continuará nos concedendo bênçãos sem fim mostra que a atuação da IELB sempre foi de confiança em Deus, pois sempre reconheceu a presença de Deus em meio às tentações e as necessidades.
         Sou um pastor ainda novo, quase 10 anos de ministério. Nesse tempo, sete anos foram dedicados a trabalhar em congregação subsidiada pela IELB. Não é fácil encarar esse desafio. Existem muitas necessidades e também passamos pelas mais variadas tentações. Trabalhei por um breve tempo, dois anos e seis meses, numa congregação independente e estruturada, a mesma também enfrentava necessidades, a maior era sentir-se desafiada, e tentações, o comodismo.
         O que dizer por ocasião de aniversário de 110 anos de uma igreja? A julgar pelas palavras do salmo 91, podemos dizer a essa igreja como reagir diante da dificuldade e tentação. Agir com confiança na certeza de que Deus nunca abandonou e não abandonará os seus filhos.
         A base da confiança está posto sob o primeiro mandamento que serve de pano de fundo para o salmo 91. Qual é o primeiro mandamento?Eu sou o Senhor teu Deus, não terás outros deuses diante de mim.O que proíbe esse mandamento? Proíbe a idolatria. O que é idolatria? Culto prestado a ídolos. Ou seja, proíbe o amor, a paixão exagerada por outros deuses. No Catecismo Menor, manual de instrução a crianças, jovens, adultos e idosos, escrito do Dr. Martinho Lutero, a idolatria é descrita como adoração a uma criatura como se fosse realmente Deus (idolatria grosseira), e, amar e confiar mais em criaturas do que em Deus (idolatria disfarçada). Conforme Jesus: “Não temais os que matam o corpo e não podem matar a alma; temei antes aquele que pode fazer perecer no inferno tanto a alma como o corpo” (Mt 10.28).
         O Primeiro mandamento ordena confiar em Deus acima de todas as coisas. O que torna essa confiança algo extraordinário é o momento em que Deus promulgou esse convite. O convite foi feito a um povo livre, um povo em caminhada, um povo que havia experimentado a escravidão, a mais dura realidade humana. Mas após a libertação de maneira extraordinária, ouviram que “Deus falou, e foi isto o que ele disse: - Meu povo, eu, o Senhor, sou o seu Deus. Eu o tirei do Egito, a terra onde você era escravo” (Ex 20.1 -2). Deus se apresenta como sendo Deus desse povo, um povo que experimentou algo extraordinário. A confiança estava em algo já realizado, um evento acontecido.
         Como IELB, em nossas comemorações pelos 110 anos, olhando para toda a trajetória da IELB em terras brasileiras, podemos confessar: “...Ó Senhor Deus, tu és o meu defensor e o meu protetor. Tu és o meu Deus; eu confio em ti” (Sl 91.2).
         O salmo 91 apresenta a figura de um hospedeiro segundo os costumes orientais onde o hospede têm toda garantia de proteção integral. O salmista se apresenta como um hospede de Deus. Neste Deus, o hospede encontra o seu defensor e protetor. O abrigo do salmista está na sombra desse hospedeiro. O salmista diz que como hospede de Deus, além de encontrar proteção para os perigos (tanto os escondidos como doenças mortais) encontra um hospedeiro carinhoso, que o cobre com suas asas.

Você fez do Senhor Deus o seu protetor e, do Altíssimo, o seu defensor; por isso, nenhum desastre lhe acontecerá, e a violência não chegará perto da sua casa (Sl 91. 9 – 10).

