segunda-feira, 22 de dezembro de 2025

Mateus, leitor e intérprete do Antigo Testamento para 2026

 Primeiro Domingo após Natal

28 de Dezembro 2025

Salmo 111; Isaías 63.7-14; Gálatas 4.4-7; Mateus 2.13-23

Texto: Mateus 2.13-23

Tema: Mateus, leitor e intérprete do Antigo Testamento para 2026.

 

          O Antigo Testamento era a Bíblia lida pelos evangelistas, cristãos e apóstolos. Há cerca de 350 citações diretas do Antigo Testamento, como alguns versos são repetidos, há 400 citações. Entre os 39 livros do Antigo Testamento, apenas cinco, Esdras, Neemias, Ester, Eclesiastes e Cânticos, não são citados versículos no Novo Testamento. Jesus citou 24 livros diferentes do Antigo Testamento.

          Para esse ano eclesiástico (série trienal A), temos a oportunidade de ler o Antigo Testamento assim como o evangelista Mateus o leu. Na pericope da nossa reflexão (Mt 2.13-23), Mateus enumera por duas (2) vezes que palavras do Antigo Testamento estavam se cumprindo e uma (1) vez enumera um fato ocorrido no Antigo Testamento para trazer consolo e exortação.

          Nesse último domingo desse ano de 2025, temos para nossa reflexão, o episódio da fuga de José e Maria com o menino Jesus e uma chacina. Esse episódio ensina como Deus age, mesmo em meio a toda suposta esperteza humana.

          Após a visita dos magos, o anjo, possivelmente o mesmo que deu a notícia de que a gravidez de Maria era obra do Espírito Santo, apareceu em sonho e recomendou a fuga para o Egito. Quem já teve um bebê sabe a dificuldade que é viajar com uma criança pequena.

          Se em dias de carros potentes, asfalto e inúmeros pontos de parada, já é difícil uma viagem com um bebê, imagina, naquela época. Não se tratava de uma viagem rápida. Na época, a rota comercial comum de Belém ao Egito era de aproximadamente 300 a 400 km (cerca de 10 a 14 dias de viagem pesada).

          Não há relato bíblico sobre os incômodos da viagem e a vida no Egito que perdurou por cerca de 4 anos. É possível que, o ouro, a mirra e o incenso ajudaram a financiar as necessidades materiais da família durante a viagem ao Egito e depois nos anos subsequentes de estadia no Egito.

          O ouro, o mais valioso de todos os metais preciosos, era moeda padrão da época (At 3.4-6; Mt 10.9). O incenso e a mirra, resinas aromáticas, usadas na adoração por causa de suas propriedades intensamente perfumadas, eram especiarias caríssimas e davam um bom dinheiro.

          O evangelista Mateus destaca que a fuga para o Egito era para se cumprir as palavras do profeta Oséias (Os 11.1). O profeta Oséias fez referência as palavras que Deus transmitiu para Moisés e por ele falou para o Faraó (Ex 4.22).

Por essas palavras, Deus destacava seu relacionamento com a nação de Israel. Por amor a Israel, Deus resgatou o seu povo da escravidão. O evangelista Mateus cita o profeta Oséias para destacar que assim como Israel é o filho escolhido de Deus, Jesus é o filho de Deus que veio tirar a humanidade da condenação imposta pelo pecado.

          O anúncio que Moisés foi incumbido de dar para Faraó: “Israel é o meu primeiro filho” (Ex 4.22) mostra que apesar de parecer que Faraó tivesse domínio, tudo estava nas mãos de Deus. Deus estava anunciando que Israel não era um filho órfão.

          Faraó que parecia ter domínio sob o povo de Deus, não tinha. Através das Dez pragas, Deus foi destronando um a um dos deuses egípcios. César Augusto parecia ter domínio sob o povo de Deus através do domínio Romano. Na verdade, foi exatamente o seu edito que conduziu José e Maria para Belém. Era lá que Jesus deveria nascer (Mt 2.6; Mq 5.2) conforme anunciado pela Escritura através do profeta Miquéias.