         Esses versículos sempre chamaram a minha atenção, pois os mesmos anunciam que “nenhum mal pode cair sobre você”. Olhando para nossa realidade de dificuldades e tentações, parece haver uma contradição no salmo 91. Afinal, em determinado momento o salmista diz que “nenhum desastre lhe acontecerá, e a violência não chegará perto da sua casa” e em outro momento ouvimos Jesus nos ensinando a pedi-lo para que nos “... nos livre do mal”.
         Pois bem, tudo o que acontece, seja bom ou ruim, inclusive aquilo que não nos agrada e que nós classificamos como mal, nos vem da parte de Deus, sim, do Deus apresentado pelo salmista, o Deus protetor de todos os perigos, o Deus amoroso. Mas como, se Deus é amor, não pode haver sofrimento, dor, etc?
         Eis a certeza que o salmista nos transmite: “a pessoa que procura segurança no Deus Altíssimo e se abriga na sombra protetora do Todo-Poderoso pode dizer a ele: “Ó Senhor Deus, tu és o meu defensor e o meu protetor. Tu és o meu Deus; eu confio em ti” (Sl 91. 1 – 2). Somos convidados em tempos de tentação e dificuldades a abrigar na sombra do Altíssimo, pois em Deus está o nosso refúgio seguro.
         O salmo 91 apresenta palavras de consolo e nos anima a confiar em Deus em tempos de necessidade e tentação. Nos momentos difíceis da vida somos tentados a abandonar esse Deus, abandonar nosso hospedeiro.
         Viver na sombra do Altíssimo é confiar em Deus e não em nós, em nossas realizações e obras. Muitas pessoas encaram as “bênçãos” como resultado do seu esforço e da sua piedade.
         Gosto muito da lição do segundo mandamento e acredito que vale a pena relembrá-lo mais uma vez. O segundo mandamento convida a não tomar o nome de Deus em vão. Infelizmente as pessoas reduziram o ensino do segundo mandamento de não tomar o nome de Deus em vão com o simples “Ai meu Deus”. No entanto, tomar o nome de Deus em vão é deixar de confiar em Deus nos momentos de dificuldade, não louvar a Deus nos momentos difíceis da vida. O segundo mandamento é um convite à confiança, a oração nos momentos de dificuldade e incerteza.
         O que dizer por ocasião de aniversário de 110 anos de uma igreja? Dizer que se mantenha abrigada debaixo da sombra protetora de Deus. Deus nunca nos abandonou nesses 110 anos, e nunca nos abandonará, aliás, Deus nunca abandonou seus filhos, mesmo “quando ainda éramos pecadores, Deus provou seu amor por nós, enviando seu Filho que morreu para nos libertar” (Rm 5.8). O Senhor me livrará de todo o mal e me levará em segurança para o seu reino celestial. A ele seja dada a glória para todo o sempre! Amém!” (2Tm 4.18).

Edson Ronaldo Tressmann

segunda-feira, 9 de junho de 2014

Missão da Igreja e o mistério da Trindade.

JUNHO 2014
Parabéns IELB: 110 anos alimentada na fonte de água viva!
A Santíssima Trindade
15/06/2014
Sl 8; Gn 1. 1 – 2.4ª; At 2.14ª, 22 – 36; Mt 28. 16 - 20

         Mês de junho é um mês de festa e comemoração na IELB. Nesse ano de 2014 estamos comemorando 110 anos de fundação em terras brasileiras.
         O que dizer por ocasião de aniversário de uma igreja?
         Podemos dizer que a IELB completa 110 anos por sempre ter sido alimentada na Palavra de Deus e por ter sido ensinada corretamente. Essa verdade é aprendida das palavras do próprio Jesus em sua orientação enquanto subia aos céus. “Ide, portanto, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.19).
         Nós somos parte desses discípulos. Somos parte da obra de Deus. Hoje fazemos parte dos milhares de filhos e filhas de Deus espalhados pelo mundo. Se naquela época a estimativa da população era de 300 milhões, hoje a Igreja realiza sua missão entre bilhões.
         A igreja foi enviada para fazer discípulos através de duas coisas: batismo e ensino.
         As palavras de Jesus – “fazei discípulos” (Mt 28.19) vem do verbo “discipular”. Só é possível “discipular”, “fazer discípulos”, através do batismo e do ensino. Ambas as coisas, batizar e ensinar, estão envolvidas pelo poder de Deus através de sua Palavra.
         A única coisa que Deus deixou a sua Igreja é a sua Palavra. Pela Palavra Deus criou o mundo. Pela Palavra convenceu seus profetas. Pela Palavra falou ao seu povo. Pela Palavra operou e opera a fé verdadeira.
         Hoje é dia em que a Igreja Cristã celebra a “Santíssima Trindade”. Essa doutrina é acolhida pela maioria das igrejas cristãs, que professam a fé num Deus único em três pessoas. Mesmo que não haja unanimidade nessa doutrina, afirmo, junto, com tantos outros teólogos que essa é uma das doutrinas centrais da fé cristã, mesmo que permeada de mistério.
         Ao falar sobre Trindade precisa-se ter em mente que a razão não tem lugar nesse assunto. Trindade é um assunto estritamente de fé. Segundo a Bíblia fé é: “...convicção de fatos que não se vêem” (Hb 11.1b).
         Como crer em algo que a razão não compreende? Eis o milagre da fé. Eis a ação do Espírito Santo. Eis mais um mistério do campo da fé.
         O mistério da santíssima Trindade encanta muitos cristãos e ao mesmo tempo dividiu e divide a cristandade.
         Na história da igreja cristã surgiram divergências quanto à correta distinção entre as três pessoas da Trindade e seu relacionamento. Isso conduziu a Igreja Cristã a formular Credos. Após reuniões e concílios, a Igreja Cristã formulou as três confissões de fé: Credo Apostólico, Credo Niceno e Credo Atanasiano.
         Mesmo com a existência desses três Credos, o problema e o desafio ao mistério da Trindade permanece. A Trindade não pode ser analisada e questionada a luz de argumentação lógica ou filosófica.
         Mesmo que a Doutrina da Trindade seja um mistério encantador e divisor de águas, recordo que essa doutrina não visa deixar o cristão surpreendido, ou assombrado. Deus não deseja que seus filhos fiquem confusos. Ao contrário, a doutrina da Trindade, três pessoas Pai, Filho e Espírito Santo, e um só Deus têm por objetivo nos mostrar a disponibilidade de Deus em nos salvar.
         No dia 01 de junho de 2014 após uma palestra com o tema: Famílias buscando a fonte de água viva, onde falei sobre a obra do Espírito Santo, uma pessoa após a mesma fez o seguinte comentário: “Pastor, se o Espírito Santo também é Deus Triúno, quer dizer que sua obra é nos levar a Ele mesmo”. Justamente! A obra do Espírito Santo é nos conduzir a Deus e Deus a nós. Deus deseja nos salvar e cada pessoa da Trindade realiza a obra para nossa salvação.
         Deus só tem um desejo: “que todos sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tm 2.4).
         Como o mundo conhecerá a verdade, num tempo onde não há verdades absolutas?
         A tarefa é “batizar e ensinar”.
         Mas, e o ir? É necessário fazer uma retificação. A ordem “Ide” que aparece na tradução ao português, no texto original grego transmite outra ideia. O texto original diz: “Indo pois discipulai todas as nações...”. A tradução do original comunica a seguinte mensagem: “Quando vocês tiverem indo façam discípulos de todas as nações”. A missão de Deus é realizada não porque a igreja vai, mas justamente porque a igreja está em ação através da Pregação da Palavra e Administração dos Sacramentos. Não é a igreja que age, é Deus quem age através da atuação da igreja. Age também com a atuação de cada cristão em sua vocação diária. 
         Não podemos olhar para a missão de Deus de maneira antropológica. A missão foi e é sempre de Deus. A obra é totalmente de Deus. Ele derrama o Espírito Santo sobre as pessoas por ocasião do batismo ou por ocasião da pregação da Palavra. No batismo, o Espírito Santo concede dons às pessoas e as capacita a serem suas testemunhas. Pelo ensino, o Espírito Santo continua preservando as pessoas na fé na obra realizada por Jesus em favor dos pecadores.
         Por mais que se desafie a “ir” e se torne o “ir” numa missão e desafio da Igreja, precisamos recordar que enquanto estamos em ação, pela proclamação do evangelho e pela administração dos sacramentos, Deus vai realizando sua obra de salvação. Lembremos que estamos indo enquanto pregamos e administramos os sacramentos conforme a ordem de Jesus e Deus está agindo, pois a missão é dEle.
         A mensagem desse dia para uma igreja que está de aniversário é:
Mesmo que a santíssima trindade seja um mistério, mesmo que seja negado por muitos, é atuante através da proclamação da Palavra e pelos santos sacramentos para salvação de milhares de pessoas.


Amém!
 

Edson Ronaldo Tressmann

cristo_para_todos@hotmail.com

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Vivendo o pentecoste hoje.

JUNHO 2014
Parabéns IELB: 110 anos alimentada na fonte de água viva!
Dia de Pentecostes – 08/06/2014
Sl 25. 1 – 15; Nm 11. 24 – 30; At 2. 1 – 21; Jo 7. 37 – 39
 
         Mês de junho é um mês de festa e comemoração na IELB. Nesse ano de 2014 estamos comemorando 110 anos de fundação em terras brasileiras.
        O que dizer por ocasião de aniversário de uma igreja?
         Podemos dizer que a IELB completa 110 anos por sempre ter sido alimentada na água viva. Água viva é o tema do dia de Pentecostes.
         Conforme o texto de João 7.37,39, a água viva é o Espírito Santo. Água viva que alimenta a sede espiritual.
         Se água viva é o Espírito Santo, a pergunta passa a ser: Quem é o Espírito Santo? 
         Observando a história da igreja cristã notamos que houve três períodos distintos com respeito à pessoa do Espírito Santo.
1º) O tempo da negligência benigna 1º ao 4º século, não era assunto prioritário.
2º) - 4º Século: preocupação com a pessoa. É ou não uma criatura?
3º)preocupação com modo de origem5º ao 15º século. Qual é a relação dentro da trindade entre Pai e Filho?
        