          Tal como o Faraó, Herodes amava o poder e se dizia invencível. Assassinou esposas e filhos para que seu trono não fosse reivindicado. Qualquer coisa que ameaçasse seu trono era rapidamente eliminada. E é exatamente esse homem cruel e destemido que ao receber a visita dos magos e por eles ouviu que havia nascido o Rei dos Judeus (Mt 2.2), estranhamos sua não reação imediata.

          A cavalo, a viagem entre Jerusalém e Belém era de apenas uma hora. É incompreensível como José e Maria com o menino Jesus conseguiram fugir para o Egito.

          Essas ponderações levam a conclusão de que Deus é o dono da história. Não importa o quão poderoso alguém se diz ser. Assim como por seu filho Israel, Deus foi destronando o Faraó, da mesma forma, por seu Filho Jesus, e por seus filhos que somos nós, Deus agiu e conduziu em segurança José, Maria e o bebê Jesus até o Egito.

          Herodes, um homem astuto, se tornou um tolo diante da ação de Deus. Ainda hoje é assim, Deus age, por mais que governantes e reinos se julguem astutos. A vontade de Deus sempre prevalece, mesmo sem a nossa compreensão.

          Enquanto Herodes quis matar Jesus, Deus, que enviou seu Filho para viver e morrer apenas na cruz para resgatar o pecador. Deus age por sua vontade para redimir a humanidade.

          Para realizar seu plano Redentor, eventos trágicos ocorreram. Herodes, tomado pela raiva de ter sido enganado pelos magos, mandou matar cerca de 20 bebês menores de dois anos naquelas redondezas. Apesar da perplexidade do ocorrido, a crueldade de Herodes era tanta, que Josefo, um historiador do primeiro século que escreveu sobre suas crueldades, nem sequer mencionou esse fato.

          Na descrição dessa tragédia, o evangelista Mateus recorda as palavras do profeta Jeremias referente aos filhos de Deus (Jr 31.15) para lembrar de Raquel, a mãe de José e Benjamim. Com isso surge a recordação do quanto Jacó chorou a morte de José, que não estava morto. José que foi vendido como escravo ao Egito, acabou se tornando governador desse país. Anos após sua venda, Benjamim, o filho caçula e amado por Jacó, serviu de instrumento de resgate para a família se livrar da fome e se estabelecer no Egito.

          Quando Mateus recorda as palavras do profeta Jeremias que nos conduzem a Gênesis, o profeta enumera o choro e a restauração. Dessa forma, Mateus estava consolando seus leitores destacando que enquanto há choro pelas crianças assassinadas, a mando de Herodes, uma obra de esperança estava acontecendo na fuga de José e Maria com o menino Jesus.

          O texto recordado por Mateus, descrito em Jeremias 31, fala sobre o retorno do exílio Babilônico e ao citar o choro de Raquel, o evangelista está dizendo: “a dor é real, mas o fim da história é a restauração”.

          Em 2025, muitos podem ter “chorado como Raquel” por perdas. Todavia, enquanto Herodes causava o choro, Deus, em Jesus estava preparando a consolação final.

          Os eventos ocorridos naqueles dias e em todos os outros, inclusive os acontecimentos dos nossos dias, está sob a supervisão de Deus. Adentraremos num novo ano, todavia, o futuro que aguardamos, o novo ano que almejamos, está sob a supervisão de Deus. Nessa certeza e esperança é que iniciamos um novo ano.

          O povo de Israel ao ser libertado da escravidão do Egito, não sabia o caminho, seguia a nuvem durante o dia e durante a noite eram amparados pela coluna de fogo. José e Maria não tinham um mapa para o Egito, todavia, tinham a Palavra de Deus.

          Não precisamos ver o mapa de 2026. Precisamos apenas ouvir o que Deus nos diz e sermos guiados por sua Palavra. Herodes morreu (Mt 2.19), mas Jesus vive. Mesmo após sua morte na cruz, Jesus ressuscitou. Ele vive! Amém

 

Edson Ronaldo Tressmann

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