                 Nós, cristãos do século XXI, estamos inseridos na geração pós século XVI, e há pouco ou até mesmo ênfase distorcida sobre a questão do Espírito Santo.
1) - quem converte é a vontade humana. Eu decido. (arminianismo)
2) – O Espírito Santo vem a nós pela experiência religiosa. (misticismo)
3) -  A fé precisa ser demonstrável. (Racionalismo)
4) -  Alcançamos níveis de santificação. Hoje eu preciso ser melhor que ontem. (Perfeccionismo)
5) -  O Espírito Santo é livre para agir. Até mesmo fora da Palavra. (Pietismo)
6) - Vale a minha convicção. O critério é a experiência pessoal. (Subjetivismo)
         Confessamos com a Igreja Cristã espalhada por todo o mundo que o Espírito Santo é a terceira Pessoa da Santíssima Trindade. No entanto, a grande questão em torno do Espírito Santo é justamente qual é sua obra? A falta de clareza a essa questão é que gera inúmeras dúvidas e distorções sobre o mesmo.
         A julgar pelo texto de Atos 2. 1 – 21 pode-se responder que a obra do Espírito Santo são os prodígios, os sinais. Olha-se apenas para os prodígios e sinais, e esquece-se da verdadeira obra do Espírito Santo.
         É urgente e necessário que se ressalte que o objetivo de Deus sempre foi e continua sendo se tornar reconhecível ao homem. Por esse motivo a primeira preocupação do Espírito Santo é trazer Deus ao homem e o homem a Deus.
         Sendo esse o objetivo de Deus, podemos responder com muita convicção que Deus empregou dois artifícios centrados no Espírito Santo para sustentar e fortalecer seu povo diante da ameaça de desastre espiritual. Primeiro artificio foi a voz dos seus profetas (Ez 2.2; 8.3; Mq 3.8). O segundo artificio foi a constante promessa de um Redentor, enviado pelo Espírito, pregando no Espírito e realizando atos de graça e glória pelo Espírito (Is 48.16,17; 61. 1 – 4). Essa ação é vista no dia de pentecostes.
         O maravilhoso milagre apresentado por Lucas no livro de Atos pode ser visto ainda em nossos dias. O registro do nascimento da igreja com a conversão de 3 mil pessoas nos deixa impressionado. Desejamos que esse evento aconteça em nossos dias. No entanto, precisamos recordar que ainda hoje o Espírito Santo cumpre com o objetivo de trazer Deus a nós e nos conduzir a Deus. O Espírito Santo age pelos meios da graça: Palavra, Batismo e Santa Ceia. Cada vez em que a Palavra de Deus é pregada clara e puramente e o santo batismo administrado conforme a ordem e instituição de Jesus vivemos o evento do pentecostes, pois sentimos a descida do Espírito Santo.
         Quando se fala sobre Espírito Santo, logo se pensa nos variados dons (Rm 12; 1Co 12, etc). Mas, o Novo Testamento fala de um único dom, Rm 6.23; Ef 2. 8 – 9; At 2.38. O Dom é o Espírito Santo. Do Espírito Santo há todos outros dons.

         ...do seu interior fluirão rios de água viva” (v. 38).
         Assim como os rios nos dão água eles não produzem água. As águas é que produzem o rio. Se de nosso interior flui rios de água viva, não somos nós que a produzimos, a água viva é que faz jorrar e molhar os que estão ao nosso redor.
         A IELB pode comemorar 110 anos por estar constantemente alimentada pela água viva. Água viva derramada sobre nós pela pregação da Palavra e pelo santo batismo. Água viva derramada sobre outros por manter-se fiel à proclamação da Palavra de Deus.
         No contexto eclesiástico no qual estamos inseridos, somos acusados por outros de sermos uma igreja fria. Essa frieza é uma acusação de que não temos o Espírito Santo. Afinal, cadê as curas, os milagres, o crescimento, etc? Mas, ao olharmos para a real obra do Espírito Santo podemos louvar e agradecer ao nosso Deus. Comemorar 110 anos só é possível pelo poder e atuação do Espírito Santo, a água viva. Continuar fiel na proclamação da Palavra de Deus só pode ser feito através da atuação do Espírito Santo.
         Se da IELB flui rios de água viva é porque a água viva está em seu interior. Alimentada dessa água viva, ela não é e nem pode se considerar uma igreja fria, mas quente e viva. Afinal, o maior de todos os milagres é estar e permanecer em Jesus. A maior de todas as curas é saber e reconhecer que a pior doença foi curada em Jesus.
         Mês de junho é um mês de festa e comemoração na IELB, comemoramos 110 anos em 2014. O que dizer por ocasião de aniversário de uma igreja? Dizer o que ela de fato precisa ouvir e relembrar, “rios de água viva foram derramados sobre nós pela voz de profetas que proclamaram a salvação em Jesus e que a Água viva nos mantém alimentado e firme para atuação no reino de Deus. Muitos ainda estão com sede e precisam beber a água viva. Amém!
 
Edson Ronaldo Tressmann

Em Jesus - uma nova aliança!

  17 de março de 2024 Salmo 119.9-16; Jeremias 31.31-34; Hebreus 5.1-10; Marcos 10.35-45 Texto: Jeremias 31.31-34 Tema: Em Jesus -  um...